Crises alérgicas: saiba como cuidar da casa para amenizar o problema no frio

Faxinas mais constantes e higienização frequente da roupa de cama ajudam a reduzir as doenças que se intensificam nas baixas temperaturas Com as temperaturas mais baixas registradas nesta época do ano e o início do inverno, crescem as crises de doenças respiratórias e alérgicas, como sinusite, rinite, asma e bronquite.
“O ar mais frio e seco é predominante nesta época, o que acaba irritando as vias aéreas e diminuindo a capacidade defensiva natural da mucosa nariz. Com isso, ela fica vulnerável à inflamação, à infecção e às crises alérgicas”, explica Pauline Michelin, otorrinolaringologista dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru.
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Segundo a médica, o uso de aquecedores e até mesmo de lareiras dentro de casa é outro fator que deixa o ar interno ainda mais seco, prejudicando a função natural do nariz, a qual é a de filtrar, umedecer e aquecer o ar se respira. “Nestes casos, pode-se usar umidificadores, mas com cautela, porque o uso excessivo pode ajudar na proliferação de fungos”, comenta.
Quando os termômetros caem, as pessoas também passam mais tempo em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que aumenta a exposição a alérgenos, como ácaros e mofo. “Então, para amenizar as crises alérgicas no frio, é fundamental mantermos uma boa higiene ambiental”, alerta a especialista.
A limpeza da casa é fundamental para evitar as crises alérgicas no período de frio
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Segundo dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI), o ácaro da poeira domiciliar é o responsável por cerca de 80% das alergias respiratórias. Invisíveis a olho nu, eles costumam se instalar em tapetes, sofás, almofadas, cortinas, colchões, cobertores e edredons.
Pauline explica que o mofo costuma se proliferar em ambientes úmidos, enquanto os ácaros preferem os espaços mal ventilados. “Nesta época, é muito importante ficarmos atentos à limpeza dos filtros do ar-condicionado, porque eles podem ser uma fonte de armazenamento tanto de ácaro quanto de mofo. Quando ligamos o aparelho, jogam no ar todos esses alérgenos que ficaram armazenados”, diz.
A médica também sugere evitar varrer, usar espanador ou aspirador de pó convencional na faxina da casa, que não conseguem remover as partículas de ácaros e ainda acabam levantando uma “nuvem” de poeira, piorando ainda as crises alérgicas.
“O ideal é usar panos úmidos para fazer a limpeza. Também é recomendado usar aspirador de pó com filtro HEPA [High Efficiency Particulate Air], capazes de aspirar as partículas de ácaros. Claro, evitar expor objetos que possam acumular pó e, sempre que possível, deixar a casa bem ventilada”, ensina Pauline.
Conforme a otorrino, arejar a casa todos os dias é uma das medidas mais simples e mais eficazes que para evitar a proliferação de ácaros e mofo. “Mesmo nos dias mais frios, é importante abrir portas e janelas por, pelo menos, trinta minutos para garantir essa renovação do ar. Isso faz uma grande diferença na qualidade do ar que ficará dentro de casa”, aponta.
Passar aspirador em tapetes e cortinas ajuda a remover o excesso de ácaros do ambiente
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Os tapetes e as cortinas devem ser lavados, em média, a cada três meses, conforme orienta Pauline. “Se tiver pessoas alérgicas na casa e as crises estiverem aumentando, vale intensificar a higienização para uma vez por mês. Se possível, opte por cortinas e tapetes com tecidos e materiais que sejam fáceis de fazer a lavagem”, fala a otorrino.
Cuidados com a roupa de cama
Além de manter um ambiente limpo e arejado, cuidar dos itens de cama também ajuda no combate às crises alérgicas. Segundo Birgit Marsili, proprietária da Lavoutique Lavanderia & Costura, o local é um dos preferidos dos ácaros, por se tratar de um ambiente que recebe calor e umidade do corpo, além da descamação natural da pele, o seu alimento.
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Assim, colchões, lençóis, edredons, cobertores e travesseiros se tornam o “lar” ideal para que se desenvolvam. “Geralmente, os ácaros não ficam na superfície, mas, sim, entre as fibras das peças”, fala Birgit.
Mesmo no frio, é importante abrir as janelas para ventilar e arejar os ambientes
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Um dado curioso – e um pouco “nojento” – é que, na verdade, as pessoas não são alérgicas aos ácaros, mas, sim, às suas fezes, revestidas por uma enzima que pode causar crises de asma, corrimento nasal, espirros e irritação nos olhos. Elas viajam junto a poeira fina e, ao serem inaladas, causam os desagradáveis sintomas.
Por isso, os cuidados com a limpeza da roupa de cama devem ser intensificados no período em que as temperaturas caem no país para manter a saúde em dia. Os colchões devem ser aspirados semanalmente com aspirador de pó com filtro HEPA.
“Com a chegada do frio, após tirar cobertores e edredons guardados nos armários, é preciso lavá-los antes de usar. As peças precisam ser higienizadas com mais frequência e, para quem tem alergias, o cuidado é ainda maior. O nosso próprio corpo solta gordura e pele morta, o que também suja as roupas de cama. São cuidados simples, mas que ajudam muito a amenizar as crises alérgicas”, afirma Birgit.
Durante o inverno, Pauline sugere que a roupa de cama seja trocada semanalmente e, no caso de cobertores e edredons, pelo menos a cada 15 dias, principalmente se tiver pessoas alérgicas em casa.
Crises de sinusite, rinite, asma e bronquite costumam aumentar consideravelmente nos meses mais frios
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Para peças maiores e mais pesadas, como edredons e cobertores, Birgit indica a lavagem especializada. “As máquinas de lavar domésticas não são preparadas para recebê-las devido ao tamanho e peso. Isso prejudica a higienização. A sujeira e os ácaros não são removidos totalmente. Por isso, muitas pessoas não veem melhora nas crises alérgicas, mesmo após a lavagem”, alerta.
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Para quem tem rinite, é recomendado, ainda, o uso de capas impermeáveis anti-ácaros no travesseiro e no colchão, que também devem ser lavadas periodicamente. Outro ponto importante é ao tempo de uso dos travesseiros. Segundo a ASBAI, depois de 2 anos, 20% do peso do acessório é composto por ácaros e células mortas da pele – para alérgicos, um prato cheio às crises.

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