Centro Pompidou adquire 70 obras dos irmãos Campana

Além de mobiliários, cadernos de anotações com informações sobre processos criativos passam a fazer parte do acervo do museu parisiense que está fechado para reformas O Centro de Arte Contemporânea Georges Pompidou, em Paris, vai adquirir cerca de 70 obras pertencentes ao acervo do Instituto Campana, fundado pelos irmãos Fernando (1961–2022) e Humberto. A iniciativa conta com as contribuições das galerias internacionais de design Friedman Benda (EUA), Carpenters Workshop Gallery (França, Reino Unido e EUA), e Giustini Stagetti (Itália), além de parceiros como Edra, Louis Vuitton, Alessi e Bernardaud.
De acordo com Humberto, esse acontecimento representa um marco de suma importância na trajetória do estúdio. “Desde sua fundação, o Centre Pompidou tem desempenhado um papel importante em nossas vidas, redefinindo o que pode ser uma instituição cultural. Seu compromisso com a reflexão artística e a inovação sempre ressoou com o nosso trabalho, servindo como inspiração e lembrete de que há espaço para novas formas de viver e experienciar a arte”, ressalta.
Como designer e artista, ele complementa que sente-se profundamente honrado e tranquilo por saber que este legado será preservado. “Mais do que isso, esse reconhecimento garante que nossa contribuição — por mais humilde que seja — à história do design será compartilhada com públicos ao redor do mundo, celebrando a criatividade e a expressão artística brasileira e latino – americana ao lado dos nomes mais prestigiados do campo”, pontua.

Coleção diversa

Entre os mobiliários obtidos, estão as cadeiras Samambaia (1989), Cone (1997), Jacaré (2002) e Paraíba (2006), que ajudam a contar sobre a evolução do estúdio em termos de técnicas, materiais e abordagens conceituais. Outros elementos relevantes contemplam os cenários criados para a montagem de Pedro e o Lobo no Guggenheim Museum, em 2008, assim como esculturas feitas por Fernando Campana no mesmo ano, com peças automotivas reaproveitadas.
Parte do processo criativo de Fernando e Humberto Campana, 22 cadernos originais de esboços também passam a integrar o acervo do museu, que está fechado para reformas e deve ser reaberto em 2030. As anotações feitas pelos irmãos paulistas incluem informações sobre a coleção Desconfortáveis (1989) e os primeiros estudos para a Cadeira Vermelha (1993).
Figura importante no diálogo, a curadora Marie-Ange Brayer afirma que os Campana contribuíram para a transformação da linguagem do design contemporâneo por meio da reutilização e da abordagem animista dos objetos. “Eles valorizaram o gesto e afirmaram uma dimensão artesanal, transformada por materiais industriais. Através da reciclagem e do reaproveitamento, celebraram as culturas urbanas do Brasil enquanto se engajavam com as dinâmicas sociais do país — com a engenhosidade e as expressões materiais e formais espontâneas do vernáculo urbano, especialmente em São Paulo, que observavam no cotidiano”, diz a chefe do departamento de design do Musée National d’Art Moderne Centre Pompidou.
Fundado em 2009, o Instituto Campana é uma associação civil sem fins lucrativos que tem como missão promover a cultura e divulgar as artes brasileiras, Nas palavras de Fernando, o projeto foi descrito como criado com uma forma de “espalhar o universo dos irmãos – olhar e linguagem – por meio da disseminação das criações e da promoção de atividades culturais e educacionais”.

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