Nos últimos anos, o Japão tem atraído cada vez mais viajantes: em 2024, foram 36,9 milhões de visitantes internacionais, um recorde histórico. Hotéis disputados em Kyoto e restaurantes de fusão em Tóquio lotaram com turistas ávidos por registrar cada momento. E, pelo que indicam as tendências de viagem, esse movimento não deve mudar tão cedo: o Japão é, simplesmente, o lugar para se estar.
Dito isso, não é exagero afirmar: o Japão vai muito além de Tóquio e Kyoto — cidades já saturadas de turistas. Até mesmo Osaka, antes considerada “coadjuvante” cultural, ganha destaque com a Expo Mundial 2025 e uma nova leva de hotéis de luxo. Para sair do óbvio — explorar antigas rotas comerciais e pontes feitas de videiras — o viajante experiente precisa olhar para outros destinos, onde é possível vivenciar o Japão de forma mais autêntica e em um ritmo mais tranquilo.
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Para descobrir os melhores lugares fora das megacidades, quatro especialistas em viagens ao Japão foram consultados: Jason Gilman e Scott Gilman (JapanQuest Journeys), Tisha Neufville (Neufville Travel), Diana Lara (First in Service) e Duncan Greenfield-Turk (Global Travel Moments). Eles sugeriram oito destinos que não substituem totalmente as grandes metrópoles (até porque você precisa passar pelos aeroportos delas), mas funcionam como complementos perfeitos a qualquer roteiro, desde viagens com foco em arte até mergulhos históricos aprofundados.
Naoshima, para amantes de arte
Naoshima, no Mar Interior de Seto, é um museu vivo, onde arte contemporânea e arquitetura marcante se integram perfeitamente à paisagem
Reprodução Condé Nast Traveler EUA
Você é amante da arte? Então deveria conhecer Naoshima. Lara, da First in Service, diz que esta pequena ilha no Mar Interior de Seto é um museu vivo, onde arte contemporânea de classe mundial e arquitetura impressionante se entrelaçam perfeitamente à paisagem: “Pense nas icônicas abóboras pontilhadas de Yayoi Kusama na beira d’água, nas obras minimalistas de Tadao Ando esculpidas nas encostas e em vilas de pescadores inteiras transformadas em projetos de arte a céu aberto.” Neufville, da Neufville Travel, concorda e recomenda que os viajantes também visitem outras ilhas de Seto, que igualmente abrigam inúmeras instalações e galerias de arte contemporânea.
Como há muitas exposições ao ar livre, a melhor época para visitar Naoshima é quando o clima está agradável: primavera, início do verão e final do outono são ideais. Esse período também coincide com a Setouchi Triennale 2025, um festival de arte contemporânea que acontece a cada três anos e apresenta ainda mais obras em diversas ilhas do Mar Interior de Seto (os ingressos para a sessão de outono, de 1º de setembro a 9 de novembro, já estão à venda). Chegar a Naoshima pode ser complicado: é preciso pegar um trem da Estação de Kyoto ou da Estação Shin-Osaka até a Estação de Okayama; de lá, transfer de carro até o Porto de Uno; e, então, uma balsa até o Porto de Honmura, em Naoshima. Após a jornada, presenteie-se com uma estadia elegante no Naoshima Ryokan ROKA, onde você encontrará 11 quartos minimalistas feitos de madeira, washi e tatame; e banheiras embutidas maravilhosas com paredes de vidro abertas para paisagens verdes.
Hiroshima, um pedaço da história mundial
O Memorial da Paz de Hiroshima (também conhecido como Domo Genbaku) foi a única estrutura que permaneceu de pé na área onde a primeira bomba atômica explodiu em 6 de agosto de 1945
Hoi Wai/Pexels
Hiroshima oferece uma experiência comovente e essencial para todos os turistas que visitam o Japão. A cidade foi amplamente arrasada durante a Segunda Guerra Mundial por uma das duas bombas atômicas detonadas pelos Estados Unidos em 1945 (a outra explodiu em Nagasaki, na ilha de Kyushu). Hoje, o Parque Memorial da Paz de Hiroshima abriga as ruínas do Domo Genbaku, um dos poucos edifícios que permaneceram de pé após o evento histórico. Referindo-se ao Domo, ao parque e à cidade de forma mais ampla, Lara, da First in Service, afirma: “Ele se ergue como um poderoso símbolo de paz e renascimento, tornando-se um ótimo lugar para aqueles atraídos pelas correntes mais profundas da história e da resistência humana.”
