Uma curiosa kokedama posicionada sobre um espelho d’água recepciona quem chega a esta casa de 611 m², a cerca de 20 minutos do centro de Belém. A localização do condomínio, no limite entre o agito urbano e a tranquilidade da floresta, convenceu um casal de empresários a erguer ali seu refúgio de fim de semana, onde podem desligar o celular e se reconectar com a família e a natureza. “Eles têm uma filha prestes a completar 18 anos, que, em breve, vai morar sozinha, por isso queriam um espaço para relaxar e curtir muito esses últimos anos morando todos juntos”, explica o arquiteto Luís Guedes, sócio de Pablo do Vale no escritório Guá Arquitetura (listado no Casa Vogue 50). Outro fato interessante é que a mãe do proprietário era de origem ribeirinha, e essa memória – mais do que especial para ele – influenciou todo o projeto.
A estrutura metálica e a escada foram executadas por JC Porpino e os cobogós são da LDArti
Filippo Bamberghi
Esta casa foi pensada como um ponto de conexões afetivas
Os arquitetos Pablo (à esq.) e Luís posam em frente à fachada, próximos à kokedama que recebe quem chega à casa
Filippo Bamberghi
As referências à região e à história dos moradores são muitas. Onipresente, a água escura lembra a dos rios amazônicos e, acompanhada por vegetação densa de folhagens volumosas, compõe um cenário similar ao das tradicionais moradias de madeira sobre palafitas. “É uma casa poética em vários sentidos, com detalhes surpreendentes distribuídos pelos ambientes, a começar pela kokedama da entrada, instalada ali como um convite para apreciar o jardim a seguir, conectado à sala”, reflete Pablo. A arquitetura, por sua vez, aparece discreta. Um volume branco explora a horizontalidade do terreno amplo, organizando áreas sociais e íntimas com vista para o verde que se multiplica no reflexo da água. “A intenção é que o protagonismo seja do jardim, dos interiores ambientados com as obras dos nossos grandes mestres e da família que convive ali dentro”, conta Luís.
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Vai construir ou reformar? Seleção Archa + Casa Vogue ajuda você a encontrar o melhor arquiteto para seu projeto
Apesar de sutil, o desenho carrega detalhes estrategicamente idealizados. Um dos pedidos dos moradores desafiou os arquitetos: eles queriam evitar o uso do ar-condicionado mesmo em uma cidade com altas temperaturas como Belém. A solução foi favorecer a ventilação natural. “A orientação da casa privilegia os ventos predominantes e incorpora técnicas de efeito chaminé, que aumentam a circulação de ar”, descreve Pablo. Além disso, a dupla projetou marquises largas e um corredor para proteger os quartos da incidência de sol e, assim, minimizar o calor. A iluminação natural também foi explorada ao máximo por meio de grandes claraboias e jardins de inverno, combinados ao uso de vidros com películas que bloqueiam 80% dos raios UV, mantendo o frescor sem escurecer os interiores.
No closet, os armários da Celmar Belém acomodam as camisas marajoaras do Atelier Dona Cruz, na companhia da poltrona Edinaldo e dos bancos de madeira, tudo do Guá Arquitetura para a Vedac, e da escultura de roda-gigante de miriti feita por artesãos de Abaetetuba, PA
Filippo Bamberghi
Rodeamos a casa com paisagismo para criar uma ligação com a natureza e pincelamos os ambiente com arte
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O paisagismo de Hana Eto Gall abraça a piscina na área externa, ambientada com cadeira de Mestre Valdiley, rede de Stive Mehinako e cadeiras de Mestre Mauro e Mestre Elivan (ao fundo, à esq.), acompanhadas do banco Guêra, do Guá Arquitetura em parceria com DaTribu e Vedac – o projeto contou com o engenheiro Márcio Barata para a consultoria do piso de concreto branco
Filippo Bamberghi
Assinado por Hana Eto Gall, o paisagismo é outro recurso usado para colaborar com o conforto térmico, criando microclimas junto à piscina e aos espelhos d’água. Além dos jardins, a profissional apostou em trepadeiras que cobrem os muros e o cubo de treliça – instalado no andar superior onde foi criado um cinema –, o que traz a sensação de estar em uma floresta tropical ao mesmo tempo em que atua como barreira contra as altas temperaturas. Entraram somente espécies nativas da Amazônia, e essa decisão vai além da mera estética: de acordo com os arquitetos, é uma atitude sustentável porque evita a introdução de plantas exógenas, respeita o bioma da região e preserva variedades adaptadas ao clima, que favorecem a biodiversidade.
