Embora vazios, esses lugares continuam contando histórias com mais força do que qualquer cidade viva Entre os vilarejos abandonados do mundo, alguns nunca deixaram de falar. Há lugares em que a ausência fala mais alto do que qualquer presença humana. Recantos paralisados na eternidade, onde o tempo parece ter congelado em um instante preciso, deixando para trás ruas silenciosas, muros em ruínas e uma beleza inquietante que só a solidão é capaz de forjar. Esses povoados abandonados são testemunhos arquitetônicos que guardam histórias marcadas por tragédias, transformações econômicas e fenômenos naturais que os fizeram desaparecer do mapa cotidiano, mas não da memória.
Ao percorrer esses vilarejos abandonados, percebemos mais do que um simples vazio: encontramos narrativas visuais profundas, relíquias arquitetônicas que nos falam de épocas douradas perdidas e cenários que refletem a fragilidade da vida humana diante de forças maiores. Cada uma dessas localidades foi abandonada por razões específicas, deixando para trás ruínas que falam claramente sobre a vulnerabilidade das nossas criações diante do poder do tempo e da natureza.
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1. Kolmanskop, Namíbia
Kolmanskop, Namíbia
Francesco Ungaro/Unsplash
Kolmanskop foi erguida em pleno deserto inóspito da Namíbia em 1908, após a descoberta acidental de diamantes. Durante décadas, foi símbolo de riqueza e opulência europeia em solo africano, com casarões, hospitais, teatros e a primeira linha de bonde da África. No entanto, em meados do século XX, as jazidas de diamantes começaram a se esgotar, provocando a emigração em massa e o abandono total do vilarejo em 1956. Desde então, as areias do deserto vêm lentamente, mas de forma inexorável, tomando conta das edificações, invadindo quartos e corredores, criando cenas surrealistas dignas de um quadro de Dalí.
2. Pripyat, Ucrânia
Pripyat, Ucrânia
Mads Eneqvist/Unsplash
Pripyat surgiu como uma utopia soviética no início dos anos 1970, lar dos trabalhadores da usina nuclear de Chernobyl. Tratava-se de uma cidade-modelo, com infraestrutura moderna, amplas avenidas, centros culturais e parques infantis. O sonho acabou abruptamente na madrugada de 26 de abril de 1986, quando a explosão do reator número quatro obrigou a evacuação de 50 mil moradores em poucas horas, deixando para trás vidas inteiras congeladas no tempo. Hoje, os parques enferrujados, escolas vazias e edifícios desolados permanecem como testemunhos sombrios do maior desastre nuclear da história da humanidade.
3. Craco, Itália
Craco, Itália
Pixabay
Situada sobre uma colina na região italiana da Basilicata, Craco tem uma história marcada por sua geografia instável. Desde o século VIII, os habitantes enfrentaram frequentes deslizamentos de terra e terremotos. Finalmente, em 1980, após sucessivas tragédias naturais que tornaram a cidade inabitável, ela foi completamente evacuada. Suas estruturas medievais permanecem hoje em quietude absoluta, formando um cenário cinematográfico escolhido por produções como A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, e Quantum of Solace, da saga James Bond, onde o encanto se mistura à fragilidade.
4. Bodie, Califórnia, EUA
Bodie, Califórnia, EUA
Getty Images
Fundada no século XIX durante a corrida do ouro, Bodie foi um vibrante vilarejo mineiro com milhares de habitantes, dezenas de saloons, casas de jogo e lojas. Quando o ouro acabou, por volta da metade do século XX, o êxodo foi inevitável, e a cidade ficou gradualmente deserta. Hoje, preservada em um estado de degradação controlada, Bodie oferece uma janela única para o passado do Velho Oeste, com edifícios ainda intactos que guardam móveis, livros e objetos pessoais exatamente como foram deixados.
5. Varosha, Chipre
Varosha, Chipre
Getty Images
Na década de 1970, Varosha era um dos destinos turísticos mais exclusivos do Mediterrâneo, frequentado por celebridades internacionais atraídas por suas praias de areia branca e hotéis de luxo. A prosperidade terminou abruptamente em 1974 com a invasão turca ao Chipre, provocando uma evacuação imediata e a ocupação militar. Desde então, Varosha permanece intacta e cercada por arame farpado, um lugar que reflete em seus edifícios abandonados as tensões históricas que ainda dividem a ilha.
