Quando o oligarca Henry Morrison Flagler (1830-1913) chegou a St. Augustine pela primeira vez, detestou o lugar. Sua primeira esposa, Mary Park, sofria de problemas respiratórios — provavelmente tuberculose — e os médicos da época recomendavam banhos de sol como parte do tratamento. E que lugar melhor nos Estados Unidos do que o ensolarado estado da Flórida?
Após dias conturbados de viagem e diante das opções precárias de hospedagem, o casal permaneceu apenas 14 horas na cidade litorânea antes de regressar a Nova York. Poucos meses depois, Mary faleceu, e foi somente ao lado de sua segunda esposa, Ida Alice, que Flagler retornou a St. Augustine, em 1883.
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Em seu diário, ele escreveu: “Vou construir um hotel em que eu gostaria de ficar e uma ferrovia que traga pessoas até o meu hotel”. A essa altura, ele e o sócio John D. Rockefeller, fundadores da refinaria Standard Oil, já figuravam entre os homens mais ricos do mundo.
Até então, a malha ferroviária estadunidense chegava apenas até Jacksonville, no nordeste da Flórida, a 67 km de St. Augustine. “O problema era o trem. Cada linha tinha uma bitola diferente, então os vagões de uma empresa não serviam nos trilhos da outra. Flagler padronizou e expandiu a linha de Jacksonville para o sul da Flórida”, explica a historiadora Leslee F. Keys.
Henry Flagler na inauguração da ferrovia Overseas Railroad que ligava Miami a Key West, em janeiro de 1908
Flagler Museum/Divulgação
No século 19, a região contava com um sistema simples de concessão de terras: para cada milha de ferrovia construída, o investidor receberia oito mil acres. Assim, em abril de 1894, Flagler estava no primeiro trem a chegar em Palm Beach, cidade litorânea ao sul do estado, hoje reduto de bilionários.
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Em seguida, o oligarca foi convencido por Julia Tuttle, uma viúva que possuía 600 acres em Fort Dallas, ainda mais ao sul da Flórida, a estender a ferrovia até lá, em troca de metade de suas terras. “Assim surgiu Miami. O nome foi sugerido por Flagler em referência ao rio [batizado de Mayaimi pelos povos indígenas da região], em vez de Flagler City, como os moradores queriam”, diz David Carson, diretor de relações públicas do Flagler Museum, localizado em Palm Beach.
Dos vagões às estadias
A primeira empreitada hoteleira de Flagler no estado foi o Hotel Ponce de León, inaugurado em 1888, em St. Augustine, projetado pelos arquitetos estadunidenses John Carrère e Thomas Hastings, recém-formados na École des Beaux-Arts, em Paris. “Era voltado à elite. Hoje, a estadia custaria cerca de 100 mil dólares por pessoa para a temporada”, compara Tia Smith, guia do Flagler College, instituição de ensino que agora ocupa o imóvel histórico.
No skyline de St. Augutine, destacam-se ao fundo os castelos de inverno de Flagler, incluindo o Lightner Museum, antigo Hotel Alcazar, e o Flagler College, antigo Hotel Ponde de León
FloridasHistoricCoast.com/Divulgação
Graças às conexões influentes, o estabelecimento foi um dos primeiros edifícios dos EUA a ter eletricidade, executada por Thomas Edison — três anos antes da Casa Branca. Outra curiosidade é que no salão de jantar do complexo encontra-se a maior coleção de vitrais do artista Louis Comfort Tiffany no mundo.
O antigo Hotel Ponce de León, inaugurado em 1888, hoje é ocupado pela instituição de ensino Flagler Colleger
FloridasHistoricCoast.com/Divulgação
Mas Flagler não estava isento de competição! Do outro lado da rua, o autodidata Franklin W. Smith inaugurou na mesma época o Casa Mônica Hotel, um edifício de concreto e coquina em estilo mourisco-espanhol, pioneiro para a época. Contudo, logo após a inauguração, Smith enfrentou dificuldades financeiras e vendeu o complexol, com todo o mobiliário, para Flagler, que o rebatizou de Hotel Cordova.
