Para além da forma e do material, o mobiliário carrega histórias, significados sociais e políticos. A Peacock Chair (cadeira pavão, em tradução livre), com seu encosto em formato de leque e presença imponente, é uma dessas peças emblemáticas. De símbolo de exotismo e luxo no início do século 20 a ícone de identidade e ancestralidade, hoje a cadeira é recuperada e ressignificada por designers contemporâneos.
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Uma origem marcada por contradições
A origem exata da cadeira é imprecisa. “Remonta ao Egito Antigo, porém, os registros mais antigos encontrados apontam que o objeto foi criado para a realeza do sudeste asiático”, conta Ana Paula Giardini Pedro, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
Os primeiros registros documentados remetem às Filipinas, mais precisamente à oficina de móveis e peças de rattan, vime e bambu vinculada a programas de reintegração de detentos da Prisão Bilibid, em Manila, a capital do país. Essas iniciativas foram implementadas durante a administração estadunidense do presídio, na transição entre os séculos 19 e 20, após a Guerra Hispano-Americana.
Um dos primeiros registros da Peacock Chair aparece em uma fotografia de Charles E. Doty na Prisão de Bilibid, em Manila, mostrando uma mulher encarcerada com seu filho. A imagem é preservada no National Anthropological Archives do Smithsonian Institution, em Washington, D.C., Estados Unidos
Charles E. Doty/Flickr/John Tewell/Creative Commons
As oficinas e as peças foram registradas por meio de fotografias. No Catálogo de Produtos da Divisão Industrial do presídio, inclusive, é possível encontrar seu nome como cadeira Bilibid.
É importante salientar, no entanto, que a cestaria e o trançado com fibras naturais já eram práticas tradicionais do artesanato da região. “Nesse momento inicial, nas cidades filipinas, a Peacock Chair era utilizada nos estúdios fotográficos, para a realização de retratos, proporcionando uma ambientação majestosa”, indica Teresa Maria Riccetti, professora de design da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Com a abertura do mercado externo, as peças começaram a ser exportadas e passaram a ser vistas como símbolos de exotismo e status. “Uma das hipóteses de introdução da cadeira na sociedade estadunidense é sua exibição na Philadelphia Centennial Exhibition”, comenta Ana Paula. Essa feira internacional, a primeira realizada nos Estados Unidos, reforçava ideais nacionalistas e colonialistas.
As características da Peacock Chair
Fibras naturais, encosto verticalizado e braços são elementos estruturais característicos da cadeira. As principais fibras utilizadas, em versões mais tradicionais da peça, são vime, rattan e bambu.
A sua forma agrega encosto, assento e braços em um único volume. Sua estrutura é composta por grossas hastes de rattan dispostas em formato de leque, conectadas por tramas mais delicadas de fibras, que dão leveza e complexidade ao desenho.
A icônica Peacock Chair, símbolo de memória e resistência, continua sendo usada nos dias atuais, reinterpretada com novos significados e funções na decoração e na cultura
Pexels/Charlotte May/Creative Commons
“O alto espaldar arredondado trançado e ornamentado remete a lembrança da cauda de um pavão. O seu assento e braços são mais baixos, realçando sua forma imponente e sofisticada, que logo se tornou símbolo de status”, explica Nara Martins, também professora de design da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Os padrões do trançado evocam arabescos e espirais, criando superfícies com aparência semelhante à renda.
“É importante ressaltar que a cadeira deixa muito a desejar no seu uso mais funcional, de oferecer o bom sentar e descansar”, complementa Teresa. Assim, o valor da Peacock Chair está menos no conforto e mais em sua função simbólica, marcada pela aura de majestade que confere aos ambientes.
Os múltiplos significados da Peacock Chair
A partir das décadas de 1960 e 1970, a cadeira passou a adquirir novos sentidos. Inicialmente, ganhou visibilidade ao ser utilizada em ensaios fotográficos com grandes figuras do cinema e das artes. Um dos exemplos mais marcantes foi em 1965, quando a atriz Tracy Reed posou em uma Peacock Chair, reforçando sua associação com sofisticação e estilo de época.
