O charme, a nostalgia e a exclusividade estão entre as principais características dos móveis vintage. Produzidos em décadas passadas, esses itens costumam atrair decoradores e arquitetos por seu apelo afetivo e estético — e, principalmente, por sua capacidade de adicionar personalidade a ambientes de linguagem contemporânea.
De forma prática, são considerados móveis vintage aqueles que têm mais de 20 anos de história — ou seja, peças produzidas no início dos anos 2000 já se enquadram, hoje, nesta categoria. Já os móveis de estilo retrô (outro termo muito usado nesse contexto) seriam aqueles criados nas décadas de 1950, 1960 e 1970, ou ainda peças novas inspiradas nessas épocas.
“Vintage, pra mim, é quando o tempo não apaga o valor de uma peça, mas amplia. É quando um objeto ou móvel carrega a memória de outras épocas, outros contextos, e ainda assim continua fazendo sentido. Não é sobre olhar para trás com nostalgia, mas sobre reconhecer o que permanece”, comenta a arquiteta Marcela Penteado.
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Neste apartamento de 300m², reformado por Rodra Arquitetura, entre a poltrona Jangada, de Jean Gillon, e a poltrona Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha, está um banco de Sergio Rodrigues, garimpado em um antiquário
MCA Estúdio
Além da estética, o que torna um móvel vintage especial é sua história — e o modo como ele se relaciona com os outros elementos. “Um móvel vintage tem alma, e ele não entra no projeto como um objeto decorativo, mas sim como um personagem principal. É uma peça que cria contraste, tensiona com o novo, evoca memórias. É justamente esse diálogo entre passado e presente que enriquece um ambiente”, diz Rodrigo Cunha, à frente da Rodra Arquitetura.
Neste apartamento de 250 m², reformado e decorado por Rodra Arquitetura, as cadeiras GB01, de Geraldo de Barros, na Dpot, foram combinadas com uma mesa contemporânea
Maura Mello
Neste estar, decorado pelo Rodra Arquitetura, um conjunto de poltronas vintage: no sentido horário, a poltrona Jangada (à dir.), de Jean Gillon, seguida da poltrona Paraty, de Sergio Rodrigues, na Dpot, e a poltrona FDC 1, de Flavio de Carvalho.
Maura Mello
Para o profissional, essas peças costumam ser incluídas na decoração para quebrar uma monotonia visual — e não para marcar uma presença caricata. “Não acho que eles entram em um projeto para ‘imitar o passado’. Para mim, o equilíbrio entre o vintage e o contemporâneo acontece quando as peças se conectam por alguma lógica mais sutil. Pode ser por conta do material, da paleta, da escala ou até mesmo um contraste intencional…”, reflete o arquiteto Rodrigo Cunha, à frente da Rodra Arquitetura.
Neste living, projetado pela arquiteta Marcela Penteado, a poltrona Cité, de Jean Prouve, harmoniza com móveis mais contemporâneos
Fran Parente
Marcela, por sua vez, argumenta que essas peças de outras décadas funcionam como um ponto de respiro em um projeto de interiores. “Misturar materiais, épocas e acabamentos cria camadas — e são essas camadas que tornam um projeto interessante. É um processo muito mais instintivo do que técnico.”
Neste apartamento reformado por Marcela Penteado, as peças contemporâneas convivem com móveis de design vintage reeditados
Fran Parente
Apostar em peças modernistas é uma das maneiras que o arquiteto Felipe Carolo encontra de incorporar o vintage nos interiores. Ele acredita que, apesar de refletirem o estilo de uma era, elas ganharam com o tempo um caráter atemporal. “Acho as peças mid century das décadas de 1950 e 1960 icônicas. São móveis que harmonizam em diversos projetos, do clássico ao contemporâneo. Nunca estão em baixa, são sempre uma carta na manga, um coringa na decoração.”
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E não é só o design que torna um móvel vintage valioso — muitas vezes, é a matéria-prima, usada apenas no passado, que o torna único. “Alguns tipos de madeira de móveis vintage não são mais usados porque hoje são protegidos por leis ambientais”, reflete Felipe.
