10 erros mais comuns no jardim; você com certeza já cometeu o segundo!

Criar um jardim bonito e saudável, repleto de camadas e texturas, pode parecer uma tarefa simples, mas não é. Um bom paisagismo exige pesquisa, estudo do clima e das plantas, além da inserção de elementos arquitetônicos, como pisos, bancos e iluminação.
Erros aparentemente banais podem ser fatais para a saúde das plantas e comprometer a estética do espaço. Para saber onde as pessoas mais “tropeçam” no paisagismo de suas casas, consultamos quatro especialistas no assunto: a arquiteta paisagista Catê Poli; o paisagista João Jadão; o empresário Clóvis Souza, CEO da Giuliana Flores; e a engenheira agrônoma Fabiana Fróes Cordeiro. Veja a seguir:
1. Não contar com ajuda técnica
Contratar um bom jardineiro ou equipe de plantio é sempre a melhor opção para garantir um jardim bonito e sustentável a longo prazo. Para quem não dispõe de verba ou prefere colocar a mão na massa, Catê indica uma pesquisa prévia.
“Acho que o erro mais comum é abrir mão de uma paisagista para fazer o projeto, é importante ter esse apoio técnico. Mas, se não for contratar, vale, pelo menos, estudar as espécies antes de comprar e plantar. Se não, você vai gastar dinheiro com alguma muda que vai morrer”, orienta a paisagista.
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2. Não estudar as espécies
No projeto do escritório LINHA Arquitetura, com paisagismo de Horto Girassol, o piso de cacão de pedras São Tomé é entremeado com pedriscos, garantindo maior permeabilidade à área externao
André Nazareth/Divulgação
Outro equívoco frequente é a escolha de espécies inadequadas ao espaço, desconsiderando as condições de clima, luminosidade e solo.
“Estude as plantas e seu comportamento, a necessidade hídrica, o enraizamento, o preparo do solo e o espaçamento de mudas. Quantifique e analise a qualidade da muda ao comprar do produtor ou da loja de plantas”, diz Catê.
Outro erro é não integrar o paisagismo ao estilo de vida dos moradores – por exemplo, especificar plantas tóxicas para casas onde residem crianças ou pets, alerta Fabiana. “E também o uso excessivo de espécies exóticas ou invasoras”, completa.
3. Planejamento mal feito
Um paisagismo residencial bem planejado garante harmonia visual, funcionalidade e saúde para o jardim a longo prazo, além de valorizar o imóvel. Por outro lado, quando essa parte é negligenciada, há gastos desnecessários, reposições constantes de plantas e adaptações de última hora.
“O planejamento adequado permite que o espaço seja aproveitado de forma inteligente – seja para relaxar, cultivar, circular ou embelezar”, frisa Clóvis. “Além disso, possibilita incluir práticas sustentáveis de captação de água da chuva, uso de compostagem e criação de corredores ecológicos com plantas atrativas para polinizadores, como abelhas, borboletas e beija-flores”, complementa Fabiana.
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4. Luz e clima inadequados
No projeto da arquiteta e paisagista Catê Poli, o pátio pequeno à meia-sombra foi preenchido com seixos, maranta-charuto, palmeira-carpentária e costela-de-adão
JP Image/Divulgação
O clima e a luz natural são dois dos fatores essenciais no planejamento de um jardim e na escolha das espécies ideais. “Ignorá-los pode resultar em plantas com crescimento fraco, doenças ou até morte precoce”, afirma João.
Cada planta tem necessidades específicas, que devem sempre ser levadas em consideração. “Espécies de sol pleno não se desenvolvem bem à sombra, e vice-versa. Plantas nativas ou adaptadas ao bioma local resistem melhor às variações climáticas, exigem menos irrigação e reduzem o risco de pragas”, pontua Fabiana.
Uma sugestão é utilizar a bússola para verificar a incidência solar no jardim. Hoje, há também aplicativos que indicam a trajetória do sol.
Em jardins internos, como as famosas urban jungles, recorra às espécies de meia-sombra e sombra. Para a composição, Catê sugere alternar vasos altos e baixos, criando diferentes camadas de plantas com folhas de texturas variadas.
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5. Solo pobre
Um solo ruim pode impedir que o jardim cresça e permaneça saudável. Idealmente, ele deve ser preparado antes do cultivo. “Uma planta saudável não fica doente mas, para isso, ela precisa de nutrientes, adubos… Cada espécie tem necessidades diferentes, então não é uma regra geral para tudo”, comenta João.
O solo deve ser avaliado quanto à sua estrutura, drenagem e composição. “Corrigir o pH, adicionar matéria orgânica e garantir boa aeração são passos essenciais para que as raízes se desenvolvam com saúde. Solo pobre ou compactado pode inviabilizar o crescimento das plantas”, conclui.
O uso de cobertura morta ajuda a manter a umidade, evita o surgimento de plantas espontâneas indesejadas e alimenta a terra de forma natural.
