Em casarão histórico, Casa Maraká dá nova voz à cultura indígena em Belém

Presença marcante na COP30, realizada entre 10 e 21 de novembro, a Casa Maraká nasce em Belém do Pará com o propósito de valorizar e dar visibilidade às culturas indígenas. Criada em comemoração aos dez anos do Mídia Indígena — coletivo de comunicação indígena com mais de mil comunicadores mapeados no Brasil — a iniciativa escolheu como sede um casarão de 120 anos na Avenida Nossa Senhora de Nazaré, no coração da capital paraense, que foi restaurado pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum.
Nova sede do coletivo Mídia Indígena, o casarão centenário fica no centro de Belém do Pará
Mídia Indígena/Divulgação
“Em toda a história das COPs mundiais, é a primeira casa realizada por indígenas para indígenas. Desde o princípio, essa sempre foi a nossa proposta: criar um espaço onde pudéssemos juntar arte, cultura, conhecimentos ancestrais, tecnologias e debates sobre questões políticas, climáticas e ambientais. Um lugar que fosse referência e onde os povos indígenas pudessem se reunir”, afirma a cineasta e fotógrafa Priscila Tapajowara, coordenadora do Mídia Indígena.
O espaço foi completamente restaurado e repensado pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum
Mídia Indígena/Divulgação
Durante a COP30, a Casa Maraká se tornou um ponto de encontro para debates, eventos, exibições de filmes e outras programações culturais, abordando temas como saúde, educação, demarcação de terras, cultura e comunicação. Ministras como Sônia Guajajara e Nísia Trindade, lideranças indígenas como Joenia Wapichana e figuras da cultura como Gilberto Gil estiveram entre os visitantes.
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Com cerca de 1200 m², o casarão continua ativo mesmo após a COP30
Mídia Indígena/Divulgação
Mas sua atuação vai muito além do evento: o espaço seguirá ativo na formação de comunicadores e na promoção da visibilidade das culturas e narrativas indígenas. “É um espaço que fortalece a presença indígena e reafirma o caráter indígena da própria cidade de Belém. A continuidade da Casa como projeto permanente, e não apenas como iniciativa temporária da COP30, representa um ganho simbólico e cultural muito significativo”, destaca Hony Sobrinho, coordenador do Mídia Indígena.
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Características originais do casarão, como
Mídia Indígena/Divulgação
O casarão centenário também carrega um forte simbolismo. Construído durante o ciclo da borracha — período iniciado em 1879 e marcado pelo genocídio de povos indígenas no Norte do país — o imóvel, de arquitetura portuguesa, hoje é ocupado e ressignificado por quem historicamente foi marginalizado. “Cem anos depois, jovens comunicadores indígenas alugam esse mesmo edifício no centro de Belém, nos convidam para pensar o projeto e inauguram um espaço de trocas, arte e saberes. Para mim, isso é revolucionário”, afirma Marcelo Rosenbaum, que possui uma longa trajetória na defesa de pautas ambientais e indígenas.
No momento, a galeria de arte do espaço recebe uma exposição de fotógrafos indígenas
Mídia Indígena/Divulgação
Realizada em tempo recorde de aproximadamente quatro meses, a reforma recuperou características originais do casarão — como os pisos de madeira nativa, corrimãos e janelas — e reorganizou os ambientes, onde antes funcionava uma faculdade, para refletir as diversas frentes de atuação do Mídia Indígena. Com cerca de 1.200 m², a configuração atual inclui:
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O cinema possui capacidade para 50 pessoas
Mídia Indígena/Divulgação
Galeria de arte: localizada logo na entrada, atualmente abriga uma grande exposição com trabalhos de fotógrafos indígenas da Amazônia, de outras regiões do Brasil e de outros países;
Redação: sala destinada à produção de conteúdos audiovisuais, textos e vídeos, que foi inclusive utilizada na COP30;
Espaço de convivência: nos fundos, uma ampla área para eventos, shows e encontros;
Cinema: no segundo andar, sala adaptada para 50 pessoas, com telão e cadeiras;
Sala Biomas: no segundo andar, ambiente menor para reuniões, encontros e grupos de trabalho.
Alojamento para comunicadores: nos fundos do último andar da casa, com capacidade para até 40 pessoas;
Loja de artes indígenas: no acesso principal, reúne obras diversos artistas indígenas.
“Desde o princípio, essa sempre foi a nossa proposta: criar um espaço onde pudéssemos juntar arte, cultura, conhecimentos ancestrais, tecnologias e debates sobre questões políticas, climáticas e ambientais”, afirma
Mídia Indígena/Divulgação
“Buscamos uma casa que pudesse ser, ao mesmo tempo, espaço de trabalho, cultura, formação e encontro. O resultado foi um equilíbrio delicado entre o casarão histórico e a presença contemporânea da arte indígena”, resume Hony Sobrinho. “A Casa Maraká é política, é arte, é cultura e é generosidade. Para mim, foi uma honra participar desse projeto, não apenas pelo valor arquitetônico, mas pelo valor simbólico e pelo momento histórico que vivemos. Ele representa um movimento revolucionário de protagonismo indígena”, complementa Marcelo Rosenbaum.
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