Uma homenagem à cultura amazônica e legado da COP30, que acontece em Belém, o Museu das Amazônias (MAZ) será inaugurado nesta sexta-feira (04) na capital paraense. Assinado pelos escritórios Guá Arquitetura e be.bo., o espaço cultural de 3.100 m² tem o objetivo de mostrar as diversas amazônias que existem no território brasileiro e em outros países. Com curadoria de Fancy Baniwa, Joice Ferreira e Helena Lima, o local oferecerá experiências imersivas e sensoriais, que refletem as vivências das comunidades urbanas, indígenas, extrativistas, quilombolas e ribeirinhas que compõem a Amazônia.
Com inauguração marcada para esta sexta, o museu tem o objetivo de mostrar as diversas amazônias que existem no território brasileiro e de outros países
Divulgação
“O MAZ é narrado por uma equipe majoritariamente amazônica e evita caricaturas: conta o território pelas nossas vozes, da formação das Amazônias ao presente”, ressalta Pablo do Vale, sócio do Guá Arquitetura. O museu ainda faz parte do Porto Futuro II, que compõem o conjunto de obras realizadas pelo Governo do Pará, deixadas como legado da COP30 à Belém. “Para além da COP30, o maior legado do MAZ é a permanência. Belém ganha um equipamento cultural vivo — 900 m² de exposição permanente e 600 m² de temporárias — dedicado a refletir uma Amazônia plural, aprender com ensinamentos ancestrais e projetar futuros possíveis”, completa.
A arquitetura como percurso artístico e simbólico
Os escritórios Guá Arquitetura e be.bo. assinam o projeto do MAZ
Divulgação
O que era um antigo armazém de 3.100 m² foi transformado pelos arquitetos do Guá Arquitetura e be.bo. em um espaço cultural dinâmico, distribuído em dois níveis. O térreo, com 2.000 m², concentra o percurso expositivo principal, o foyer de recepção e a loja. Já o mezanino, de 1.100 m², abriga a sala de exposição temporária, uma sala multiuso e o espaço criativo, pensado para receber ativações culturais diversas e abrigar usos flexíveis.
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“O maior desafio não foi apenas converter um armazém de 3.100 m² em museu, mas transformar em espaço a riqueza imensa da pesquisa que recebemos das curadoras. O MAZ nasce de um processo profundo de escuta, reunindo vozes de diferentes territórios e atores da Amazônia, e se consolidou como um verdadeiro ajurí — um mutirão feito a muitas mãos e mentes amazônicas”, conta Bel Lobo, sócia-fundadora be.bo.. O princípio ajurí, citado pela arquiteta, remete a mutirão, trabalho coletivo que mobiliza, organiza e cuida — uma prática muito viva nas comunidades amazônicas.
Globo de LED com projeções de Roberta Carvalho se divide entre o foyer no térreo e o primeiro andar do Museu das Amazônias
Divulgação
À exemplo de encantados como a Boiúna, a Cobra Canoa e a Cobra Grande, a cobra é uma figura central em diversas cosmovisões amazônicas, inspirando a identidade do museu e orientando muitos elementos arquitetônicos e artísticos. Bancos sinuosos na entrada, produzidos com mais de 15 espécies de madeiras amazônicas de manejo sustentável, formam um espaço de encontro e transformam o mobiliário em uma xiloteca acessível ao público. A fachada também recebe a intervenção coletiva A Serpente é um Corpo que Une Mundos, mural assinado por 16 artistas da Pan-Amazônia, enquanto o logotipo do museu foi desenvolvido pela Agência Libra e esculpido em marchetaria pelo artesão acreano Maqueson Pereira da Silva.
“A cobra nasce como metáfora, mas também como gesto fundador da narrativa do MAZ. Assim como a Cobra Canoa das cosmovisões dos povos originários, que atravessa rios, mundos e tempos, o desenho expográfico conduz o visitante em um percurso orgânico e contínuo — da formação geológica da Amazônia às complexidades contemporâneas do território. Não é apenas um traçado funcional, mas uma linha de vida que organiza e conecta”, explica Luís Guedes, sócio do Guá Arquitetura.
A experiência expositiva começa pelo foyer, ambiente de transição que prepara o visitante com paredes pintadas em geotinta avermelhada, resgatando pigmentos usados pelos povos marajoaras. O uso dessa tinta, fruto de pesquisa da Guá Arquitetura com o ateliê Mãos Caruanas, empresa de joias em cerâmica na Ilha do Marajó (PA), reforça a materialidade simbólica da construção. Elementos arquitetônicos e artísticos são carregados de significados, como o globo de LED Simbiosfera, de Roberta Carvalho, suspenso entre os dois pavimentos para simbolizar a centralidade da Amazônia no imaginário mundial.