6. Proximidade da construção
No projeto da arquiteta paisagista Bia Abreu, rente ao muro, a alocasia e o guaimbê foram cultivados em floreiras metálicas, evitando infiltrações
Renato Navarro/Divulgação
Posicionar arbustos e árvores de médio e grande porte muito próximo à construção pode comprometer sua estrutura, devido a raízes agressivas ou umidade excessiva.
“O ideal é manter uma distância mínima de 1,5 a 2 metros das paredes ou muros, evitando que as raízes causem danos à estrutura e que as folhas entupam as calhas. Já plantas rasteiras ou ornamentais podem ficar mais próximas, desde que haja boa drenagem e ventilação”, explica Fabiana.
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Nesses casos, é fundamental que a parede e a fundação da casa estejam bem impermeabilizados, evitando infiltrações.
7. Excesso de regas
Passar do ponto na hora da rega pode causar o apodrecimento das raízes, mas a sede também pode comprometer a sua saúde. “O equilíbrio entre as regas também vai depender muito das espécies escolhidas. Se você tem mais plantas na sombra, precisa regar menos; mais no sol, regar mais. Sempre dê uma olhada no solo antes”, ensina Catê.
Em jardins grandes ou planos, o ideal é investir em um sistema de irrigação. Se optar pela rega manual, dê preferência ao início da manhã ou fim da tarde, quando o sol é menos intenso.
A boa drenagem também é essencial em jardins planos para impedir o empoçamento de água. Em áreas de declive, onde a água tende a se acumular na porção inferior do terreno, a criação de canteiros elevados, drenos com brita ou tubos perfurados são estratégias simples e eficazes.
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8. Deixar a estética de lado
Projeto do escritório Beatriz Zeglin Arquitetura, a área externa funciona como uma extensão do living, graças ao uso do porcelanato Navona Bianco, da Portobello. Mesa Aram, assinada por Daniela Ferro, na DonaFlor Mobília, com poltronas Aeradas, de Rejane Carvalho Leite
Rafael Ribeiro/Divulgação
O paisagismo não diz respeito apenas às plantas. “Tem iluminação, pisos, piscina, pérgola, fogo de chão, painel verde, laje verde… Tudo o que for arquitetura de exteriores, entra em um projeto de paisagismo. Isso pode ser feito em conjunto com o arquiteto, e vai influenciar na parte estética”, detalha Catê.
A vegetação deve estar integrada à casa. Áreas de descanso, convivência e contemplação fazem parte do paisagismo e devem ser pensadas em conjunto com as espécies.
9. Não considerar a funcionalidade
Pisos impermeáveis ao redor do jardim, como cimento ou porcelanato, podem até ser esteticamente bonitos, mas dificultam a absorção da água e aumentam a sensação de calor, comprometendo o conforto térmico e a saúde das plantas. “Prefira pavimentos drenantes ou áreas permeáveis com pedrisco, tijolos ecológicos ou madeira reflorestada”, ensina Fabiana.
Já a iluminação deve ser pensada para a utilização do espaço à noite, posicionada de forma a valorizar o paisagismo, de acordo com o porte das plantas. Evite o uso excessivo de luzes, que podem afugentam os polinizadores e aumentar o consumo energético.
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10. Falta de manutenção
Especialmente em corredores, a manutenção e o controle do crescimento das plantas é fundamental para garantir a circulação. Projeto da paisagista Catê Poli
Evelyn Müller/Divulgação
Depois de pronto, o jardim precisa de cuidados constantes. “Um equívoco recorrente é ignorar o crescimento das espécies ao longo do tempo, o que pode causar sombreamento excessivo, raízes danificando estruturas ou desarmonia estética”, aponta Clóvis.
Para grandes áreas de cultivo, talvez seja necessário contratar uma empresa ou profissional especializado para a manutenção. Se optar por fazer tudo sozinho, certifique-se de que as necessidades daquelas espécies cabem na sua rotina.
Passo a passo para não errar no paisagismo
Para ajudá-lo nessa empreitada, separamos as principais dicas dos especialistas para conquistar um jardim bonito e duradouro:
Observe o local: analise a posição do sol, o vento, o tipo de solo e as áreas úmidas ou secas;
Defina os objetivos: o estilo do jardim, o orçamento disponível e as necessidades da família;
Seleção das espécies certas: dê preferência às plantas nativas e adaptadas ao clima local, respeitando sua necessidade de insolação;
Planeje a disposição: considere o porte das plantas, o espaçamento e o sombreamento entre elas, além dos acessos;
Prepare o solo: faça correções, adube, melhore a drenagem e use cobertura morta;
Cuide da drenagem: crie caminhos para o escoamento da água ou instale drenos simples;
Pense na manutenção: escolha plantas que combinem com o tempo disponível para cuidar do jardim;
Inclua elementos de apoio: pisos drenantes, bancos, pedras e iluminação estratégica, sem exageros, complementam o paisagismo;
Faça a manutenção regular: plantas precisam de podas, adubação e controle de pragas e doenças;
Evite o excesso: espaços verdes também precisam “respirar”;
Integre o paisagismo à casa: crie cantinhos para descanso, convivência, colheita e contemplação;
Acompanhe a evolução: o jardim é um organismo vivo e muda com o tempo. Ajustes podem ser necessários.

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