Muitas plantas e design brasileiro se encontram em apê repleto de história

A reforma em imóvel modernista de 220 m², em Florianópolis (SC), mescla concreto, madeira, plantas e coleções afetivas dos moradores Em um edifício modernista da década de 1980, em Florianópolis, Santa Catarina, o apartamento de 220 m² ganhou nova vida pelas mãos do arquiteto Régis Von Frühauf, do escritório Von Frühauf Arquitetura e Interiores (@vonfruhauf.arquitetura).
Ainda antes da compra ser concluída, os moradores – os psiquiatras Vinícius Brun Prá e Philipe Spolti – já visualizavam, ao lado do arquiteto, um lar onde concreto, madeira e natureza conversassem em harmonia.
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“Queríamos concreto, madeira e uma base neutra, misturados ao modernismo brasileiro. Tínhamos receio de que ficasse frio, mas o resultado foi exatamente o contrário: o apartamento se tornou o que se propôs a ser – um lugar para receber gente, criar memórias e contar histórias”, contam os moradores.
SALA DE ESTAR | No living, os ambientes de estar e TV se conectam. Sofá City e mesa de apoio Bengala, ambos da loja Studio Ambientes. Ao fundo, a TV fica na parede revestida de ripas de concreto, da linha Apparente, da Castelatto. Painel de lâmina natural de padrão pau-ferro, feito pela Marcenaria Küster, tem floreiras fabricadas de aço inox pela Smartech, que se ligam às calhas aramadas, executadas pela C.A. Guimarães, para abrigar o paisagismo criado por Ana Trevisan
Fabio Jr. Severo/Divulgação
O projeto partiu da premissa de unir o brutalismo a uma atmosfera acolhedora, funcional e carregada de significado. Todos os espaços foram transformados: a antiga planta compartimentada deu lugar a uma organização fluida e integrada.
A sala de jantar e a cozinha, antes separadas, agora formam um só ambiente. A antiga lavanderia foi incorporada à nova cozinha, enquanto o antigo quarto e banheiro de serviço foram reorganizados para dar lugar à nova área de lavanderia, maximizando funcionalidade e fluidez.
BAR | No painel feito de lâmina natural no padrão pau-ferro, está o bufê-bar no mesmo material, ambos executados pela Marcenaria Küster. Ao lado, cadeira “Gravatá”, de Guilherme Wentz, na loja 4 Elementos. Vasos artesanais de cerâmica abrigam plantas do projeto da paisagista Ana Trevisan, com costela-de-adão, Philodendron spiritus-sancti, Anthurium veitchii e Filodendro squamiferum
Fabio Jr. Severo/Divulgação
Uma das surpresas mais positivas durante a reforma foi a ausência de vigas aparentes, o que permitiu eliminar forros e instalar portas piso-teto com forra negativada – soluções raras em apartamentos, como explica Régis: “A integração completa dos espaços e a valorização da arquitetura original foram pontos-chave. Apostamos na limpeza visual, sem renunciar à sofisticação dos materiais”, afirma.
SALA DE JANTAR | Sobre a poltrona “Mole”, de Sergio Rodrigues, adquirida na loja 4 Elementos, está a cachorra Pops, ao lado do amigo de quatro patas Chicão. Ao fundo, no jantar, quadro “Fluir das Flores”, de Fabrícia Santos. Luminária pendente “LBB01”, desenhada por Lina Bo Bardi, na Lumini
Fabio Jr. Severo/Divulgação
A ousadia da obra atingiu o ápice na execução do novo piso: todo o contrapiso original foi removido e substituído por uma base de concreto polido feita in loco. Foram quase 20 horas de bombeamento contínuo, com três caminhões e uma lançadeira, que levou o concreto pela janela do apartamento. “Foi uma operação surreal. O resultado é excepcional, mas não pretendemos repetir algo semelhante tão cedo”, brinca o arquiteto.
SALA DE JANTAR | Conectada com a cozinha, a área do jantar tem mesa “Batu”, de lâmina natural ebanizada, desenhada por Luane Britto, na loja Studio Ambientes, e cadeiras “Sagaiá”, de madeira ebanizada reaproveitada da reforma do Moinho Joinville (1913), design de Tiago Escher, fabricadas e comercializadas pelo Estúdio Cruzeta. Tapete de tear manual, feito sob encomenda pela Luffa Tapetes Artesanais
Fabio Jr. Severo/Divulgação
A base bruta do concreto foi suavizada por texturas naturais, painéis de lâmina de pau-ferro e pelo uso de vegetação viva, que percorre o teto da área social em calhas aramadas de inox.