Lara recomenda passar um tempo no Parque Memorial da Paz, visitar o Domo Genbaku e pegar uma balsa até a vizinha Ilha de Miyajima, para ver o torii flutuante (um portal tradicional japonês) do Santuário Itsukushima. “É perfeito para viajantes culturalmente curiosos, entusiastas da história e qualquer pessoa em busca de uma jornada que ressoe muito além de belas paisagens”, diz ela. Além disso, há muito o que fazer em Hiroshima, como visitar o Castelo de Hiroshima, originalmente construído no final do século XIV, e se hospedar no encantador Iwaso, um ryokan tradicional com localização central.
Yakushima, para uma imersão na natureza
Patrimônio Natural Mundial da UNESCO, Yakushima abriga cedros Yakusugi com mais de 1.000 anos
Getty Images
Para uma visão realmente incomum do Japão, vá até Yakushima, uma das exuberantes ilhas subtropicais Ōsumi, no sul do país. Greenfield-Turk, da Global Travel Moments, recomenda este santuário natural, lar de florestas de cedro com 7.000 anos, trilhas enevoadas e rica biodiversidade: “A vida tranquila e elegante da ilha também se traduz em uma bela culinária local, incluindo peixe-voador, chá cultivado na ilha e cítricos yuzu.” Os Gilmans, da JapanQuest Journeys, concordam, dizendo que é perfeito para viajantes em busca de aventuras imersivas ao ar livre, “desde caminhadas de vários dias por paisagens cobertas de musgo até a exploração de trilhas costeiras e a apreciação da beleza acidentada da ilha.”
Todos os especialistas concordam que Yakushima pode ser apreciada o ano todo, mas você pode organizar sua viagem conforme a experiência desejada: temperaturas agradáveis na primavera (abril e maio); tartarugas marinhas desovando nas praias (junho e julho); clima mais fresco e seco, com excelente visibilidade, no outono. É possível pegar um curto voo doméstico ou uma balsa panorâmica até Yakushima a partir de Kagoshima, cidade costeira de Kyushu, a ilha principal mais ao sul do Japão. Não é exatamente um destino para bate-volta, então siga a recomendação de Greenfield-Turk e dos Gilmans: reserve um quarto no Sankara Hotel Spa Yakushima, um retiro de luxo no topo da colina com vista para o oceano e um programa culinário que combina técnicas francesas com produtos sazonais da ilha.
Vale do Kiso, para aficionados por história
Aqueles que buscam uma fuga tranquila da vida urbana e um gostinho do Japão rural devem visitar o Vale do Kiso
Getty Images
O Vale do Kiso encanta viajantes que gostam de voltar no tempo. Os Gilmans, da JapanQuest Journeys, o recomendam por suas cidades postais preservadas do período Edo e pela Nakasendō, rota histórica que conectava a capital de fato do Japão, Edo (atual Tóquio), a Kyoto, além de suas montanhas e trilhas cênicas. “Aqueles que buscam uma fuga tranquila da vida urbana e um sabor do Japão rural, incluindo seus artesanatos tradicionais e cultura local, acharão o Vale do Kiso particularmente recompensador”, dizem os Gilmans.
Nossos especialistas recomendam visitar o Vale do Kiso na primavera (abril a junho) e no outono (outubro a novembro). A primavera oferece temperaturas amenas ideais para caminhar pela Nakasendō e observar o desabrochar das flores. O outono apresenta clima confortável e folhagem espetacular, transformando o vale em uma paisagem colorida. Ambas as estações proporcionam condições agradáveis para explorar as cidades históricas e apreciar a beleza natural da região. Para chegar ao Vale do Kiso, é preciso dirigir por 90 minutos a partir de Nagoya, cidade entre Tóquio e Kyoto, acessível pelo Shinkansen. Para uma noite aconchegante na região, os Gilmans recomendam a elegante pousada japonesa Byaku, em Narai.
