Tudo sobre gramado: tipos de grama, cuidados e benefícios

Ter um gramado em casa vai muito além de um visual bonito. Essa escolha paisagística traz uma série de vantagens que contribuem para o bem-estar dos moradores, a preservação do meio ambiente e a valorização do imóvel. Conversamos com profissionais para compreender a sua importância, como escolher a grama ideal e os cuidados necessários nessa área verde.
“A grama natural é uma cobertura vegetal viva, composta por gramíneas que formam um tapete verde usado em jardins, áreas esportivas e projetos paisagísticos. Ela é classificada por espécie, por uso (residencial, esportivo ou ornamental) e pelo formato de entrega (tapete, rolo ou muda)”, explica Maurício Zanon, engenheiro-agrônomo da Itograss.
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Como plantar e cultivar a grama natural
Junto aos degraus, o paisagista Alexandre Furcolin projetou uma arquibancada para a quadra de areia. Toda a área foi coberta com grama-esmeralda, apropriada para pisoteio
Evelyn Müller/Divulgação
Se você está pensando em cultivar um gramado no jardim, é fundamental escolher a espécie mais adequada para as condições do local e para as necessidades da família, levando em consideração fatores como clima da região, tipo de solo e nível de manutenção desejado.
O paisagista Alexandre Furcolin afirma que o preparo do terreno começa com a limpeza da área, a correção do solo com calcário e a adubação orgânica ou mineral. “A grama pode ser implantada por meio de sementes, mudas (plugs), placas ou rolos de tapete. A irrigação constante nas primeiras semanas é fundamental para o enraizamento. Após esse período, a manutenção envolve cortes regulares, controle de pragas e reposição de nutrientes”, esclarece.
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Benefícios do gramado
Além de embelezar o espaço, o gramado contribui para a qualidade do ar, ameniza a temperatura e protege o solo. O projeto é da arquiteta-paisagista Flávia D’Urso
Favaro Jr/Divulgação
Além de contribuir para um jardim mais bonito e convidativo, o gramado também traz vantagens ambientais significativas:
Conforto térmico: gramados funcionam como climatizadores naturais, absorvendo calor e liberando umidade. “Ele contribui para o conforto térmico, ajudando a reduzir a temperatura ao redor da casa”, afirma Alexandre.
Redução da poluição do ar e da água: através de sua ação filtrante, a grama retém impurezas e permite que a água da chuva seja absorvida pelo solo. Esse mecanismo favorece a drenagem e evita sobrecarregar as galerias pluviais da cidade.
Lazer e conexão com a natureza: um gramado bem cuidado comporta atividades de lazer, incluindo áreas de recreação e esporte. “Ideal para quem tem crianças, pets ou simplesmente valoriza momentos ao ar livre”, comenta Maurício.
Controle da erosão e estabilidade do solo: uma das funções mais importantes da grama é o controle da erosão do solo. O sistema radicular denso dos gramados ajuda a segurar a terra no lugar, especialmente em áreas inclinadas ou suscetíveis a erosão causada pela chuva e vento.
Sustentabilidade: os gramados absorvem CO₂ ajudando a diminuir a sua concentração na atmosfera.
Tipos de gramas naturais
Neste projeto da arquiteta-paisagista Mariana Siqueira foi utilizada a grama-batatais, uma ótima opção para canteiros devido à sua rusticidade e resistência ao pisoteio, à seca e ao solo pobre
Joana França/Divulgação
A seguir, confira as principais gramas aplicadas nos jardins brasileiros como forração natural:
Grama Zoysia: conhecida por suas folhas finas e densas, forma um tapete macio e visualmente atraente. É uma grama de estação quente, com boa tolerância à sombra e à seca, e baixa necessidade de manutenção.
Grama esmeralda: é uma das mais populares para jardins residenciais. Possui folhas finas, cor verde intensa, crescimento lento e exige pouca manutenção. Prefere locais com sol pleno, irrigações frequentes e é muito ornamental.
Grama São Carlos: mais indicada para regiões de clima ameno e áreas com sombra parcial. Apresenta alta exigência hídrica, o que deve ser considerado no cultivo. Tem folhas largas, textura macia e é resistente à umidade.
Grama São Carlos Plus: é uma versão melhorada da grama São Carlos tradicional, com mesmo visual, mas maior resistência às pragas, às doenças e ao calor intenso. Ideal para regiões de clima quente e úmido.
Grama batatais: nativa do Brasil, é considerada a mais rústica e resistente, ideal para áreas de baixa manutenção e pouca irrigação. Tolera bem o pisoteio e se adapta a diferentes tipos de solo. Também é eficaz no controle de ervas daninhas e na contenção de erosão.
Grama bermudas: amplamente utilizada em campos de futebol pela sua resistência e rápida recuperação. Tem crescimento rápido, alta resistência ao pisoteio e exige sol pleno. Exige manutenção frequente, incluindo cortes regulares e adubação.
Grama Santo Agostinho: possui folhas largas e crescimento denso. Tolera bem sombra e salinidade, indicada para regiões litorâneas. Também é bastante macia, o que a torna confortável para áreas de lazer.
Grama coreana: é uma grama ornamental de folhas muito finas e aparência delicada. Cresce lentamente, formando um tapete verde e uniforme. É ideal para jardins decorativos com pouco tráfego, pois não suporta pisoteio intenso. Requer sol pleno e cuidados mais delicados com poda e irrigação.
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Como escolher o tipo de grama
Diversos fatores devem ser considerados para garantir que a espécie de grama escolhida adapte-se bem às condições do local e atenda às necessidades e preferências estéticas dos moradores.