A loja, localizada no térreo, recebe peças de mestres artesãos paraenses
Divulgação
No térreo, a loja recebe peças de mestres artesãos paraenses, como a estante de Edson Rodrigues e a luminária de Ivan Leal, feita com raízes e pássaros de miriti. Já no andar superior, a exposição temporária Ajurí, que documenta a criação do museu, ocupa 500 m². O espaço criativo, de 77 m², funciona como área livre de experimentação, enquanto a sala multiuso, de 150 m², foi projetada com estrutura modular capaz de receber 130 pessoas ou se dividir em até três ambientes, reforçando a versatilidade do projeto.
Um passeio pela Amazônia
Além do projeto arquitetônico, Guá Arquitetura e be.po. assinam a expografia de uma mostra permanente prevista para julho de 2026. A exposição promoverá um passeio cronológico pela história da Amazônia, da formação geológica às perspectivas de futuro. Dividida em seis etapas, a expografia irá abordar temas como a diversidade biocultural, as tecnologias ancestrais, a relação entre abundância e floresta, e as crises ecológicas atuais.
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Ambiente feito com cortina de miriti com 1.500 pássaros no centro, que servem de apoio para projeção
Divulgação
“Conceber uma narrativa que atravessa milhões de anos foi um exercício de síntese e escuta. Trabalhamos em conjunto com as três curadoras, que nos entregaram uma pesquisa extensa e rigorosa, organizada em cinco grandes eixos — da diversidade como essência até a visão de futuro expressa no bem viver. A partir desse material, buscamos traduzir em espaço não apenas uma linha do tempo, mas um organismo vivo, em que passado, presente e futuro se entrelaçam”, comenta Lola Belchi, sócia e coordenadora de projetos na be.bo..
Um dos destaques será um ambiente imersivo em forma de espiral, revestido por uma cortina de miriti. No centro, uma nuvem composta por 1.500 animais dessa fibra servirá de suporte para projeções. “O resultado é um ambiente imersivo e sensorial, em que o gesto artesanal e a arte contemporânea se entrelaçam para traduzir a abundância e a potência da Amazônia em sua dimensão mais vital: a sociobiodiversidade”, afirma Luis Guedes. Outro ambiente, o Espaço Aturá, convida o público a entrar em um grande cesto indígena baniwa, onde é possível compreender a relação entre as constelações e os ciclos de plantio e colheita na cosmovisão indígena. “Ele se torna um dispositivo pedagógico que conecta mundos distintos e faz da arquitetura um artefato cultural capaz de unir ancestralidade e inovação”, diz Bel Lobo.
O MAZ conta com curadoria de Fancy Baniwa, Joice Ferreira e Helena Lima
Divulgação
A exposição segue por diferentes ambientes até se encerrar nas “soluções do bem viver”, um espaço que inspira os visitantes a sonhar com o futuro da região — seja por meio das festas urbanas, que incorporam elementos futuristas e disruptivos, seja pelo encontro com atores sociais que lutam pela preservação da floresta.
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Com inauguração marcada para esta sexta, o museu tem o objetivo de mostrar as diversas amazônias que existem no território brasileiro e de outros países
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“O MAZ é narrado por uma equipe majoritariamente amazônica e evita caricaturas: conta o território pelas nossas vozes, da formação das Amazônias ao presente”, ressalta Pablo do Vale, sócio do Guá Arquitetura. O museu ainda faz parte do Porto Futuro II, que compõem o conjunto de obras realizadas pelo Governo do Pará, deixadas como legado da COP30 à Belém. “Para além da COP30, o maior legado do MAZ é a permanência. Belém ganha um equipamento cultural vivo — 900 m² de exposição permanente e 600 m² de temporárias — dedicado a refletir uma Amazônia plural, aprender com ensinamentos ancestrais e projetar futuros possíveis”, completa.
A arquitetura como percurso artístico e simbólico
Os escritórios Guá Arquitetura e be.bo. assinam o projeto do MAZ
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O que era um antigo armazém de 3.100 m² foi transformado pelos arquitetos do Guá Arquitetura e be.bo. em um espaço cultural dinâmico, distribuído em dois níveis. O térreo, com 2.000 m², concentra o percurso expositivo principal, o foyer de recepção e a loja. Já o mezanino, de 1.100 m², abriga a sala de exposição temporária, uma sala multiuso e o espaço criativo, pensado para receber ativações culturais diversas e abrigar usos flexíveis.
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“O maior desafio não foi apenas converter um armazém de 3.100 m² em museu, mas transformar em espaço a riqueza imensa da pesquisa que recebemos das curadoras. O MAZ nasce de um processo profundo de escuta, reunindo vozes de diferentes territórios e atores da Amazônia, e se consolidou como um verdadeiro ajurí — um mutirão feito a muitas mãos e mentes amazônicas”, conta Bel Lobo, sócia-fundadora be.bo.. O princípio ajurí, citado pela arquiteta, remete a mutirão, trabalho coletivo que mobiliza, organiza e cuida — uma prática muito viva nas comunidades amazônicas.