6. Hashima, Japão
Hashima, Japão
Getty Images
A Ilha Hashima, conhecida popularmente como Gunkanjima ou “Ilha do Encouraçado” por seu formato, foi o epicentro da mineração de carvão no Japão desde o final do século XIX até 1974. Durante seu auge, chegou a alcançar uma densidade populacional recorde, com moradias compactadas em blocos verticais que desafiavam a gravidade. Com o declínio da indústria do carvão, os habitantes abandonaram a ilha repentinamente, deixando para trás um impressionante labirinto de estruturas deterioradas que evocam cenários distópicos e apocalípticos.
7. Oradour-sur-Glane, França
Oradour-sur-Glane, França
Getty Images
Oradour-sur-Glane permanece como memorial perpétuo de um dos piores massacres perpetrados pelas forças nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Em 10 de junho de 1944, todos os seus habitantes foram assassinados em represália às atividades da resistência. As autoridades francesas decidiram preservar o vilarejo exatamente como ficou após a tragédia, transformando-o em um museu a céu aberto que testemunha silenciosamente a brutalidade da guerra.
8. Humberstone, Chile
Humberstone, Chile
Getty Images
Fundado no auge da indústria do salitre, Humberstone floresceu no deserto do Atacama do final do século XIX até a década de 1960. A invenção dos fertilizantes sintéticos e a queda do mercado do salitre precipitaram seu declínio e eventual abandono. Hoje, o vilarejo conserva intactas suas construções industriais e residenciais, convertidas em testemunhos da dura indústria da mineração e da economia flutuante baseada em recursos naturais.
9. Kayaköy, Turquia
Kayaköy, Turquia
Getty Images
Este vilarejo grego em terras turcas foi abandonado após a troca forçada de população entre Turquia e Grécia em 1923, após a Primeira Guerra Mundial. Suas ruas de paralelepípedos, casas sem telhados e pequenas igrejas ortodoxas oferecem um testemunho silencioso e comovente da turbulenta história entre as duas nações e das consequências humanas das decisões políticas internacionais.
10. Garnet, Estados Unidos
Garnet, Estados Unidos
Getty Images
Garnet surgiu no final do século XIX como uma promissora cidade mineradora, graças à descoberta de ouro na região. Quando as jazidas se esgotaram, por volta de 1912, começou um lento e constante êxodo. Atualmente, Garnet é um dos povoados fantasmas mais bem preservados dos Estados Unidos, com edifícios que ainda guardam móveis originais, produtos nas prateleiras e utensílios do dia a dia à espera silenciosa de visitantes curiosos.
11. Belchite, Espanha
Belchite, Espanha
Getty Images
Belchite foi palco de um dos episódios mais devastadores da Guerra Civil Espanhola. Entre agosto e setembro de 1937, combates sangrentos destruíram quase completamente a localidade. Após o conflito, o regime franquista decidiu não reconstruir o vilarejo, mas preservá-lo intacto como símbolo permanente do horror da guerra. Hoje, ao caminhar por suas ruínas, podemos ouvir ecos de uma tragédia histórica que ainda ressoam em muros crivados de balas, igrejas a céu aberto e ruas cheias de cicatrizes que não desaparecem com o tempo.
12. Tyneham, Inglaterra
Tyneham, Inglaterra
Reprodução AD México
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico requisitou Tyneham para treinamentos militares. Em dezembro de 1943, seus habitantes foram evacuados com a promessa de um retorno que jamais aconteceu. Atualmente, o vilarejo permanece sob controle militar, mas suas ruínas ficam abertas ao público em ocasiões especiais. Casas de pedra, uma escola intacta e uma igreja vazia são hoje testemunhos de vidas colocadas em pausa indefinida por uma guerra que transformou radicalmente a realidade cotidiana de seus moradores.
13. Kadykchan, Rússia
Kadykchan, Rússia
Getty Images
Fundado como um assentamento minerador durante a era soviética, Kadykchan dependia totalmente das minas de carvão. Quando, na década de 1990, a economia soviética entrou em colapso, as minas deixaram de ser rentáveis e foram fechadas, provocando o êxodo em massa de seus habitantes. Hoje, a paisagem fria e desolada da Sibéria domina o vilarejo: edifícios vazios, ruas abandonadas cobertas de neve grande parte do ano e um silêncio absoluto que reflete a fragilidade econômica das comunidades mineradoras.
