O design sustentável tem encontrado novos valores — literalmente. Cédulas fora de circulação e restos de papel-moeda, antes destinados ao descarte, estão sendo reaproveitados como matéria-prima em mobiliários criativos. Duas iniciativas, uma brasileira e outra britânica, têm apostado nesse tipo de reaproveitamento, transformando resíduos financeiros em objetos funcionais. Saiba mais a seguir.
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Do cofre para casa
Em setembro deste ano, notas em desuso de libras, o dinheiro do Reino Unido, ganharam novo uso em uma instalação artística feita para o London Design Festival. A obra Reconstruindo Valor (Reconstructing Value, em inglês) transformou 2,5 milhões de libras recicladas em uma série de bancos curvos que ficaram expostos no Museu do Banco da Inglaterra, em Londres, durante o evento.
Instalação no London Design Festival, em setembro de 2025, trouxe bancos feitos de cédulas descartadas de libras
SurfaceMatter/Divulgação
O projeto foi uma colaboração entre a designer Saskia Boersma, conhecida por suas reinterpretações lúdicas de objetos do cotidiano; o coletivo SurfaceMatter, que explora o uso de materiais diversos no design; e o estúdio de materiais Plasticiet, responsável pelo polímero plastificante que aglutina as fibras de papel-moeda triturado.
A obra Reconstruindo Valor transformou 2,5 milhões de libras recicladas em uma série de bancos em Londres
SurfaceMatter/Divulgação
Os itens criados mantêm os tons icônicos e os padrões da moeda original em evidência. Além da parte estética, o projeto visou destacar a ampla gama de possibilidades de criação que o design circular permite.
Realmente sustentável
No Brasil, cerca de 200 toneladas de restos de papel-moeda que iriam para o lixo por ano estão sendo reaproveitadas para criar móveis e objetos decorativos desde 2016. A iniciativa foi desenvolvida pelo Instituto Tran$forma, criado pela empresa Equipa Group.
As cadeiras de papel-moeda reciclado do Instituto Tran$forma ganham cor e textura diferenciadas
Instituto Tran$forma/Divulgação
De acordo com Patrício Malvezzi, CEO da Equipa Group e fundador do Instituto Tran$forma, a ideia inicial era aproveitar cédulas antigas descartas, volume que ultrapassa duas mil toneladas anualmente.
O contato com o Banco Central deu origem à fase de pesquisa e desenvolvimento de soluções para o reaproveitamento deste material. No entanto, o ponto de virada aconteceu em 2016, com a participação da Casa da Moeda do Brasil no processo.
“Na ocasião, identificou-se o potencial de colaboração entre as instituições, o que resultou em uma parceria estratégica formalizada por meio de um acordo de cooperação técnica e, posteriormente, em 2019, pela assinatura de um contrato para o tratamento do papel-moeda, abrangendo todo o processo”, detalha Patrício.
Móveis e outros objetos feitos com papel-moeda reciclado são expostos na sede da Equipa Group
Instituto Tran$forma/Divulgação
Segundo a Casa da Moeda, não há utilização de cédulas do meio circulante nacional na fabricação dos itens reciclados. O projeto usa exclusivamente resíduos industriais provenientes do processo de impressão, como aparas e sobras de papel não convertido em notas.
Isso inclui as bordas de corte, os descartes da calibração das máquinas e as folhas rejeitadas no controle de qualidade, ou seja, todo o papel que não pode ser aproveitado para circulação.
“Esses resíduos passam por um processo de reaproveitamento e transformação, dando origem a novos materiais com potencial de aplicação sustentável. Mas não envolvem cédulas de real, nem qualquer papel-moeda já emitido”, destaca a entidade.
A Equipa Group é a responsável pela etapa de reaproveitamento e destinação dos resíduos. Todo o material é encaminhado já triturado para o processo de reaproveitamento dentro do projeto Tran$forma.