“O paisagismo era um dos principais desejos dos moradores. Criamos um sistema de caminhos aéreos para integrar as plantas ao projeto de maneira leve e orgânica”, explica Régis. A sacada e o bar são pontos em que essa vegetação se torna protagonista.
COZINHA | Destaque no ambiente, a ilha de quartzito Black Gold, executada pela Marmoraria Inovar, recebeu banquetas “Trini”, design da Labmobili, vendida pela Boobam. Armários produzidos com lâmina natural no padrão pau-ferro pela Marcenaria Küster. Bancada da pia de inox e floreira em peça única no mesmo material, executadas pela Smartech, com pequena horta de temperos e um maracujazeiro crescendo na calha sobre a janela
Fabio Jr. Severo/Divulgação
A cozinha é outro destaque: a ilha de 2,7 m de comprimento, em uma única peça de quartzito Golden Black, impressiona pelo contraste com o restante da paleta neutra. A bancada molhada de inox, com horta integrada, reforça o caráter industrial e funcional do espaço, onde um pé de maracujá já cresce junto à janela, costurando arquitetura e natureza.
ESCRITÓRIO | Escrivaninha, prateleiras e painel produzidos com lâmina natural de pau-ferro pela Marcenaria Küster. Cadeira “The Chair”, de Hans Wegner, 1950, do acervo pessoal, assim como a gravura comprada em viagem. Cortinas de linho misto executadas por Carol Cortinas
Fabio Jr. Severo/Divulgação
A identidade dos moradores está em cada detalhe – entre coleções de livros e lembranças de viagem, além de obras de arte. “Criamos espaços para que essas paixões fizessem parte da vida cotidiana do apartamento”, explica o arquiteto.
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As escolhas de design também reforçam o vínculo dos moradores com o modernismo brasileiro. Entre elas, poltronas MP-97 de Percival Lafer e um tapete persa adquirido em leilão. A poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, e as cadeiras Sagaiá, de Tiago Escher, feitas artesanalmente com madeira de demolição, também compõem a atmosfera sofisticada e afetiva do projeto.
SUÍTE | Cama feita sob medida pela Estofaria Rosa Sul, com cabeceira de lâmina natural no padrão pau-ferro, executada pela Marcenaria Küster. Na parede, ripas de concreto da linha Apparente, da Castelatto. Mesa de cabeceira de quartzito Black Gold, executada pela Marcenaria Küster com a Marmoraria Inovar. Banco “Mocho”, de Sergio Rodrigues, adquirido em leilão. Tapete do acervo pessoal. Luminária da Reka
Fabio Jr. Severo/Divulgação
SUÍTE | Cadeira “Gravatá”, de Guilherme Wentz, adquirida na loja 4 Elementos. Luminária de piso da Reka. Cortinas de linho misto executadas por Carol Cortinas
Fabio Jr. Severo/Divulgação
Na suíte máster, o brutalismo dá lugar a um respiro de tranquilidade. A cama com cabeceira de pau-ferro e a parede de ripas de concreto criam um equilíbrio visual entre força e aconchego.
BANHEIRO | Materiais usados na área social foram aplicados no ambiente, como o quartzito Black Gold na bancada e no backsplash, e a lâmina de pau-ferro nos armários, com execução da Marcenaria Küster. Metais da Deca
Fabio Jr. Severo/Divulgação
BANHEIRO | O visual clean foi alcançado com o revestimento de paredes e piso de pastilhas de porcelana, 2,5 x 5 cm, da Atlas. Banheira modelo Amazônia, da marca Sabbia. Floreira fabricada de aço inox pela Smartech, revestida com quartzito Black Gold pela Marmoraria Inovar. Plantas escolhidas pela paisagista Ana Trevisan
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No banheiro, os cantos arredondados – herança da construção original – foram preservados e valorizados com pastilhas brancas. O ambiente ainda reúne banheira freestanding, dois chuveiros de teto e um jardim integrado.

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