Wazuka, para os amantes do chá verde
Adora matcha? Os campos de chá de Wazuka, um passeio tranquilo de um dia saindo de Kyoto, certamente encantarão
Getty Images
Viajantes interessados em agricultura e na cultura do chá, especialmente o chá verde japonês, encontrarão um pequeno paraíso em Wazuka. “Essa região é famosa por suas plantações privadas de chá, oferecendo paisagens pitorescas com vistas para montanhas cobertas de chá e oportunidades para aprender sobre cultivo e produção de chá”, dizem os Gilmans, da JapanQuest Journeys. Para um ritmo mais lento e uma atmosfera tranquila em um ambiente rural que também aposta na agricultura sustentável (e em muito matcha), este é o lugar.
Convenientemente, Wazuka é uma viagem de um dia saindo de Kyoto: cerca de uma hora de carro. Mas, por se tratar do Japão, o transporte público também é uma opção viável. Você pode chegar à Plantação de Chá de Wazuka pegando um ônibus da Estação Kamo, nos arredores de Nara (sim, o lugar com os cervos tão acostumados aos turistas que praticamente exigem comida), que por sua vez é facilmente acessível a partir de Kyoto por trem regional. Planeje sua visita entre março e outubro: “É quando o verde vibrante da primeira colheita de chá cobre a paisagem, oferecendo vistas impressionantes e a chance de testemunhar ou participar da colheita, do processamento e até de um almoço exclusivo com harmonização de chás”, dizem os Gilmans.
Hokkaido, para fãs de gastronomia e neve
Para um momento après-ski com o melhor ramen do mundo, Sapporo é o lugar certo
Getty Images
Embora Hokkaido esteja cada vez mais presente em roteiros de viagens para o Japão, ainda há muito a explorar na segunda maior ilha do país — incluindo sua cena gastronômica. “Aqui você encontrará os frutos do mar mais frescos, os melhores laticínios e carnes — devido à variedade de fazendas de gado na ilha — e alguns dos melhores lámen do país em Sapporo, a maior cidade de Hokkaido”, diz Neufville, da Neufville Travel. Além disso, a diversa paisagem natural de Hokkaido é perfeita para a aventura: golfe, trilhas, caiaque e esportes de inverno são extremamente populares entre moradores e visitantes.
A melhor época para visitar Hokkaido varia de acordo com o tipo de viagem que você deseja fazer. Neufville recomenda que os amantes da neve visitem no inverno para aproveitar algumas das melhores pistas de esqui do mundo, em Niseko, e o festival anual de esculturas de neve em Sapporo. “Eu gosto de visitar na primavera, durante um festival anual de lámen em Sapporo, e também para ver os campos de lavanda em Furano, uma cidade no centro de Hokkaido”, diz ela. O outono é a época perfeita para admirar a deslumbrante folhagem e mergulhar em um dos muitos onsen da ilha.
Para chegar a Hokkaido, Neufville sugere voar para os aeroportos de Tóquio ou Osaka e, então, fazer conexão para o Aeroporto New Chitose (CTS), que atende Sapporo. Alugue um carro e explore à vontade — e não deixe de reservar um quarto no ryokan contemporâneo Zaborin, na região de Niseko. “Este se tornou um dos meus hotéis favoritos no mundo por seu serviço excepcional, quartos lindamente projetados, banhos termais luxuosos e comida incrível”, diz Neufville.
Vale de Iya, para aventuras radicais
O Vale de Iya é uma das áreas mais preservadas do Japão, repleta de vegetação exuberante e paisagens que vão encantar os viajantes amantes da natureza
Getty Images
Localizado em Shikoku, a menor das quatro principais ilhas do Japão, o Vale de Iya é uma das regiões mais remotas e intocadas do país, repleta de vegetação exuberante e paisagens que emocionam viajantes amantes da natureza. “Suas pontes de videira, fontes termais e casas de fazendas tradicionais com telhados de palha transportam você para uma era antiga do Japão”, diz Greenfield-Turk, da Global Travel Moments. “É também uma joia culinária, onde a cozinha reflete a terra acidentada e os rios que a nutrem.” As encostas íngremes e os desfiladeiros profundos também compõem uma vista impressionante. Se você não tem medo de altura, tente atravessar a Iya Kazurabashi e a Oku-Iya Kazurabashi, duas pontes de cipós — sim, literalmente feitas de cipós — e algumas das principais atrações turísticas da região.
