Proptech: o que é, o que faz e como funciona? Entenda

As proptechs são empresas, em sua maioria startups, que atuam criando soluções tecnológicas voltadas para o mercado imobiliário, com o objetivo de tornar mais eficientes e acessíveis processos como compra, venda, aluguel, financiamento e gestão de imóveis.
Leia mais
Adicionar Link
“O termo vem da junção de property (propriedade) com technology (tecnologia), e representa uma revolução na forma como interagimos com imóveis no ambiente digital”, fala Claudia Schulz, CEO da Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
As soluções digitais transformaram rotinas antes lentas, caras e dependentes de papel e cartório para a compra e venda de imóveis
Freepik/rawpixel.com/Creative Commons
Segundo Bruna Kusumoto, advogada especialista em direito imobiliário, as proptechs podem desenvolver plataformas para compra ou aluguel de imóveis, sistemas de gestão para imobiliárias, ferramentas de análise de dados para precificação, serviços financeiros como crédito e seguro digital, entre outros.
“A proposta central é desburocratizar e facilitar a experiência de quem está comprando, vendendo, alugando ou gerenciando um imóvel”, destaca a especialista.
As proptechs funcionam por meio de tecnologias como IA, Big Data, blockchain e automação de processos
Freepik/Creative Commons
De acordo com Claudia, da Abstartups, essas inovações trazem mais transparência, agilidade e segurança ao mercado imobiliário, além de promover redução de custos operacionais para empresas do setor.
Leia mais
Adicionar Link
“Algumas empresas tentam melhorar a experiência de compra ou locação de um imóvel com tours virtuais em 360°, atendimento via inteligência artificial e plataformas intuitivas. Outras automatizam desde a análise de crédito até o envio de boletos e notificações para condôminos”, relata o advogado Guilherme Guidi, sócio do escritório Freitas Ferraz Advogados.
Como funcionam as proptechs?
As proptechs funcionam por meio da aplicação de tecnologias como inteligência artificial (IA), Big Data (grande volume de dados), blockchain (registro digital seguro e descentralizado) e automação de processos.
“Com isso, conseguem digitalizar etapas que antes eram manuais, como a assinatura de contratos, a análise de crédito ou até mesmo a visita a um imóvel. Todo o processo se torna mais ágil, acessível e transparente”, indica Bruna.
As proptechs têm focos variados, de marketplaces de compra e venda a gestão de propriedades
Freepik/Creative Commons
Na avaliação de Guilherme, a tendência do mercado é que o usuário faça (quase) tudo online: buscas, visitas, envio de documentos, assinatura e pagamento. “Por trás da interface amigável, a tecnologia organiza e automatiza esse fluxo”, diz.
A regulamentação recente da Instrução Técnica de Normalização nº 02/2024, publicada pelo Operador Nacional do Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis (ONR), representa avanço importante na digitalização do setor imobiliário nacional.
Leia mais
Adicionar Link
A norma estabelece diretrizes para o uso de assinaturas eletrônicas nos atos de registro de imóveis e reconhece a Lista de Serviços Eletrônicos Confiáveis do Registro de Imóveis (LSEC-RI), promovendo mais segurança jurídica sem abdicar da agilidade tecnológica.
“O avanço do registro eletrônico e da assinatura digital está permitindo transações 100% online, inclusive com registro em cartório sem a necessidade de presença física, algo que era impensável até poucos anos atrás”, analisa a CEO da Abstartups.
Diferentes tipos de proptechs
Existem proptechs com focos bem variados. Algumas atuam como marketplaces de imóveis, conectando compradores e vendedores em plataformas digitais. Outras focam na gestão de propriedades — como condomínios, locações ou imóveis para renda —, oferecendo controle por meio de aplicativos.
Há, ainda, as chamadas fintechs imobiliárias, que oferecem seguros, crédito, garantias locatícias e até investimentos fracionados em imóveis. “Existem modelos inovadores, como moradia por assinatura, co-living e aluguel flexível, e plataformas que oferecem serviços complementares, como reformas, seguros e manutenção predial. Recentemente, surgiram soluções voltadas à sustentabilidade, como monitoramento de consumo de água e energia em tempo real”, conta Guilherme.
Outras desenvolvem softwares de gestão, como CRMs (sistemas de relacionamento com o cliente) ou ERPs (sistemas integrados de administração). “Também temos empresas que usam realidade virtual, inteligência artificial e automação para melhorar a experiência do usuário no mercado imobiliário”, afirma Bruna.