As cadeiras Arms e Eames feitas de papel-moeda reciclado pelo Instituto Tran$forma têm produção licenciada pela marca Seat&Co
Instituto Tran$forma/Divulgação
O papel-moeda brasileiro — tecnicamente chamado de papel de segurança — é composto majoritariamente por fibras de algodão, o que o torna mais resistente e de maior durabilidade que o papel comum, além de ser 100% reciclável.
“Essa composição é justamente o que permite que possa ser transformado em novos produtos, sem perda de qualidade ou integridade do material”, fala o CEO.
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Atualmente, o Instituto Tran$forma recebe a totalidade do papel-moeda descartado pela Casa da Moeda do Brasil, o que representa cerca de 200 toneladas por ano.
“O processo de reciclagem não segue um modelo único, visto que cada objeto ou produto exige uma abordagem específica. Em geral, busca-se preservar ao máximo as características naturais do material, adaptando o nível de fragmentação conforme a aplicação desejada”, detalha Patrício.
Cadeiras da Seat&Co feitas com restos de papel-moeda de notas de R$ 20 e R$ 10
Seat&Co/Divulgação
O papel-moeda triturado pode ser granulado em diferentes espessuras e utilizado como pigmento, corante ou composto técnico. A partir daí, ele é incorporado a diversas bases, como resinas epóxi ou acrílica, poliéster, polipropileno, poliestireno, poliuretano e polietileno.
“Essa versatilidade permite que o material seja empregado em uma ampla gama de produtos — das cadeiras e mobiliários sustentáveis a peças artísticas e objetos de design”, aponta o especialista.
Móveis e decorações de dinheiro
A utilização do material da Casa da Moeda na fabricação de móveis e objetos sustentáveis é realizada por empresas licenciadas pelo Instituto Tran$forma, que detém os direitos sobre o uso e o reaproveitamento das notas recicladas.
“Cada produto é desenvolvido dentro de um modelo de licenciamento específico, que define quais parceiros podem produzir e comercializar as peças”, relata Patrício.
Cadeiras da Seat&Co feitas com restos de papel-moeda de notas de R$ 5 e R$ 2
Seat&Co/Divulgação
Entre os objetos desenvolvidos, ele cita a escultura do Cristo Redentor, criada em edição limitada e numerada em comemoração aos 90 anos do monumento, em 2021.
“Essa ação teve caráter especial, mas outras peças foram desenvolvidas ao longo do projeto, sempre com foco em sustentabilidade. Atualmente, as produções são realizadas sob encomenda, conforme a demanda de parceiros e instituições interessadas, mantendo o caráter exclusivo e artesanal das criações”, conta.
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Atualmente, o principal produto desenvolvido no âmbito do projeto são as cadeiras modelos Arms e Eames, disponíveis em diferentes alturas e configurações, como banquetas e cadeiras com rodízios. Com assentos que destacam os restos de dinheiro — lembrando a textura de granilite — elas reproduzem as cores das notas de R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50, R$ 100 e R$ 200.
As cadeiras são fabricadas e vendidas pela marca Seat&Co, que atende empresas e instituições interessadas na produção sob encomenda.
Cadeiras da Seat&Co feitas com restos de papel-moeda de notas de R$ 200 e R$ 100
Seat&Co/Divulgação
De acordo com a Seat&Co, o móvel é feito com uma mistura de polipropileno 100% virgem — que garante resistência para suportar até 110kg — e os resíduos da produção das cédulas de Real, que trazem um visual único ao assento graças aos resquícios de papel moeda. Os pés são de madeira e metal com pintura preta.
“O Instituto licencia outras empresas para o desenvolvimento de peças exclusivas, criadas sob demanda para clientes específicos, reforçando o caráter colaborativo, sustentável e personalizado do processo produtivo”, coloca Patrício.
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Ele ainda reforça que o papel-moeda reciclado pode ser aplicado de inúmeras formas, sem limitações de uso. “Essa versatilidade permite explorar diferentes combinações de materiais, técnicas e finalidades, envolvendo diversos setores produtivos e criativos”, afirma.