“Cada espécie de grama possui exigências específicas; algumas se desenvolvem melhor em pleno sol, outras toleram sombra parcial; algumas demandam mais água, outras são mais resistentes à seca ou ao frio. Avaliar corretamente essas condições garante um gramado saudável, com menor necessidade de manutenção e maior durabilidade ao longo do tempo”, avalia Alexandre.
Em áreas com piscina, a escolha da grama depende do uso e da manutenção desejada. No projeto do arquiteto Duda Porto com o paisagismo assinado por Júlio Sousa foi utilizado piso de granito cinza andorinha com grama-esmeralda, devido à sua resistência ao pisoteio e à boa adaptação ao sol pleno
Anita Soares/Divulgação
Além disso, o uso da área e o projeto de paisagismo são pontos importantes a considerar. “Espaços com grande circulação de pessoas, crianças ou animais de estimação pedem gramas mais resistentes ao pisoteio. O estilo paisagístico desejado também deve ser considerado. Cor, textura e densidade da grama influenciam diretamente na harmonia visual do jardim”, acrescenta Maurício.
Práticas sustentáveis para a manutenção do gramado
Adotar práticas sustentáveis na manutenção do gramado contribui para reduzir o impacto ambiental e fomentar um ecossistema saudável.
“Uma das principais práticas é o uso racional da água. Optar por irrigação nos horários mais frescos do dia evita o desperdício e melhora a absorção. Instalar sistemas automáticos com sensores de umidade também ajuda a controlar melhor o uso. Outra medida importante é a adubação, preferencialmente feita com fertilizantes orgânicos ou de liberação lenta. O controle de pragas e doenças deve priorizar o uso de produtos biológicos sempre que possível”, pontua o engenheiro-agrônomo.
Um sistema de irrigação automático pode ser mais sustentável do que a rega manual, por sua capacidade de otimizar o uso da água e evitar o desperdício
Pexels/Jonathan Cooper/Creative Commons
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Para manter a grama sempre verde e com desenvolvimento saudável, a paisagista Clariça Lima alerta para os excessos químicos no solo. “O ideal é uma cobertura de condicionador de terra para gramado, de preferência no outono, quando existe mais permeabilidade do composto; não é indicado fazer cobertura com terras comuns, porque podem vir com pragas e ervas daninhas”, sugere. Ela também aconselha reaproveitar a poda da grama no próprio local para adubação, uma técnica chamada de grasscycling.
Alexandre acredita que o uso de máquinas de corte com dupla lâmina pode reduzir o consumo de recursos, minimizar os resíduos e tornar a manutenção do gramado mais eficiente e ecológica. “As máquinas realizam um corte mais homogêneo e trituram os resíduos em pedaços muito pequenos. Isso elimina a necessidade de recolher a grama cortada, pois ela se decompõe rapidamente e atua como adubo natural, devolvendo nutrientes ao solo”, opina.
Impacto positivo do gramado para a biodiversidade do jardim
Incluir espécies tropicais, com suas folhagens exuberantes e floração atraente, pode aumentar significativamente a biodiversidade no jardim, criando um ambiente mais rico e saudável, como no projeto de Sidney Quintela
Manuel Sá/Divulgação
Os gramados podem desempenhar um papel positivo na biodiversidade, servindo como habitat para diversas espécies. “Gramados contribuem com um grupo pequeno de animais, em sua maioria, formigas, minhocas, joaninhas, poucos pássaros e alguns pequenos répteis. Para realmente haver biodiversidade presente é necessário ter um paisagismo completo”, ressalta Clariça.
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Dicas para um gramado bonito e saudável
Plantas, vasos e outros elementos podem ser adicionados para promover uma transição suave entre a grama e a vegetação mais alta. O jardim foi projetado pela paisagista Cris Bermúdez
Evelyn Müller/Divulgação
Confira algumas dicas valiosas dos especialistas para um gramado mais bonito, saudável e duradouro.
Escolha a grama adequada ao clima e à exposição solar do seu jardim;
Prepare o solo antes do plantio com uma camada de substrato e areia para uma melhor drenagem e enraizamento;
Nivele o terreno antes do plantio para evitar desníveis e acúmulo de água;
Irrigue de forma equilibrada, preferencialmente nas primeiras horas da manhã, para evitar evaporação excessiva;
Faça podas na altura certa, mantendo a grama com no mínimo de 3 cm de altura. Respeite as preferências da espécie escolhida, pois cortes muito baixos enfraquecem as raízes e favorecem o surgimento de pragas.
Retire folhas e galhos com frequência para não formar uma serrapilheira muito densa, abafar ou impedir a iluminação solar;
Evite pisoteio intenso e contínuo. Para isso, construa caminhos com pedras ou dormentes;
Analise o solo a cada dois anos para repor água e nutrientes;
Observe o gramado com frequência para identificar sinais de pragas, ervas daninhas, manchas ou falhas logo no início.
Tendências de paisagismo para gramados
Maciços de filodendro-ondulado, guaimbê, taioba e capim-do-texas envolvem as árvores preservadas no terreno. A grama São Carlos plus foi escolhida pela menor manutenção, aliada ao piso drenante lixado grey e cinza natural da Drenaltec
Marco Antonio / Divulgação
Segundo a Clariça, a busca por gramados mais ecológicos e de baixa manutenção, aliados a espaços externos versáteis, reflete a preocupação com a sustentabilidade e a otimização do uso do espaço.
Espécies nativas: gramíneas nativas promovem maior adaptação e menor consumo de água;
Integração com jardins biodiversos: plantas floríferas, hortas e arbustos nativos;
Práticas sustentáveis: irrigação automatizada e captação de água da chuva;
Áreas multifuncionais: servem como espaços de lazer, descanso ou horta viva;
Elementos naturais: design orgânico com formas curvas, pedras naturais e caminhos de madeira integrados ao gramado.

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