A atriz inglesa, Tracy Reed, foi uma das tantas celebridades que posaram com a Peacock Chair
Reg Lancaster/Daily Express/Hulton Archive/Getty Images
Em 1967, a Peacock Chair assumiu um significado político ainda mais potente. Uma das imagens mais marcantes foi registrada pelo fotógrafo Blair Stapp e publicada em 1967 no jornal do Partido dos Panteras Negras, a partir de uma composição de Leroy Eldridge Cleaver. Na fotografia, o líder Huey Percy Newton aparece sentado em uma cadeira pavão, empunhando um rifle em uma mão e uma lança na outra. A cena é completada por um tapete de pele animal e dois escudos africanos ao fundo.
A ambientação reforçava a imponência do retratado e transformava o objeto em um trono contemporâneo, ressignificado como símbolo de resistência, ancestralidade e identidade negra.
O líder do Partido dos Panteras Negras, Huey P. Newton, sentado em uma Peacock Chair, em retrato feito pelo fotógrafo Blair Stapp em 1967
Blair Stapp/Domínio Público/Wikimedia Commons
“É possível fazer aqui uma associação com a imagem da detenta filipina de 1916, em que a cadeira já aparecia como um trono majestoso. No caso de Huey Newton, essa simbologia é intensificada pela presença das armas e dos escudos”, observa Ana Paula.
A fotografia tornou-se emblemática do movimento negro nos Estados Unidos, amplamente divulgada como forma de reivindicar a liberdade de Huey Percy Newton, que havia sido condenado — sentença posteriormente anulada.
A partir desse episódio, a Peacock Chair passou a ser ressignificada como símbolo de orgulho, identidade comunitária e conexão com a ancestralidade africana. Em meio à luta pelos direitos civis, o objeto evocava a memória de tronos africanos dos séculos 15 e 16, transformando-se em um suporte visual de resistência e poder.
Nos shows da tour ‘Formation’, a cantora Beyoncé optou por trazer figuras femininas ao redor da cadeira inspirada na Peacock Chair, trazendo a tona debates sobre o protagonismo e empoderamento negro e feminino
Pinterest/Jazmine Rose/Reprodução; Pinterest/Lilly Heaven/Reprodução | Montagem: Casa e Jardim
Depois desse momento, no universo da música e da cultura pop, a cadeira continuou sendo reapropriada. Em 2016, a cantora Beyoncé, durante a tour do álbum Formation, recriou a icônica fotografia de Newton, porém apenas com imagens femininas e com uma cadeira metálica.
No contexto brasileiro, a cadeira também passou por movimentos de reapropriação. “A cadeira pavão ou cadeira de ialorixá, carregada de todo esse teor simbólico, é usada como cadeira-trono, referência de poder e símbolo sagrado no candomblé, por mães de santo”, diz Ana Paula.
Em 1999, a matriarca do bloco afro Ilê Aiyê, Mãe Hilda Jitolu, foi fotografada com uma Peacock Chair pelo fotógrafo Mario Cravo, ressaltando os significados de memória, ancestralidade e resistência que a peça carrega
Mario Cravo/YouTube/Itaú Cultural/Reprodução
A reinvenção pelo design contemporâneo
A Peacock Chair também ganhou novas camadas de significado no design contemporâneo. Hoje, não aparece apenas como peça vintage, mas em releituras que exploram diferentes materiais, cores e escalas.
Designers e artistas como as estadunidenses Kelly Wearstler e Justina Blakeney já incorporaram a cadeira em projetos autorais, valorizando sua estética imponente e sua carga simbólica.
“Trata-se de um objeto de memória, que reúne em si múltiplas histórias: o artesanato filipino, o colonialismo hispânico e estadunidense, a cultura pop, além de se consolidar como ícone de empoderamento em questões sociais”, aponta Nara.