Museu Lightner em St. Augustine, Flórida, nos Estados Unidos. O museu está instalado no antigo Hotel Alcazar
FloridasHistoricCoast.com/Divulgação
Pouco depois, o magnata iniciou a construção de outro edifício monumental na vizinhança — o Hotel Alcazar, projetado por Carrère & Hastings. Inspirado nos banhos públicos europeus, o Alcazar abrigava um complexo de lazer sem precedentes, com piscinas termais, ginásio, boliche, pista de patinação e jardins internos. O hotel encerrou suas atividades em 1932 e, anos depois, foi adquirido pelo colecionador Otto C. Lightner, que o transformou no atual Lightner Museum, dedicado às artes decorativas e à história americana.
Entre os três grandes empreendimentos na King Street — o Ponce de León, o Alcazar e o Casa Mônica — apenas este último continua operando como hotel, preservando o espírito da hospitalidade que marcou o nascimento de St. Augustine como destino de luxo no final do século 19.
Luxo à beira-mar
Em 1984, às margens do Lake Worth Lagoon em Palm Beach, o Hotel Royal Poinciana foi inaugurado como o maior hotel de madeira do mundo à época, ocupando uma área de 64 mil m², com mais de mil quartos e capacidade para até 2 mil hóspedes. Em estilo vitoriano, suas extensas varandas, amplos jardins e decoração exuberante simbolizavam o glamour da virada do século 19 para o 20.
Inaugurado em 1984, hoje não há qualquer resquício do Hotel Royal Poinciana em Palm Beach, na Flórida
Flagler Museum/Divulgação
O sucesso foi tamanho que, em 1896, Flagler decidiu construir um segundo hotel à beira-mar — o Palm Beach Inn, destinado aos hóspedes que preferiam a vista do oceano. Logo, ele passaria a ser chamado de The Breakers, devido ao som das ondas quebrando na costa.
“O The Breakers que temos hoje é, na verdade, a terceira versão desse hotel. O Palm Beach Inn queimou em 1903, foi reconstruído e passou a se chamar Breakers nº 2. Após a morte de Flagler em 1913, o hotel queimou novamente em 1925. O cunhado de Flagler, William Rand Kenan Jr., assumiu a empresa Flagler System (que geria tanto a ferrovia Florida East Coast Railway quanto a rede Florida East Coast Hotel Company) e reconstruiu o hotel, criando o edifício que existe hoje”, conta David.
O resort The Breakers é a terceira versão de um hotel de Flagler em Palm Beach
The Breakers Palm Beach/Divulgação
Enquanto o Hotel Royal Poinciana encerrou suas atividades durante a Grande Depressão e entrou em progressivo declínio até ser completamente demolido em 1935; o The Breakers permanece um ícone de luxo e tradição. Reconstruído em 1926 no estilo renascentista italiano, inspirado nos palácios de Gênova e Roma, na Itália, o hotel combina arquitetura imponente, serviço impecável e exclusividade.
O vagão do trem que chegou a Key West, parte do acervo do Flagler Museum
Miami Herald/GettyImages
A ambição de Flagler, porém, ultrapassava os limites da hotelaria. Em 1902, os arquitetos Carrère e Hastings foram convidados a projetar Whitehall, mansão presenteada à sua terceira esposa, Mary Lily Kenan. Hoje, a residência é a sede do Flagler Museum, fundado pela sua sobrinha-neta, Jean Flagler Matthews. “Construímos um anexo em fevereiro de 2005 para abrigar e proteger o vagão ferroviário pessoal de Flagler de 1886, o item mais antigo do acervo”, completa.
Rumo ao paraíso
Em 1904, quando os Estados Unidos assumiram a construção do Canal do Panamá, Flagler vislumbrou uma oportunidade: no extremo sul do estado, no arquipélago Florida Keys, a cidade de Key West poderia ter o primeiro porto para os navios vindos da Califórnia.
Sobre o mar da ilha Bahia Honda State Park, no arquipélago de Florida Keys, paira um trecho da ponte Old Seven Mile Bridge, parte da antiga ferrovia Overseas Railroad, que ligava Miami a KeyWest, uma empreitada de Henry Flager. Após um furacão intenso em 1935, ela foi restaurada e convertida em rodovia de asfalto, inaugurada três anos depois. Em 1982, foi “espelhada” em uma construção paralela, deixando a estrutura original em desuso
Paulo Costa/Istock/Getty Images
No ano seguinte, iniciaram-se os sete anos de obras da ferrovia Overseas Railroad, enfrentando manguezais instáveis, longos trechos de mar aberto, quatro furacões devastadores e duras condições de trabalho, que custaram a vida de centenas de operários.
