As solas dos calçados podem carregar bactérias perigosas e muita sujeira – como restos de fezes de animais – para dentro do seu lar Hábito arraigado em muitas culturas pelo mundo, tirar os sapatos para entrar em casa parece algo estranho e incomum para os brasileiros – ainda que, durante a pandemia, muito mais pessoas tenham aderido à prática e a mantido até hoje.
Segundo o farmacêutico e bioquímico Emanuel Maltempi, especialista em biologia molecular e microbiologia do solo, não usar os sapatos da rua dentro de casa evita levar – muita – sujeira para os ambientes internos.
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São diversos elementos, como fezes de animais, partículas de solo, material vegetal, poeira, detritos com substâncias tóxicas e outros materiais que ficam retidos nos calçados.
“A quantidade de resíduos carregados pelas solas – especialmente aquelas com ranhuras profundas – é muito grande. Por isso, remover o calçado antes de entrar é muito importante para manter o ambiente interno mais limpo e organizado”, aponta Emanuel.
Um sapato novo pode ser contaminado com 440.000 bactérias em apenas duas semanas de uso
Freepik/Creative Commons
Esses materiais, além de demandarem que a limpeza do lar seja feita com maior frequência, podem ser fontes de substâncias alergênicas e de patógenos perigosos, causadores de doenças. Em locais úmidos, como o banheiro, eles também facilitam a proliferação de bactérias e fungos.
“Nas solas podem vir resíduos de combustíveis, óleos, solventes, graxas e também alérgenos, como pólen. Embora o pólen não seja tão significativo, pessoas com alergias respiratórias podem ser afetadas. O maior risco, no entanto, ainda são os microrganismos”, comenta o biomédico Benisio Ferreira da Silva Filho, doutor em biotecnologia e coordenador do curso de Biomedicina da Uninter.
Bactérias perigosas
Uma das principais preocupações, conforme Emanuel, seriam as bactérias entéricas (como Escherichia coli), presentes nas fezes de humanos e de animais, que podem causar gastroenterite e até doenças mais graves, como pneumonia.
O ideal é andar de meias, pantufas, chinelos ou até descalço dentro de casa
Freepik/Creative Commons
Um estudo da Universidade do Arizona descobriu que, em apenas duas semanas de uso, um sapato novo pode ser contaminado com 440.000 bactérias – sendo 27% do total de Escherichia coli.
“Já foi documentado a presença frequente de microorganismos em solas de sapato de alto potencial patogênico, como esporos de Clostridium difficile, de Staphylococcus aureus e de outras bactérias resistentes a múltiplos antibióticos”, alerta Emanuel.
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Outra pesquisa, realizada na Universidade de Houston, nos Estados Unidos, em 2017, apontou que quase 40% das amostras de solas continham Clostridium difficile, que é resistente a muitos produtos de limpeza, o que aumenta o potencial de contaminação. Essa bactéria causa diarreia, mal-estar estomacal e, em suas formas mais graves, pode levar à inflamação do cólon, com risco de morte.
Além disso, as solas podem reter resíduos e pós ambientais com substâncias químicas tóxicas e metais pesados, como chumbo, carregados para dentro de casa. “Assim, o hábito de manter um par de calçado para o ambiente externo e outro para o interno ajudar a manter o lar mais limpo e saudável”, destaca.
Impacto na saúde
Segundo Benisio, para adultos saudáveis, o impacto direto na saúde dos materiais trazidos pelos calçados pode não ser tão grande. O risco maior está nas casas com crianças pequenas, até 5 anos, que engatinham, colocam a mão no chão e levam à boca ou costumam morder brinquedos contaminados por microrganismos trazidos pelos sapatos.
Quem não quer tirar os calçados em casa pode usar um capacho para limpar a sola superficialmente
Freepik/Creative Commons
“Calçados podem carregar bactérias, fungos e até vírus, ou seja, tudo o que estiver presente nas ruas. Podem causar infecções respiratórias e de garganta em crianças, como amigdalite e laringite. O mesmo vale para pessoas imunossuprimidas, como idosos ou pacientes em tratamento médico. Nestes casos, evitar a entrada com sapatos sujos pode prevenir doenças”, detalha o biomédico.
