14ª Bienal de Arquitetura de São Paulo abre portas com olhar sobre emergências climáticas e sociais

De 18 de setembro a 19 de outubro de 2025, a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo ocupará a Oca e os arredores do Parque Ibirapuera com o tema Extremos. A mostra convida o público a refletir sobre como habitar o mundo diante da crise climática e das desigualdades sociais, reunindo propostas de diferentes partes do planeta e destacando o papel da arquitetura na construção de cidades mais justas, resilientes e regenerativas.
Imagem do documentário “Carpinteiros da Amazônia”, do escritório Guá Arquitetura
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Após uma década de edições descentralizadas, a Bienal retorna ao Parque Ibirapuera, mais especificamente à Oca, permitindo que o público visualize de forma integrada a produção arquitetônica contemporânea, sem abrir mão da vocação expandida do evento. A proposta é provocar respostas não apenas aos extremos climáticos, mas também aos sociais, políticos e territoriais.
Renovação da Casa Saracura, sobrados geminados construídos na década de 1940 no Bexiga, São Paulo, é tema de painel com arquiteta Marina Canhadas e o arquiteto e fotógrafo Pedro Kok
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Projeto do escritório Gávea, dos arquitetos Alziro Carvalho Neto e Felipe Rio Branco, Cabana Zero é o protótipo de uma série de 11 abrigos concebidos para um retiro espiritual inspirado nas tradições indígenas da Amazônia peruana
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A curadoria coletiva, formada por Renato Anelli, Karina de Souza, Marcos Cereto, Clevio Rabelo, Marcella Arruda e Jerá Guarani, estruturou a edição em cinco grandes eixos: reflorestar cidades, conviver com as águas, reformar e construir com baixo carbono, promover mobilidade sustentável com energias renováveis e garantir justiça climática e habitação social.
Destaques e novidades
Construções experimentais na 14ª Bienal de Arquitetura de São Paulo
Rafa D’Andrea
Neste ano, o último andar da Oca abriga as chamadas construções experimentais, que funcionam como laboratórios de soluções arquitetônicas. Serão testados materiais como taipa de pilão industrializada, solo-cimento, madeira reflorestada e palha, sempre com foco no baixo impacto ambiental.
Neste ano, o evento conta com as chamadas construções experimentais, como o protótipo Módulo Tecnoíndia (foto acima)
Rafa D’Andrea
Entre os projetos nacionais, sobressai o pavilhão da Guá Arquitetura, que apresenta o miriti — palmeira amazônica de Abaetetuba — como material leve, resistente e sustentável para a construção. O projeto não apenas inova na arquitetura, mas também valoriza saberes tradicionais, gera renda para artesãos locais e contribui para a preservação da floresta. Outro destaque é o projeto Terra, desenvolvido por CRAterre, NAP PLAC / FAU USP, Argus Caruso Arquitetura e Laboraterra Arquitetura, que evidencia o papel da terra na construção residencial, mostrando como a combinação de conhecimentos tradicionais e pesquisas contemporâneas pode gerar soluções econômicas, versáteis e sustentáveis.
Pavilhão Your Greenhouse is Your Living Room, do Office for Roundtable e JXY Studio
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Entre as participações internacionais, o pavilhão Your Greenhouse is Your Living Room, do Office for Roundtable e JXY Studio, integra estufa, cozinha externa e sala de estar para revitalizar espaços urbanos. O projeto promove cultivo coletivo, convivência comunitária e microclima sustentável, combinando inovação em design, cuidado ambiental e interação social. Já o Woven Breathing Façade: Hygroscopic Responsive Textile Architecture, de Ye Sul E. Cho, Jane Scott e Ben Bridgens, reimagina a arquitetura como um organismo vivo. Utilizando madeira higroscópica, o projeto responde passivamente a calor, umidade e chuva, sem necessidade de eletricidade ou mecânica.
Projeto do Kamel Arquitetura e Matheus Vieira desenvolvido para as Amélias da Amazônia
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A programação da Bienal também inclui fóruns, feiras, oficinas, laboratórios de biomateriais e uma parceria inédita com a Cinemateca Brasileira, que exibirá filmes e promoverá debates sobre a cidade. O evento também retoma o Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura e Urbanismo, com 66 trabalhos homologados entre mais de 130 inscritos.
Parque da Pedra de Xangô, em Salvador, desenvolvido pelo FFA Arquitetura e Urbanismo
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Participam ainda projetos de escritórios e nomes nacionais como aflalo/gasperini, com os cases do Salma Tower — certificado LEED Platinum — e do residencial Brisas de Avaré, desenvolvido em parceria com a ITA Engenharia; FGMF, com o Distrito de Inovação Itaqui, que integra inovação, educação e preservação ambiental; Studio Arthur Casas, com uma linha do tempo de projetos arquitetônicos e urbanísticos voltados para os desafios das mudanças climáticas; Guá Arquitetura, com o documentário Carpinteiros da Amazônia; Bloco Arquitetos, com a Casa Itapororoca, que resgata elementos das casas coloniais brasileiras; Kamel Arquitetura e Matheus Vieira com projeto desenvolvido para as Amélias da Amazônia, comunidade que trabalha com a extração de andiroba e especiarias amazônicas na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará; FFA Arquitetura e Urbanismo com o Parque da Pedra de Xangô, em Salvador, entre outros.
Réplica da Paper Log House, de Shigeru Ban, na 14º Bienal de Arquitetura de São Paulo
Rafa D’Andrea
O evento ainda engloba a participação Eva Pfannes, do escritório holandês OOZE, com o projeto Cidade de 1.000 Tanques, desenvolvido na Índia, e Kongjian Yu, criador das cidades-esponja chinesas, ambos presentes em debates. O ganhador do Prêmio Pritzker Liu Jiakun terá painel na mostra nacional da China, enquanto Shigeru Ban, também laureado, apresenta sua Paper Log House.

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