É com muito entusiasmo que o arquiteto paraguaio Solano Benítez conta sobre o seu primeiro grande projeto no Brasil. Escolhido pelo Governo do Estado do Paraná e pelo Centro Pompidou de Paris para assinar o primeiro museu da instituição francesa na América Latina, Solano desenvolve uma proposta arrojada que tomará forma em um terreno à beira do Parque Nacional Iguaçu a partir de 2027. “Posso dizer que este é um museu absolutamente feito sob medida. Cada centímetro está sendo pensado com muitíssimo cuidado”.
Localizado em um terreno vizinho ao aeroporto de Foz do Iguaçu, o espaço vai contar com uma praça pública, salas de exposição, áreas para espetáculos, ateliês educativos, biblioteca , laboratórios artísticos, loja e restaurante. Tudo emoldurado pela mata nativa. “O museu fica no último terreno antes do Parque Nacional Iguaçu. Então, tem toda essa conexão com a natureza”, explica o arquiteto.
Para ressaltar essa integração com o entorno, Solano previu a criação de módulos de alvenaria e concreto armado, compondo um sistema com grandes salões flexíveis, áreas de convivência e um ponto central de observação e encontro.
O arquiteto Solano Benitez
Kraw Penas
A ideia é que o local carregue o legado contemporâneo do Centro Pompidou e funcione como um centro de arte e cultura, conectado à fronteira tríplice entre Brasil, Paraguai e Argentina. “Com esse projeto, o Brasil está sinalizando uma integração tão importante, tão potente com toda a América Latina”, comenta Solano.
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O Centro Pompidou Foz do Iguaçu será construída na beira do Parque Nacional Iguaçu
Divulgação/Governo do Paraná
A escolha pelo arquiteto paraguaio não foi à toa: ele figura, há décadas, entre os maiores representantes da criatividade e da ousadia latino-americana na arquitetura. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidad Nacional de Asunción em 1986, Solano abriu seu primeiro escritório, o celebrado e premiado Gabinete de Arquitectura, no ano seguinte. Na ocasião, assumiu suas primeiras obras sem nenhum aparato tecnológico à disposição, tudo elaborado à mão – como gosta de frisar.
Nesse início de carreira, começou sua experimentação com materiais simples que pudessem ser trabalhados facilmente por mão de obra local – uma vez que, no Paraguai dos anos 1990, não dispunha de muitos recursos.
Na proposta de Solano, a arquitetura se integra totalmente com a mata nativa do Parque Nacional Iguaçu
Divulgação/Governo do Paraná
Mais detalhes do projeto de Solano Benitez, emoldurado pela mata nativa
Divulgação/Governo do Paraná
O tijolo, material importante na sua obra, também é um dos protagonistas do projeto
Divulgação/Governo do Paraná
O tijolo cerâmico maciço — ou tijolo romano — se tornou central em suas criações, muito por conta da maneira inventiva com que o empregava: revestindo lajes, compondo cascas, criando superfícies e arcos vazados, dando forma a paredes plissadas ou estruturas de treliças em concreto armado.
É inevitável, portanto, perguntar sobre isso diante de Solano, ainda que ele esteja cansado (com razão) de dissertar sobre essa preferência. “As pessoas têm essa imagem de mim. Elas acham que eu tenho uma relação fetichista com o tijolo…”, brinca. “Pensam que se eu não trabalho com o tijolo, eu não encontro a paz”, diz, gargalhando.
A fachada vazada e construída a partir de tijolos é um dos destaques do projeto
Divulgação/Governo do Paraná
Para ele, embora seja muito significativo, este não é o único material que caracteriza seu estilo – o concreto, por exemplo, também desempenha papel fundamental em suas propostas. Ainda assim, foi a maneira poética como passou a manipular o tijolo que revelou a força expressiva de suas formas e a originalidade de suas soluções técnicas.