Inovações no mercado imobiliário
No Brasil, as proptechs transformaram completamente a forma de atuação no mercado imobiliário. O uso de dados e inteligência artificial tem possibilitado análises de mercado mais precisas, auxiliando tanto investidores quanto consumidores. “Essas inovações aumentaram a eficiência, reduziram burocracias e tornaram o setor mais acessível”, pontua a advogada.
O uso de dados e inteligência artificial tem permitido análises do mercado imobiliário mais precisas
Freepik/Creative Commons
Para Guilherme, a digitalização completa das transações foi talvez a maior revolução. “Comprar ou alugar um imóvel, que antes levava semanas ou meses e envolvia pilhas de papel, agora pode ser feito em dias e de forma 100% online. Além disso, o fim do fiador, graças a soluções de garantia digital, democratizou o acesso à moradia para muitas pessoas”, pontua.
O uso de inteligência artificial para atendimento e recomendações, e a precificação automatizada baseada em dados reais de mercado são outras inovações marcantes, na avaliação do advogado. “Tudo isso reduziu custos, aumentou a transparência e colocou o consumidor no centro da experiência”, diz.
Leia mais
Adicionar Link
No entanto, de acordo com Guilherme, o que mais tem chamado atenção em termos de modificação do mercado é a chamada “tokenização imobiliária”: a propriedade do imóvel é “dividida” em tokens criptográficos que representam uma parcela ideal do imóvel.
“Esses tokens, negociados em plataformas que utilizam a tecnologia blockchain, garantem rapidez nas transações e permitem investimento direto em imóveis (com os respectivos direitos de receber parte de sua renda) a partir de valores módicos, diferentemente do quadro tradicional, em que investir em imóveis precisa ser feito pela compra do imóvel inteiro ou aplicações em fundos imobiliários tradicionais”, detalha.
2025: o ano das proptechs no Brasil
O ano de 2025 tem sido chamado de “o ano das proptechs” no Brasil, setor que vem crescendo exponencialmente nos últimos anos no país. Segundo estudo da Terracotta Ventures, gestora de venture capital especializada em real estate, o Brasil tem mais de 1.200 startups atuando na área, concentradas principalmente nas regiões Sudeste e Sul.
O Brasil é o principal polo de proptechs na América Latina, com cerca de 70% dos investimentos
Freepik/Creative Commons
“Esse número representa crescimento de mais de 300% desde 2017 e já movimenta bilhões de reais por ano em transações e investimentos. Somente nos anos de 2021 e 2022, foram R$ 5,8 bilhões em aportes no setor”, revela Guilherme.
Para ele, o ecossistema está mais robusto e conectado do que nunca. “Muitas inovações desenvolvidas nos últimos anos estão entrando em operação plena agora. Analistas já projetam que, até 2026, 70% das transações imobiliárias no país usarão alguma tecnologia digital. 2025, portanto, marca o momento em que o digital deixa de ser tendência e se torna norma no mercado imobiliário”, avalia.
Leia mais
Adicionar Link
“Além disso, o perfil do consumidor mudou, com maior expectativa por experiências digitais e serviços sob demanda, o que impulsiona ainda mais a transformação do setor”, continua Claudia.
Desafios das proptechs no Brasil
Para os especialistas, um dos principais desafios para expansão das proptechs no Brasil é a complexidade regulatória e a burocracia ainda presente em processos cartoriais. “O país possui uma regulação complexa, com normas locais, cartórios e conselhos profissionais que nem sempre acompanham o ritmo da inovação”, aponta Guilherme.
A projeção é de que, até 2026, 70% das transações imobiliárias no Brasil usarão tecnologia digital
Freepik/Creative Commons
Há também dificuldade de expansão para cidades de menor porte ou com infraestrutura digital limitada. Além disso, há certa resistência à mudança por parte de alguns profissionais e empresas tradicionais do mercado imobiliário, que relutam em adotar soluções digitais.
Bruna destaca a necessidade de regulamentações mais claras, principalmente no que diz respeito à assinatura eletrônica, aos registros digitais e à proteção de dados pessoais.
Leia mais
Adicionar Link
O financiamento e acesso de startups a capital nas fases iniciais de desenvolvimento podem se tornar barreiras para o avanço das proptechs no país, na avaliação de Claudia, especialmente em um cenário de concorrência cada vez mais acirrada.
“Outro gargalo importante é a necessidade de interoperabilidade entre plataformas privadas e sistemas públicos, o que demanda soluções tanto técnicas quanto políticas”, comenta a CEO da Abstartups.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima