Jardim inteligente: como a tecnologia está transformando os espaços verdes

Os jardins inteligentes estão ganhando espaço nas casas, varandas e áreas externas de quem busca mais praticidade, sustentabilidade e controle no cultivo de plantas. Com o uso de tecnologias automatizadas, é possível cuidar das plantas com mais eficiência, mesmo quem tem uma rotina intensa.
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O que é um jardim inteligente?
Jardim inteligente é um espaço verde que utiliza recursos tecnológicos para monitorar, automatizar e otimizar os cuidados com plantas, hortas e flores. Com sensores, irrigação automática e aplicativos conectados, o jardim se torna mais autônomo e exige menor intervenção manual.
No projeto do escritório Daniel Bolson Arquitetura, a parede verde tem irrigação produzida pela Ecotelhado
Cristiano Bauce/Divulgação
Principais tecnologias para jardins inteligentes
Existem múltiplos recursos para modernizar e automatizar o espaço verde do lar e atender às suas demandas. O principal e mais usado é o sistema de irrigação. “Ele conta com sensores de umidade do solo e previsão do tempo para determinar a quantidade ideal de água e o melhor momento para irrigar”, explica Marcelo Gomes, paisagista e gestor ambiental.
Existem modelos que podem ser controlados, inclusive, por aplicativos instalados nos smartphones dos moradores ou outros aparelhos tecnológicos, como a Alexa.
Devido a forte exposição ao sol, o solário com capim-do-texas-vermelho demanda um cuidado intenso com a rega. A irrigação automatizada nesse caso foi fundamental. Projeto de arquitetura do escritório Saspadini & Schiavon Arquitetos; e paisagismo de Roberto Riscala
João Paulo/Divulgação
Outra possibilidade são os sensores de solo, que medem a umidade, a temperatura, os níveis de nutrientes e o pH do solo. As informações são enviadas para um aplicativo ou sistema central, o que permite saber exatamente o que as plantas precisam. “Modelos mais robustos podem ser incluídos no sistema de irrigação”, afirma Marcelo.
Há também dispensadores de fertilizante e adubo inteligentes. “Os aparelhos dispersam substratos e nutrientes que se dissolvem lentamente na terra, facilitando o cuidado com as plantas”, comenta Denise Shiguematsu, arquiteta do escritório homônimo. Esses itens são menos comuns em jardins residenciais e são úteis para grandes áreas.
As tecnologias podem ajudar também nas condições do solo da região, como o sistema de irrigação por gotejamento nessa residência, que ajudou na prosperidade das plantas apesar da salinidade do solo. Projeto da arquiteta-paisagista Flávia D’Urso e da arquiteta Isabella Rebello
Favaro Jr/Divulgação
A iluminação dos jardins também pode ser automatizada. O recurso consiste em sistemas com sensores programáveis que permitem que as luzes do jardim acendam e apaguem automaticamente em horários pré-definidos. “Essa iluminação mais funcional ainda é pouco utilizada, mas é muito útil e pode ser encontrada na forma de spots ou refletores. Inclusive, há modelos mais sustentáveis, que funcionam à base de energia solar e ajudam na economia também”, indica Higor Nobre, paisagista.
É possível também encontrar tecnologias mais recentes para auxiliar na poda e corte da grama. Os equipamentos autônomos cortam a grama em horários programados, retornando à base para recarregar.
A irrigação pode ser programada ou controlada por dispositivos eletrônicos dos moradores
Pexels/Connor McManus/Creative Commons
Vantagens e desvantagens do jardim inteligente
A automação de jardins oferece uma série de benefícios, mas também apresenta alguns pontos a serem considerados. As principais vantagens consistem na facilidade do cuidado e na economia de recursos. “Essas tecnologias salvam tempo, evitam erros nos cuidados, e contribuem para o uso consciente da água. O jardim continua lindo mesmo na correria do dia a dia”, destaca Denise.
Jardins inteligentes também podem ajudar a valorizar o imóvel, tanto pelo visual da área verde, quanto pelos recursos tecnológicos.
A automação dos jardins pode evitar o desperdício de água na rega com mangueira
Freepik/Creative Commons
Quanto aos pontos negativos, o central é o custo. A implementação desses sistemas pode ter um investimento inicial elevado, especialmente, para jardins maiores ou com recursos mais complexos. “Sensores de solo avulsos podem custar de R$ 100 a R$ 500; kits de irrigação inteligente de R$ 800 a R$ 3.000; robôs cortadores de grama podem chegar até R$ 15.000”, afirma Marcelo.
Outro aspecto é a dependência da tecnologia. Em momento de falhas de energia, de conexão Wi-Fi ou defeitos nos sensores, a automação e as funções exercidas no jardim são temporariamente interrompidas.
A manutenção também deve ser considerada. Embora os recursos tecnológicos reduzam o trabalho manual, os equipamentos exigem revisões e limpezas periódicas para garantir o bom funcionamento.
Alguns sistemas podem ser um pouco complexos para serem configurados inicialmente. “Esses equipamentos podem exigir um conhecimento técnico e também um período de adaptação no uso dos recursos”, destaca Denise.
Sistemas tecnológicos complexos no jardim podem demandar alguns conhecimentos técnicos para instalação e usabilidade
Freepik/Creative Commons
Por onde começar
Para quem quer transformar a área verde da residência em um jardim inteligente, o planejamento é o primeiro passo. “É importante que, desde o princípio da construção ou reforma, o paisagismo seja trabalhado em conjunto com o projeto arquitetônico e a decoração, além de considerar o desejo dos moradores em trazer tecnologias nas áreas verdes”, diz Higor.
Essa postura ajuda a garantir economias no orçamento final, tendo em vista o custo elevado da automatização, e também na integração do projeto da residência.
A contratação de um profissional especializado também é imprescindível. “O profissional paisagista com experiência em espaços automatizados ou o profissional especializado apenas na incorporação dessas tecnologias ajudará a materializar as facilidades buscadas pelos moradores”, complementa Higor.
Modernizar sem prejudicar a estética e o bolso
Os jardins inteligentes podem ser bonitos e também evitar gastos excessivos. O segredo para não comprometer o visual das áreas verdes é integrar a tecnologia ao jardim. “Os sensores podem ficar escondidos entre as plantas, os cabos podem ser subterrâneos, e as luminárias podem ter um design que combina com o estilo do jardim”, ressalta Denise.
O planejamento também é importante nesse aspecto, porque, ao considerar desde o início esses elementos, eles podem ser incorporados com soluções criativas e não aparentes.
Encontrar soluções econômicas de automatização de jardins passa por considerar o posicionamento das plantas em locais com condições favoráveis de luz e umidade. Ambiente ‘A Pausa da Artista’, do Wabi Sabi Ateliê, na mostra do Atelier Fernando Jaegger, no Rio de Janeiro
Divulgação
Para quem tem espaços menores ou um orçamento enxuto, é possível encontrar soluções de automatização adequadas às necessidades do lar. “Nesses casos, pensar um posicionamento estratégico das plantas é central. Opte por espaços que ofereçam condições mínimas para o desenvolvimento dos vegetais para encontrar tecnologias mais simples e menos custosas”, comenta Higor.
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Com pequenas ações, já é possível automatizar e reduzir gastos, especialmente com água e energia. “Primeiro, pesquise as diferentes possibilidades do mercado de valores e recursos. Luminárias solares e sensores avulsos, ao invés de sistemas complexos de irrigação, são bons pontos de partida para um jardim inteligente, econômico e funcional”, finaliza Marcelo.

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