No Brasil, muitos móveis vintage não estão apenas em antiquários e lojas de segunda mão. Vários deles ganharam reedições contemporâneas — o que ampliou, nos últimos anos, sua presença em projetos de interiores. São criações de nomes emblemáticos do nosso design — como Sergio Rodrigues, Jorge Zalszupin, Joaquim Tenreiro, Lina Bo Bardi, etc.
Neste projeto do arquiteto Felipe Carolo, os móveis originais do imóvel, que datavam dos anos 1980, foram mantidos e combinados com peças mais contemporâneas, incluindo obras de arte
Ruy Teixeira
Isso, inclusive, reflete a maneira como o brasileiro se relaciona com móveis usados ou artigos de garimpo — atividade que é muito comum em outros lugares do mundo. “Na Europa, existe uma intimidade maior com o tempo — a própria cultura deles entende o vintage como parte natural do cotidiano. Já no Brasil, por muito tempo, o usado foi associado a algo velho no sentido pejorativo. Já ouvi até de clientes que uma peça antiga pode ter energia ruim. Mas isso está mudando. Cada vez mais vejo clientes abertos a peças com história — é um sinal de amadurecimento estético”, observa Marcela.
Este apartamento de 205 m² é a morada de Felipe Carolo. A mistura de móveis, que incluem peças brasileiras e outros itens de estilo clássico, deixa a decoração a cara do arquiteto
Ruy Teixeira
Nesta cobertura duplex de 650 m², de Felipe Carolo, há uma composição interessante de móveis. No living, o sofá Maralunga, de Vico Magistretti, harmoniza com poltrona Annette (à dir.), de Jorge Zalszupin, e a poltrona Tetê (à esq.), de Sergio Rodrigues
Ruy Teixeira
Quem quiser se aventurar no garimpo deve se certificar da originalidade desses móveis. “Sempre compre de lugares de procedência e verifique selos de autenticidade. Duvide se o preço estiver muito abaixo do valor de mercado. Há muitas cópias por aí”, orienta Rodrigo. Além disso, essas peças — sejam de segunda mão ou heranças de família — também exigem cuidado com a preservação. E, nesse contexto, o menos é mais. “Respeite a idade da peça. Não tente torná-la nova. Aceite as marcas como parte do seu charme. Se precisar restaurar, faça com delicadeza e intenção, mantendo a alma original”, aconselha Marcela Penteado.
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De forma prática, são considerados móveis vintage aqueles que têm mais de 20 anos de história — ou seja, peças produzidas no início dos anos 2000 já se enquadram, hoje, nesta categoria. Já os móveis de estilo retrô (outro termo muito usado nesse contexto) seriam aqueles criados nas décadas de 1950, 1960 e 1970, ou ainda peças novas inspiradas nessas épocas.
“Vintage, pra mim, é quando o tempo não apaga o valor de uma peça, mas amplia. É quando um objeto ou móvel carrega a memória de outras épocas, outros contextos, e ainda assim continua fazendo sentido. Não é sobre olhar para trás com nostalgia, mas sobre reconhecer o que permanece”, comenta a arquiteta Marcela Penteado.
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Neste apartamento de 300m², reformado por Rodra Arquitetura, entre a poltrona Jangada, de Jean Gillon, e a poltrona Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha, está um banco de Sergio Rodrigues, garimpado em um antiquário
MCA Estúdio
Além da estética, o que torna um móvel vintage especial é sua história — e o modo como ele se relaciona com os outros elementos. “Um móvel vintage tem alma, e ele não entra no projeto como um objeto decorativo, mas sim como um personagem principal. É uma peça que cria contraste, tensiona com o novo, evoca memórias. É justamente esse diálogo entre passado e presente que enriquece um ambiente”, diz Rodrigo Cunha, à frente da Rodra Arquitetura.
Neste apartamento de 250 m², reformado e decorado por Rodra Arquitetura, as cadeiras GB01, de Geraldo de Barros, na Dpot, foram combinadas com uma mesa contemporânea
Maura Mello
Neste estar, decorado pelo Rodra Arquitetura, um conjunto de poltronas vintage: no sentido horário, a poltrona Jangada (à dir.), de Jean Gillon, seguida da poltrona Paraty, de Sergio Rodrigues, na Dpot, e a poltrona FDC 1, de Flavio de Carvalho.
