Qual é o móvel mais caro já vendido em um leilão no mundo? Descubra!

Com um recorde de US$ 36,7 milhões (cerca de R$ 202 milhões), o Gabinete de Badminton, do século 18, é a peça de arte decorativa mais cara da história desde 2004 No mundo do design e da decoração de interiores, algumas peças podem alcançar cifras descomunais, com base em critérios como exclusividade, materiais, forma de produção, raridade e quem a desenhou ou executou.
“O móvel, item precioso das artes decorativas, tem no cenário da arte uma importância já equiparada a outros itens das artes maiores, tais quais a pintura e a escultura”, fala o escritor e pesquisador Arnaldo Danemberg, proprietário do antiquário paulistano Arnaldo Danemberg Collection.
Leia mais
Neste cenário, há leilões em que peças de mobiliário podem chegar a milhões de dólares. É o caso do Gabinete de Badminton (Badminton Cabinet), o móvel mais caro já vendido em um leilão até hoje no mundo, ao valor de impressionantes US$ 36,7 milhões (quase R$ 202 milhões, na cotação atual). “Instituições, museus e as grandes coleções costumam ser os compradores em potencial”, conta Arnaldo.
Charles Cator, da Christie’s, com o Gabinete de Badminton, fabricado nas Oficinas Grão-Ducais de Florença no século 18
PA Images/Getty Images
A peça foi adquirida pelo príncipe Hans Adam II de Liechtenstein – o pequeno principado entre a Suíça e a Áustria –, em um leilão realizado na Christie’s, de Londres, em dezembro de 2004. Hoje, ele se encontra em exposição permanente para o público no Museu de Liechtenstein, de propriedade familiar, em Viena.
Leiloado em dezembro de 2004, na Christie’s, de Londres, o móvel bateu o seu próprio recorde. Em 1990, ele já havia se tornado a obra de arte decorativa (não pictórica) mais cara já vendida em leilão, ao preço de US$ 15,1 milhões (cerca de R$ 81 milhões).
“A venda recorde do Gabinete de Badminton na Christie’s em 5 de julho de 1990 trouxe um tipo especial de mágica ao mundo da arte, semelhante à sensação causada pela venda dos Girassóis de Van Gogh três anos antes. Foi provavelmente um dos momentos mais, senão o mais, emocionantes dos meus 30 anos na Christie’s”, disse à época Charles Cator, então presidente da Christie’s Reino Unido.
O Gabinete de Badminton foi encomendado em 1726 por Henry Somerset, 3º duque de Beaufort, às Oficinas Grão-Ducais (Galleria dei lavori) da família Médici, em Florença, na Itália, sob a supervisão da família Foggini.
O jovem comprador tinha apenas 19 anos quando fez a encomenda, realizando um dos maiores atos de mecenato do século 18. Documentos registram que o duque pagou 500 libras (aproximadamente R$ 3,6 mil) pela encomenda, mais 94 libras (cerca de R$ 700) em impostos.
O Gabinete de Badminton, do século 18, é a peça de arte decorativa mais cara da história
Museu de Liechtenstein/Divulgação
O monumental gabinete é considerado a mais importante obra de arte florentina de seu tempo e foi a maior peça de mobiliário produzida nas Oficinas Grão-Ducais no período Barroco, exigindo um enorme esforço para ser produzida.
Segundo a Christie’s, a peça é extremamente rara e só existe no mundo três obras do calibre do Gabinete de Badminton conhecidas. Ele foi encomendado em uma época em que objetos decorativos requintados significavam riqueza e poder.
“Uma peça é rara pelo seu ineditismo estilístico, o seu reflexo de um momento histórico e a sua autoria em si, como um ebanista de destaque”, diz Arnaldo.
Leia mais
O nome da peça deriva da propriedade rural do duque, Badminton House, localizada em Gloucestershire, na Inglaterra, local onde permaneceu por mais de dois séculos, até ser leiloada pelos descendentes do aristocrata.
Meticulosamente trabalhado, estima-se que 30 artesãos tenham se envolvido na criação do armário ao longo de 6 anos, concluído em 1732. Entre eles, estariam lapidadores, marceneiros, fundidores de bronze, artistas e artesãos. “É um triunfo do melhor artesanato, um objeto único que usa uma ampla combinação de materiais e formas”, descreve a Christie’s.
A parte superior do Gabinete de Badminton apresenta um relógio adornado com flores-de-lis
Museu de Liechtenstein/Divulgação
Com 3,8 m de altura e 2,3 m de largura, o móvel de ébano é adornado com incrustações de pietra dura – pedras semipreciosas finamente lapidadas e polidas, como lápis-lazúli, ágata, jaspe vermelho e verde da Sicília, calcedônia (calcedonio di Volterra) e quartzo ametista.
“Os materiais usados, o extremo apuro na manufatura e o seu uso histórico formam um somatório de circunstâncias/elementos que determinam, desde a época de sua criação, um diferencial no valor do bem artístico”, avalia Arnaldo.
Leia mais
A parte superior do móvel apresenta um relógio adornado com flores-de-lis, juntamente ao brasão do aristocrata inglês que o encomendou. Há também guirlandas de folhagens ao lado de estátuas de bronze dourado representando as Quatro Estações, dispostas nos cantos superiores.
O armário tem três divisões horizontais com gavetas embutidas que circundam uma porta central. As frentes, feitas de pietra dura, retratam cenas pictóricas variadas, com pássaros, folhagens e flores. A peça fica apoiada sobre oito pernas em forma de pilastras, o que lhe confere um ar imponente.
“Mais uma vez, o Gabinete de Badminton ultrapassou os limites do mercado de arte. Ele transcende as fronteiras do mobiliário, combinando arquitetura, escultura e pintura em pietra dura, resultando em uma obra-prima única”, disse Charles.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima