O Museu Brasileiro de Cerâmica Lalada Dalglish também será o primeiro museu da Unesp na cidade de São Paulo. Em 25 de setembro, a universidade oficializou a doação do acervo e se comprometeu em inaugurar o museu em até 365 dias. O termo assinado formaliza a doação em regime de comodato por cinco anos – durante esse período, Lalada segue titular do acervo, passando-o à Universidade assim que as condições previstas forem cumpridas.
Segundo a docente, a doação das peças é um desejo antigo. “Já tive a oportunidade de vender as peças, mas queria doar para a Universidade de São Paulo para ser um centro de pesquisa. Para mim é muito importante que o museu esteja associado ao educativo e à pesquisa”, explica Lalada. Pelo mesmo motivo, ela doou toda sua coleção de livros sobre cerâmica para apoiar o centro de pesquisa do museu.
“Um museu sem o educativo é um museu morto. Você entra e vê as obras, mas não conhece a história por trás delas, não convida as pessoas a interagirem com o museu. Por isso, é fundamental que tenhamos um museu vivo de peças e saberes milenares.” explica a docente
Mulher dando milho para as galinhas, de Sergina Gomes Francisco Xavier, 39 cm, 1997. Campo Alegre, Turmalina, MG
Waldir Pina/Coleção Lalada Dalglish
Segundo o pró-reitor de Extensão Universitária e Cultura da Unesp, Raul Borges Guimarães, a expectativa do museu é contribuir para a interlocução entre pesquisadores e no diálogo com o público-geral. “Queremos proporcionar ao visitante experiências marcantes, tanto por meio das exposições quanto das atividades educativas, de modo a contribuir para a visibilidade e o reconhecimento da arte cerâmica popular, sobretudo, brasileira e latino-americana, valorizando assim as comunidades que a produzem”, afirma.
Inauguração
Possível logo do Museu Brasileiro da Cerâmica Lalada Daglish, a ser inaugurado em 2026
Divulgação
Segundo Raul, o Conselho Provisório do Museu está se reunindo regularmente para elaborar o Estatuto do Museu. “A previsão é de que o documento esteja pronto para registro em cartório em meados de dezembro”. Além disso, Raul afirma que outros detalhes estão sendo tratados como a análise de local para a sede e a elaboração da logomarca do museu. A pró-reitoria também está fazendo tratativas para a realização do laudo técnico da Coleção Lalada Dalglish, bem como a contratação do seguro.
Vaso com três cabeças de vaca, 45 cm, 2003. Campo Alegre, Turmalina, MG.
Waldir Pina/Coleção Lalada Dalglish
Lalada especula que a inauguração deve ser realizada até agosto de 2026 e afirma que o local de inauguração já está pré-definido. “A princípio, será em Anhangabaú, no prédio da reitoria. A ideia é que a Universidade doe três andares para fazer a instalação do museu, que depois será transferido para o Instituto de Artes da Unesp, na Barra Funda”, conta a professora.
O Conselho Provisório, tem como integrantes: Lalada como presidente; o servidor Rodrigo Cesar, da Proec; o professor Jacson Silva Matos, da Secretaria de Educação do Governo do Estado de São Paulo; o professor Jacques Armand Vidal, do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU; o professor Milton Terumitsu Sogabe, da Universidade Anhembi Morumbi; a doutora Camila da Costa Lima, do Ateliê Casa Ximbó; a professora Rejane Galvão Coutinho, do Instituto de Artes da Unesp, e a professora Sylvia Helena Furegatti, pró-reitora de Extensão, Esporte e Cultura da Unicamp.
O acervo
O acervo reúne cerâmicas de diversas regiões do Brasil, além de peças de outros países, compondo um mosaico representativo da diversidade cultural ligada à arte cerâmica. “Temos especialistas em arte e educação, em arte indígena, em cerâmica contemporânea”, diz Lalada. O acervo permanente será complementado com diferentes exposições, incluindo artistas convidados de diferentes regiões do Brasil e de Portugal.
Mãe amamentando, de Isabel Mendes da Cunha, 95 cm, 1998. Santana do Araçuaí, MG.
Milton Dines/Coleção Lalada Dalglish
Entre os compromissos firmados com a Unesp para a doação do acervo estão a garantia de que ele será mantido em São Paulo, não podendo ser desmembrado; que o museu terá foco em educação e será um ponto de pesquisa na capital paulista; e que a Universidade adquirirá anualmente novas peças para expandir o acervo.