Na sala de jantar, mesa Dinn, de Jader Almeida, cadeiras Sal, de Vinicius Siega, luminárias Costureira, de André Ferri, cerâmicas de Mestre Cardoso e Levy Cardoso (ao fundo, sobre o aparador), marcenaria da Celmar Belém, fotografia de Luiz Braga e telas de Emmanuel Nassar – no detalhe do living (em primeiro plano), sofá de Marcus Ferreira, da Carbono, e cerâmica do povo palicur, na Ygarapé
Filippo Bamberghi
Os beiras e o pé-direito baixo foram projetados para proteger os ambientes das chuvas intensas de Belém
O quarto leva poltrona Bo, de Giácomo Tomazzi, escultura de barco da Caroço Arte, tela do abridor de letras Biduia, ilustração da Kambô Art, fotografia de Mauricio Adinolfi e almofada da Ygarapé
Filippo Bamberghi
A escolha do mobiliário dialoga com o conceito regional da arquitetura, com destaque para peças criadas pela dupla, que se misturam às aquisições feitas em comunidades tradicionais do Pará. “Participamos de todas as etapas desse projeto, desde a estrutura até os detalhes da decoração”, afirma Luís. Na visão deles, artesanato, arte e design têm a mesma importância e, não à toa, foram igualmente valorizados. Quadros de artistas paraenses, como Pablo Mufarrej e Emmanuel Nassar, se conectam visualmente ao mural de azulejos criado por Alexandre Mancini, discípulo de Athos Bulcão. Cerâmicas, cestarias, bancos e outras peças de artesãos da região amazônica completam o acervo curado por Luís e Pablo, que definem a morada como um manifesto sobre viver em meio à natureza, arte e memória: “Trata-se de uma casa que é jardim, galeria e abrigo. Tudo ao mesmo tempo.
No living, a luz que entra por aberturas no teto ilumina painel de cumaru, mural de azulejos de Alexandre Mancini, sofá Pucon, design Luciano Mandelli para a Tidelli, com almofadas de Paulo Morelli, poltronas Ava, de Guto Indio da Costa (à esq.), e Tela, de Guilherme Wentz, da Wentz, mesa de centro Josá e bancos da coleção Andiroba, todos do Guá Arquitetura para a Vedac – telas de Pablo Mufarrej (à esq.) e Éder Oliveira, brinquedos de miriti feitos por artesãos de Abaetetuba, PA, e frutos de pupunha, buriti e cacau completam a decoração
Filippo Bamberghi
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A estrutura metálica e a escada foram executadas por JC Porpino e os cobogós são da LDArti
Filippo Bamberghi
Esta casa foi pensada como um ponto de conexões afetivas
Os arquitetos Pablo (à esq.) e Luís posam em frente à fachada, próximos à kokedama que recebe quem chega à casa
Filippo Bamberghi
As referências à região e à história dos moradores são muitas. Onipresente, a água escura lembra a dos rios amazônicos e, acompanhada por vegetação densa de folhagens volumosas, compõe um cenário similar ao das tradicionais moradias de madeira sobre palafitas. “É uma casa poética em vários sentidos, com detalhes surpreendentes distribuídos pelos ambientes, a começar pela kokedama da entrada, instalada ali como um convite para apreciar o jardim a seguir, conectado à sala”, reflete Pablo. A arquitetura, por sua vez, aparece discreta. Um volume branco explora a horizontalidade do terreno amplo, organizando áreas sociais e íntimas com vista para o verde que se multiplica no reflexo da água. “A intenção é que o protagonismo seja do jardim, dos interiores ambientados com as obras dos nossos grandes mestres e da família que convive ali dentro”, conta Luís.
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Vai construir ou reformar? Seleção Archa + Casa Vogue ajuda você a encontrar o melhor arquiteto para seu projeto
Apesar de sutil, o desenho carrega detalhes estrategicamente idealizados. Um dos pedidos dos moradores desafiou os arquitetos: eles queriam evitar o uso do ar-condicionado mesmo em uma cidade com altas temperaturas como Belém. A solução foi favorecer a ventilação natural. “A orientação da casa privilegia os ventos predominantes e incorpora técnicas de efeito chaminé, que aumentam a circulação de ar”, descreve Pablo. Além disso, a dupla projetou marquises largas e um corredor para proteger os quartos da incidência de sol e, assim, minimizar o calor. A iluminação natural também foi explorada ao máximo por meio de grandes claraboias e jardins de inverno, combinados ao uso de vidros com películas que bloqueiam 80% dos raios UV, mantendo o frescor sem escurecer os interiores.
