Casa de 485 m² equilibra luz e sombra entre serra e bosque com respeito à natureza

Implantada com a delicadeza de quem pede licença à paisagem, a morada batizada de “Casa 258” parece brotar da terra e abraçar o entorno. No topo da serra, entre o bosque nativo e o vale aberto de São Roque, no interior de São Paulo (SP), a residência de 485 m² foi desenhada para se equilibrar entre opostos: luz e sombra, leveza e solidez, silêncio e vastidão.
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Assinada pelo escritório Cornetta Arquitetura (@cornettaarquitetura), a casa surgiu como resposta direta às potências do terreno em aclive.
“Nosso maior desafio foi justamente a implantação: como ocupar sem ferir?”, reflete o arquiteto Pedro Cornetta, autor do projeto. A escolha foi preservar integralmente o bosque superior e construir na cota média, onde não havia vegetação nativa.
COZINHA | A bancada de granito Via Láctea delimita o ambiente no living integrado, com trio de luminárias da Accord. Marcenaria executada com laminado de tauari, executada pela Quality. Bancos do acervo dos moradores
João Paulo Soares/Divulgação
O uso dos materiais reforça essa simbiose. Concreto, pedra e madeira aparecem em estado natural, dialogando com a paisagem.
No interior do imóvel, ambientes como a sala de jantar, voltada ao vale, e o living, mais soturno e introspectivo, mantêm a dualidade espacial que guia o projeto. Painéis mimetizados escondem portas no grande pano de madeira que define a área social.
LIVING | O painel com porta mimetizada de madeira pinus carbonizada, utilizando a técnica de queima conhecida como Shou Sugi Ban, foi realizado pela Solid House. Forro em madeira tauari, com execução da Mendes Assoalhos. Mesa de jantar e cadeiras da Kaza Estilo. Luminária pendente fornecida pela Accord. Na sala de estar, as cadeiras são do acervo dos moradores
João Paulo Soares/Divulgação
O volume retangular, que concentra os cômodos em duas metades bem definidas, revela essa intenção. De um lado, os painéis de madeira carbonizada — técnica japonesa Shou Sugi Ban — envolvem as três suítes em sequência linear, proporcionando privacidade e aconchego.
Do outro, abrem-se as áreas sociais — sala, jantar e cozinha integradas — com grandes esquadrias de piso ao teto que permitem olhar o horizonte do vale.
SUÍTE | Com caixilhos minimalistas de alumínio executados pela Jmar Esquadrias, o ambiente está em total sintonia com as árvores preservadas do terreno. No interior, materiais naturais, como forro e piso de madeira tauari, com execução da execução da Mendes Assoalhos, e parede de pedra moledo. Cama do acervo dos moradores
João Paulo Soares/Divulgação
Na fachada voltada ao poente, um mirante com piscina suspensa amplia a vista e absorve o calor da luz solar. Na fachada oposta, voltada ao bosque, a sombra e o frescor predominam, reforçando o contraste natural do projeto.
FACHADA | Os pilares de aço, com execução do Grupo RP Estruturas Metálicas, permitiram o grande vão na fachada, realizada com concreto pela Cazes Construtora, com tratamento da Tratacons. Caixilhos minimalistas de alumínio, com execução da Jmar Esquadrias, criam panos de vidro para apreciar a vista natural. Forro de madeira tauari, produzido pela Mendes Assoalhos
João Paulo Soares/Divulgação
“Cada lado responde a condicionantes distintas, luz, escala, uso. É como se fossem dois projetos sobrepostos, mas perfeitamente coesos”, explica o arquiteto.
ARQUITETURA LATERAL | A volumetria em concreto aparente, com execução da Cazes Construtora, tem ao centro um grande monolito em destaque, onde fica a piscina suspensa, com um pequeno visor vertical pelo qual pode-se ver a água. A escada leva ao solário e à piscina diretamente, sem passar por dentro da casa, sendo um acesso secundário para festas ou serviços externos
João Paulo Soares/Divulgação
A volumetria revela um gesto sofisticado: a casa parece térrea vista do bosque, mas mostra dois pavimentos do lado da via de acesso. A base em pedra bruta e concreto aparente ancora a construção no terreno, enquanto o volume superior, feito com estrutura metálica leve e madeira, paira com suavidade.
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“Buscamos equilíbrio entre sistemas pré-fabricados e soluções artesanais, entre o gesto leve e a massa que se integra à terra”, diz o arquiteto.
BANHEIRO | Nas paredes, o ambiente recebeu revestimento cimentício feito sob encomenda por Traço Objetos, e piso de tecnocimento. Bancada de limestone brasileiro, da Calcare Limestone, com cuba da Docol, que também forneceu o vaso sanitário e os metais. Marcenaria de laminado tauari realizada pela Quality
João Paulo Soares/Divulgação
“Mais do que uma solução construtiva, a Casa 258 é um manifesto sobre contrastes e equilíbrio. É uma arquitetura que impressiona sem esforço pela proporção e forma como se insere na paisagem”, define Pedro.
VISTA ÁEREA | À esquerda, calçada e rampa de acesso em mosaico português preto. À direita, destaca-se o bosque, que foi totalmente preservado no projeto. Repare na piscina suspensa, revestida de limestone, da Calcare Limestone
João Paulo Soares/Divulgação
A casa, usada aos fins de semana por seus proprietários, funciona como uma fuga da metrópole e que não busca escapar da natureza — mas, enfim, pertencer a ela.

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