14. Spinalonga, Grécia
Spinalonga, Grécia
Nadine Marfurt/Unsplash
Situada em uma pequena ilha fortificada de Creta, Spinalonga serviu como colônia de pacientes com hanseníase de 1903 até 1957. Centenas de pessoas viviam ali isoladas, construindo sua própria comunidade autossuficiente. Após o fechamento da colônia, graças ao avanço da medicina, a ilha foi abandonada. Seus edifícios históricos, muralhas fortificadas e ruas vazias lembram a luta silenciosa por sobrevivência em condições extremamente difíceis e servem como um comovente tributo à dignidade humana.
15. Wittenoom, Austrália
Wittenoom, Austrália
Getty Images
Este vilarejo australiano prosperou com a extração de amianto azul, um mineral posteriormente reconhecido como altamente cancerígeno. À medida que os riscos se tornaram evidentes nos anos 1960, a população começou a abandonar rapidamente o local. Por fim, o governo australiano ordenou a evacuação total em 1966, encerrando oficialmente o povoado. Hoje, Wittenoom está interditado ao público, transformado em um inquietante lembrete do custo oculto do desenvolvimento industrial.
16. Agdam, Azerbaijão
Agdam, Azerbaijão
Getty Images
Conhecida como a Hiroshima do Cáucaso, Agdam foi completamente destruída durante a Guerra de Nagorno-Karabakh nos anos 1990. Seus habitantes fugiram diante dos intensos combates, deixando para trás uma cidade arrasada que permanece intacta como testemunho visual do conflito. Hoje, caminhar por Agdam é experimentar uma profunda sensação de vazio diante de edifícios em ruínas, ruas invadidas pelo mato e vestígios claros dos horrores recentes da guerra.
17. Pyramiden, Noruega
Pyramiden, Noruega
Getty Images
Na inóspita região ártica de Svalbard, Pyramiden foi uma próspera comunidade soviética dedicada à mineração de carvão durante a Guerra Fria. Quando, em 1998, a mina se tornou economicamente inviável, os habitantes abandonaram repentinamente o local, deixando para trás um vilarejo inteiro intacto, literalmente congelado no tempo pelas temperaturas extremas. Edifícios brutalistas, estátuas comunistas e escolas vazias criam uma paisagem surreal que parece um museu da era soviética a céu aberto.
18. Centralia, Pensilvânia, EUA
Centralia, Pensilvânia, EUA
Getty Images
Desde 1962, um incêndio subterrâneo em uma mina de carvão queima sob Centralia. Todas as tentativas de apagá-lo fracassaram, e com o passar dos anos, a fumaça tóxica e o risco de desabamentos obrigaram a evacuação total do vilarejo. Atualmente, Centralia é uma paisagem estranha, onde ruas rachadas, fumaça saindo do solo e casas isoladas criam uma atmosfera inquietante e pós-apocalíptica que revela a vulnerabilidade humana diante de fenômenos naturais fora de controle.
19. Al Jazirat Al Hamra, Emirados Árabes Unidos
Al Jazirat Al Hamra, Emirados Árabes Unidos
Getty Images
Até meados do século XX, Al Jazirat Al Hamra foi um importante vilarejo pesqueiro e de caçadores de pérolas na costa dos Emirados. Quando a indústria de pérolas entrou em colapso e os habitantes migraram para cidades modernas, o vilarejo ficou deserto. Suas casas de coral e barro, ruas silenciosas e mesquitas abandonadas oferecem uma visão única do estilo de vida tradicional anterior ao acelerado desenvolvimento econômico da região.
20. Villa Epecuén, Argentina
Villa Epecuén, Argentina
Pixabay
Em 1985, chuvas intensas e falhas nos sistemas hidráulicos causaram a inundação total do povoado turístico argentino Villa Epecuén, submergindo-o sob vários metros de água salgada. O local permaneceu oculto até que as águas recuaram parcialmente em 2009, revelando uma paisagem esbranquiçada pelo sal, ruas fantasmas e ruínas que parecem de outro mundo. O local é agora uma assombrosa atração turística, um testemunho de resiliência e tragédia.