“Seus engenheiros disseram: ‘Key West é uma rocha no meio do nada, no meio do oceano’. Todos tentaram dissuadi-lo. Mas, em toda sua vida, Henry acreditou que trabalhar em uma ideia não levaria a lugar nenhum… Comece, e veja no que dá. Quando encontrar um problema, encontre uma solução e enfrente”, conta C.T, guia turística de Pigeon Key, pequena ilha que serviu de apoio para a construção da ferrovia.
A ilha Pigeon Key serviu de apoio para a construção da Seven Mile Bridge e da Old Bahia Honda Bridge
Divulgação
Localizada sob o trecho conhecido como Seven Mile Bridge – ponte com cerca de 11 km de extensão sobre o mar, a ilha abrigava os alojamentos, as oficinas e os depósitos usados pelos cerca de 400 operários que trabalhavam na obra. Além de moradia temporária, o local contava com refeitório, escola, enfermaria e escritórios administrativos, formando uma verdadeira vila ferroviária em meio ao mar.
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Finalmente, em 22 de janeiro de 1912, Flagler chegou de trem a Key West em seu vagão pessoal, recebido com festa por mais de 10 mil pessoas. “Ele havia ligado a cidade ao resto do país. O objetivo original de atrair o comércio marítimo não se concretizou, pois os navios seguiram para Nova York e Nova Orleans, mas o turismo prosperou”, pontua David.
O hotel Casa Marina, em Key West, só foi inaugurado em 1920, após a morte de Henry Flagler
Divulgação
Para fincar bandeira no território ensolarado, seu último grande projeto não poderia deixar de ser uma hospedagem: o Hotel Casa Marina, inaugurado em 1920, após sua morte, sob a direção de sua empresa.
“Henry Flagler não apenas construiu ferrovias e hotéis: ele moldou o turismo moderno da Flórida”, conclui Leslee.
*A jornalista viajou a convite do Visit Florida
Após dias conturbados de viagem e diante das opções precárias de hospedagem, o casal permaneceu apenas 14 horas na cidade litorânea antes de regressar a Nova York. Poucos meses depois, Mary faleceu, e foi somente ao lado de sua segunda esposa, Ida Alice, que Flagler retornou a St. Augustine, em 1883.
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Em seu diário, ele escreveu: “Vou construir um hotel em que eu gostaria de ficar e uma ferrovia que traga pessoas até o meu hotel”. A essa altura, ele e o sócio John D. Rockefeller, fundadores da refinaria Standard Oil, já figuravam entre os homens mais ricos do mundo.
Até então, a malha ferroviária estadunidense chegava apenas até Jacksonville, no nordeste da Flórida, a 67 km de St. Augustine. “O problema era o trem. Cada linha tinha uma bitola diferente, então os vagões de uma empresa não serviam nos trilhos da outra. Flagler padronizou e expandiu a linha de Jacksonville para o sul da Flórida”, explica a historiadora Leslee F. Keys.
Henry Flagler na inauguração da ferrovia Overseas Railroad que ligava Miami a Key West, em janeiro de 1908
Flagler Museum/Divulgação
No século 19, a região contava com um sistema simples de concessão de terras: para cada milha de ferrovia construída, o investidor receberia oito mil acres. Assim, em abril de 1894, Flagler estava no primeiro trem a chegar em Palm Beach, cidade litorânea ao sul do estado, hoje reduto de bilionários.
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Em seguida, o oligarca foi convencido por Julia Tuttle, uma viúva que possuía 600 acres em Fort Dallas, ainda mais ao sul da Flórida, a estender a ferrovia até lá, em troca de metade de suas terras. “Assim surgiu Miami. O nome foi sugerido por Flagler em referência ao rio [batizado de Mayaimi pelos povos indígenas da região], em vez de Flagler City, como os moradores queriam”, diz David Carson, diretor de relações públicas do Flagler Museum, localizado em Palm Beach.
