Por dentro da residência da embaixadora do Reino Unido no Brasil, Stephanie Al-Qaq

Na Avenida das Nações, em Brasília, uma construção de 800 m² funciona ao mesmo tempo como Embaixada do Reino Unido e lar da embaixadora Stephanie Al-Qaq – primeira mulher a ocupar o cargo no país. A convite dela, o escritório Hersen Mendes Arquitetura desenvolveu um espaço que harmoniza as culturas e tradições do Brasil e do Reino Unido, além de ser palco de reuniões, eventos e recepções. É onde as relações diplomáticas acontecem. “Tudo ocorre neste edifício cercado por belos jardins e entremeado por áreas de convívio público e acesso restrito”, contam Anastácia Hersen e Matheus Mendes, arquitetos à frente do escritório.
Um hall de acesso com laje nervurada aparente na cor branca é seguido pelo átrio que divide as duas principais salas do nível térreo (living e sala de banquetes)
Joana França | Produção: Hersen Mendes
Na parede de acesso, destaca-se o painel de azulejos pintados à mão por Alexandre Mancini, discípulo de Athos Bulcão, inspirado na geometria da bandeira brasileira e nas cores da bandeira do Reino Unido. A poltrona Helena, design Zanini de Zanine, completa a cena junto do banco Centopéia, de Jacqueline Terpins
Joana França | Produção: Hersen Mendes
“O vermelho do hall de entrada é uma referência direta à bandeira britânica”, conta a embaixadora Stephanie Al-Qaq
Joana França | Produção: Hersen Mendes
Outro ângulo do hall de entrada mostra a claraboia que inunda os interiores de luz natural e, ao fundo, a abertura para o jardim
Joana França | Produção: Hersen Mendes
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“Ao sermos procurados, em janeiro de 2023, nosso primeiro desafio foi planejar uma atuação coerente com a edificação pós-moderna já existente”, dizem os profissionais. Segundo eles, o projeto original, finalizado em 1982, exibe grande uso de assimetria, ângulos retos e a 45 graus. “Desenvolvemos uma intervenção que acrescentou mais uma camada na história do prédio, como forma de representar o amadurecimento e a transformação das relações diplomáticas entre o Reino Unido e o Brasil”, explicam.
No living, o décor é composto por poltronas Lina, de Carolina Mauro, Daniela Frugiuele e Filipe Troncon, na Líder, luminária Ofício, de Cristiana Bertolucci, banco Preguiça, design Jacqueline Terpins, quadro de penas de arara azul do Cacique Raoni e tapete da Carminati. “O painel de pedra dolomítica representa o oceano — um elo simbólico que une nossos dois países”, resume Stephanie
Joana França | Produção: Hersen Mendes
O living tem panos de vidro do piso ao teto: eles trazem o verde do jardim aos interiores. A mesa de centro é modelo Água, de Domingos Tótora
Joana França | Produção: Hersen Mendes
Esta área do amplo living recebeu luminária Mega Bauhaus, de Fernando Prado, na Lumini, e mesas de centro Polimorfa, design Brunno Jahara, na Líder, sobre tapete da Carminati
Joana França | Produção: Hersen Mendes
Na sala de jantar, a mesa já existente foi reformada e ganhou a companhia das cadeiras Windsor, de Jader Almeida, sob pendentes Gregg, da Foscarini. A parede exibe afresco de Sandra Crivellaro, com bromélias e orquídeas do cerrado. O aparador é modelo Plana, de Jacqueline Terpins
Joana França | Produção: Hersen Mendes
“Sou a primeira mulher a ser nomeada Embaixadora do Reino Unido no Brasil. Eu me encontrei com Sua Majestade, o Rei Charles III, antes de chegar aqui. O conhecimento e o fascínio de Sua Majestade pelo país continuam fortes e ele demonstrou isso em suas quatro visitas ao Brasil”, revela a embaixadora Stephanie. “Este é um país que inspira curiosidade, do antigo ao moderno – uma vida inteira não é suficiente para conhecê-lo por inteiro”. Ela conta também que, embora este seja um prédio público, a ideia era torná-lo o mais autêntico possível para viver com o marido e seus três filhos adolescentes. “Quando chegamos, o lugar não era nem feminino nem familiar, então começamos a consertar isso da forma mais sustentável possível: reduzindo, reutilizando e reciclando o que havia lá”, diz.
No quarto, paredes foram revestidas com mármore verde Avocatus. Acima da escrivaninha, pendente Satellight, da Foscarini
Joana França | Produção: Hersen Mendes
No banheiro da suíte, os metais dourados são da Docol
Joana França | Produção: Hersen Mendes
A varanda da suíte tem área de estar com espaço para três poltronas, mesa de centro e ainda uma rede artesanal feita por povos indígenas
Joana França | Produção: Hersen Mendes
Vista dos fundos da construção, a partir do jardim
Joana França | Produção: Hersen Mendes
O projeto buscou seguir elementos já existentes na embaixada, como mármores e madeira, mas foram acrescentados toques contemporâneos e cores. No design de interiores, a dupla de arquitetos buscou a simbiose entre a arte e a cultura inglesa com o design autoral brasileiro. “A principal restrição que enfrentamos foi o tempo. O projeto deveria ser inaugurado em 39 dias, para os festejos da coroação do Rei Charles. Portanto, foi um desafio imenso selecionar e coordenar desde operários de obra civil, como pedreiros, pintores e ladrilheiros, como a entrada de outros profissionais e empresas de marcenaria, mobiliário, tapetes, iluminação, cortinas, adornos, entre outros”, lembram os arquitetos. “Quando resolvemos repensar a residência oficial, tínhamos em mente um espaço que representasse uma fusão de mundos. Queríamos algo arrojado, moderno, mas enraizado na estética brasileira — especialmente na brasiliense — homenageando artistas locais e nacionais. Acredito que o resultado traduz muito bem essa proposta”, finaliza Stephanie.
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