Com isso, o Instituto Tran$forma não apenas dá novo destino a um resíduo de valor, como também estimula a consciência ambiental e a inovação industrial.
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Do cofre para casa
Em setembro deste ano, notas em desuso de libras, o dinheiro do Reino Unido, ganharam novo uso em uma instalação artística feita para o London Design Festival. A obra Reconstruindo Valor (Reconstructing Value, em inglês) transformou 2,5 milhões de libras recicladas em uma série de bancos curvos que ficaram expostos no Museu do Banco da Inglaterra, em Londres, durante o evento.
Instalação no London Design Festival, em setembro de 2025, trouxe bancos feitos de cédulas descartadas de libras
SurfaceMatter/Divulgação
O projeto foi uma colaboração entre a designer Saskia Boersma, conhecida por suas reinterpretações lúdicas de objetos do cotidiano; o coletivo SurfaceMatter, que explora o uso de materiais diversos no design; e o estúdio de materiais Plasticiet, responsável pelo polímero plastificante que aglutina as fibras de papel-moeda triturado.
A obra Reconstruindo Valor transformou 2,5 milhões de libras recicladas em uma série de bancos em Londres
SurfaceMatter/Divulgação
Os itens criados mantêm os tons icônicos e os padrões da moeda original em evidência. Além da parte estética, o projeto visou destacar a ampla gama de possibilidades de criação que o design circular permite.
Realmente sustentável
No Brasil, cerca de 200 toneladas de restos de papel-moeda que iriam para o lixo por ano estão sendo reaproveitadas para criar móveis e objetos decorativos desde 2016. A iniciativa foi desenvolvida pelo Instituto Tran$forma, criado pela empresa Equipa Group.
As cadeiras de papel-moeda reciclado do Instituto Tran$forma ganham cor e textura diferenciadas
Instituto Tran$forma/Divulgação
De acordo com Patrício Malvezzi, CEO da Equipa Group e fundador do Instituto Tran$forma, a ideia inicial era aproveitar cédulas antigas descartas, volume que ultrapassa duas mil toneladas anualmente.
O contato com o Banco Central deu origem à fase de pesquisa e desenvolvimento de soluções para o reaproveitamento deste material. No entanto, o ponto de virada aconteceu em 2016, com a participação da Casa da Moeda do Brasil no processo.
“Na ocasião, identificou-se o potencial de colaboração entre as instituições, o que resultou em uma parceria estratégica formalizada por meio de um acordo de cooperação técnica e, posteriormente, em 2019, pela assinatura de um contrato para o tratamento do papel-moeda, abrangendo todo o processo”, detalha Patrício.
Móveis e outros objetos feitos com papel-moeda reciclado são expostos na sede da Equipa Group
Instituto Tran$forma/Divulgação
Segundo a Casa da Moeda, não há utilização de cédulas do meio circulante nacional na fabricação dos itens reciclados. O projeto usa exclusivamente resíduos industriais provenientes do processo de impressão, como aparas e sobras de papel não convertido em notas.
Isso inclui as bordas de corte, os descartes da calibração das máquinas e as folhas rejeitadas no controle de qualidade, ou seja, todo o papel que não pode ser aproveitado para circulação.
“Esses resíduos passam por um processo de reaproveitamento e transformação, dando origem a novos materiais com potencial de aplicação sustentável. Mas não envolvem cédulas de real, nem qualquer papel-moeda já emitido”, destaca a entidade.
A Equipa Group é a responsável pela etapa de reaproveitamento e destinação dos resíduos. Todo o material é encaminhado já triturado para o processo de reaproveitamento dentro do projeto Tran$forma.
As cadeiras Arms e Eames feitas de papel-moeda reciclado pelo Instituto Tran$forma têm produção licenciada pela marca Seat&Co
Instituto Tran$forma/Divulgação
O papel-moeda brasileiro — tecnicamente chamado de papel de segurança — é composto majoritariamente por fibras de algodão, o que o torna mais resistente e de maior durabilidade que o papel comum, além de ser 100% reciclável.