Como adotar o hábito
Como a prática não faz parte da cultura brasileira, muitos se sentem constrangidos em solicitar às visitas para tirarem os calçados antes de entrar. “Peça gentilmente e tenha sempre chinelos disponíveis em diversos tamanhos. Um aviso na porta, como ‘Aqui se retira os sapatos antes de entrar’ também pode ajudar”, orienta Emanuel.
Benisio sugere explicar, de forma educada, o motivo do pedido. “Deixe claro que é por questões de saúde e higiene, especialmente se houver crianças pequenas ou idosos em casa”, fala.
Ainda não foi encontrada uma forma 100% ideal de higienizar as solas dos sapatos após usados. Mas a quantidade de sujeira pode ser reduzida com algumas ações pontuais, como o uso de um tapete higienizante na porta de entrada, que deve ser borrifado de tempos em tempos com uma solução de limpeza (1 L de água + 1 colher de sopa de água sanitária). “Esfregue bem as solas ao entrar”, sugere Benisio.
Isso também ajuda quem não tem um espaço para tirar os calçados do lado de fora de casa. “O ideal é carregá-los até um local específico, como a lavanderia ou despensa, onde você possa fazer a higienização. O tapete higienizante logo na entrada é outra opção para limpar bem as solas e seguir até o local onde os calçados serão retirados definitivamente”, explica Benisio.
Deixe um local reservado próximo à entrada ou na lavanderia para colocar os sapatos usados
Freepik/Creative Commons
No caso de quem tem animais de estimação que costumam passear na rua, o ideal é limpar as patas dos pets antes que eles entrem em casa. “Em relação aos animais, o risco é menor, mas eles também podem ser afetados por substâncias químicas ou resíduos tóxicos trazidos da rua”, diz Benisio.
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Para quem tem dificuldade de adotar a retirada do sapato ao entrar em casa, outra opção é o uso de um capacho simples na porta – ainda que não seja a medida ideal. “O principal cuidado é limpá-lo frequentemente. A higienização pode ser feita com o uso de aspirador de pó. Se for de algodão, ele pode ser lavado com detergente e escova/vassoura”, ensina Benisio.
Para os de fibras, pode-se colocar bicarbonato de sódio na peça e deixá-lo agir por algumas horas, batendo em seguida para remover o pó. Isso ajuda a limpar e remover cheiros.
Segundo o farmacêutico e bioquímico Emanuel Maltempi, especialista em biologia molecular e microbiologia do solo, não usar os sapatos da rua dentro de casa evita levar – muita – sujeira para os ambientes internos.
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São diversos elementos, como fezes de animais, partículas de solo, material vegetal, poeira, detritos com substâncias tóxicas e outros materiais que ficam retidos nos calçados.
“A quantidade de resíduos carregados pelas solas – especialmente aquelas com ranhuras profundas – é muito grande. Por isso, remover o calçado antes de entrar é muito importante para manter o ambiente interno mais limpo e organizado”, aponta Emanuel.
Um sapato novo pode ser contaminado com 440.000 bactérias em apenas duas semanas de uso
Freepik/Creative Commons
Esses materiais, além de demandarem que a limpeza do lar seja feita com maior frequência, podem ser fontes de substâncias alergênicas e de patógenos perigosos, causadores de doenças. Em locais úmidos, como o banheiro, eles também facilitam a proliferação de bactérias e fungos.
“Nas solas podem vir resíduos de combustíveis, óleos, solventes, graxas e também alérgenos, como pólen. Embora o pólen não seja tão significativo, pessoas com alergias respiratórias podem ser afetadas. O maior risco, no entanto, ainda são os microrganismos”, comenta o biomédico Benisio Ferreira da Silva Filho, doutor em biotecnologia e coordenador do curso de Biomedicina da Uninter.
Bactérias perigosas
Uma das principais preocupações, conforme Emanuel, seriam as bactérias entéricas (como Escherichia coli), presentes nas fezes de humanos e de animais, que podem causar gastroenterite e até doenças mais graves, como pneumonia.
O ideal é andar de meias, pantufas, chinelos ou até descalço dentro de casa
Freepik/Creative Commons
Um estudo da Universidade do Arizona descobriu que, em apenas duas semanas de uso, um sapato novo pode ser contaminado com 440.000 bactérias – sendo 27% do total de Escherichia coli.
