15 arquitetos africanos que estão moldando o futuro unindo tradição e inovação

A arquitetura africana é um espelho da diversidade do continente — rica em cultura, história e conexão com o meio ambiente. Em mais de 50 países, renomados arquitetos estão rompendo padrões, resgatando saberes ancestrais e propondo soluções modernas que respeitam o território, o clima e as comunidades locais.
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Não por acaso, a África foi destaque na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2023, reafirmando sua importância no cenário global. Com isso em mente, reunimos 15 arquitetos que traduzem essa potência em importantes projetos. Conheça:
1. Diébédo Francis Kéré (Burkina Faso)
O arquiteto Francis Kéré e o campus da Startup Lion, no Quênia, um dos seus projetos mais recentes
Retrato: Astrid Eckert/Wikimedia Commons | Projeto: Instagram/@kerearchitecture/Aga Khan Trust for Culture/Christopher Wilton-Steer/Reprodução
Nascido em 1965 em Gando, Burkina Faso, Diébédo Francis Kéré foi o primeiro da sua aldeia a frequentar a escola. Estudou Arquitetura em Berlim, Alemanha, e fundou o escritório Kéré Architecture. Seu trabalho é marcado pelo uso de materiais locais e pela participação comunitária.
Em 2022, foi o primeiro africano a vencer o Prêmio Pritzker, por sua abordagem social e sustentável, com destaque para a Escola Primária de Gando. Recentemente, também foi anunciado como autor do projeto da Biblioteca do Saber, na Região Portuária do Rio de Janeiro.
2. Demas Nwoko (Nigéria)
Dominican Chapel, na Nigéria, foi um dos primeiros grandes projetos do arquiteto Demas Nwo
Projeto: Instagram/@archidatum/Divulgação | Retrato: Instagram/@demas_nwoko_film/Divulgação
Nascido em 1935, Demas Nwoko é uma figura singular na cultura nigeriana — arquiteto, artista plástico, cenógrafo e pensador. Formado em Artes na Universidade de Ibadan, ele desenvolveu uma abordagem arquitetônica profundamente enraizada na estética africana, combinando técnicas tradicionais com soluções modernas.
Seus edifícios, como o Centro Cultural de Ibadan, são marcados por formas orgânicas, uso de materiais locais e uma filosofia que valoriza a identidade africana como base para o desenvolvimento urbano. Demas também é um crítico da arquitetura colonial e defensor de uma linguagem arquitetônica autêntica, que reflita os valores e o clima do continente.
3. David Adjaye (Gana-Reino Unido)
O arquiteto David Adjaye e, ao lado, o edifício do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana (National Museum of African American History and Culture – NMAAHC), em Washington (EUA)
Retrato: Garagemca/Wikimedia Commons | Projeto: Frank Schulenburg/Wikimedia Commons
Filho de diplomatas ganeses, David Adjaye nasceu em 1966 e cresceu em vários países antes de se estabelecer no Reino Unido. Formado pela London South Bank University e pela Royal College of Art, tornou-se um dos arquitetos mais influentes do mundo.
O edifício do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana (National Museum of African American History and Culture – NMAAHC), em Washington (EUA) foi concebido por David Adjaye
Frank Schulenburg/Wikimedia Commons
Seu projeto mais emblemático é o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana em Washington, Estados Unidos, o qual celebra a identidade negra com força simbólica e estética. Seu trabalho é profundamente conceitual e orientado por narrativas e sua linguagem arquitetônica explora memória, história e forma, dialogando frequentemente com a diáspora africana.
4. Mariam Kamara (Níger)
A arquiteta Mariam Kamara e, ao lado, o complexo religioso e secular de Hikma, no Níger, transformado para unir espiritualidade e educação
Retrato: Mariam Kamara/Wikimedia Commons | Projeto: Instagram/@cpdi_africa/Divulgação
Nascida em St. Etienne, França, em 1979 e criada no Níger, Kamara é engenheira de formação e migrou para a arquitetura com o desejo de transformar espaços urbanos. Fundou o Atelier Masomi e trabalha com projetos que valorizam a cultura local, especialmente em contextos de escassez. Seu trabalho busca empoderar comunidades por meio de espaços públicos e educacionais acessíveis e dignos.
5. Kunlé Adeyemi (Nigéria)
Mansa Floating Music Hub é a quarta iteração do sistema Makoko Floating System. Leve, pré-fabricada e modular, é uma plataforma cultural e criativa localizada na bela baía do Mindelo, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. Ao lado, o arquiteto Kunlé Adeyemi
Projeto e retrato: Instagram/@nleworks/Divulgação
Nascido em 1976, o arquiteto e urbanista Kunlé Adeyemi é conhecido por sua Escola Flutuante de Makoko, em Lagos — uma resposta criativa à vulnerabilidade das comunidades ribeirinhas que deu origem ao sistema Makoko Floating System (MFS™), uma solução pré-fabricada para construções sobre a água, já implementada em cinco países de três continentes. Fundador do escritório NLÉ, ele explora soluções arquitetônicas para cidades em transformação, com foco em sustentabilidade, infraestrutura e inclusão social.
6. Aziza Chaouni (Marrocos)
A arquiteta Aziza Chaouni e, ao lado, a casa de blocos de terra antissísmica na região de Haouz
Retrato e projeto: Instagram/@azizachaouniprojects/Divulgação
Arquiteta, urbanista e professora, Aziza Chaouni é conhecida por seu trabalho de revitalização urbana e ambiental, como o projeto de reabilitação do Rio Fez, no Marrocos. Ela combina técnicas sustentáveis com preservação histórica, criando espaços que respeitam o patrimônio e servem às comunidades locais.