Dos vagões às estadias
A primeira empreitada hoteleira de Flagler no estado foi o Hotel Ponce de León, inaugurado em 1888, em St. Augustine, projetado pelos arquitetos estadunidenses John Carrère e Thomas Hastings, recém-formados na École des Beaux-Arts, em Paris. “Era voltado à elite. Hoje, a estadia custaria cerca de 100 mil dólares por pessoa para a temporada”, compara Tia Smith, guia do Flagler College, instituição de ensino que agora ocupa o imóvel histórico.
No skyline de St. Augutine, destacam-se ao fundo os castelos de inverno de Flagler, incluindo o Lightner Museum, antigo Hotel Alcazar, e o Flagler College, antigo Hotel Ponde de León
FloridasHistoricCoast.com/Divulgação
Graças às conexões influentes, o estabelecimento foi um dos primeiros edifícios dos EUA a ter eletricidade, executada por Thomas Edison — três anos antes da Casa Branca. Outra curiosidade é que no salão de jantar do complexo encontra-se a maior coleção de vitrais do artista Louis Comfort Tiffany no mundo.
O antigo Hotel Ponce de León, inaugurado em 1888, hoje é ocupado pela instituição de ensino Flagler Colleger
FloridasHistoricCoast.com/Divulgação
Mas Flagler não estava isento de competição! Do outro lado da rua, o autodidata Franklin W. Smith inaugurou na mesma época o Casa Mônica Hotel, um edifício de concreto e coquina em estilo mourisco-espanhol, pioneiro para a época. Contudo, logo após a inauguração, Smith enfrentou dificuldades financeiras e vendeu o complexol, com todo o mobiliário, para Flagler, que o rebatizou de Hotel Cordova.
Museu Lightner em St. Augustine, Flórida, nos Estados Unidos. O museu está instalado no antigo Hotel Alcazar
FloridasHistoricCoast.com/Divulgação
Pouco depois, o magnata iniciou a construção de outro edifício monumental na vizinhança — o Hotel Alcazar, projetado por Carrère & Hastings. Inspirado nos banhos públicos europeus, o Alcazar abrigava um complexo de lazer sem precedentes, com piscinas termais, ginásio, boliche, pista de patinação e jardins internos. O hotel encerrou suas atividades em 1932 e, anos depois, foi adquirido pelo colecionador Otto C. Lightner, que o transformou no atual Lightner Museum, dedicado às artes decorativas e à história americana.
Entre os três grandes empreendimentos na King Street — o Ponce de León, o Alcazar e o Casa Mônica — apenas este último continua operando como hotel, preservando o espírito da hospitalidade que marcou o nascimento de St. Augustine como destino de luxo no final do século 19.
Luxo à beira-mar
Em 1984, às margens do Lake Worth Lagoon em Palm Beach, o Hotel Royal Poinciana foi inaugurado como o maior hotel de madeira do mundo à época, ocupando uma área de 64 mil m², com mais de mil quartos e capacidade para até 2 mil hóspedes. Em estilo vitoriano, suas extensas varandas, amplos jardins e decoração exuberante simbolizavam o glamour da virada do século 19 para o 20.
Inaugurado em 1984, hoje não há qualquer resquício do Hotel Royal Poinciana em Palm Beach, na Flórida
Flagler Museum/Divulgação
O sucesso foi tamanho que, em 1896, Flagler decidiu construir um segundo hotel à beira-mar — o Palm Beach Inn, destinado aos hóspedes que preferiam a vista do oceano. Logo, ele passaria a ser chamado de The Breakers, devido ao som das ondas quebrando na costa.
“O The Breakers que temos hoje é, na verdade, a terceira versão desse hotel. O Palm Beach Inn queimou em 1903, foi reconstruído e passou a se chamar Breakers nº 2. Após a morte de Flagler em 1913, o hotel queimou novamente em 1925. O cunhado de Flagler, William Rand Kenan Jr., assumiu a empresa Flagler System (que geria tanto a ferrovia Florida East Coast Railway quanto a rede Florida East Coast Hotel Company) e reconstruiu o hotel, criando o edifício que existe hoje”, conta David.