Cheyenne Concepción, designer filipino-americana, desenvolveu a coleção RECLAIM buscando ressignificar o uso e a história da Peacock Chair
Anna Frumenti, cedida por Cheyenne Concepción/Divulgação
É nesse terreno fértil de significados que a designer filipino-americana Cheyenne Concepcion, encontrou inspiração. Em sua coleção RECLAIM, ela revisita a Peacock Chair para dialogar com o presente e propõe a Dona Chair, uma peça que resgata a memória ancestral ao mesmo tempo em que afirma novas narrativas.
A coleção também apresenta outros móveis e objetos, como a Lounge Chair, o conjunto Coco Nesting Set e os Anak Totems, todos alinhados à proposta de reinterpretar heranças culturais sob uma perspectiva contemporânea.
A cadeira ‘Dona Chair’ é de autoria da designer Cheyenne Concepcion e procura trazer um aspecto mais funcional para o assento inspirado na Peacock Chair
Anna Frumenti, cedida por Cheyenne Concepción/Divulgação
“Quis enfatizar uma dimensão feminina e pessoal, chamando-a de cadeira para uma matriarca”, explica a designer. Ao reinterpretar a peça, ela encontrou uma forma de reivindicar uma história. “Se eu apenas reproduzisse outra Peacock Chair, o mito idealizado permaneceria. Para tornar visíveis as origens coloniais dessa cadeira, era necessário criar algo inédito”, acrescenta.
O objetivo foi reinterpretar a geometria orgânica em formato de ampulheta da cadeira original, suavizando sua postura. Para adequá-la aos interiores contemporâneos e às demandas de uso atuais, Cheyenne optou por um assento mais baixo, reclinado e compacto.
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Outro ponto de destaque foi a ampliação do vocabulário material: além do rattan, a designer incorporou aço, carvalho-branco e latão.
Na visão de Cheyenne, a coleção é também uma investigação profundamente pessoal. “Abordo temas de história, mas também de herança e linhagem. O imaginário em torno da Peacock Chair revela uma lacuna na história do design filipino-americano e, em última instância, a coleção representa minha primeira tentativa de construir uma ponte para preencher esse espaço”, ela declara.
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Uma origem marcada por contradições
A origem exata da cadeira é imprecisa. “Remonta ao Egito Antigo, porém, os registros mais antigos encontrados apontam que o objeto foi criado para a realeza do sudeste asiático”, conta Ana Paula Giardini Pedro, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
Os primeiros registros documentados remetem às Filipinas, mais precisamente à oficina de móveis e peças de rattan, vime e bambu vinculada a programas de reintegração de detentos da Prisão Bilibid, em Manila, a capital do país. Essas iniciativas foram implementadas durante a administração estadunidense do presídio, na transição entre os séculos 19 e 20, após a Guerra Hispano-Americana.
Um dos primeiros registros da Peacock Chair aparece em uma fotografia de Charles E. Doty na Prisão de Bilibid, em Manila, mostrando uma mulher encarcerada com seu filho. A imagem é preservada no National Anthropological Archives do Smithsonian Institution, em Washington, D.C., Estados Unidos
Charles E. Doty/Flickr/John Tewell/Creative Commons
As oficinas e as peças foram registradas por meio de fotografias. No Catálogo de Produtos da Divisão Industrial do presídio, inclusive, é possível encontrar seu nome como cadeira Bilibid.
É importante salientar, no entanto, que a cestaria e o trançado com fibras naturais já eram práticas tradicionais do artesanato da região. “Nesse momento inicial, nas cidades filipinas, a Peacock Chair era utilizada nos estúdios fotográficos, para a realização de retratos, proporcionando uma ambientação majestosa”, indica Teresa Maria Riccetti, professora de design da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Com a abertura do mercado externo, as peças começaram a ser exportadas e passaram a ser vistas como símbolos de exotismo e status. “Uma das hipóteses de introdução da cadeira na sociedade estadunidense é sua exibição na Philadelphia Centennial Exhibition”, comenta Ana Paula. Essa feira internacional, a primeira realizada nos Estados Unidos, reforçava ideais nacionalistas e colonialistas.
