Geração Z brasileira é a mais favorável à moradia compartilhada, mostra pesquisa

O que era considerado como última opção entre as gerações do passado está se tornando mais aceitável entre os jovens de hoje. Segundo pesquisa da Loft em parceria com a Offerwise, fornecedora global de consumer insights, a geração Z (nascidos a partir de 1997) se mostrou mais à vontade em dividir a casa com pessoas que não são da sua família.
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Entre os entrevistados da geração Z, 10% se declararam confortáveis e 8% totalmente confortáveis com a ideia de morar com amigos ou desconhecidos. Outros 17% se disseram indiferentes à ideia e apenas 28% se mostraram totalmente desconfortáveis, percentual abaixo dos 48% da geração X (nascidos entre 1965 e 1980) e da geração Y (ou millenials, nascidos entre 1981 e 1996).
“A geração Z cresceu em um ambiente mais digital, flexível e coletivo. Isso se reflete também nos hábitos de moradia. Para muitos deles, morar com pessoas de fora da família pode ser uma escolha prática e econômica”, analisa Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft.
Para o jovens da geração Z, morar com amigos é uma alternativa prática e mais econômica
Freepik/Creative Commons
O estudo ouviu 1.010 pessoas, em quatro capitais das regiões sul e sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre), na segunda quinzena de junho. Nas cidades analisadas, a resistência à moradia compartilhada ainda é predominante — mais de 70% do total de entrevistados se dizem desconfortáveis ou totalmente desconfortáveis com a ideia.
Gráfico mostra a propensão a aceitar moradia compartilhada de acordo com a geração
Loft/Offerwise/Divulgação
“Na geração X, 64% dos participantes vivem em um imóvel próprio, já quitado ou financiado, o que ajuda a explicar porque a ideia de dividir o espaço com outras pessoas é menos atrativa para esse público. Estamos falando de pessoas que já conquistaram a casa própria e não desejam abrir mão da privacidade em troca de uma redução nos gastos mensais, por exemplo”, comenta o especialista.
Atualmente, a maioria dos brasileiros reside em imóveis próprios da família: 44% em casas ou apartamentos já quitados por parentes próximos. Mas entre os jovens da geração Z, esse cenário muda: 30% vivem em imóveis alugados por si ou por familiares, e 10% dividem a casa com pessoas de fora do núcleo familiar, percentual que cai para 5% entre a geração Y e 3% entre a geração X.
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Para a Loft, a pesquisa indica que, embora a maioria da população ainda rejeite o modelo de moradia compartilhada, os jovens estão mais abertos a novas formas de viver. “Os dados mostram que a geração Z está mais aberta à moradia compartilhada não apenas por razões econômicas, mas também por uma mentalidade mais coletiva”, pondera Fábio.
Os jovens da geração Z estão mais abertos a novas formas de viver do que as gerações passadas
Freepik/marymarkevich/Creative Commons
Os resultados do estudo também sugerem uma mudança de comportamento que pode influenciar o futuro da moradia urbana no Brasil, segundo o executivo. “Isso pode impulsionar lançamentos imobiliários que combinem unidades privativas compactas com infraestrutura compartilhada, como cozinhas, coworkings, lavanderias e áreas de lazer”, avalia.
Gráfico mostra a situação atual de moradia nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre
Loft/Offerwise/Divulgação
Para ele, a nova mentalidade deve, ainda, se refletir em transformações no espaço público, com praças e parques com wi-fi gratuito, mobiliário coletivo e coworkings abertos, oferecendo espaços de convivência adaptados a um estilo de vida mais coletivo e acessível.
“O Brasil ainda está distante de modelos mais consolidados de moradia coletiva, como os vistos em grandes cidades da Europa e dos Estados Unidos. Mas essa semente já está plantada entre os mais jovens, e tende a crescer com o tempo, especialmente em ambientes urbanos”, destaca Fábio.

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