A família de marceneiros que conquistou Emmanuel Macron: “Nosso estilo inconfundível exige centenas de horas de trabalho”

Marilyn Monroe costumava dizer que “a carreira se constrói em público, mas o talento, na vida privada”. Uma frase que ecoa a centenas de quilômetros (e anos) da ambição loira, levando-nos à Bélgica do século XIX — época em que Jean-Joseph Chapuis, renomado mestre marceneiro da corte de Bruxelas, iniciava uma trajetória que hoje ainda é perpetuada por sua sétima geração.
Muitos anos depois, Jean-Baptiste Chapuis e seus filhos lideram uma equipe de mestres apaixonados pelas técnicas tradicionais, com um objetivo universal: preservar o legado, manter vivas as tradições e projetar o savoir faire de seus antepassados sem abrir mão da constante inovação.
A prova disso está nas reformas de ícones franceses como o Palácio do Eliseu, onde nem mesmo Emmanuel Macron conseguiu resistir à abordagem dos Chapuis e à sua capacidade de inovar.
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Ateliers Jean-Baptiste Chapuis: a arte de reinventar a memória à francesa
Hôtel de Lauzun, na Île Saint-Louis (Paris)
@ Cortesia do Ateliers Chapuis
Da marcenaria à ornamentação e ao douramento da madeira, o Ateliers Chapuis são especializados na restauração de móveis dos séculos XVII, XVIII e XIX, assim como na recuperação de madeiras nobres em monumentos históricos e residências antigas — abrangendo desde painéis de madeira até pisos de parquet e esculturas, entre outras proezas.
Nomes que representam o design e a fabricação sob medida de estruturas tradicionais, além de estilos modernos que se adaptam às arquiteturas mais contemporâneas. Reconhecida como Empresa do Patrimônio Vivo em 2007, sua expertise é celebrada na França e em todo o mundo, com uma trajetória que inclui coleções para Yves Saint Laurent, design de mobiliário para o Victoria & Albert Museum de Londres e, especialmente, a restauração dos principais edifícios públicos franceses.
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A família Chapuis junto a Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu
@ Cortesia do Ateliers Chapuis
“Nosso antepassado, Jean-Joseph Chapuis, trabalhou para a coroa francesa”, conta à AD España Damien Chapuis, diretor de desenvolvimento comercial do Ateliers Jean-Baptiste Chapuis. “Ele se definia como um ‘marceneiro mecânico’, porque gostava de criar móveis engenhosos, que se desdobram e se transformam. Conservamos em nosso ateliê uma mesa de jogos excepcional, que oferece nada menos que oito combinações diferentes. Crescemos com essa história de família, que alimentou nosso imaginário e continua guiando nossa paixão pela inovação dentro da tradição.”
A criação contemporânea é um dos braços do Ateliers Chapuis
© Joseph Melin
Um legado que a família Chapuis consolidou por meio de seus grandes pilares: a restauração de edifícios tombados e residências de prestígio, com especial foco na recuperação de marcenaria e móveis antigos; a criação clássica em boiserie, com revestimentos de madeira e mobiliário sob medida; e a criação contemporânea, voltada ao design de móveis, portas e elementos decorativos para interiores modernos e apartamentos de luxo.
É desse cruzamento entre passado e futuro que nasce uma de suas marcas registradas: a técnica Sylvalux, uma combinação de madeira maciça e vidro que possibilita uma ampla variedade de designs verdadeiramente inovadores.
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A família também é especialista na criação clássica em boiserie
© David Darrault
“A técnica Sylvalux é fruto de longas pesquisas e observações. Ela consiste em associar vidro acrílico à madeira, o que abre um vasto campo de possibilidades, tanto técnicas quanto estéticas”, acrescenta Damien. “Esse savoir-faire (não confundir com a resina epóxi) é único e foi desenvolvido internamente como uma verdadeira extensão do nosso espírito de experimentação.”
Uma arte que não conhece limites
Exemplo da técnica Sylvalux
@ Cortesia do Ateliers Chapuis
O trabalho de Jean-Baptiste Chapuis não apenas conquistou alguns dos melhores clientes da França (e do mundo), como também o próprio governo francês, que encomendou diversos projetos à família — entre eles, a restauração do Palácio do Eliseu, um dos maiores marcos do ateliê.
“O Palácio do Eliseu reúne todos os desafios: o prestígio do local, as exigências de segurança e a necessidade de excelência. O principal desafio foi trabalhar em um ambiente vivo, permanentemente ocupado, onde a discrição precisava ser total. Era necessário conciliar a precisão do gesto artesanal com o cumprimento de um cronograma muito rigoroso. Sentimo-nos profundamente honrados pela confiança que nos foi concedida”, conta Damien, que destaca o respeito à história e ao espaço desde o primeiro momento, por meio de processos minuciosos.
O Eliseu, um dos ícones restaurados por Jean-Baptiste Chapuis
@ Cortesia do Ateliers Chapuis
“Cada restauração começa com um minucioso trabalho de estudo: observamos as marcas deixadas pelas ferramentas, as soluções técnicas e até mesmo os adesivos utilizados pelos artesãos de antigamente. Esses indícios nos permitem compreender e datar intervenções passadas. Esse processo às vezes revela verdadeiras descobertas, como aconteceu com o salão de música do Arsenal, onde restituímos a tonalidade original. A partir daí, elaboramos um protocolo de restauração rigoroso, que frequentemente demanda centenas de horas de trabalho, mas sempre com total respeito pela obra e por sua história.”
*Matéria originalmente publicada na Architectural Digest Espanha
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