21. Döllersheim, Áustria
Döllersheim, Áustria
Getty Images
Evacuado em 1938 por ordens do Partido Nazista para transformar a área em campo de treinamento militar, Döllersheim viu sua população desaparecer de um dia para o outro. Igrejas, cemitérios e casas foram abandonados para sempre, transformando o vilarejo em um espectral museu a céu aberto da era nazista, onde as lembranças permanecem intactas entre as ruínas.
22. Bannack, Estados Unidos
Bannack, Estados Unidos
Getty Images
Fundado em 1862 durante a corrida do ouro, Bannack foi a capital territorial de Montana e um importante centro minerador até que a extração de ouro entrou em declínio no final do século XIX. Abandonado gradualmente, seus edifícios originais de madeira estão hoje perfeitamente preservados como parte de um parque estadual histórico, onde é possível vivenciar de perto o passado do Velho Oeste americano em meio a um silêncio absoluto que evoca a essência do abandono.
23. Nagoro, Japão
Nagoro, Japão
Getty Images
Escondido nas montanhas de Shikoku, Nagoro é um vilarejo japonês onde o silêncio se tornou paisagem cotidiana após a saída gradual de seus habitantes. Mas Tsukimi Ayano recusou-se a aceitar o vazio e criou mais de 300 bonecos em tamanho real em homenagem àqueles que um dia caminharam por aquelas ruas. Hoje, esses personagens imóveis ocupam carteiras escolares, esperam por ônibus que nunca chegam e trabalham em campos que já não produzem. Em Nagoro, a ausência encontrou uma forma poética e profundamente comovente de se fazer presente.
Esses 23 lugares foram abandonados, sim, mas não esquecidos. Eles ainda estão lá, resistindo ao tempo como se soubessem que o mundo muda, que as cidades crescem e que as memórias se diluem… mas também que existem formas de permanecer, sem barulho, sem multidões, sem necessidade de reconstruir. Habitar seus vazios, percorrer suas estruturas, encará-los de frente, não é apenas uma viagem ao passado: é um ato de reconhecimento. Porque, em um planeta que funciona sem pausas, esses vilarejos nos convidam a parar. Para lembrar que a arquitetura nem sempre precisa de um futuro para ser eterna. E que alguns espaços, mesmo que ninguém mais os nomeie, continuam falando mais alto do que nunca.
*Matéria originalmente publicada na Architectural Digest México.
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Ao percorrer esses vilarejos abandonados, percebemos mais do que um simples vazio: encontramos narrativas visuais profundas, relíquias arquitetônicas que nos falam de épocas douradas perdidas e cenários que refletem a fragilidade da vida humana diante de forças maiores. Cada uma dessas localidades foi abandonada por razões específicas, deixando para trás ruínas que falam claramente sobre a vulnerabilidade das nossas criações diante do poder do tempo e da natureza.
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1. Kolmanskop, Namíbia
Kolmanskop, Namíbia
Francesco Ungaro/Unsplash
Kolmanskop foi erguida em pleno deserto inóspito da Namíbia em 1908, após a descoberta acidental de diamantes. Durante décadas, foi símbolo de riqueza e opulência europeia em solo africano, com casarões, hospitais, teatros e a primeira linha de bonde da África. No entanto, em meados do século XX, as jazidas de diamantes começaram a se esgotar, provocando a emigração em massa e o abandono total do vilarejo em 1956. Desde então, as areias do deserto vêm lentamente, mas de forma inexorável, tomando conta das edificações, invadindo quartos e corredores, criando cenas surrealistas dignas de um quadro de Dalí.
2. Pripyat, Ucrânia
Pripyat, Ucrânia
Mads Eneqvist/Unsplash
Pripyat surgiu como uma utopia soviética no início dos anos 1970, lar dos trabalhadores da usina nuclear de Chernobyl. Tratava-se de uma cidade-modelo, com infraestrutura moderna, amplas avenidas, centros culturais e parques infantis. O sonho acabou abruptamente na madrugada de 26 de abril de 1986, quando a explosão do reator número quatro obrigou a evacuação de 50 mil moradores em poucas horas, deixando para trás vidas inteiras congeladas no tempo. Hoje, os parques enferrujados, escolas vazias e edifícios desolados permanecem como testemunhos sombrios do maior desastre nuclear da história da humanidade.