No closet, os armários da Celmar Belém acomodam as camisas marajoaras do Atelier Dona Cruz, na companhia da poltrona Edinaldo e dos bancos de madeira, tudo do Guá Arquitetura para a Vedac, e da escultura de roda-gigante de miriti feita por artesãos de Abaetetuba, PA
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Rodeamos a casa com paisagismo para criar uma ligação com a natureza e pincelamos os ambiente com arte
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O paisagismo de Hana Eto Gall abraça a piscina na área externa, ambientada com cadeira de Mestre Valdiley, rede de Stive Mehinako e cadeiras de Mestre Mauro e Mestre Elivan (ao fundo, à esq.), acompanhadas do banco Guêra, do Guá Arquitetura em parceria com DaTribu e Vedac – o projeto contou com o engenheiro Márcio Barata para a consultoria do piso de concreto branco
Filippo Bamberghi
Assinado por Hana Eto Gall, o paisagismo é outro recurso usado para colaborar com o conforto térmico, criando microclimas junto à piscina e aos espelhos d’água. Além dos jardins, a profissional apostou em trepadeiras que cobrem os muros e o cubo de treliça – instalado no andar superior onde foi criado um cinema –, o que traz a sensação de estar em uma floresta tropical ao mesmo tempo em que atua como barreira contra as altas temperaturas. Entraram somente espécies nativas da Amazônia, e essa decisão vai além da mera estética: de acordo com os arquitetos, é uma atitude sustentável porque evita a introdução de plantas exógenas, respeita o bioma da região e preserva variedades adaptadas ao clima, que favorecem a biodiversidade.
Na sala de jantar, mesa Dinn, de Jader Almeida, cadeiras Sal, de Vinicius Siega, luminárias Costureira, de André Ferri, cerâmicas de Mestre Cardoso e Levy Cardoso (ao fundo, sobre o aparador), marcenaria da Celmar Belém, fotografia de Luiz Braga e telas de Emmanuel Nassar – no detalhe do living (em primeiro plano), sofá de Marcus Ferreira, da Carbono, e cerâmica do povo palicur, na Ygarapé
Filippo Bamberghi
Os beiras e o pé-direito baixo foram projetados para proteger os ambientes das chuvas intensas de Belém
O quarto leva poltrona Bo, de Giácomo Tomazzi, escultura de barco da Caroço Arte, tela do abridor de letras Biduia, ilustração da Kambô Art, fotografia de Mauricio Adinolfi e almofada da Ygarapé
Filippo Bamberghi
A escolha do mobiliário dialoga com o conceito regional da arquitetura, com destaque para peças criadas pela dupla, que se misturam às aquisições feitas em comunidades tradicionais do Pará. “Participamos de todas as etapas desse projeto, desde a estrutura até os detalhes da decoração”, afirma Luís. Na visão deles, artesanato, arte e design têm a mesma importância e, não à toa, foram igualmente valorizados. Quadros de artistas paraenses, como Pablo Mufarrej e Emmanuel Nassar, se conectam visualmente ao mural de azulejos criado por Alexandre Mancini, discípulo de Athos Bulcão. Cerâmicas, cestarias, bancos e outras peças de artesãos da região amazônica completam o acervo curado por Luís e Pablo, que definem a morada como um manifesto sobre viver em meio à natureza, arte e memória: “Trata-se de uma casa que é jardim, galeria e abrigo. Tudo ao mesmo tempo.
No living, a luz que entra por aberturas no teto ilumina painel de cumaru, mural de azulejos de Alexandre Mancini, sofá Pucon, design Luciano Mandelli para a Tidelli, com almofadas de Paulo Morelli, poltronas Ava, de Guto Indio da Costa (à esq.), e Tela, de Guilherme Wentz, da Wentz, mesa de centro Josá e bancos da coleção Andiroba, todos do Guá Arquitetura para a Vedac – telas de Pablo Mufarrej (à esq.) e Éder Oliveira, brinquedos de miriti feitos por artesãos de Abaetetuba, PA, e frutos de pupunha, buriti e cacau completam a decoração
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