Greenfield-Turk sugere visitar a região nos meses de outubro e novembro para ver a dramática folhagem de outono e experimentar os sabores da colheita sazonal. Para chegar, voe até Tokushima a partir de Tóquio ou Osaka e dirija por duas horas até o Vale de Iya. Quanto à hospedagem, Greenfield-Turk recomenda o Iya Onsen, um ryokan com atmosfera aconchegante, situado nas montanhas, com banhos termais ao ar livre de frente para o desfiladeiro. Não perca os menus de kaiseki, que destacam peixes de rio locais e vegetais silvestres das montanhas.
Kakunodate, para vivenciar a vida de cidade pequena
Com uma população local de cerca de 14.000 pessoas, você certamente vivenciará um pouco da vida tranquila de uma cidade pequena em Kakunodate
Getty Images
Conhecida como a “Pequena Kyoto” do norte, Kakunodate é famosa por suas casas de samurais, artesanato em casca de cerejeira e ruas históricas alinhadas com arquitetura preservada. “É um destino profundamente cultural, com a farta culinária do norte do Japão e um ritmo mais lento e contemplativo”, diz Greenfield-Turk. Com uma população local de cerca de 14.000 pessoas, você certamente terá uma amostra da vida em uma cidade pequena japonesa, sem a energia frenética das grandes metrópoles.
Kakunodate também é um destino popular para o hanami, ou observação das flores de cerejeira, que acontece em abril; tão bela quanto é a folhagem de outono, que você pode aproveitar junto com os festivais gastronômicos locais durante uma visita nessa estação. É também uma viagem relativamente fácil a partir de Tóquio: o trem Shinkansen Akita, que conecta a Estação Ōmiya à Estação Kakunodate, leva pouco menos de três horas. Ainda assim, vale a pena ficar um ou dois dias para absorver esse modo de vida mais tranquilo, hospedando-se no Wabizakura Ryokan, um ryokan moderno e lindamente projetado, que oferece banhos termais privativos ao ar livre, refinada culinária kaiseki e hospitalidade serena enraizada nas tradições da Prefeitura de Akita.
*Matéria publicada originalmente na Condé Nast Traveller Estados Unidos.
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Dito isso, não é exagero afirmar: o Japão vai muito além de Tóquio e Kyoto — cidades já saturadas de turistas. Até mesmo Osaka, antes considerada “coadjuvante” cultural, ganha destaque com a Expo Mundial 2025 e uma nova leva de hotéis de luxo. Para sair do óbvio — explorar antigas rotas comerciais e pontes feitas de videiras — o viajante experiente precisa olhar para outros destinos, onde é possível vivenciar o Japão de forma mais autêntica e em um ritmo mais tranquilo.
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Vai construir ou reformar? Seleção Archa + Casa Vogue ajuda você a encontrar o melhor arquiteto para seu projeto
Para descobrir os melhores lugares fora das megacidades, quatro especialistas em viagens ao Japão foram consultados: Jason Gilman e Scott Gilman (JapanQuest Journeys), Tisha Neufville (Neufville Travel), Diana Lara (First in Service) e Duncan Greenfield-Turk (Global Travel Moments). Eles sugeriram oito destinos que não substituem totalmente as grandes metrópoles (até porque você precisa passar pelos aeroportos delas), mas funcionam como complementos perfeitos a qualquer roteiro, desde viagens com foco em arte até mergulhos históricos aprofundados.
Naoshima, para amantes de arte
Naoshima, no Mar Interior de Seto, é um museu vivo, onde arte contemporânea e arquitetura marcante se integram perfeitamente à paisagem
Reprodução Condé Nast Traveler EUA
Você é amante da arte? Então deveria conhecer Naoshima. Lara, da First in Service, diz que esta pequena ilha no Mar Interior de Seto é um museu vivo, onde arte contemporânea de classe mundial e arquitetura impressionante se entrelaçam perfeitamente à paisagem: “Pense nas icônicas abóboras pontilhadas de Yayoi Kusama na beira d’água, nas obras minimalistas de Tadao Ando esculpidas nas encostas e em vilas de pescadores inteiras transformadas em projetos de arte a céu aberto.” Neufville, da Neufville Travel, concorda e recomenda que os viajantes também visitem outras ilhas de Seto, que igualmente abrigam inúmeras instalações e galerias de arte contemporânea.