7. Peter Rich (África do Sul)
O arquiteto Peter Rich e, ao lado, o projeto Gheralta Lodge, na Etiópia. Trata-se de um alojamento boutique que usa a tecnologia sustentável de telhas de terra clara para criar estruturas abobadadas de timbrel revestidas com pedra localde
Retrato e projeto: Instagram/@peter.rich.architects/Divulgação
Veterano da arquitetura sul-africana, Peter Rich é reconhecido por integrar saberes indígenas em projetos contemporâneos. Seu Mapungubwe Interpretation Centre é um exemplo de como técnicas tradicionais podem dialogar com formas modernas, promovendo identidade e sustentabilidade.
8. Mphethi Morojele (África do Sul)
O arquiteto Mphethi Morojele e, ao lado, o seu projeto da escola Kigutu International Academy, em Burundi
Retrato e projeto: Instagram/@mphethiarchitect/Divulgação
Fundador da MMA Architects, Mphethi Morojele atua na reconstrução simbólica da África do Sul pós-apartheid. Seus projetos buscam refletir a diversidade cultural e promover inclusão, com destaque para habitações sociais e espaços públicos que estimulam o pertencimento.
9. Dominique Petit-Frère (Gana)
A arquiteta Dominique Petit-Frère e, ao lado, a instalação do Pavilhão Duho, projetado pelo escritório Limbo Accra, com curadoria de Keshav Anand
Retrato: Instagram/@limbomuseum/Divulgação | Projeto: Instagram/@limboaccra/Divulgação
Fundadora do estúdio Limbo Accra, Dominique Petit-Frère é uma arquiteta e urbanista que trabalha entre a Gana e os Estados Unidos. Seu trabalho é dedicado a transformar projetos de construção inacabados em novas oportunidades. Com uma abordagem crítica e colaborativa, Dominique propõe intervenções que misturam arte, arquitetura e ativismo, buscando reconfigurar o imaginário urbano de Acra e outras cidades africanas.
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10. Koffi & Diabaté Architectes (Costa do Marfim)
Os arquitetos Guillaume Koffi e Issa Diabaté. Ao lado, um dos projetos residenciais assinado pela dupla
Retrato e projeto: Instagram/@koffidiabate_architectes/Divulgação
Dupla de arquitetos que lidera um dos escritórios mais inovadores da África. Seus projetos combinam estética contemporânea com consciência ecológica, como o Pavilhão de Bambu, na Costa do Marfim. São defensores da arquitetura como ferramenta de transformação urbana e social.
11. Alexandre Costa Lopes (Angola)
O arquiteto Alexandre Costa Lopes. Ao lado, os projetos Coqueiros e Hexa, em Luanda(Angola), assinados por ele
Retrato: Instagram/@costalopes_architects/Divulgação | Projetos: Instagram/@alexandre_costa_lopes/Divulgação
Arquiteto com forte atuação em projetos institucionais e culturais. Seu trabalho mistura influências modernistas com elementos africanos, como no Museu da Moeda, em Luanda. Alexandre contribui para a construção de uma identidade arquitetônica angolana pós-independência.
12. Tosin Oshinowo (Nigéria)
Com fachada de alumínio corrugado, a loja da Adidas, em Lagos, é assinada pela arquiteta Tosin Oshinowo
Projeto e retrato: Instagram/@tosin.oshinowo/Divulgação
Nascida em 1980, a arquiteta e designer é uma das principais vozes do design africano contemporâneo, criando edifícios ousados e expressivos que equilibram inovação com identidade local. Ela também é reconhecida por sua abordagem ligada à moda e por projetos que celebram a cultura Yorubá e projetos de regeneração urbana como o Maryland Mall, em Lagos.
13. Joe Osae-Addo (Gana)
Casa em Gana, assinada pelo arquiteto Joe Osae-Addo (foto ao lado), feita em madeira e blocos de lama de adobe
Projeto: Instagram/@disegnocentrale/Divulgação | Retrato: Instagram/@achimotaschool/Divulgação
É conhecido por integrar práticas sustentáveis à arquitetura africana contemporânea, valorizando materiais locais e técnicas tradicionais em projetos que dialogam com o meio ambiente e a cultura.
14. Mokena Makeka (África do Sul)
O arquiteto Mokena Makeka. Ao lado, o Thusong Civic Center, na Cidade do Cabo, África do Sul, com arquitetura simples e sustentável que proporciona sensação de permanência em uma região onde tudo aparece transitório
Retrato: Instagram/@ordrearchici/Divulgação | Projeto: Instagram/@chicagoarchitecturebiennial/Divulgação
Mokena Makeka é um arquiteto e estrategista de design premiado internacionalmente, com atuação destacada nas áreas de urbanização, arquitetura, branding e design de interiores. Fundador do escritório DESIGNWORKS, Makeka consolidou sua reputação ao longo de quase duas décadas de projetos premiados. Atualmente, lidera uma consultoria global de design estratégico voltada para transformar o mundo de forma rápida e inclusiva por meio da criatividade e da excelência no design.
15. Blossom Eromosele (Nigéria)
O projeto AllSpace de habitação modular foi criado pela arquiteta nigeriana Blossom Eromosele (à direita)
Projeto e retrato: Swarovski Foundation/Divulgação
Um talento em ascensão, Blossom Eromosele representa uma nova geração de arquitetas que exploram identidade, funcionalidade e inclusão, com foco em soluções criativas para os desafios urbanos africanos.
Seu trabalho tem ganhado destaque internacional principalmente por meio do projeto AllSpace — desenvolvido como parte do programa Creatives for Our Future, promovido pela Swarovski Foundation —, uma proposta de habitação modular sustentável voltada para campos de refugiados, inspirada na arquitetura tradicional africana.

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