13 itens de decoração inusitados que já foram febre nos lares brasileiros

Como um objeto considerado esteticamente estranho pode, de repente, virar uma febre? Segundo Danielle Nastari, docente do Instituto Europeo do Design (IED), em São Paulo, essas modas funcionam como um retrato do grupo social que as adotam e permitem fazer um raio-x dos elementos culturais, sociais, históricos, tecnológicos e econômicos que as originam.
“O Brasil é um país caracterizado por imigração e enorme miscigenação, que trouxe referências culturais diversificadas. Elas foram se cruzando, se misturando, e o resultado é uma produção de objetos do cotidiano extremamente rica, variada e que apresenta diversos elementos que poderiam ser considerados bizarros ou estranhos para quem está de fora desse contexto”, explica.
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Além disso, o humor é um traço marcante da personalidade do brasileiro, e essa característica se mostra presente em diferentes tipos de objetos existentes dentro de suas casas. “O Brasil é um país no qual, de modo geral, a aceitação e a adoção desse tipo de peça são bastante amplas”, diz a especialista.
Para Sérgio Ricardo Ortiz, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, a estética do estranho pode vir de uma provocação ou rompimento com o que estava sendo feito até então. “Aquilo que era fora do padrão vira demanda, desejo, e a residência se transforma neste lugar de expressão individual”, fala.
Veja a seguir 12 objetos estranhos que já foram moda nos lares:
1. Jarra de abacaxi
A jarra em formato de abacaxi ficou famosa e se popularizou graças ao seriado “A Grande Família”, da Globo
EPorto (WMB)/Wikimedia Commons
A jarra em formato de abacaxi da dona Nenê no seriado “A Grande Família”, da Globo, é um exemplo marcante de objetos diferentes que foram abraçados pelo público brasileiro. “A peça fez tanto sucesso que até hoje pode ser comprada facilmente tanto na sua versão original de plástico, como em propostas mais sofisticadas, feitas de materiais mais nobres como a cerâmica”, conta Danielle.
2. Galo do tempo
O galo do tempo era um acessório decorativo de antigamente que ainda funcionava como meteorologista particular
Instagram/@santanaalexus/Reprodução
Febre nos lares de antigamente, o galo do tempo é um objeto decorativo de origem portuguesa que indica as condições meteorológicas. Ele contém cloreto de cobalto, um sal que muda de cor conforme a umidade do ar. Quando o clima está úmido, o galo fica rosa, indicando que pode chover. Quando seco, ele fica azul, sugerindo dias de calor.
3. Plantas de plástico
Mesmo que sejam consideradas cafonas, as plantas de plástico continuam presentes no cotidiano do brasileiro
PxHere/Creative Commons
As plantas de plástico são polêmicas até hoje. Com um aspecto bastante artificial, invadiram os lares do passado. Hoje, elas ganham versões com ar mais natural, ressurgindo como um elemento de biofilia. “É algo que já foi moda, saiu um pouco de contexto e hoje está sendo assimilado de novo no nosso cotidiano. Mas ainda há muita crítica, em alguns casos, são até sinônimo de mau gosto”, fala Sérgio.
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4. Luminárias de lava
A luminária de lava fez sucesso na década de 1960 e, de tempos em tempos, volta à moda
Dean Hochman/Wikimedia Commons
Com estética futurística, a Astro Lamp, a primeira luminária de lava do mundo, foi lançada em 1963, na Inglaterra, mas ainda hoje faz sucesso como um objeto decorativo excêntrico. Seu apelido se deve ao processo similar ao que ocorre nos vulcões que expelem magma. Ela é composta por líquidos que não se misturam. Um deles, quando aquecido pelo calor da luz, forma bolhas que sobem em diversos formatos. Ao chegar ao topo, a bola começa resfriar e afunda novamente, em um ciclo infinito.