As características da Peacock Chair
Fibras naturais, encosto verticalizado e braços são elementos estruturais característicos da cadeira. As principais fibras utilizadas, em versões mais tradicionais da peça, são vime, rattan e bambu.
A sua forma agrega encosto, assento e braços em um único volume. Sua estrutura é composta por grossas hastes de rattan dispostas em formato de leque, conectadas por tramas mais delicadas de fibras, que dão leveza e complexidade ao desenho.
A icônica Peacock Chair, símbolo de memória e resistência, continua sendo usada nos dias atuais, reinterpretada com novos significados e funções na decoração e na cultura
Pexels/Charlotte May/Creative Commons
“O alto espaldar arredondado trançado e ornamentado remete a lembrança da cauda de um pavão. O seu assento e braços são mais baixos, realçando sua forma imponente e sofisticada, que logo se tornou símbolo de status”, explica Nara Martins, também professora de design da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Os padrões do trançado evocam arabescos e espirais, criando superfícies com aparência semelhante à renda.
“É importante ressaltar que a cadeira deixa muito a desejar no seu uso mais funcional, de oferecer o bom sentar e descansar”, complementa Teresa. Assim, o valor da Peacock Chair está menos no conforto e mais em sua função simbólica, marcada pela aura de majestade que confere aos ambientes.
Os múltiplos significados da Peacock Chair
A partir das décadas de 1960 e 1970, a cadeira passou a adquirir novos sentidos. Inicialmente, ganhou visibilidade ao ser utilizada em ensaios fotográficos com grandes figuras do cinema e das artes. Um dos exemplos mais marcantes foi em 1965, quando a atriz Tracy Reed posou em uma Peacock Chair, reforçando sua associação com sofisticação e estilo de época.
A atriz inglesa, Tracy Reed, foi uma das tantas celebridades que posaram com a Peacock Chair
Reg Lancaster/Daily Express/Hulton Archive/Getty Images
Em 1967, a Peacock Chair assumiu um significado político ainda mais potente. Uma das imagens mais marcantes foi registrada pelo fotógrafo Blair Stapp e publicada em 1967 no jornal do Partido dos Panteras Negras, a partir de uma composição de Leroy Eldridge Cleaver. Na fotografia, o líder Huey Percy Newton aparece sentado em uma cadeira pavão, empunhando um rifle em uma mão e uma lança na outra. A cena é completada por um tapete de pele animal e dois escudos africanos ao fundo.
A ambientação reforçava a imponência do retratado e transformava o objeto em um trono contemporâneo, ressignificado como símbolo de resistência, ancestralidade e identidade negra.
O líder do Partido dos Panteras Negras, Huey P. Newton, sentado em uma Peacock Chair, em retrato feito pelo fotógrafo Blair Stapp em 1967
Blair Stapp/Domínio Público/Wikimedia Commons
“É possível fazer aqui uma associação com a imagem da detenta filipina de 1916, em que a cadeira já aparecia como um trono majestoso. No caso de Huey Newton, essa simbologia é intensificada pela presença das armas e dos escudos”, observa Ana Paula.
A fotografia tornou-se emblemática do movimento negro nos Estados Unidos, amplamente divulgada como forma de reivindicar a liberdade de Huey Percy Newton, que havia sido condenado — sentença posteriormente anulada.
A partir desse episódio, a Peacock Chair passou a ser ressignificada como símbolo de orgulho, identidade comunitária e conexão com a ancestralidade africana. Em meio à luta pelos direitos civis, o objeto evocava a memória de tronos africanos dos séculos 15 e 16, transformando-se em um suporte visual de resistência e poder.