Como há muitas exposições ao ar livre, a melhor época para visitar Naoshima é quando o clima está agradável: primavera, início do verão e final do outono são ideais. Esse período também coincide com a Setouchi Triennale 2025, um festival de arte contemporânea que acontece a cada três anos e apresenta ainda mais obras em diversas ilhas do Mar Interior de Seto (os ingressos para a sessão de outono, de 1º de setembro a 9 de novembro, já estão à venda). Chegar a Naoshima pode ser complicado: é preciso pegar um trem da Estação de Kyoto ou da Estação Shin-Osaka até a Estação de Okayama; de lá, transfer de carro até o Porto de Uno; e, então, uma balsa até o Porto de Honmura, em Naoshima. Após a jornada, presenteie-se com uma estadia elegante no Naoshima Ryokan ROKA, onde você encontrará 11 quartos minimalistas feitos de madeira, washi e tatame; e banheiras embutidas maravilhosas com paredes de vidro abertas para paisagens verdes.
Hiroshima, um pedaço da história mundial
O Memorial da Paz de Hiroshima (também conhecido como Domo Genbaku) foi a única estrutura que permaneceu de pé na área onde a primeira bomba atômica explodiu em 6 de agosto de 1945
Hoi Wai/Pexels
Hiroshima oferece uma experiência comovente e essencial para todos os turistas que visitam o Japão. A cidade foi amplamente arrasada durante a Segunda Guerra Mundial por uma das duas bombas atômicas detonadas pelos Estados Unidos em 1945 (a outra explodiu em Nagasaki, na ilha de Kyushu). Hoje, o Parque Memorial da Paz de Hiroshima abriga as ruínas do Domo Genbaku, um dos poucos edifícios que permaneceram de pé após o evento histórico. Referindo-se ao Domo, ao parque e à cidade de forma mais ampla, Lara, da First in Service, afirma: “Ele se ergue como um poderoso símbolo de paz e renascimento, tornando-se um ótimo lugar para aqueles atraídos pelas correntes mais profundas da história e da resistência humana.”
Lara recomenda passar um tempo no Parque Memorial da Paz, visitar o Domo Genbaku e pegar uma balsa até a vizinha Ilha de Miyajima, para ver o torii flutuante (um portal tradicional japonês) do Santuário Itsukushima. “É perfeito para viajantes culturalmente curiosos, entusiastas da história e qualquer pessoa em busca de uma jornada que ressoe muito além de belas paisagens”, diz ela. Além disso, há muito o que fazer em Hiroshima, como visitar o Castelo de Hiroshima, originalmente construído no final do século XIV, e se hospedar no encantador Iwaso, um ryokan tradicional com localização central.
Yakushima, para uma imersão na natureza
Patrimônio Natural Mundial da UNESCO, Yakushima abriga cedros Yakusugi com mais de 1.000 anos
Getty Images
Para uma visão realmente incomum do Japão, vá até Yakushima, uma das exuberantes ilhas subtropicais Ōsumi, no sul do país. Greenfield-Turk, da Global Travel Moments, recomenda este santuário natural, lar de florestas de cedro com 7.000 anos, trilhas enevoadas e rica biodiversidade: “A vida tranquila e elegante da ilha também se traduz em uma bela culinária local, incluindo peixe-voador, chá cultivado na ilha e cítricos yuzu.” Os Gilmans, da JapanQuest Journeys, concordam, dizendo que é perfeito para viajantes em busca de aventuras imersivas ao ar livre, “desde caminhadas de vários dias por paisagens cobertas de musgo até a exploração de trilhas costeiras e a apreciação da beleza acidentada da ilha.”
Todos os especialistas concordam que Yakushima pode ser apreciada o ano todo, mas você pode organizar sua viagem conforme a experiência desejada: temperaturas agradáveis na primavera (abril e maio); tartarugas marinhas desovando nas praias (junho e julho); clima mais fresco e seco, com excelente visibilidade, no outono. É possível pegar um curto voo doméstico ou uma balsa panorâmica até Yakushima a partir de Kagoshima, cidade costeira de Kyushu, a ilha principal mais ao sul do Japão. Não é exatamente um destino para bate-volta, então siga a recomendação de Greenfield-Turk e dos Gilmans: reserve um quarto no Sankara Hotel Spa Yakushima, um retiro de luxo no topo da colina com vista para o oceano e um programa culinário que combina técnicas francesas com produtos sazonais da ilha.
