Labubu: conheça o criador e a história do boneco que virou febre mundial

O ‘monstrinho’ de pelúcia, famoso por sua expressão divertida e cores vibrantes, nasceu de histórias infantis e, recentemente, se tornou um fenômeno na moda e no design Seja pendendo em bolsas, seja em vídeos no TikTok, você já deve ter cruzado com a nova febre do momento: o Labubu, um boneco de pelúcia em formato de “monstro”, vendido pela empresa Pop Mart, gigante chinesa de colecionáveis. O personagem se destaca pelo seu design, com dentes pequenos e serralhados, os olhos grandes e abertos, e pelagem em diversas cores. Juntos, esses elementos criaram um mix de fofura e estranhamento que encantou, globalmente, os consumidores — e as redes sociais.
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O nascimento do Labubu
A criatura foi idealizada em 2015 pelo artista Kasing Lung para a trilogia de histórias infantis The Monsters (Os Monstros, em tradução livre), inspiradas no folclore e na mitologia na nórdica. As narrativas abordam as aventuras da tribo dos Labubu, onde também vivem os personagens Zimomo, Tycoco e Spooky. Na série, eles são apresentados como seres gentis, mas que, acidentalmente, fazem coisas ruins.
A trilogia de livros “The Monsters”, de Kasing Lung, traz histórias com o Labubu e mais personagens da tribo
Instagram/@kasinglung/Reprodução
Os livros — não lançados no Brasil — contêm poucos elementos textuais e muitas imagens vibrantes e coloridas dos monstrinhos, conquistando crianças rapidamente. Mas isso não significa que o conteúdo é exclusivamente infantil: algumas atitudes dos bichinhos incluem o uso de tabaco e o consumo de álcool.
A mente por trás do Labubu
Kasing Lung nasceu em Hong Kong, em 1972. Ainda criança, mudou-se para a Holanda, onde conheceu (e se interessou) por contos de fadas e histórias de folclore nórdico, que o inspiraram a seguir carreira artística.
Em 2011, ele entrou na empresa How2work, em Hong Kong, se tornando ilustrador de livros e itens colecionáveis. O Labubu, inclusive, não foi sua primeira criação: seu primeiro livro, escrito em chinês, foi o My Little Planet (Meu Pequeno Planeta, em tradução livre), publicado em Taiwan, em 2013.
Kasing Lung, artista nascido em Hong Kong, com os ‘Labubu baby’, variação ‘bebê’ do brinquedo
Instagram/@kasinglung/Reprodução
Já em 2014, o artista realizou uma colaboração com a escritora Brigitte Minne, e publicou o livro infantil ilustrado Lizzy Wil Dansen pela editora belga De Eenhoorn. Desde o início de sua carreira, Kasing também mergulhou em exposições artísticas, participando, por exemplo, da mostra coletiva One Day Children, realizada na cidade taiwanesa de Taichung.
Foi apenas em 2015 que surgiu o The Monsters e, em parceria com a How2work, o profissional lançou os brinquedos colecionáveis. Quatro anos depois, ele assinou com a Pop Mart para vender as miniaturas como chaveiro.
O Labubu, criatura colecionável criada pelo artista Kasing Lung, tem conquistado os consumidores de todo o mundo
GettyImages
Desde então, o artista tem ficado entre Hong Kong e Bélgica, focado na produção de pinturas. Em 2020, por exemplo, realizou sua primeira exposição individual, THIS IS WHAT IT FEELS LIKE (em tradução livre, É Assim Que Se Sente), na galeria Hidari Zingaro, em Tóquio, Japão.
Em 2024, realizou a exibição EVERYBODY KNOWS (em tradução livre, Todos Sabem), em três galerias honconguesas, a qual prometia uma imersão no imaginário do artista, com telas lúdicas e coloridas dos Labubus.
“EVERYBODY KNOWS” foi a primeira exposição solo a grande escala de Kasing Lung e traz os Labubus em alguns quadros
Instagram/@belowground.hk/Reprodução | Montagem: Casa e Jardim
Por que o Labubu virou tendência após 10 anos de sua criação?
O Labubu eclodiu mundialmente em 2025, se tornando não apenas um brinquedo, mas uma experiência e elemento de moda, usado até por celebridades, como a cantora Lisa, do grupo K-pop Blackpink, e a cantora Dua Lipa.
Para além de seu visual inusitado, o personagem conquistou um público atraído pelo fenômeno das ‘blind boxes’, isto é, embalagens de itens colecionáveis que só revelam seu conteúdo após abertas, podendo surpreender com diferentes versões do monstrinho.
Os bonecos Labubus são encontrados em vários produtos: bolsas, canecas, mochilas, chaveiro, garrafas, entre outros
GettyImages
“A surpresa é uma construtora de vínculo, gerando sentimento de preparo de ‘baixo risco’, uma vez que nada de mau ou arriscado se revelará, ao contrário, será sempre uma nova versão do bonequinho-chaveiro, causando regozijo e graça”, indica Clotilde Perez, semioticista e professora titular de Semiótica da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (USP).
A tendência também pode ser explicada pela própria aparência da figura, que mistura elementos fofos e “bizarros”, criando, de certo modo, uma estética divertida e aconchegante.
O Labubu chama a atenção devido à sua estética kawaii, que mistura o tamanho miniatura com expressões adoráveis
GettyImages
Vanessa Hikichi, especialista em tendências na WGSN Latam, indica que o Labubu pode mostrar um comportamento que veio para ficar.
“Em tempos de ansiedade e incerteza, consumidores recorrem a personagens afetivos como válvulas de escape emocional. O fenômeno representa uma mudança profunda no mercado de colecionáveis e acessórios: a transição do consumo utilitário para um consumo afetivo, simbólico e estético”, diz a especialista. Para ela, o Labubu é o embaixador ideal da autoexpressão e do escapismo digital.
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Ainda, a criatura está altamente ligada às estéticas kawaii e kidult, associadas à fofura e amplamente difundida na cultura asiática, incorporando proporções infantis, expressões exagerados e pelúcias.
Segundo a WGSN, a cultura kidult é, atualmente, responsável por 25% das vendas globais de brinquedos, impulsionando até franquias clássicas como Pokémon e Hello Kitty a se reinventarem para esse público adulto.
O Labubu se tornou um chaveiro popular, principalmente em bolsas de grife
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Vanessa aponta que o boneco é um exemplo claro das ‘microalergias’, isto é, objetos pequenos que criam uma conexão emocional instantânea. “Eles são ícones do consumo aspiracional e simbólico. Os consumidores buscam produtos que proporcionem conforto emocional e a estética fofa cumpre esse papel. Os Labubus não são apenas objetos, são ferramentas afetivas em um mundo cada vez mais impessoal”, pontua.
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No Brasil, ainda não há lojas oficiais da Pop Mart, mas é possível encontrar o monstrinho por meio de revendedores ou plataformas online, como Shopee, AliExpress e eBay.

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