“Já foi documentado a presença frequente de microorganismos em solas de sapato de alto potencial patogênico, como esporos de Clostridium difficile, de Staphylococcus aureus e de outras bactérias resistentes a múltiplos antibióticos”, alerta Emanuel.
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Outra pesquisa, realizada na Universidade de Houston, nos Estados Unidos, em 2017, apontou que quase 40% das amostras de solas continham Clostridium difficile, que é resistente a muitos produtos de limpeza, o que aumenta o potencial de contaminação. Essa bactéria causa diarreia, mal-estar estomacal e, em suas formas mais graves, pode levar à inflamação do cólon, com risco de morte.
Além disso, as solas podem reter resíduos e pós ambientais com substâncias químicas tóxicas e metais pesados, como chumbo, carregados para dentro de casa. “Assim, o hábito de manter um par de calçado para o ambiente externo e outro para o interno ajudar a manter o lar mais limpo e saudável”, destaca.
Impacto na saúde
Segundo Benisio, para adultos saudáveis, o impacto direto na saúde dos materiais trazidos pelos calçados pode não ser tão grande. O risco maior está nas casas com crianças pequenas, até 5 anos, que engatinham, colocam a mão no chão e levam à boca ou costumam morder brinquedos contaminados por microrganismos trazidos pelos sapatos.
Quem não quer tirar os calçados em casa pode usar um capacho para limpar a sola superficialmente
Freepik/Creative Commons
“Calçados podem carregar bactérias, fungos e até vírus, ou seja, tudo o que estiver presente nas ruas. Podem causar infecções respiratórias e de garganta em crianças, como amigdalite e laringite. O mesmo vale para pessoas imunossuprimidas, como idosos ou pacientes em tratamento médico. Nestes casos, evitar a entrada com sapatos sujos pode prevenir doenças”, detalha o biomédico.
Como adotar o hábito
Como a prática não faz parte da cultura brasileira, muitos se sentem constrangidos em solicitar às visitas para tirarem os calçados antes de entrar. “Peça gentilmente e tenha sempre chinelos disponíveis em diversos tamanhos. Um aviso na porta, como ‘Aqui se retira os sapatos antes de entrar’ também pode ajudar”, orienta Emanuel.
Benisio sugere explicar, de forma educada, o motivo do pedido. “Deixe claro que é por questões de saúde e higiene, especialmente se houver crianças pequenas ou idosos em casa”, fala.
Ainda não foi encontrada uma forma 100% ideal de higienizar as solas dos sapatos após usados. Mas a quantidade de sujeira pode ser reduzida com algumas ações pontuais, como o uso de um tapete higienizante na porta de entrada, que deve ser borrifado de tempos em tempos com uma solução de limpeza (1 L de água + 1 colher de sopa de água sanitária). “Esfregue bem as solas ao entrar”, sugere Benisio.
Isso também ajuda quem não tem um espaço para tirar os calçados do lado de fora de casa. “O ideal é carregá-los até um local específico, como a lavanderia ou despensa, onde você possa fazer a higienização. O tapete higienizante logo na entrada é outra opção para limpar bem as solas e seguir até o local onde os calçados serão retirados definitivamente”, explica Benisio.
Deixe um local reservado próximo à entrada ou na lavanderia para colocar os sapatos usados
Freepik/Creative Commons
No caso de quem tem animais de estimação que costumam passear na rua, o ideal é limpar as patas dos pets antes que eles entrem em casa. “Em relação aos animais, o risco é menor, mas eles também podem ser afetados por substâncias químicas ou resíduos tóxicos trazidos da rua”, diz Benisio.
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Para quem tem dificuldade de adotar a retirada do sapato ao entrar em casa, outra opção é o uso de um capacho simples na porta – ainda que não seja a medida ideal. “O principal cuidado é limpá-lo frequentemente. A higienização pode ser feita com o uso de aspirador de pó. Se for de algodão, ele pode ser lavado com detergente e escova/vassoura”, ensina Benisio.
Para os de fibras, pode-se colocar bicarbonato de sódio na peça e deixá-lo agir por algumas horas, batendo em seguida para remover o pó. Isso ajuda a limpar e remover cheiros.