3. Craco, Itália
Craco, Itália
Pixabay
Situada sobre uma colina na região italiana da Basilicata, Craco tem uma história marcada por sua geografia instável. Desde o século VIII, os habitantes enfrentaram frequentes deslizamentos de terra e terremotos. Finalmente, em 1980, após sucessivas tragédias naturais que tornaram a cidade inabitável, ela foi completamente evacuada. Suas estruturas medievais permanecem hoje em quietude absoluta, formando um cenário cinematográfico escolhido por produções como A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, e Quantum of Solace, da saga James Bond, onde o encanto se mistura à fragilidade.
4. Bodie, Califórnia, EUA
Bodie, Califórnia, EUA
Getty Images
Fundada no século XIX durante a corrida do ouro, Bodie foi um vibrante vilarejo mineiro com milhares de habitantes, dezenas de saloons, casas de jogo e lojas. Quando o ouro acabou, por volta da metade do século XX, o êxodo foi inevitável, e a cidade ficou gradualmente deserta. Hoje, preservada em um estado de degradação controlada, Bodie oferece uma janela única para o passado do Velho Oeste, com edifícios ainda intactos que guardam móveis, livros e objetos pessoais exatamente como foram deixados.
5. Varosha, Chipre
Varosha, Chipre
Getty Images
Na década de 1970, Varosha era um dos destinos turísticos mais exclusivos do Mediterrâneo, frequentado por celebridades internacionais atraídas por suas praias de areia branca e hotéis de luxo. A prosperidade terminou abruptamente em 1974 com a invasão turca ao Chipre, provocando uma evacuação imediata e a ocupação militar. Desde então, Varosha permanece intacta e cercada por arame farpado, um lugar que reflete em seus edifícios abandonados as tensões históricas que ainda dividem a ilha.
6. Hashima, Japão
Hashima, Japão
Getty Images
A Ilha Hashima, conhecida popularmente como Gunkanjima ou “Ilha do Encouraçado” por seu formato, foi o epicentro da mineração de carvão no Japão desde o final do século XIX até 1974. Durante seu auge, chegou a alcançar uma densidade populacional recorde, com moradias compactadas em blocos verticais que desafiavam a gravidade. Com o declínio da indústria do carvão, os habitantes abandonaram a ilha repentinamente, deixando para trás um impressionante labirinto de estruturas deterioradas que evocam cenários distópicos e apocalípticos.
7. Oradour-sur-Glane, França
Oradour-sur-Glane, França
Getty Images
Oradour-sur-Glane permanece como memorial perpétuo de um dos piores massacres perpetrados pelas forças nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Em 10 de junho de 1944, todos os seus habitantes foram assassinados em represália às atividades da resistência. As autoridades francesas decidiram preservar o vilarejo exatamente como ficou após a tragédia, transformando-o em um museu a céu aberto que testemunha silenciosamente a brutalidade da guerra.
8. Humberstone, Chile
Humberstone, Chile
Getty Images
Fundado no auge da indústria do salitre, Humberstone floresceu no deserto do Atacama do final do século XIX até a década de 1960. A invenção dos fertilizantes sintéticos e a queda do mercado do salitre precipitaram seu declínio e eventual abandono. Hoje, o vilarejo conserva intactas suas construções industriais e residenciais, convertidas em testemunhos da dura indústria da mineração e da economia flutuante baseada em recursos naturais.
9. Kayaköy, Turquia
Kayaköy, Turquia
Getty Images
Este vilarejo grego em terras turcas foi abandonado após a troca forçada de população entre Turquia e Grécia em 1923, após a Primeira Guerra Mundial. Suas ruas de paralelepípedos, casas sem telhados e pequenas igrejas ortodoxas oferecem um testemunho silencioso e comovente da turbulenta história entre as duas nações e das consequências humanas das decisões políticas internacionais.
10. Garnet, Estados Unidos
Garnet, Estados Unidos
Getty Images
Garnet surgiu no final do século XIX como uma promissora cidade mineradora, graças à descoberta de ouro na região. Quando as jazidas se esgotaram, por volta de 1912, começou um lento e constante êxodo. Atualmente, Garnet é um dos povoados fantasmas mais bem preservados dos Estados Unidos, com edifícios que ainda guardam móveis originais, produtos nas prateleiras e utensílios do dia a dia à espera silenciosa de visitantes curiosos.