O tijolo, a terra vermelha da região e a mata nativa inspiraram Solano Benitez a desenvolver o projeto do Centro Pompidou Foz do Iguaçu
Divulgação/Governo do Paraná
Os interiores do edifício ganharam um interessante jogo de luz e sombra
Divulgação/Governo do Paraná
Perspectiva de uma das salas de exposição do Centro Pompidou de Foz do Iguaçu
Divulgação/Governo do Paraná
Seja na reforma do Centro de Reabilitação Infantil Teletón, em Assunção, ou na sede da Unilever no Paraguai, nas residências que desenhou para sua família ou na mostra para a Bienal de Arquitetura de Veneza em 2016 – Solano refinou e deu vida nova a um material popular, comum e ancestral.
Em 2016, Solano Benítez, Gloria Cabral e Solanito Benitez ganharam o Leão de Ouro de Melhor Participante na Exposição Reporting from the Front
Lauro Rocha
Esta linguagem arquitetônica tão única lhe rendeu, ao longo dos anos, inúmeros prêmios internacionais. Em 1999, foi finalista do Prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-americana; em 2008, recebeu o BSI Architectural Award, prêmio suíço de arquitetura concedido pela Accademia di Architettura di Mendrisio; em 2016, conquistou o Leão de Ouro justamente por sua criação para a exposição Reporting from the Front na Bienal de Arquitetura de Veneza.
Reformado por Solano Benitez, o Centro de Reabilitação Infantil Teletón, em Assunção no Paraguai, é um de suas obras mais conhecidas. A revitalização, proposta pelo arquiteto e sua equipe, valorizou os materiais originais, criando elementos vazados e jogo de luz e sombra com os próprios tijolos maciços
Lauro Rocha
Este último, inclusive, teve para ele um gostinho especial: venceu no mesmo ano em que Paulo Mendes da Rocha recebeu o Leão de Ouro por sua trajetória na arquitetura. Para Solano, além de amigo, Paulo era também um entusiasta de suas obras.
“Muito da importância do nosso trabalho começou a aparecer no mundo a partir do reconhecimento e da generosidade dos brasileiros. E isso é extraordinário! Foi uma figura da estatura do Paulo Mendes da Rocha [em 2007 e 2008, ele era um dos jurados do prêmio BSI Architectural Awards] que reconheceu a pequena produção, dentro do nosso continente, deste arquiteto aqui que fala guarani e espanhol”, lembra.
Nos interiores do Centro de Reabilitação Infantil Teletón, Solano Benítez aproveitou os materiais originais para destacar colunas e o teto, todo revestido de tijolos
Lauro Rocha
Mas não para por aí: ainda neste ano, deve receber outro Doctor Honoris Causa, título concedido àqueles que não cursaram doutorado de maneira convencional, mas são considerados merecedores por se destacarem de forma virtuosa em sua prática profissional ou artística. Já é o terceiro no seu currículo. O primeiro veio de sua alma mater: a Universidad Nacional de Asunción, no Paraguai, o segundo da Universidad Nacional de Rosario, na Argentina.
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A sede da Unilever, inaugurada em Assunção, no Paraguai, no ano 2000, é um dos trabalhos emblemáticos de Solano Benítez com uma fachada marcante composta por tijolos romanos
Lauro Rocha
Para ele, a força desses títulos reflete uma de suas convicções: a arquitetura é filosofia, não apenas técnica. “Nós estamos vivendo uma época em que existe essa perigosíssima ideia de que a vida é somente consumir. Achamos que quem tem mais é mais importante do que quem não tem nada… E esse é o desafio que devemos encarar como arquitetos. Nós, como arquitetos, não estamos construindo projetos, obras, casas… Estamos construindo sociedades. O lugar onde devemos morar é em uma sociedade melhor. Se esquecemos disso, continuaremos destruídos por essa moral sem futuro”, defende.
Toda essa reflexão sobre nossos tempos – que incluem o atual panorama socioeconômico mundial e a emergência climática – levou Solano a batizar seu novo escritório, reinaugurado durante a pandemia, de Jopoi Arquitetura. Este termo, no idioma guarani, trata de um conceito de ajuda mútua, colaboração e união para proporcionar crescimento coletivo. Um manifesto que indica como pretende seguir em frente.
