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1. Consulte as plantas elétrica e hidráulica do imóvel
O primeiro passo ao furar uma parede é consultar a planta elétrica e hidráulica do imóvel para identificar o local exato de canos e fios, evitando danos à estrutura
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É fundamental consultar os projetos elétrico e hidráulico do imóvel para identificar as áreas seguras de perfuração. “Com as plantas em mãos é possível verificar onde se encontram as instalações. É importante estar atento, pois em alguns casos o projeto não foi seguido durante a execução da obra. Desta forma, o aconselhável é sempre estar in loco no momento da instalação”, observa o arquiteto Jill Castilho.
“Em obras maiores, esse cuidado também é exigência de normas técnicas. Muitas empresas, inclusive, ao entregar uma obra nova, entregam também o manual, que demonstra informações preciosas para evitar situações como furar o local incorreto”, complementa Ismail Samad, engenheiro civil proprietário da Construmig.
2. Identifique os pontos de atenção
Caso você não tenha acesso às plantas elétrica e hidráulica, pode identificar pontos de atenção na parede observando indícios como saídas de água, tomadas, interruptores e suas rotas na horizontal e vertical, além de registros. Essas estruturas sugerem que há instalações internas que se projetam para dentro da parede.
“Os principais pontos de atenção são as paredes com shafts (eletrodutos), paredes da cozinha e do banheiro. Também requer uma atenção especial às paredes com quadros de distribuição elétrica e registros. Paredes próximas de pias, vasos sanitários, arandelas e luminárias de parede são áreas delicadas que exigem cuidado”, aponta o arquiteto.
Evite perfurar perto de quadros de energia elétrica, sob o risco de danificar os dispositivos de proteção, como disjuntores e barramentos, comprometendo a segurança e a eficiência da instalação
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O engenheiro civil chama a atenção para os locais por onde as fiações e tubulações geralmente costumam passar nas paredes:
Fiação elétrica: desce ou sobe em linha reta a partir de interruptores e tomadas, e pode correr horizontalmente nos rodapés ou na altura de forros.
Encanamentos: ficam nas paredes de áreas molhadas (banheiros, cozinhas, áreas de serviço, etc), seguindo percursos verticais e horizontais retos, geralmente próximos de registros e pontos de consumo.
Evite fazer furos em vigas, pilares ou lajes, sem uma análise prévia, pois isso pode afetar a integridade estrutural para perfurações de diâmetro maior.
3. Avalie o tipo de parede que será perfurada
Identificar o material da parede — concreto, gesso, madeira ou alvenaria — possibilita a escolha da broca e da furadeira adequadas, garantindo um furo preciso e seguro
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Antes de iniciar a perfuração, é essencial ter o conhecimento sobre a composição da superfície para evitar danos significativos, uma vez que o material determina a escolha da ferramenta apropriada.
“É preciso identificar o tipo de parede (estrutural, vedação, drywall ou concreto armado), porque cada uma tem resistência e riscos diferentes. Isso também gera a necessidade de buchas compatíveis com determinadas paredes. Um exemplo disso é a bucha Fly para drywall ou a bucha FU para tijolo de vedação simples”, explica o engenheiro civil.
4. Aplique a “regra da cruz”
Para usar a “regra da cruz” trace uma linha vertical e uma linha horizontal a partir do centro do ponto de atenção, neste caso a tomada, formando uma cruz. As linhas indicam áreas de alto risco de encontrar fiação ou encanamentos
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Essa é uma técnica simples de segurança que sugere desenhar uma linha horizontal e uma linha vertical a partir dos pontos de atenção, listado no item 2, formando uma cruz. Evite furar as áreas onde as linhas se cruzam, considerando uma faixa de 10 a 15 cm no entorno.
“A ‘regra da cruz’ ajuda a verificar o alinhamento vertical e horizontal na parede, além de visualizar se existem outras instalações ao longo dessas linhas, mesmo que estejam distantes na mesma parede”, diz o arquiteto.
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5. Utilize ferramentas para detectar áreas de riscos
Existem algumas ferramentas capazes de alertar a presença de conduítes e tubulações, garantindo mais segurança, economia, eficiência e precisão em projetos de reforma ou construção.
“Os scanners de parede são bastante eficientes, pois detectam cabos energizados, metais e até tubulações plásticas com água. O pacômetro também é muito usado em obras para localizar armaduras em concreto. Existem modelos que já possuem um orifício onde se pode mirar o furo detectando regiões que não possuem nenhum material a ser danificado por baixo dos revestimentos”, pontua Ismail.
Fatores que aumentam o risco de perfurar áreas de perigo
O método de perfuração e as ferramentas utilizadas podem influenciar diretamente o risco de atingir estruturas indesejadas. “É importante identificar qual o tipo de broca ou de parafuso que podem ser utilizados para aquele tipo de parede e espaço. Realizar a perfuração com parafusos muito compridos ou em diagonal aumenta o risco de atingir uma instalação paralela”, avisa Jill.
Mantenha a furadeira firme e perpendicular à parede, aplicando uma pressão constante, mas sem exagerar, e utilize um limitador de profundidade para controlar a saída do furo
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“Pressionar demais a furadeira ou usar uma broca inadequada pode causar desvio e atingir tubulações. O ideal é trabalhar em baixa rotação no início, aumentar gradativamente e, se possível, usar limitador de profundidade. Isso dá mais controle e segurança”, acrescenta o engenheiro. Outra estratégia segura é utilizar várias brocas, graduando da mais fina até o diâmetro desejado.
Ele ressalta ainda a importância de remover o pó de dentro do furo, além de usar a furadeira adequada. “Sempre remova o pó que fica dentro do furo para melhor acomodar a bucha e utilize a furadeira compatível com o furo, ou seja, nada de furadeira comum em concreto armado. Deve-se utilizar furadeira de impacto”, enfatiza Ismail.
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Fez o furo errado?
Caso você encontre canos ou fiação ao furar a parede, pare imediatamente. “Desligue os registros e disjuntores principais e, logo em seguida, chame um profissional especializado para realizar o reparo”, aconselha o arquiteto. Siga os seguintes passos em cada situação:
Se atingir o encanamento: feche o registro imediatamente, contenha a água e acione um encanador.
Se atingir a fiação elétrica: desligue o disjuntor geral e chame um eletricista, sem tentar improvisar reparos.
“Após o conserto, o fechamento deve ser feito com argamassa adequada, garantindo o restabelecimento da parede e a proteção da instalação”, complementa o engenheiro civil.
Cuidados extras para uma perfuração segura
O uso combinado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e ferramentas apropriadas é fundamental para prevenir acidentes e lesões
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Os especialistas destacam outras recomendações importantes para garantir a segurança durante todo o processo de perfuração da parede. Veja:
Prepare o ambiente para garantir a segurança, prevenir acidentes e minimizar a sujeira durante e após o serviço.
Utilize Equipamentos de Proteção Individual de Segurança (EPIs), como óculos, protetor auricular e luvas.
Defina a carga que será fixada, pois isso influencia a escolha do tipo de parafuso.
Não perfure em até 20 cm acima ou abaixo de tomadas, interruptores e registros.
Mantenha pelo menos 15 cm de afastamento das laterais de portas e janelas.
Use nível e trena para alinhar os furos corretamente.
Marque com lápis e coloque fita adesiva no ponto de perfuração para evitar o deslizamento da broca.
Sempre considere a profundidade máxima necessária para não ultrapassar a espessura da parede ou atingir instalações ocultas.
Se possível, contrate um profissional especializado.