11. Belchite, Espanha
Belchite, Espanha
Getty Images
Belchite foi palco de um dos episódios mais devastadores da Guerra Civil Espanhola. Entre agosto e setembro de 1937, combates sangrentos destruíram quase completamente a localidade. Após o conflito, o regime franquista decidiu não reconstruir o vilarejo, mas preservá-lo intacto como símbolo permanente do horror da guerra. Hoje, ao caminhar por suas ruínas, podemos ouvir ecos de uma tragédia histórica que ainda ressoam em muros crivados de balas, igrejas a céu aberto e ruas cheias de cicatrizes que não desaparecem com o tempo.
12. Tyneham, Inglaterra
Tyneham, Inglaterra
Reprodução AD México
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico requisitou Tyneham para treinamentos militares. Em dezembro de 1943, seus habitantes foram evacuados com a promessa de um retorno que jamais aconteceu. Atualmente, o vilarejo permanece sob controle militar, mas suas ruínas ficam abertas ao público em ocasiões especiais. Casas de pedra, uma escola intacta e uma igreja vazia são hoje testemunhos de vidas colocadas em pausa indefinida por uma guerra que transformou radicalmente a realidade cotidiana de seus moradores.
13. Kadykchan, Rússia
Kadykchan, Rússia
Getty Images
Fundado como um assentamento minerador durante a era soviética, Kadykchan dependia totalmente das minas de carvão. Quando, na década de 1990, a economia soviética entrou em colapso, as minas deixaram de ser rentáveis e foram fechadas, provocando o êxodo em massa de seus habitantes. Hoje, a paisagem fria e desolada da Sibéria domina o vilarejo: edifícios vazios, ruas abandonadas cobertas de neve grande parte do ano e um silêncio absoluto que reflete a fragilidade econômica das comunidades mineradoras.
14. Spinalonga, Grécia
Spinalonga, Grécia
Nadine Marfurt/Unsplash
Situada em uma pequena ilha fortificada de Creta, Spinalonga serviu como colônia de pacientes com hanseníase de 1903 até 1957. Centenas de pessoas viviam ali isoladas, construindo sua própria comunidade autossuficiente. Após o fechamento da colônia, graças ao avanço da medicina, a ilha foi abandonada. Seus edifícios históricos, muralhas fortificadas e ruas vazias lembram a luta silenciosa por sobrevivência em condições extremamente difíceis e servem como um comovente tributo à dignidade humana.
15. Wittenoom, Austrália
Wittenoom, Austrália
Getty Images
Este vilarejo australiano prosperou com a extração de amianto azul, um mineral posteriormente reconhecido como altamente cancerígeno. À medida que os riscos se tornaram evidentes nos anos 1960, a população começou a abandonar rapidamente o local. Por fim, o governo australiano ordenou a evacuação total em 1966, encerrando oficialmente o povoado. Hoje, Wittenoom está interditado ao público, transformado em um inquietante lembrete do custo oculto do desenvolvimento industrial.
16. Agdam, Azerbaijão
Agdam, Azerbaijão
Getty Images
Conhecida como a Hiroshima do Cáucaso, Agdam foi completamente destruída durante a Guerra de Nagorno-Karabakh nos anos 1990. Seus habitantes fugiram diante dos intensos combates, deixando para trás uma cidade arrasada que permanece intacta como testemunho visual do conflito. Hoje, caminhar por Agdam é experimentar uma profunda sensação de vazio diante de edifícios em ruínas, ruas invadidas pelo mato e vestígios claros dos horrores recentes da guerra.
17. Pyramiden, Noruega
Pyramiden, Noruega
Getty Images
Na inóspita região ártica de Svalbard, Pyramiden foi uma próspera comunidade soviética dedicada à mineração de carvão durante a Guerra Fria. Quando, em 1998, a mina se tornou economicamente inviável, os habitantes abandonaram repentinamente o local, deixando para trás um vilarejo inteiro intacto, literalmente congelado no tempo pelas temperaturas extremas. Edifícios brutalistas, estátuas comunistas e escolas vazias criam uma paisagem surreal que parece um museu da era soviética a céu aberto.