Maura Mello
Para o profissional, essas peças costumam ser incluídas na decoração para quebrar uma monotonia visual — e não para marcar uma presença caricata. “Não acho que eles entram em um projeto para ‘imitar o passado’. Para mim, o equilíbrio entre o vintage e o contemporâneo acontece quando as peças se conectam por alguma lógica mais sutil. Pode ser por conta do material, da paleta, da escala ou até mesmo um contraste intencional…”, reflete o arquiteto Rodrigo Cunha, à frente da Rodra Arquitetura.
Neste living, projetado pela arquiteta Marcela Penteado, a poltrona Cité, de Jean Prouve, harmoniza com móveis mais contemporâneos
Fran Parente
Marcela, por sua vez, argumenta que essas peças de outras décadas funcionam como um ponto de respiro em um projeto de interiores. “Misturar materiais, épocas e acabamentos cria camadas — e são essas camadas que tornam um projeto interessante. É um processo muito mais instintivo do que técnico.”
Neste apartamento reformado por Marcela Penteado, as peças contemporâneas convivem com móveis de design vintage reeditados
Fran Parente
Apostar em peças modernistas é uma das maneiras que o arquiteto Felipe Carolo encontra de incorporar o vintage nos interiores. Ele acredita que, apesar de refletirem o estilo de uma era, elas ganharam com o tempo um caráter atemporal. “Acho as peças mid century das décadas de 1950 e 1960 icônicas. São móveis que harmonizam em diversos projetos, do clássico ao contemporâneo. Nunca estão em baixa, são sempre uma carta na manga, um coringa na decoração.”
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E não é só o design que torna um móvel vintage valioso — muitas vezes, é a matéria-prima, usada apenas no passado, que o torna único. “Alguns tipos de madeira de móveis vintage não são mais usados porque hoje são protegidos por leis ambientais”, reflete Felipe.
No Brasil, muitos móveis vintage não estão apenas em antiquários e lojas de segunda mão. Vários deles ganharam reedições contemporâneas — o que ampliou, nos últimos anos, sua presença em projetos de interiores. São criações de nomes emblemáticos do nosso design — como Sergio Rodrigues, Jorge Zalszupin, Joaquim Tenreiro, Lina Bo Bardi, etc.
Neste projeto do arquiteto Felipe Carolo, os móveis originais do imóvel, que datavam dos anos 1980, foram mantidos e combinados com peças mais contemporâneas, incluindo obras de arte
Ruy Teixeira
Isso, inclusive, reflete a maneira como o brasileiro se relaciona com móveis usados ou artigos de garimpo — atividade que é muito comum em outros lugares do mundo. “Na Europa, existe uma intimidade maior com o tempo — a própria cultura deles entende o vintage como parte natural do cotidiano. Já no Brasil, por muito tempo, o usado foi associado a algo velho no sentido pejorativo. Já ouvi até de clientes que uma peça antiga pode ter energia ruim. Mas isso está mudando. Cada vez mais vejo clientes abertos a peças com história — é um sinal de amadurecimento estético”, observa Marcela.
Este apartamento de 205 m² é a morada de Felipe Carolo. A mistura de móveis, que incluem peças brasileiras e outros itens de estilo clássico, deixa a decoração a cara do arquiteto
Ruy Teixeira
Nesta cobertura duplex de 650 m², de Felipe Carolo, há uma composição interessante de móveis. No living, o sofá Maralunga, de Vico Magistretti, harmoniza com poltrona Annette (à dir.), de Jorge Zalszupin, e a poltrona Tetê (à esq.), de Sergio Rodrigues
Ruy Teixeira
Quem quiser se aventurar no garimpo deve se certificar da originalidade desses móveis. “Sempre compre de lugares de procedência e verifique selos de autenticidade. Duvide se o preço estiver muito abaixo do valor de mercado. Há muitas cópias por aí”, orienta Rodrigo. Além disso, essas peças — sejam de segunda mão ou heranças de família — também exigem cuidado com a preservação. E, nesse contexto, o menos é mais. “Respeite a idade da peça. Não tente torná-la nova. Aceite as marcas como parte do seu charme. Se precisar restaurar, faça com delicadeza e intenção, mantendo a alma original”, aconselha Marcela Penteado.
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