Um casarão construído entre 1921 e 1926 na região central de Niterói, RJ, ganhou vida nova após uma ampla restauração de três anos. A residência foi o lar do influente advogado e político fluminense Norival de Freitas e sua família, e carecia de reformas que lhe devolvessem o brilho original, ofuscado por anos de obras que descaracterizaram a arquitetura do século 20.
Até ser resgatada, no entanto, a construção viveu uma longa jornada. Após o falecimento do proprietário, em 1969, e de sua esposa, em 1976, a família decidiu vender o imóvel, até então apelidado de Casa Norival de Freitas, comprado pela Prefeitura em 1979. A intenção era preservar o patrimônio histórico e transformar o espaço em centro cultural — o que levou mais de quatro décadas para acontecer.
Na fachada do casarão vemos a inscrição do nome original, Solar Notre Rêve, em Niterói
Prefeitura de Niterói/Divulgação
Hoje, rebatizado como Solar Notre Rêve — nome original inscrito em sua fachada —, o espaço reabre como sede do Programa Aprendiz Musical, iniciativa que utiliza a música como ferramenta de inclusão social. “Essa casa representa o que já foi o centro de Niterói em outros tempos”, contou o prefeito Axel Grael na inauguração do espaço.
“O imóvel estava deteriorado, abandonado e com risco de desabamento. Essa entrega resgata uma relação importante com a preservação do patrimônio, com as memórias da gente e com a construção da história”, apontou Mariana Zorzanelli, subsecretária executiva da Prefeitura, durante o evento.
Colunas de ferro e guirlandas nas sacadas fazem parte da arquitetura da década de 20 do Solar Notre Rêve
Prefeitura de Niterói/Divulgação
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Além do programa musical, o local abriga espaços culturais, amplo auditório, estúdios, salas de exposição e camarins. O novo centro também conta com um novo prédio anexo de três andares, interligado ao solar por uma passarela. A área oferece espaços de convivência e um terraço com vista do entorno.
A Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (Emusa) foi a responsável pela execução da restauração, conforme as diretrizes do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e do Departamento de Preservação do Patrimônio Cultural (Depac).
Segundo a Prefeitura, além de intervenções técnicas de alta complexidade, como arqueologia e pesquisa arquitetônica, a obra recuperou elementos originais do casarão, como assoalhos, forros e ornamentações. A revitalização envolveu um investimento de mais de R$ 29 milhões.
O torreão sustentado por mãos francesas de madeira é um dos destaques do Solar Notre Rêve, em Niterói
Prefeitura de Niterói/Divulgação
“Essa obra pedia serviços especializados e muito específicos para realizar as obras de restauração de patrimônio. Várias peças do casarão estavam danificadas e precisaram ser reparadas ou refeitas pela destruição ao longo do processo de abandono. Foi um trabalho muito meticuloso, e desafio os futuros visitantes a identificarem quais peças foram recuperadas e quais estavam no local”, disse Axel.
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Durante a reforma, a arquitetura em estilo eclético romântico foi resgatada. Com elementos art nouveau e técnicas de ornamentação dos mestres de obras portugueses, o edifício de dois andares é uma das duas únicas construções remanescentes da época em Niterói.
A fachada, que recebeu os tons originais em verde-claro e amarelo, possui detalhes como arabescos de flores, molduras nas portas e janelas, e guirlandas nas paredes das sacadas. O interior com pinturas em estêncil e revestimentos importados foi renovado, assim como as caixilharias de vidros coloridos, azulejos e serralheria art nouveau.
Localizado no centro de Niterói, o Solar Notre Rêve foi convertido em um espaço de cultura para a população
Prefeitura de Niterói/Divulgação
O torreão (torre alta) com beiral sustentado por mãos francesas de madeira é um dos destaques da casa. Nas varandas, as colunas de ferro e as pinturas de paisagens nas paredes marcam o espírito romântico da época. No passado, a residência contava com um pitoresco jardim, que atualmente não existe.