18. Centralia, Pensilvânia, EUA
Centralia, Pensilvânia, EUA
Getty Images
Desde 1962, um incêndio subterrâneo em uma mina de carvão queima sob Centralia. Todas as tentativas de apagá-lo fracassaram, e com o passar dos anos, a fumaça tóxica e o risco de desabamentos obrigaram a evacuação total do vilarejo. Atualmente, Centralia é uma paisagem estranha, onde ruas rachadas, fumaça saindo do solo e casas isoladas criam uma atmosfera inquietante e pós-apocalíptica que revela a vulnerabilidade humana diante de fenômenos naturais fora de controle.
19. Al Jazirat Al Hamra, Emirados Árabes Unidos
Al Jazirat Al Hamra, Emirados Árabes Unidos
Getty Images
Até meados do século XX, Al Jazirat Al Hamra foi um importante vilarejo pesqueiro e de caçadores de pérolas na costa dos Emirados. Quando a indústria de pérolas entrou em colapso e os habitantes migraram para cidades modernas, o vilarejo ficou deserto. Suas casas de coral e barro, ruas silenciosas e mesquitas abandonadas oferecem uma visão única do estilo de vida tradicional anterior ao acelerado desenvolvimento econômico da região.
20. Villa Epecuén, Argentina
Villa Epecuén, Argentina
Pixabay
Em 1985, chuvas intensas e falhas nos sistemas hidráulicos causaram a inundação total do povoado turístico argentino Villa Epecuén, submergindo-o sob vários metros de água salgada. O local permaneceu oculto até que as águas recuaram parcialmente em 2009, revelando uma paisagem esbranquiçada pelo sal, ruas fantasmas e ruínas que parecem de outro mundo. O local é agora uma assombrosa atração turística, um testemunho de resiliência e tragédia.
21. Döllersheim, Áustria
Döllersheim, Áustria
Getty Images
Evacuado em 1938 por ordens do Partido Nazista para transformar a área em campo de treinamento militar, Döllersheim viu sua população desaparecer de um dia para o outro. Igrejas, cemitérios e casas foram abandonados para sempre, transformando o vilarejo em um espectral museu a céu aberto da era nazista, onde as lembranças permanecem intactas entre as ruínas.
22. Bannack, Estados Unidos
Bannack, Estados Unidos
Getty Images
Fundado em 1862 durante a corrida do ouro, Bannack foi a capital territorial de Montana e um importante centro minerador até que a extração de ouro entrou em declínio no final do século XIX. Abandonado gradualmente, seus edifícios originais de madeira estão hoje perfeitamente preservados como parte de um parque estadual histórico, onde é possível vivenciar de perto o passado do Velho Oeste americano em meio a um silêncio absoluto que evoca a essência do abandono.
23. Nagoro, Japão
Nagoro, Japão
Getty Images
Escondido nas montanhas de Shikoku, Nagoro é um vilarejo japonês onde o silêncio se tornou paisagem cotidiana após a saída gradual de seus habitantes. Mas Tsukimi Ayano recusou-se a aceitar o vazio e criou mais de 300 bonecos em tamanho real em homenagem àqueles que um dia caminharam por aquelas ruas. Hoje, esses personagens imóveis ocupam carteiras escolares, esperam por ônibus que nunca chegam e trabalham em campos que já não produzem. Em Nagoro, a ausência encontrou uma forma poética e profundamente comovente de se fazer presente.
Esses 23 lugares foram abandonados, sim, mas não esquecidos. Eles ainda estão lá, resistindo ao tempo como se soubessem que o mundo muda, que as cidades crescem e que as memórias se diluem… mas também que existem formas de permanecer, sem barulho, sem multidões, sem necessidade de reconstruir. Habitar seus vazios, percorrer suas estruturas, encará-los de frente, não é apenas uma viagem ao passado: é um ato de reconhecimento. Porque, em um planeta que funciona sem pausas, esses vilarejos nos convidam a parar. Para lembrar que a arquitetura nem sempre precisa de um futuro para ser eterna. E que alguns espaços, mesmo que ninguém mais os nomeie, continuam falando mais alto do que nunca.
*Matéria originalmente publicada na Architectural Digest México.
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