Cobertura em Florianópolis vira refúgio de arquiteto com integração e muita arte

Habitar o próprio projeto é assumir, ao mesmo tempo, os papéis de arquiteto e morador — experiência que orientou a criação deste apartamento luminoso no centro de Florianópolis, SC. Localizado no topo do edifício, com fachadas em três frentes e vista ampla para o skyline da ilha, o imóvel de 101 m² foi totalmente reconfigurado para refletir o estilo de vida de Gabriel Bordin, diretor criativo do escritório Studio Bordin (@studiogabrielbordin).
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“A cobertura funciona quase como uma península urbana. Essa posição privilegiada nos permitiu trabalhar com luz, paisagem e uma sensação de liberdade rara em plantas tão estreitas”, ele afirma.
VARANDA | Na cobertura, o espaço aberto conta com mesa de jantar e cadeiras, do estudiobola, juntamente com bancada de cumaru que abriga churrasqueira, fogão, pia e cervejeira. No vaso, jasmim-manga traz um toque de frescor
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
O conceito do projeto partiu da atemporalidade, como uma “casca branca” pensada para receber obras de arte, design e novos objetos ao longo do tempo.
“As paredes funcionam como uma galeria orgânica, que vai se transformando conforme as experiências chegam”, diz Gabriel. O uso de materiais naturais — pedra, madeira e concreto aparente — reforça essa busca por longevidade estética, enquanto a paleta neutra cria unidade visual entre os ambientes.
RETRATO | O arquiteto e morador Gabriel Bordin está na varanda de sua cobertura, com vista de Florianópolis, SC
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
Layout fluido e soluções precisas permeiam o projeto. A distribuição dos cômodos acompanha o desejo de integração e leveza para resultar num refúgio luminoso e conectado ao entorno. “A cobertura sempre teve essa sensação de liberdade, e eu quis potencializá-la ao máximo”, comenta o arquiteto.
Com 25 m² — o equivalente a ¼ da área total —, a varanda é um dos grandes destaques, como uma extensão do apê. Abriga uma pequena área de estar, mesa de jantar e uma cozinha com pia, churrasqueira e cervejeira. “Funciona como uma segunda sala. Um respiro que se conecta diretamente ao quarto e cria a sensação de jardim suspenso”, descreve Gabriel.
SALA DE JANTAR | Pilares de concreto foram deixados aparentes, o que traz textura e revela a materialidade da construção. De valor afetivo, as cadeiras Cantu, de Sergio Rodrigues, foram combinadas com a mesa Pistão, de Arthur Casas. Buffet do estudiobola. Luminária de parede da Ouse Iluminação
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
No térreo, o living reúne sala de estar, de jantar e cozinha em um único ambiente, que se abre para a varanda e para as longas janelas horizontais que percorrem a fachada. Esse elemento, originalmente um ponto frágil — por lembrar salas comerciais —, tornou-se um dos motores do projeto.
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“Transformei algo que era um desafio em uma virtude. Sob as janelas, criei uma galeria de arte que aparece nos intervalos das cortinas, com ritmo e organicidade”, ele conta.
COZINHA | Um grande monolito de mármore Matarazzo, fornecido por Pedras Kraisch, brinca com um elemento em balanço que serve como bancada para o par de bancos Gui, da Alva Design. O bloco funcional tem forro amadeirado, executado pela Moradaeco, paredes e marcenaria na cor fendi, fazendo dessa área um destaque na arquitetura. A escada de acesso ao segundo pavimento recebeu piso no tom fendi, de porcelanato Dansk Cement Rope, da Portobello, o mesmo usado em todo o interior
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
Pilares de concreto foram deixados aparentes, revelando textura e materialidade. Já o volume funcional — que abriga cozinha, lavabo e entrada — recebeu forro de madeira, rebaixando discretamente o pé-direito e criando contraste com a área social mais aberta.
A paleta cromática parte do mármore Paraná Matarazzo, protagonista do projeto. A pedra está presente, por exemplo, na ilha da cozinha, formada como um monólito. As superfícies brancas ao redor funcionam como pano de fundo para o acervo artístico e para o piso de porcelanato fendi, que aparece também em todo o interior e nas escadas, garantindo continuidade visual.
LAVABO | A cuba esculpida foi embutida na alvenaria como um bloco de quartzito Platinus, da Pedras Kraisch. Torneira Docolviva, uma releitura da Docol da clássica torneira de jardim, em edição de aniversário. Cabideiro em formato de mão da Pangea Home Decor
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação | Projeto do Studio Gabriel Bordin
A madeira natural aquece o conjunto — no forro da cozinha, no deque e no mobiliário externo — enquanto tons terrosos e verdes pontuais trazem frescor à decoração. O sofá de camurça caramelo, o tapete amorfo verde pistache e a icônica poltrona Ouro Preto, de Sergio Rodrigues, do acervo pessoal do morador, na mesma paleta, são alguns elementos que evocam a ideia de jardim interno.
“O mobiliário funciona como um retrato em movimento. Cada peça conta uma história e amplia as experiências dentro de casa”, diz Gabriel.
RETRATO | O arquiteto Gabriel Bordin, responsável pelo projeto e morador do apartamento, está na cama loft, projetada por ele, rodeado por obras de arte
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
Design, afetos e colecionismo também marcam o décor. O mobiliário reúne peças garimpadas, itens herdados da família e ícones do design brasileiro. Entre os destaques estão as cadeiras Cantu, de Sergio Rodrigues, combinadas com a mesa Pistão, de Arthur Casas — todas de valor afetivo.
SUÍTE | Em conexão com o terraço, o dormitório tem cama loft, desenvolvida especialmente para este projeto pelo arquiteto Gabriel Bordin e incorporada à marca Reveev. Acima dela, um mapa de 1890 do Central Park e a obra Copo, de Waltercio Caldas. No exterior, sofá da Tidelli, ao lado de plantas, entre elas, costela-de-adão, xanadu e ficus altíssima
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
Há, ainda, obras de arte que constroem a identidade do apartamento. A coleção inclui um tecido indígena da Amazônia peruana, que habita a sala. No quarto, em conexão com varanda, a célebre obra Copo, de Waltercio Caldas; um mapa de 1890 do Central Park, em Nova York, Estados Unidos; entre outros, ocupam a parede sobre a cama Loft, que foi desenhada pelo próprio arquiteto especialmente para o seu lar.
BANHEIRO DA SUÍTE | Bem clean, sem revestimentos, o ambiente destaca o grande volume de mármore Matarazzo que reveste o boxe. Bancada de Corian, da Pedras Kraisch, em formato triangular, traz melhor aproveitamento do espaço. Armário com acabamento em laca, da Florense
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
Já o banheiro é resolvido com simplicidade, centrado numa espécie de “caixa de pedra”, onde o mármore Paraná Matarazzo retorna à cena, na área do boxe, e destaca a base neutra da marcenaria e as paredes sem revestimentos.

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