Segundo o site da Prefeitura, a casa foi ponto de encontro da alta sociedade niteroiense e palco de importantes reuniões políticas nas décadas de 1920 e 1930. Abandonado desde 1979, quando foi adquirido pelo município, o imóvel foi cedido em comodato para a União dos Vereadores do Estado do Rio de Janeiro (UVERJ), em 1982. A entidade iniciou uma reforma que acabou por descaracterizar a parte da decoração do casarão histórico.
O Solar Notre Rêve, em Niterói, passou por uma ampla restauração, que durou cerca de três anos
Prefeitura de Niterói/Divulgação
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“Ao ceder o prédio à UVERJ, a prefeitura justificou a ação como uma homenagem a toda a classe política fluminense, que teve na casa o seu ponto de encontro e tem no grande político um exemplo a seguir. A medida revoltou muitos intelectuais da cidade, como o imortal José Cândido de Carvalho”, escreve o órgão público em seu site.
Entre as mudanças previstas — algumas delas iniciadas e depois paralisadas —, estavam a construção, nos fundos, de um anexo; o descascamento do reboco e das gravuras feitas à mão para dar lugar a uma massa composta de cal; a remoção dos azulejos de um espaço ao pé da escada, que funcionava como uma espécie de copa; e a substituição da antiga louça sanitária dos banheiros por acessórios mais modernos.
Datado da década de 1920, o Solar Notre Rêve, em Niterói, possui arquitetura em estilo eclético romântico
Prefeitura de Niterói/Divulgação
Devido à pressão, a cessão foi anulada em 1983 e interrompeu a reforma da casa. Em junho do mesmo ano, o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) promoveu o seu tombamento provisório. A Prefeitura iniciou, então, uma nova renovação, mas, em novembro, um incêndio que afetou a cobertura e parte do piso do pavimento superior comprometeu a iniciativa.
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Fechado até 1988, o local passou por obras de reforço estrutural e uma reforma parcial no primeiro andar. Por alguns anos, o solar foi usado como centro cultural, com uma biblioteca e um salão de exposições. Em 2006, a administração do imóvel foi transferida para a Secretaria Municipal de Educação, que faria os investimentos necessários e o transformaria em uma biblioteca pública.
O projeto não foi à frente devido aos elevados custos de restauração, até 2022, quando a Secretaria de Ações Estratégicas assumiu o projeto e finalmente deu início às obras de restauração do casarão.
Até ser resgatada, no entanto, a construção viveu uma longa jornada. Após o falecimento do proprietário, em 1969, e de sua esposa, em 1976, a família decidiu vender o imóvel, até então apelidado de Casa Norival de Freitas, comprado pela Prefeitura em 1979. A intenção era preservar o patrimônio histórico e transformar o espaço em centro cultural — o que levou mais de quatro décadas para acontecer.
Na fachada do casarão vemos a inscrição do nome original, Solar Notre Rêve, em Niterói
Prefeitura de Niterói/Divulgação
Hoje, rebatizado como Solar Notre Rêve — nome original inscrito em sua fachada —, o espaço reabre como sede do Programa Aprendiz Musical, iniciativa que utiliza a música como ferramenta de inclusão social. “Essa casa representa o que já foi o centro de Niterói em outros tempos”, contou o prefeito Axel Grael na inauguração do espaço.
“O imóvel estava deteriorado, abandonado e com risco de desabamento. Essa entrega resgata uma relação importante com a preservação do patrimônio, com as memórias da gente e com a construção da história”, apontou Mariana Zorzanelli, subsecretária executiva da Prefeitura, durante o evento.
Colunas de ferro e guirlandas nas sacadas fazem parte da arquitetura da década de 20 do Solar Notre Rêve
Prefeitura de Niterói/Divulgação
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Além do programa musical, o local abriga espaços culturais, amplo auditório, estúdios, salas de exposição e camarins. O novo centro também conta com um novo prédio anexo de três andares, interligado ao solar por uma passarela. A área oferece espaços de convivência e um terraço com vista do entorno.
A Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (Emusa) foi a responsável pela execução da restauração, conforme as diretrizes do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e do Departamento de Preservação do Patrimônio Cultural (Depac).