5. Cabeças de animal
As cabeças de animais eram símbolo de status, mas hoje são questionáveis
Pexels/Thegiansepillo/Creative Commons
Atualmente consideradas de mau gosto, antiéticas e visualmente pesadas, as cabeças de animais, empalhados ou não, já fizeram parte da decoração de muitas casas de campo. Em alguns casos, elas eram substituídas por ossadas ou até mesmo por versões mais modernas em papel, cerâmica ou madeira. Em todos os casos, foram derrubadas pelo movimento sustentável e ecológico.
6. Esculturas de jardim
As esculturas de flamingo eram comuns em jardins litorâneos
Pixnio/ulleo/Creative Commons
Houve um tempo em que um jardim bonito era um jardim cheio de esculturas. Anões e duendes de gosto duvidoso adornavam os quintais de todo o Brasil, assim como flamingos, a personagem da Branca de Neve, patos e pássaros de variados tipos e tamanhos, entre outros. Hoje, muitos consideram brega ter essas peças fincadas na grama de casa, mas há quem ainda as mantenha por seu apelo nostálgico.
7. Fruteira falsa
A fruteira com frutas e legumes falsos era um item essencial em toda mesa de copa
PxHere/Creative Commons
Em uma época em que as cozinhas tinham mesas, as fruteiras artificiais eram uma verdadeira febre. Frutas e legumes feitos de plástico, cera ou até de pano eram moda. Hoje, sumiram da decoração e viraram um símbolo nostálgico do passado.
8. Relógio cuco
O relógio cuco já foi item de desejo em muitos lares, mas hoje causa aversão pelo excesso de barulho
PxHere/Creative Commons
Muitas pessoas sonhavam em ter um relógio cuco em casa. Eram peças decorativas caras, geralmente talhadas à mão em madeira, e davam um ar sofisticado ao lar. Mas, em um mundo caótico onde o silêncio é cada vez mais valorizado, ter um objeto em casa que faz tanto barulho a cada hora parece inimaginável.
9. Cortinas de bambu
A famosa cortina de bambu era usada para separar os ambientes, mas aos poucos caiu em desuso
Flickr/Daniel Sancho/Creative Commons
As cortinas de bambu já foram famosas em muitas casas, mas sumiram do mercado. Serviam para separar os cômodos sem precisar fechar as portas. Em vários modelos, tinham uma estética duvidosa, composta por pequenos pedaços de bambu presos na horizontal por ganchos de metal ou intercalados em fios com conchas e contas.
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10. Persiana vertical
A persiana vertical já foi febre nas salas de estar do Brasil, apesar de conferir um ar de escritório
lnpetro/Wikimedia Commons
Por volta dos anos 1990 e 2000, era chique ter uma persiana vertical em casa. Instaladas na sala de estar, substituíam as cortinas. Apesar da moda, sempre conferiram um ar de escritório ao ambiente. Outro grande problema era a manutenção, já que a peça demandava limpeza e conserto especializados.
11. Cinzeiros
Toda casa antiga tinha um cinzeiro bonito que servia de decoração e era usado pelos visitantes que fumavam
Pexels/Dad Grass/Creative Commons
Em uma época em que fumar era algo comum e corriqueiro, o famoso cinzeiro era peça essencial da decoração de toda casa. Geralmente ficava em alguma mesa de apoio da sala de estar, e ia de versões simples em vidro a verdadeiras obras de arte. Atualmente, é raro encontrar quem ainda possua o acessório exposto em seu lar.
12. Pinguim de geladeira
O pinguim de geladeira é um clássico que se adaptou aos novos tempos
Flickr/Gabriela Silva/Creative Commons
O pinguim de geladeira é um clássico da decoração das cozinhas brasileiras. Hoje, versões modernas trazem pinguins com poses e roupas mais atuais, feitos de materiais diversos e em cores chamativas. A moda se foi, mas ainda há quem goste.
13. Imãs de geladeira
Os imãs de geladeira já foram moda e itens de colecionador
Flickr/Flavio Silva/Creative Commons
Todo mundo que viajava trazia vários deles. Amigos presenteavam uns aos outros com outros exemplares. E, assim, a geladeira se enchia de imãs de cima abaixo, em um visual que já não combina com as plantas integradas e a estética minimalista em voga.

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