Vale do Kiso, para aficionados por história
Aqueles que buscam uma fuga tranquila da vida urbana e um gostinho do Japão rural devem visitar o Vale do Kiso
Getty Images
O Vale do Kiso encanta viajantes que gostam de voltar no tempo. Os Gilmans, da JapanQuest Journeys, o recomendam por suas cidades postais preservadas do período Edo e pela Nakasendō, rota histórica que conectava a capital de fato do Japão, Edo (atual Tóquio), a Kyoto, além de suas montanhas e trilhas cênicas. “Aqueles que buscam uma fuga tranquila da vida urbana e um sabor do Japão rural, incluindo seus artesanatos tradicionais e cultura local, acharão o Vale do Kiso particularmente recompensador”, dizem os Gilmans.
Nossos especialistas recomendam visitar o Vale do Kiso na primavera (abril a junho) e no outono (outubro a novembro). A primavera oferece temperaturas amenas ideais para caminhar pela Nakasendō e observar o desabrochar das flores. O outono apresenta clima confortável e folhagem espetacular, transformando o vale em uma paisagem colorida. Ambas as estações proporcionam condições agradáveis para explorar as cidades históricas e apreciar a beleza natural da região. Para chegar ao Vale do Kiso, é preciso dirigir por 90 minutos a partir de Nagoya, cidade entre Tóquio e Kyoto, acessível pelo Shinkansen. Para uma noite aconchegante na região, os Gilmans recomendam a elegante pousada japonesa Byaku, em Narai.
Wazuka, para os amantes do chá verde
Adora matcha? Os campos de chá de Wazuka, um passeio tranquilo de um dia saindo de Kyoto, certamente encantarão
Getty Images
Viajantes interessados em agricultura e na cultura do chá, especialmente o chá verde japonês, encontrarão um pequeno paraíso em Wazuka. “Essa região é famosa por suas plantações privadas de chá, oferecendo paisagens pitorescas com vistas para montanhas cobertas de chá e oportunidades para aprender sobre cultivo e produção de chá”, dizem os Gilmans, da JapanQuest Journeys. Para um ritmo mais lento e uma atmosfera tranquila em um ambiente rural que também aposta na agricultura sustentável (e em muito matcha), este é o lugar.
Convenientemente, Wazuka é uma viagem de um dia saindo de Kyoto: cerca de uma hora de carro. Mas, por se tratar do Japão, o transporte público também é uma opção viável. Você pode chegar à Plantação de Chá de Wazuka pegando um ônibus da Estação Kamo, nos arredores de Nara (sim, o lugar com os cervos tão acostumados aos turistas que praticamente exigem comida), que por sua vez é facilmente acessível a partir de Kyoto por trem regional. Planeje sua visita entre março e outubro: “É quando o verde vibrante da primeira colheita de chá cobre a paisagem, oferecendo vistas impressionantes e a chance de testemunhar ou participar da colheita, do processamento e até de um almoço exclusivo com harmonização de chás”, dizem os Gilmans.
Hokkaido, para fãs de gastronomia e neve
Para um momento après-ski com o melhor ramen do mundo, Sapporo é o lugar certo
Getty Images
Embora Hokkaido esteja cada vez mais presente em roteiros de viagens para o Japão, ainda há muito a explorar na segunda maior ilha do país — incluindo sua cena gastronômica. “Aqui você encontrará os frutos do mar mais frescos, os melhores laticínios e carnes — devido à variedade de fazendas de gado na ilha — e alguns dos melhores lámen do país em Sapporo, a maior cidade de Hokkaido”, diz Neufville, da Neufville Travel. Além disso, a diversa paisagem natural de Hokkaido é perfeita para a aventura: golfe, trilhas, caiaque e esportes de inverno são extremamente populares entre moradores e visitantes.