Segundo a Prefeitura, além de intervenções técnicas de alta complexidade, como arqueologia e pesquisa arquitetônica, a obra recuperou elementos originais do casarão, como assoalhos, forros e ornamentações. A revitalização envolveu um investimento de mais de R$ 29 milhões.
O torreão sustentado por mãos francesas de madeira é um dos destaques do Solar Notre Rêve, em Niterói
Prefeitura de Niterói/Divulgação
“Essa obra pedia serviços especializados e muito específicos para realizar as obras de restauração de patrimônio. Várias peças do casarão estavam danificadas e precisaram ser reparadas ou refeitas pela destruição ao longo do processo de abandono. Foi um trabalho muito meticuloso, e desafio os futuros visitantes a identificarem quais peças foram recuperadas e quais estavam no local”, disse Axel.
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Durante a reforma, a arquitetura em estilo eclético romântico foi resgatada. Com elementos art nouveau e técnicas de ornamentação dos mestres de obras portugueses, o edifício de dois andares é uma das duas únicas construções remanescentes da época em Niterói.
A fachada, que recebeu os tons originais em verde-claro e amarelo, possui detalhes como arabescos de flores, molduras nas portas e janelas, e guirlandas nas paredes das sacadas. O interior com pinturas em estêncil e revestimentos importados foi renovado, assim como as caixilharias de vidros coloridos, azulejos e serralheria art nouveau.
Localizado no centro de Niterói, o Solar Notre Rêve foi convertido em um espaço de cultura para a população
Prefeitura de Niterói/Divulgação
O torreão (torre alta) com beiral sustentado por mãos francesas de madeira é um dos destaques da casa. Nas varandas, as colunas de ferro e as pinturas de paisagens nas paredes marcam o espírito romântico da época. No passado, a residência contava com um pitoresco jardim, que atualmente não existe.
Segundo o site da Prefeitura, a casa foi ponto de encontro da alta sociedade niteroiense e palco de importantes reuniões políticas nas décadas de 1920 e 1930. Abandonado desde 1979, quando foi adquirido pelo município, o imóvel foi cedido em comodato para a União dos Vereadores do Estado do Rio de Janeiro (UVERJ), em 1982. A entidade iniciou uma reforma que acabou por descaracterizar a parte da decoração do casarão histórico.
O Solar Notre Rêve, em Niterói, passou por uma ampla restauração, que durou cerca de três anos
Prefeitura de Niterói/Divulgação
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“Ao ceder o prédio à UVERJ, a prefeitura justificou a ação como uma homenagem a toda a classe política fluminense, que teve na casa o seu ponto de encontro e tem no grande político um exemplo a seguir. A medida revoltou muitos intelectuais da cidade, como o imortal José Cândido de Carvalho”, escreve o órgão público em seu site.
Entre as mudanças previstas — algumas delas iniciadas e depois paralisadas —, estavam a construção, nos fundos, de um anexo; o descascamento do reboco e das gravuras feitas à mão para dar lugar a uma massa composta de cal; a remoção dos azulejos de um espaço ao pé da escada, que funcionava como uma espécie de copa; e a substituição da antiga louça sanitária dos banheiros por acessórios mais modernos.
Datado da década de 1920, o Solar Notre Rêve, em Niterói, possui arquitetura em estilo eclético romântico
Prefeitura de Niterói/Divulgação
Devido à pressão, a cessão foi anulada em 1983 e interrompeu a reforma da casa. Em junho do mesmo ano, o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) promoveu o seu tombamento provisório. A Prefeitura iniciou, então, uma nova renovação, mas, em novembro, um incêndio que afetou a cobertura e parte do piso do pavimento superior comprometeu a iniciativa.
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Fechado até 1988, o local passou por obras de reforço estrutural e uma reforma parcial no primeiro andar. Por alguns anos, o solar foi usado como centro cultural, com uma biblioteca e um salão de exposições. Em 2006, a administração do imóvel foi transferida para a Secretaria Municipal de Educação, que faria os investimentos necessários e o transformaria em uma biblioteca pública.
O projeto não foi à frente devido aos elevados custos de restauração, até 2022, quando a Secretaria de Ações Estratégicas assumiu o projeto e finalmente deu início às obras de restauração do casarão.