“Essa composição é justamente o que permite que possa ser transformado em novos produtos, sem perda de qualidade ou integridade do material”, fala o CEO.
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Atualmente, o Instituto Tran$forma recebe a totalidade do papel-moeda descartado pela Casa da Moeda do Brasil, o que representa cerca de 200 toneladas por ano.
“O processo de reciclagem não segue um modelo único, visto que cada objeto ou produto exige uma abordagem específica. Em geral, busca-se preservar ao máximo as características naturais do material, adaptando o nível de fragmentação conforme a aplicação desejada”, detalha Patrício.
Cadeiras da Seat&Co feitas com restos de papel-moeda de notas de R$ 20 e R$ 10
Seat&Co/Divulgação
O papel-moeda triturado pode ser granulado em diferentes espessuras e utilizado como pigmento, corante ou composto técnico. A partir daí, ele é incorporado a diversas bases, como resinas epóxi ou acrílica, poliéster, polipropileno, poliestireno, poliuretano e polietileno.
“Essa versatilidade permite que o material seja empregado em uma ampla gama de produtos — das cadeiras e mobiliários sustentáveis a peças artísticas e objetos de design”, aponta o especialista.
Móveis e decorações de dinheiro
A utilização do material da Casa da Moeda na fabricação de móveis e objetos sustentáveis é realizada por empresas licenciadas pelo Instituto Tran$forma, que detém os direitos sobre o uso e o reaproveitamento das notas recicladas.
“Cada produto é desenvolvido dentro de um modelo de licenciamento específico, que define quais parceiros podem produzir e comercializar as peças”, relata Patrício.
Cadeiras da Seat&Co feitas com restos de papel-moeda de notas de R$ 5 e R$ 2
Seat&Co/Divulgação
Entre os objetos desenvolvidos, ele cita a escultura do Cristo Redentor, criada em edição limitada e numerada em comemoração aos 90 anos do monumento, em 2021.
“Essa ação teve caráter especial, mas outras peças foram desenvolvidas ao longo do projeto, sempre com foco em sustentabilidade. Atualmente, as produções são realizadas sob encomenda, conforme a demanda de parceiros e instituições interessadas, mantendo o caráter exclusivo e artesanal das criações”, conta.
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Atualmente, o principal produto desenvolvido no âmbito do projeto são as cadeiras modelos Arms e Eames, disponíveis em diferentes alturas e configurações, como banquetas e cadeiras com rodízios. Com assentos que destacam os restos de dinheiro — lembrando a textura de granilite — elas reproduzem as cores das notas de R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50, R$ 100 e R$ 200.
As cadeiras são fabricadas e vendidas pela marca Seat&Co, que atende empresas e instituições interessadas na produção sob encomenda.
Cadeiras da Seat&Co feitas com restos de papel-moeda de notas de R$ 200 e R$ 100
Seat&Co/Divulgação
De acordo com a Seat&Co, o móvel é feito com uma mistura de polipropileno 100% virgem — que garante resistência para suportar até 110kg — e os resíduos da produção das cédulas de Real, que trazem um visual único ao assento graças aos resquícios de papel moeda. Os pés são de madeira e metal com pintura preta.
“O Instituto licencia outras empresas para o desenvolvimento de peças exclusivas, criadas sob demanda para clientes específicos, reforçando o caráter colaborativo, sustentável e personalizado do processo produtivo”, coloca Patrício.
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Ele ainda reforça que o papel-moeda reciclado pode ser aplicado de inúmeras formas, sem limitações de uso. “Essa versatilidade permite explorar diferentes combinações de materiais, técnicas e finalidades, envolvendo diversos setores produtivos e criativos”, afirma.
Com isso, o Instituto Tran$forma não apenas dá novo destino a um resíduo de valor, como também estimula a consciência ambiental e a inovação industrial.



