O futuro do design ancestral: a ascensão de Danilo Reis

Para ser contemporâneo, não é preciso abandonar as tradições nem negar o fazer artesanal. A verdadeira modernidade talvez esteja justamente em quem entende que inovar também é preservar. É o que faz o designer e artista mineiro Danilo Reis, que transforma o design ancestral em linguagem contemporânea, unindo tempo, matéria e espiritualidade em uma mesma respiração.
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Entre os dias 27 de setembro e 5 de outubro de 2025, Danilo apresentou a série Ascensão na Vienna Design Week, na Áustria, tornando-se o primeiro designer negro brasileiro a participar do evento. Mais do que ocupar um espaço internacional, ele o ressignificou.
Suas obras não buscam a perfeição técnica ou o brilho do novo: elas buscam o sentido. Madeira, ferro, pedra e cerâmica se encontram em um diálogo silencioso, onde cada elemento carrega o peso simbólico da memória e a leveza da fé.
O artista e designer Danilo Reis
Mollica/Divulgação
No texto curatorial da exposição, ele escreveu: “Coloco na categoria de ancestrais a madeira, as pedras e outros materiais que formam minha obra, incorporando uma dimensão ritualística e intuitiva das trocas entre corpos e objetos”. É um olhar que devolve espiritualidade ao fazer e humanidade ao design. Danilo transforma o ato de projetar em gesto, o gesto em oração, e a oração em matéria.
Seu trabalho é, ao mesmo tempo, resistência e reinvenção. Ele desafia a ideia de que o design precisa ser neutro, tecnológico ou distante da natureza. Ao contrário, seu processo é visceral: nasce da escuta, do tempo, da relação com o chão e com o corpo. Ao propor um design que valoriza o gesto e o simbólico, Danilo subverte a lógica do consumo e oferece outro tipo de luxo: o da ancestralidade e da presença.
O designer Danilo Reis em performance de peças da série Ascensão
Cat Tenório/Divulgação | Montagem: Casa e Jardim
O futuro do design não está na velocidade, nem nas máquinas. Está na memória e na força das mãos que moldam. Está nas histórias transmitidas por gerações, na madeira que ainda pulsa, no barro que guarda o calor do fogo. O design ancestral de Danilo Reis não é um retorno ao passado, é um avanço que aponta para o que sempre foi essencial: a fé, o tempo e o toque humano.
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O futuro do design é ancestral porque é sensível, espiritual e profundamente brasileiro. Criar, como faz Danilo, é lembrar que o que vem antes nunca desaparece, apenas se transforma.

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