Reforma sustentável: como reduzir o impacto ambiental

Com as mudanças climáticas, o desmatamento e a crescente poluição das águas e do solo, a temática ambiental tem se tornado cada vez mais urgente, inclusive no universo da arquitetura e do design. Neste sentido, o conceito de sustentabilidade tem levado arquitetos, designers e muitos moradores a repensarem o modo como transformam os espaços, fazendo com que as reformas reúnam estética e responsabilidade ambiental.
“Uma reforma sustentável é aquela que busca otimizar recursos em todas as etapas, desde a escolha dos materiais até a gestão da obra. Não se trata apenas de reduzir impactos ambientais, mas de pensar em soluções duradouras, que tragam bem-estar ao morador e prolonguem a vida útil dos espaços”, diz a designer de interiores Daiane Antinolfi.
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Os principais pontos de uma reforma sustentável
A eficiência energética deve ser observada em uma reforma sustentável. Projeto da arquiteta Gabriella Machado
Gabriela Daltro
Segundo a arquiteta, urbanista e ativista Ester Carro, presidente do Instituto Fazendinhando, o primeiro passo para uma reforma sustentável é realizar um diagnóstico, visando a manutenção do que já existe, o que ocorre por meio da avaliação da estrutura, das condições físicas, dos sistemas construtivos e dos materiais originais. “É preciso verificar o que pode ser reaproveitado ou adaptado, como paredes, pisos, janelas, coberturas, entre outros, ao invés de demolir ou descartar”, explica.
Outro ponto importante é a escolha dos materiais. A prioridade deve ser por itens com boa durabilidade, qualidade e de procedência confiável. “É importante estar atento à origem do material utilizado para fazer o produto. Não faz sentido, por exemplo, comprar um piso de madeira reciclada que vem da Europa, pois a emissão de CO2 para o produto chegar até o Brasil será muito grande. Assim, é essencial buscar fabricantes e produtores locais ou nacionais. Além disso, também é necessário observar a composição do produto, se é feito a partir de materiais poluentes ou de manejo consciente e pesquisar sobre as práticas de responsabilidade socioambiental dos fornecedores”, alerta a arquiteta Gabriella Machado.
A preocupação também se estende à eficiência energética, que pode ser alcançada por meio de algumas estratégias simples. “A primeira medida é aproveitar a iluminação e a ventilação natural, por meio de aberturas bem posicionadas. Depois, investir em automação e em equipamentos de baixo consumo, como lâmpadas LED e eletrodomésticos com selo de eficiência. A escolha de revestimentos que colaboram para o conforto térmico também é parte desse processo”, comenta Daiane. Outras soluções, completa Ester, incluem a incorporação de energias renováveis, como aquecimento solar e painéis fotovoltaicos.
No que diz respeito ao uso da água, é possível otimizá-lo a partir da instalação de dispositivos economizadores, como arejadores em torneiras, chuveiros de baixo consumo e descargas com duplo acionamento, por exemplo. Ester destaca ainda a criação de sistemas de reuso, aproveitando água da chuva para irrigação e limpeza; a setorização hidráulica, que facilita manutenção e evita desperdícios em caso de vazamentos; e a escolha de revestimentos e pisos permeáveis em áreas externas, que contribui para infiltração e recarga do lençol freático. “Essas estratégias reduzem o consumo, aumentam a eficiência do sistema hidráulico e tornam a casa mais sustentável”, enfatiza a arquiteta.
Gestão de resíduos
A gestão de resíduos também é um fator importante quando se trata de reformas sustentáveis, sendo que ela deve ser pensada já no início da obra. “É importante priorizar a redução do desperdício, planejar o corte e uso de materiais de forma eficiente e armazenar resíduos de forma segura para evitar contaminação ou perda. Na prática, isso significa aproveitar sobras, separar resíduos recicláveis, descartar corretamente aqueles que não têm reaproveitamento e, sempre que possível, escolher materiais que gerem menos resíduo ao longo da obra”, comenta Ester.
“Os resíduos de obras também podem ser doados para a população mais necessitada e até mesmo ser reaproveitado no próprio canteiro de obras, em construções de maior porte. Hoje, existem empresas que trabalham com desconstrução seletiva, que realizam uma curadoria em imóveis que serão demolidos e reformados e revendem todos os materiais em bom estado por um preço mais acessível, dando vida a materiais que seriam descartados, aplicando o conceito upcycle”, completa Gabriella.
Para além do meio ambiente
A gestão de resíduos deve ser pensada já no início da obra. Projeto da arquiteta Ester Carro
Divulgação
De acordo com as especialistas, adotar práticas ambientalmente corretas na hora de construir ou reformar traz vantagens que vão além dos impactos positivos ao meio ambiente. “A curto prazo, reformas sustentáveis permitem reduzir custos imediatamente ao reutilizar materiais já presentes na obra ou disponíveis no entorno, diminuindo a necessidade de aquisição de novos insumos. A médio prazo, aumentam a durabilidade da edificação, reduzem manutenção e promovem economia energética e hídrica. A longo prazo, contribuem para a redução das emissões de carbono incorporado e do impacto ambiental, já que diminuem a quantidade de materiais descartados em aterros sanitários, prolongam a vida útil da construção e asseguram qualidade de vida”, reflete Ester.
“A sustentabilidade na arquitetura não deve ser vista como tendência, mas como responsabilidade. Cada projeto é uma oportunidade de criar espaços mais inteligentes, saudáveis e respeitosos com o meio ambiente. E quando o morador percebe que isso se traduz em conforto e qualidade de vida, entende que valeu a pena escolher esse caminho”, conclui Daiane.
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