A melhor época para visitar Hokkaido varia de acordo com o tipo de viagem que você deseja fazer. Neufville recomenda que os amantes da neve visitem no inverno para aproveitar algumas das melhores pistas de esqui do mundo, em Niseko, e o festival anual de esculturas de neve em Sapporo. “Eu gosto de visitar na primavera, durante um festival anual de lámen em Sapporo, e também para ver os campos de lavanda em Furano, uma cidade no centro de Hokkaido”, diz ela. O outono é a época perfeita para admirar a deslumbrante folhagem e mergulhar em um dos muitos onsen da ilha.
Para chegar a Hokkaido, Neufville sugere voar para os aeroportos de Tóquio ou Osaka e, então, fazer conexão para o Aeroporto New Chitose (CTS), que atende Sapporo. Alugue um carro e explore à vontade — e não deixe de reservar um quarto no ryokan contemporâneo Zaborin, na região de Niseko. “Este se tornou um dos meus hotéis favoritos no mundo por seu serviço excepcional, quartos lindamente projetados, banhos termais luxuosos e comida incrível”, diz Neufville.
Vale de Iya, para aventuras radicais
O Vale de Iya é uma das áreas mais preservadas do Japão, repleta de vegetação exuberante e paisagens que vão encantar os viajantes amantes da natureza
Getty Images
Localizado em Shikoku, a menor das quatro principais ilhas do Japão, o Vale de Iya é uma das regiões mais remotas e intocadas do país, repleta de vegetação exuberante e paisagens que emocionam viajantes amantes da natureza. “Suas pontes de videira, fontes termais e casas de fazendas tradicionais com telhados de palha transportam você para uma era antiga do Japão”, diz Greenfield-Turk, da Global Travel Moments. “É também uma joia culinária, onde a cozinha reflete a terra acidentada e os rios que a nutrem.” As encostas íngremes e os desfiladeiros profundos também compõem uma vista impressionante. Se você não tem medo de altura, tente atravessar a Iya Kazurabashi e a Oku-Iya Kazurabashi, duas pontes de cipós — sim, literalmente feitas de cipós — e algumas das principais atrações turísticas da região.
Greenfield-Turk sugere visitar a região nos meses de outubro e novembro para ver a dramática folhagem de outono e experimentar os sabores da colheita sazonal. Para chegar, voe até Tokushima a partir de Tóquio ou Osaka e dirija por duas horas até o Vale de Iya. Quanto à hospedagem, Greenfield-Turk recomenda o Iya Onsen, um ryokan com atmosfera aconchegante, situado nas montanhas, com banhos termais ao ar livre de frente para o desfiladeiro. Não perca os menus de kaiseki, que destacam peixes de rio locais e vegetais silvestres das montanhas.
Kakunodate, para vivenciar a vida de cidade pequena
Com uma população local de cerca de 14.000 pessoas, você certamente vivenciará um pouco da vida tranquila de uma cidade pequena em Kakunodate
Getty Images
Conhecida como a “Pequena Kyoto” do norte, Kakunodate é famosa por suas casas de samurais, artesanato em casca de cerejeira e ruas históricas alinhadas com arquitetura preservada. “É um destino profundamente cultural, com a farta culinária do norte do Japão e um ritmo mais lento e contemplativo”, diz Greenfield-Turk. Com uma população local de cerca de 14.000 pessoas, você certamente terá uma amostra da vida em uma cidade pequena japonesa, sem a energia frenética das grandes metrópoles.
Kakunodate também é um destino popular para o hanami, ou observação das flores de cerejeira, que acontece em abril; tão bela quanto é a folhagem de outono, que você pode aproveitar junto com os festivais gastronômicos locais durante uma visita nessa estação. É também uma viagem relativamente fácil a partir de Tóquio: o trem Shinkansen Akita, que conecta a Estação Ōmiya à Estação Kakunodate, leva pouco menos de três horas. Ainda assim, vale a pena ficar um ou dois dias para absorver esse modo de vida mais tranquilo, hospedando-se no Wabizakura Ryokan, um ryokan moderno e lindamente projetado, que oferece banhos termais privativos ao ar livre, refinada culinária kaiseki e hospitalidade serena enraizada nas tradições da Prefeitura de Akita.
*Matéria publicada originalmente na Condé Nast Traveller Estados Unidos.
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