O resort The Breakers é a terceira versão de um hotel de Flagler em Palm Beach
The Breakers Palm Beach/Divulgação
Enquanto o Hotel Royal Poinciana encerrou suas atividades durante a Grande Depressão e entrou em progressivo declínio até ser completamente demolido em 1935; o The Breakers permanece um ícone de luxo e tradição. Reconstruído em 1926 no estilo renascentista italiano, inspirado nos palácios de Gênova e Roma, na Itália, o hotel combina arquitetura imponente, serviço impecável e exclusividade.
O vagão do trem que chegou a Key West, parte do acervo do Flagler Museum
Miami Herald/GettyImages
A ambição de Flagler, porém, ultrapassava os limites da hotelaria. Em 1902, os arquitetos Carrère e Hastings foram convidados a projetar Whitehall, mansão presenteada à sua terceira esposa, Mary Lily Kenan. Hoje, a residência é a sede do Flagler Museum, fundado pela sua sobrinha-neta, Jean Flagler Matthews. “Construímos um anexo em fevereiro de 2005 para abrigar e proteger o vagão ferroviário pessoal de Flagler de 1886, o item mais antigo do acervo”, completa.
Rumo ao paraíso
Em 1904, quando os Estados Unidos assumiram a construção do Canal do Panamá, Flagler vislumbrou uma oportunidade: no extremo sul do estado, no arquipélago Florida Keys, a cidade de Key West poderia ter o primeiro porto para os navios vindos da Califórnia.
Sobre o mar da ilha Bahia Honda State Park, no arquipélago de Florida Keys, paira um trecho da ponte Old Seven Mile Bridge, parte da antiga ferrovia Overseas Railroad, que ligava Miami a KeyWest, uma empreitada de Henry Flager. Após um furacão intenso em 1935, ela foi restaurada e convertida em rodovia de asfalto, inaugurada três anos depois. Em 1982, foi “espelhada” em uma construção paralela, deixando a estrutura original em desuso
Paulo Costa/Istock/Getty Images
No ano seguinte, iniciaram-se os sete anos de obras da ferrovia Overseas Railroad, enfrentando manguezais instáveis, longos trechos de mar aberto, quatro furacões devastadores e duras condições de trabalho, que custaram a vida de centenas de operários.
“Seus engenheiros disseram: ‘Key West é uma rocha no meio do nada, no meio do oceano’. Todos tentaram dissuadi-lo. Mas, em toda sua vida, Henry acreditou que trabalhar em uma ideia não levaria a lugar nenhum… Comece, e veja no que dá. Quando encontrar um problema, encontre uma solução e enfrente”, conta C.T, guia turística de Pigeon Key, pequena ilha que serviu de apoio para a construção da ferrovia.
A ilha Pigeon Key serviu de apoio para a construção da Seven Mile Bridge e da Old Bahia Honda Bridge
Divulgação
Localizada sob o trecho conhecido como Seven Mile Bridge – ponte com cerca de 11 km de extensão sobre o mar, a ilha abrigava os alojamentos, as oficinas e os depósitos usados pelos cerca de 400 operários que trabalhavam na obra. Além de moradia temporária, o local contava com refeitório, escola, enfermaria e escritórios administrativos, formando uma verdadeira vila ferroviária em meio ao mar.
Leia mais
Finalmente, em 22 de janeiro de 1912, Flagler chegou de trem a Key West em seu vagão pessoal, recebido com festa por mais de 10 mil pessoas. “Ele havia ligado a cidade ao resto do país. O objetivo original de atrair o comércio marítimo não se concretizou, pois os navios seguiram para Nova York e Nova Orleans, mas o turismo prosperou”, pontua David.
O hotel Casa Marina, em Key West, só foi inaugurado em 1920, após a morte de Henry Flagler
Divulgação
Para fincar bandeira no território ensolarado, seu último grande projeto não poderia deixar de ser uma hospedagem: o Hotel Casa Marina, inaugurado em 1920, após sua morte, sob a direção de sua empresa.
“Henry Flagler não apenas construiu ferrovias e hotéis: ele moldou o turismo moderno da Flórida”, conclui Leslee.
*A jornalista viajou a convite do Visit Florida