Afinal, o longo trajeto que percorreu, nas últimas décadas, lhe proporcionou clareza e sabedoria. “Para mim, a maravilha da arquitetura é que ela é um esporte de velhos. Eu tenho, hoje, 62 anos e entendi que a arquitetura requer muito tempo de reflexão, muito tempo de análise para conseguir responder adequadamente ao mundo em que vivemos. Essa perspectiva somente a idade pode te dar. Lamento muito pelos arquitetos jovens, mas esta é uma atividade em que a idade é um atributo muito importante”, diz. “Por isso, o meu projeto mais relevante é sempre o próximo, aquele que vou começar amanhã”.
Avesso ao imediatismo que o mundo digital propõe, prefere manter sua prática focada no essencial. Não tem site, nem perfil nas redes sociais. Vale dizer que não foi fácil encontrá-lo e agendar essa entrevista. Recorremos a recursos analógicos: acionamos contatos, fizemos alguns telefonemas…
Pergunto, portanto, se ele não pensa em deixar um e-mail disponível em alguma página da web. “Quem precisa me encontrar, vai conseguir de um jeito ou de outro. Você conseguiu, não?”, questiona. “Para podermos fazer as transformações necessárias com arquitetura, a gente precisa construir um relacionamento com a sociedade que é muito mais forte do que esta disponibilidade absoluta e instantânea a todo tempo do mundo digital”, declara.
Inclusive, ele não precisa de muito para criar. É no subsolo da casa de sua mãe, projetada por ele mesmo, onde trabalha com sua equipe. Um escritório revestido de tijolos (obviamente), sem muita luz natural, mas com estantes repletas de livros.
Localizado no subsolo da casa de sua mãe, o escritório de Solano Benítez é marcado pela simplicidade, além de ser todo revestido de tijolos
Lauro Rocha
Esse jeito simples de encarar a vida e o trabalho é o que, de fato, o torna tão celebrado e querido por seus pares. E é disso que se orgulha de fato. “A única vaidade que me permito ter são os meus relacionamentos. Isso é o mais importante na minha vida. São as minhas amizades que sustentam a minha existência”. Poético, como de costume.
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Localizado em um terreno vizinho ao aeroporto de Foz do Iguaçu, o espaço vai contar com uma praça pública, salas de exposição, áreas para espetáculos, ateliês educativos, biblioteca , laboratórios artísticos, loja e restaurante. Tudo emoldurado pela mata nativa. “O museu fica no último terreno antes do Parque Nacional Iguaçu. Então, tem toda essa conexão com a natureza”, explica o arquiteto.
Para ressaltar essa integração com o entorno, Solano previu a criação de módulos de alvenaria e concreto armado, compondo um sistema com grandes salões flexíveis, áreas de convivência e um ponto central de observação e encontro.
O arquiteto Solano Benitez
Kraw Penas
A ideia é que o local carregue o legado contemporâneo do Centro Pompidou e funcione como um centro de arte e cultura, conectado à fronteira tríplice entre Brasil, Paraguai e Argentina. “Com esse projeto, o Brasil está sinalizando uma integração tão importante, tão potente com toda a América Latina”, comenta Solano.
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Vai construir ou reformar? Seleção Archa + Casa Vogue ajuda você a encontrar o melhor arquiteto para seu projeto
O Centro Pompidou Foz do Iguaçu será construída na beira do Parque Nacional Iguaçu
Divulgação/Governo do Paraná
A escolha pelo arquiteto paraguaio não foi à toa: ele figura, há décadas, entre os maiores representantes da criatividade e da ousadia latino-americana na arquitetura. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidad Nacional de Asunción em 1986, Solano abriu seu primeiro escritório, o celebrado e premiado Gabinete de Arquitectura, no ano seguinte. Na ocasião, assumiu suas primeiras obras sem nenhum aparato tecnológico à disposição, tudo elaborado à mão – como gosta de frisar.