Globo de LED com projeções de Roberta Carvalho se divide entre o foyer no térreo e o primeiro andar do Museu das Amazônias
Divulgação
À exemplo de encantados como a Boiúna, a Cobra Canoa e a Cobra Grande, a cobra é uma figura central em diversas cosmovisões amazônicas, inspirando a identidade do museu e orientando muitos elementos arquitetônicos e artísticos. Bancos sinuosos na entrada, produzidos com mais de 15 espécies de madeiras amazônicas de manejo sustentável, formam um espaço de encontro e transformam o mobiliário em uma xiloteca acessível ao público. A fachada também recebe a intervenção coletiva A Serpente é um Corpo que Une Mundos, mural assinado por 16 artistas da Pan-Amazônia, enquanto o logotipo do museu foi desenvolvido pela Agência Libra e esculpido em marchetaria pelo artesão acreano Maqueson Pereira da Silva.
“A cobra nasce como metáfora, mas também como gesto fundador da narrativa do MAZ. Assim como a Cobra Canoa das cosmovisões dos povos originários, que atravessa rios, mundos e tempos, o desenho expográfico conduz o visitante em um percurso orgânico e contínuo — da formação geológica da Amazônia às complexidades contemporâneas do território. Não é apenas um traçado funcional, mas uma linha de vida que organiza e conecta”, explica Luís Guedes, sócio do Guá Arquitetura.
A experiência expositiva começa pelo foyer, ambiente de transição que prepara o visitante com paredes pintadas em geotinta avermelhada, resgatando pigmentos usados pelos povos marajoaras. O uso dessa tinta, fruto de pesquisa da Guá Arquitetura com o ateliê Mãos Caruanas, empresa de joias em cerâmica na Ilha do Marajó (PA), reforça a materialidade simbólica da construção. Elementos arquitetônicos e artísticos são carregados de significados, como o globo de LED Simbiosfera, de Roberta Carvalho, suspenso entre os dois pavimentos para simbolizar a centralidade da Amazônia no imaginário mundial.
A loja, localizada no térreo, recebe peças de mestres artesãos paraenses
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No térreo, a loja recebe peças de mestres artesãos paraenses, como a estante de Edson Rodrigues e a luminária de Ivan Leal, feita com raízes e pássaros de miriti. Já no andar superior, a exposição temporária Ajurí, que documenta a criação do museu, ocupa 500 m². O espaço criativo, de 77 m², funciona como área livre de experimentação, enquanto a sala multiuso, de 150 m², foi projetada com estrutura modular capaz de receber 130 pessoas ou se dividir em até três ambientes, reforçando a versatilidade do projeto.
Um passeio pela Amazônia
Além do projeto arquitetônico, Guá Arquitetura e be.po. assinam a expografia de uma mostra permanente prevista para julho de 2026. A exposição promoverá um passeio cronológico pela história da Amazônia, da formação geológica às perspectivas de futuro. Dividida em seis etapas, a expografia irá abordar temas como a diversidade biocultural, as tecnologias ancestrais, a relação entre abundância e floresta, e as crises ecológicas atuais.
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Ambiente feito com cortina de miriti com 1.500 pássaros no centro, que servem de apoio para projeção
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“Conceber uma narrativa que atravessa milhões de anos foi um exercício de síntese e escuta. Trabalhamos em conjunto com as três curadoras, que nos entregaram uma pesquisa extensa e rigorosa, organizada em cinco grandes eixos — da diversidade como essência até a visão de futuro expressa no bem viver. A partir desse material, buscamos traduzir em espaço não apenas uma linha do tempo, mas um organismo vivo, em que passado, presente e futuro se entrelaçam”, comenta Lola Belchi, sócia e coordenadora de projetos na be.bo..
Um dos destaques será um ambiente imersivo em forma de espiral, revestido por uma cortina de miriti. No centro, uma nuvem composta por 1.500 animais dessa fibra servirá de suporte para projeções. “O resultado é um ambiente imersivo e sensorial, em que o gesto artesanal e a arte contemporânea se entrelaçam para traduzir a abundância e a potência da Amazônia em sua dimensão mais vital: a sociobiodiversidade”, afirma Luis Guedes. Outro ambiente, o Espaço Aturá, convida o público a entrar em um grande cesto indígena baniwa, onde é possível compreender a relação entre as constelações e os ciclos de plantio e colheita na cosmovisão indígena. “Ele se torna um dispositivo pedagógico que conecta mundos distintos e faz da arquitetura um artefato cultural capaz de unir ancestralidade e inovação”, diz Bel Lobo.
O MAZ conta com curadoria de Fancy Baniwa, Joice Ferreira e Helena Lima
Divulgação
A exposição segue por diferentes ambientes até se encerrar nas “soluções do bem viver”, um espaço que inspira os visitantes a sonhar com o futuro da região — seja por meio das festas urbanas, que incorporam elementos futuristas e disruptivos, seja pelo encontro com atores sociais que lutam pela preservação da floresta.
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