Nos shows da tour ‘Formation’, a cantora Beyoncé optou por trazer figuras femininas ao redor da cadeira inspirada na Peacock Chair, trazendo a tona debates sobre o protagonismo e empoderamento negro e feminino
Pinterest/Jazmine Rose/Reprodução; Pinterest/Lilly Heaven/Reprodução | Montagem: Casa e Jardim
Depois desse momento, no universo da música e da cultura pop, a cadeira continuou sendo reapropriada. Em 2016, a cantora Beyoncé, durante a tour do álbum Formation, recriou a icônica fotografia de Newton, porém apenas com imagens femininas e com uma cadeira metálica.
No contexto brasileiro, a cadeira também passou por movimentos de reapropriação. “A cadeira pavão ou cadeira de ialorixá, carregada de todo esse teor simbólico, é usada como cadeira-trono, referência de poder e símbolo sagrado no candomblé, por mães de santo”, diz Ana Paula.
Em 1999, a matriarca do bloco afro Ilê Aiyê, Mãe Hilda Jitolu, foi fotografada com uma Peacock Chair pelo fotógrafo Mario Cravo, ressaltando os significados de memória, ancestralidade e resistência que a peça carrega
Mario Cravo/YouTube/Itaú Cultural/Reprodução
A reinvenção pelo design contemporâneo
A Peacock Chair também ganhou novas camadas de significado no design contemporâneo. Hoje, não aparece apenas como peça vintage, mas em releituras que exploram diferentes materiais, cores e escalas.
Designers e artistas como as estadunidenses Kelly Wearstler e Justina Blakeney já incorporaram a cadeira em projetos autorais, valorizando sua estética imponente e sua carga simbólica.
“Trata-se de um objeto de memória, que reúne em si múltiplas histórias: o artesanato filipino, o colonialismo hispânico e estadunidense, a cultura pop, além de se consolidar como ícone de empoderamento em questões sociais”, aponta Nara.
Cheyenne Concepción, designer filipino-americana, desenvolveu a coleção RECLAIM buscando ressignificar o uso e a história da Peacock Chair
Anna Frumenti, cedida por Cheyenne Concepción/Divulgação
É nesse terreno fértil de significados que a designer filipino-americana Cheyenne Concepcion, encontrou inspiração. Em sua coleção RECLAIM, ela revisita a Peacock Chair para dialogar com o presente e propõe a Dona Chair, uma peça que resgata a memória ancestral ao mesmo tempo em que afirma novas narrativas.
A coleção também apresenta outros móveis e objetos, como a Lounge Chair, o conjunto Coco Nesting Set e os Anak Totems, todos alinhados à proposta de reinterpretar heranças culturais sob uma perspectiva contemporânea.
A cadeira ‘Dona Chair’ é de autoria da designer Cheyenne Concepcion e procura trazer um aspecto mais funcional para o assento inspirado na Peacock Chair
Anna Frumenti, cedida por Cheyenne Concepción/Divulgação
“Quis enfatizar uma dimensão feminina e pessoal, chamando-a de cadeira para uma matriarca”, explica a designer. Ao reinterpretar a peça, ela encontrou uma forma de reivindicar uma história. “Se eu apenas reproduzisse outra Peacock Chair, o mito idealizado permaneceria. Para tornar visíveis as origens coloniais dessa cadeira, era necessário criar algo inédito”, acrescenta.
O objetivo foi reinterpretar a geometria orgânica em formato de ampulheta da cadeira original, suavizando sua postura. Para adequá-la aos interiores contemporâneos e às demandas de uso atuais, Cheyenne optou por um assento mais baixo, reclinado e compacto.
Leia mais
Outro ponto de destaque foi a ampliação do vocabulário material: além do rattan, a designer incorporou aço, carvalho-branco e latão.
Na visão de Cheyenne, a coleção é também uma investigação profundamente pessoal. “Abordo temas de história, mas também de herança e linhagem. O imaginário em torno da Peacock Chair revela uma lacuna na história do design filipino-americano e, em última instância, a coleção representa minha primeira tentativa de construir uma ponte para preencher esse espaço”, ela declara.