Nesse início de carreira, começou sua experimentação com materiais simples que pudessem ser trabalhados facilmente por mão de obra local – uma vez que, no Paraguai dos anos 1990, não dispunha de muitos recursos.
Na proposta de Solano, a arquitetura se integra totalmente com a mata nativa do Parque Nacional Iguaçu
Divulgação/Governo do Paraná
Mais detalhes do projeto de Solano Benitez, emoldurado pela mata nativa
Divulgação/Governo do Paraná
O tijolo, material importante na sua obra, também é um dos protagonistas do projeto
Divulgação/Governo do Paraná
O tijolo cerâmico maciço — ou tijolo romano — se tornou central em suas criações, muito por conta da maneira inventiva com que o empregava: revestindo lajes, compondo cascas, criando superfícies e arcos vazados, dando forma a paredes plissadas ou estruturas de treliças em concreto armado.
É inevitável, portanto, perguntar sobre isso diante de Solano, ainda que ele esteja cansado (com razão) de dissertar sobre essa preferência. “As pessoas têm essa imagem de mim. Elas acham que eu tenho uma relação fetichista com o tijolo…”, brinca. “Pensam que se eu não trabalho com o tijolo, eu não encontro a paz”, diz, gargalhando.
A fachada vazada e construída a partir de tijolos é um dos destaques do projeto
Divulgação/Governo do Paraná
Para ele, embora seja muito significativo, este não é o único material que caracteriza seu estilo – o concreto, por exemplo, também desempenha papel fundamental em suas propostas. Ainda assim, foi a maneira poética como passou a manipular o tijolo que revelou a força expressiva de suas formas e a originalidade de suas soluções técnicas.
O tijolo, a terra vermelha da região e a mata nativa inspiraram Solano Benitez a desenvolver o projeto do Centro Pompidou Foz do Iguaçu
Divulgação/Governo do Paraná
Os interiores do edifício ganharam um interessante jogo de luz e sombra
Divulgação/Governo do Paraná
Perspectiva de uma das salas de exposição do Centro Pompidou de Foz do Iguaçu
Divulgação/Governo do Paraná
Seja na reforma do Centro de Reabilitação Infantil Teletón, em Assunção, ou na sede da Unilever no Paraguai, nas residências que desenhou para sua família ou na mostra para a Bienal de Arquitetura de Veneza em 2016 – Solano refinou e deu vida nova a um material popular, comum e ancestral.
Em 2016, Solano Benítez, Gloria Cabral e Solanito Benitez ganharam o Leão de Ouro de Melhor Participante na Exposição Reporting from the Front
Lauro Rocha
Esta linguagem arquitetônica tão única lhe rendeu, ao longo dos anos, inúmeros prêmios internacionais. Em 1999, foi finalista do Prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-americana; em 2008, recebeu o BSI Architectural Award, prêmio suíço de arquitetura concedido pela Accademia di Architettura di Mendrisio; em 2016, conquistou o Leão de Ouro justamente por sua criação para a exposição Reporting from the Front na Bienal de Arquitetura de Veneza.
Reformado por Solano Benitez, o Centro de Reabilitação Infantil Teletón, em Assunção no Paraguai, é um de suas obras mais conhecidas. A revitalização, proposta pelo arquiteto e sua equipe, valorizou os materiais originais, criando elementos vazados e jogo de luz e sombra com os próprios tijolos maciços
Lauro Rocha
Este último, inclusive, teve para ele um gostinho especial: venceu no mesmo ano em que Paulo Mendes da Rocha recebeu o Leão de Ouro por sua trajetória na arquitetura. Para Solano, além de amigo, Paulo era também um entusiasta de suas obras.
“Muito da importância do nosso trabalho começou a aparecer no mundo a partir do reconhecimento e da generosidade dos brasileiros. E isso é extraordinário! Foi uma figura da estatura do Paulo Mendes da Rocha [em 2007 e 2008, ele era um dos jurados do prêmio BSI Architectural Awards] que reconheceu a pequena produção, dentro do nosso continente, deste arquiteto aqui que fala guarani e espanhol”, lembra.
