Como usar artesanato na decoração

A poesia, o cuidado e a exclusividade das peças feitas à mão costumam ser essenciais em uma decoração afetiva e cheia de personalidade. Há ainda um componente extremamente local no artesanato — afinal, a arte popular pode ser considerada uma verdadeira manifestação cultural. Não à toa, esses objetos, produzidos em baixa escala, refletem a criação de determinado lugar, em uma época específica, dialogando com a ancestralidade e a identidade de um povo.
Para Tito Ficarelli, do escritório Arkitito, a maneira mais fácil de incorporar o artesanato na decoração é apostar em itens que trazem funcionalidade para os ambientes, como bancos, redes, cestos organizadores etc. “É um bom jeito de fazer o artesanato parte do dia a dia dentro de casa, sem ter aquele aspecto inatingível”, comenta.
Já o arquiteto Felipe Carolo acredita que essas peças podem ter um papel mais decorativo na composição, sem precisar estar sintonizadas com uma estética específica. “Quando falamos de um projeto contemporâneo, o artesanato se encaixa em qualquer lugar. Pode ser algo mais colorido, mais sóbrio, entalhado… Mas ele traz uma presença única para a decoração”, comenta Felipe. “A arte não está no valor, mas no que ela representa para cada um, no significado que damos a ela.”
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Nesta casa, de Tito Ficarelli, o banco Girafa ganhou posição de destaque na sala de estar principal
Fran Parente/Divulgação
Rodrigo Cunha, arquiteto à frente da Rodra Arquitetura, comenta que essa produção artesanal sempre ajuda a reforçar a identidade do morador em um determinado projeto. “O artesanato é, sem dúvida nenhuma, o detalhe mais importante numa decoração. Ele vem com as raízes de um morador, traz essa essência”, diz.
Cerâmicas e tapeçarias artesanais dão o toque de personalidade neste living projetado por Rodra Arquitetura
Mariana Orsi/Divulgação
Quem quer acrescentar arte popular no décor, mas não sabe muito bem por onde começar, pode visitar feiras regionais, eventos de artesanato ou até cooperativas. Fazer uma busca por pequenos produtores na internet ou nas redes sociais também vem rendendo boas descobertas — e essa pesquisa on-line é algo que arquitetos e designers de interiores costumam realizar com frequência. “Eu gosto muito de procurar no Instagram por esses novos artistas e artesãos”, comenta Felipe.
No projeto de Felipe Carolo, as esculturas artesanais ganharam lugar de destaque e integram a coleção de arte da família
Ruy Teixeira/Divulgação
Neste living decorado por Felipe Carolo, a coleção de peças de arte e artesanato dos moradores forma um espécie de painel na parede do bufê
Ruy Teixeira/Divulgação
Para os profissionais, apostar no artesanato é também uma maneira de adicionar brasilidade aos projetos. Vale lembrar que o nosso país possui uma enorme diversidade de peças que representam a cultura manual e os saberes de cada região. Entre as principais manifestações da nossa arte popular estão os bordados, a tecelagem, as rendas, as cestarias, os trançados, as esculturas em madeira e as cerâmicas — como aquelas do Vale do Jequitinhonha (MG) ou da ilha de Marajó (PA).
Projeto do designer de interiores Newton Lima
Divulgação
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“O brasileiro tem cada vez mais valorizado o manual: a cerâmica, os entalhes em madeira, o ferro, o metal. Nosso país é muito rico em arte popular e artesanato”, comenta Felipe Carolo. Para ele, quem está com medo de ousar pode sempre começar investindo em cerâmica. “Compre peças de barro. Elas são simples e não gritam, esteticamente falando. Você consegue harmonizá-las facilmente com outros objetos do dia a dia”, ensina.
Já Rodrigo Cunha propõe uma abordagem mais pessoal, conectada sempre às suas próprias referências: “procure peças de artistas que te representem ou representem suas memórias, sua fé”, afirma. Com esse apelo mais emotivo e afetuoso, fica difícil errar.
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