Nos interiores do Centro de Reabilitação Infantil Teletón, Solano Benítez aproveitou os materiais originais para destacar colunas e o teto, todo revestido de tijolos
Lauro Rocha
Mas não para por aí: ainda neste ano, deve receber outro Doctor Honoris Causa, título concedido àqueles que não cursaram doutorado de maneira convencional, mas são considerados merecedores por se destacarem de forma virtuosa em sua prática profissional ou artística. Já é o terceiro no seu currículo. O primeiro veio de sua alma mater: a Universidad Nacional de Asunción, no Paraguai, o segundo da Universidad Nacional de Rosario, na Argentina.
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A sede da Unilever, inaugurada em Assunção, no Paraguai, no ano 2000, é um dos trabalhos emblemáticos de Solano Benítez com uma fachada marcante composta por tijolos romanos
Lauro Rocha
Para ele, a força desses títulos reflete uma de suas convicções: a arquitetura é filosofia, não apenas técnica. “Nós estamos vivendo uma época em que existe essa perigosíssima ideia de que a vida é somente consumir. Achamos que quem tem mais é mais importante do que quem não tem nada… E esse é o desafio que devemos encarar como arquitetos. Nós, como arquitetos, não estamos construindo projetos, obras, casas… Estamos construindo sociedades. O lugar onde devemos morar é em uma sociedade melhor. Se esquecemos disso, continuaremos destruídos por essa moral sem futuro”, defende.
Toda essa reflexão sobre nossos tempos – que incluem o atual panorama socioeconômico mundial e a emergência climática – levou Solano a batizar seu novo escritório, reinaugurado durante a pandemia, de Jopoi Arquitetura. Este termo, no idioma guarani, trata de um conceito de ajuda mútua, colaboração e união para proporcionar crescimento coletivo. Um manifesto que indica como pretende seguir em frente.
Afinal, o longo trajeto que percorreu, nas últimas décadas, lhe proporcionou clareza e sabedoria. “Para mim, a maravilha da arquitetura é que ela é um esporte de velhos. Eu tenho, hoje, 62 anos e entendi que a arquitetura requer muito tempo de reflexão, muito tempo de análise para conseguir responder adequadamente ao mundo em que vivemos. Essa perspectiva somente a idade pode te dar. Lamento muito pelos arquitetos jovens, mas esta é uma atividade em que a idade é um atributo muito importante”, diz. “Por isso, o meu projeto mais relevante é sempre o próximo, aquele que vou começar amanhã”.
Avesso ao imediatismo que o mundo digital propõe, prefere manter sua prática focada no essencial. Não tem site, nem perfil nas redes sociais. Vale dizer que não foi fácil encontrá-lo e agendar essa entrevista. Recorremos a recursos analógicos: acionamos contatos, fizemos alguns telefonemas…
Pergunto, portanto, se ele não pensa em deixar um e-mail disponível em alguma página da web. “Quem precisa me encontrar, vai conseguir de um jeito ou de outro. Você conseguiu, não?”, questiona. “Para podermos fazer as transformações necessárias com arquitetura, a gente precisa construir um relacionamento com a sociedade que é muito mais forte do que esta disponibilidade absoluta e instantânea a todo tempo do mundo digital”, declara.
Inclusive, ele não precisa de muito para criar. É no subsolo da casa de sua mãe, projetada por ele mesmo, onde trabalha com sua equipe. Um escritório revestido de tijolos (obviamente), sem muita luz natural, mas com estantes repletas de livros.
Localizado no subsolo da casa de sua mãe, o escritório de Solano Benítez é marcado pela simplicidade, além de ser todo revestido de tijolos
Lauro Rocha
Esse jeito simples de encarar a vida e o trabalho é o que, de fato, o torna tão celebrado e querido por seus pares. E é disso que se orgulha de fato. “A única vaidade que me permito ter são os meus relacionamentos. Isso é o mais importante na minha vida. São as minhas amizades que sustentam a minha existência”. Poético, como de costume.
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