Reforma de antiga casa de veraneio integra área social e preserva sua história

Esta residência de veraneio de 210 m² à beira-mar na Praia da Lagoinha, em Florianópolis, SC, ganhou novos contornos após a reforma comandada pela arquiteta Carina Beduschi (@carinabeduschi). Ao conhecer o imóvel — antigo, escuro e segmentado — ela enxergou o potencial que os proprietários, um casal de engenheiros, buscavam.
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“Eles me procuraram com dúvida entre esta casa e outra opção que não era de frente para o mar. Assim que vi a vegetação nativa, o gramado generoso à frente e a vista para o oceano, entendi que esta era ideal para eles”, lembra a profissional.
SALA DE ESTAR | O sofá-ilha da Moad integra a área social e, ao mesmo tempo, pode ser orientado para a fachada, transformando-se em um espaço de contemplação e leitura diante do mar. Repare no forro de madeira maciça que foi mantido e restaurado
Bruna Mateus/Divulgação
O projeto realizou intervenções precisas para modernizar e iluminar os cômodos sem abdicar das raízes arquitetônicas originais. Tudo em diálogo com os grandes panos de vidro instalados para reforçar a relação entre interior e exterior.
“Ao valorizar a luz natural e destacar a madeira presente no antigo forro, assim como nas janelas, nos pilares, nos pisos e nas tabeiras, a Carina conseguiu preservar a alma da casa enquanto a preparava para uma nova história”, comemora um dos proprietários.
SALA DE ESTAR | Após a retirada da lareira, a meia parede se transformou em estante para livros e cerâmicas. Na parede ao lado, fotografia, pratos e uma aquarela assinada pelo artista Nestor Jr., exposta em caixa de acrílico. No pé-direito duplo junto à entrada e à escada, duas gravuras de Henri Matisse. Abaixo do espelho, banco de madeira e rattan da Zara Home. Tabeiras e rodapés de madeira são originais da construção
Bruna Mateus/Divulgação
A transformação começou na área social térrea, originalmente fragmentada por paredes e por uma lareira volumosa que bloqueava a entrada de iluminação natural. A remoção dessa peça foi determinante para abrir o campo visual e revelar a escada revestida de madeira, agora protagonista do hall.
“Integrar os espaços e permitir que a luz atravessasse a casa era essencial para resgatar a atmosfera de férias que os proprietários buscavam”, explica a arquiteta.
ÁREA GOURMET | A ilha feita de quartzito Avohai, com cooktop, foi posicionada estrategicamente para conectar-se à área gourmet e à cozinha. Bancadas de apoio e do forno a lenha revestidas de porcelanato Aeterna Bianco Cesallato Mate, da Portobello. A área do bar se destaca pela cor verde da laca fosca. No mobiliário, mesa de jantar e o banco Engenho, assinados pela designer Larissa Diegoli, além das cadeiras Phina, também de sua autoria, fornecidos pela mesma loja
Bruna Mateus/Divulgação
O sofá-ilha, por sua vez, é peça-curinga: seus encostos móveis atendem tanto ao cômodo de estar quanto ao jantar e podem ainda se voltar para a fachada, criando um eixo de contemplação e leitura frente ao mar.
A meia-parede revelada após a retirada da lareira transformou-se em estante, exibindo livros e objetos pessoais. “Queríamos que cada canto contasse uma história, sem excessos, mas com autenticidade”, diz Carina.
ILHA | Para acompanhar os encontros em torno da gastronomia, as banquetas Paula, modelo similar a uma cadeira, da loja Moad Home, proporcionam conforto. Na parede, os pratos trazidos de viagens pelos moradores retratam memórias e afetos. Piso de porcelanato Downtown Natural, da Portinari, que reveste toda a área social
Bruna Mateus/Divulgação
No pé-direito duplo junto à entrada, duas gravuras de Henri Matisse trazem vibração cromática e marcam o tom contemporâneo do projeto: arte como âncora emocional e visual desde o primeiro olhar.
No coração da casa surgem a cozinha, a sala de estar, de jantar e o espaço gourmet, agora totalmente integrados. A reorganização da planta incluiu a demolição da churrasqueira existente e sua reconstrução em novo ponto, alinhada à ilha central. “A posição estratégica da ilha conecta cozinha, churrasqueira e forno à lenha, e ainda oferece vista para o mar a quem estiver cozinhando”, detalha a profissional.
COZINHA | A posição da ilha permite cozinhar com vista para o mar. Marcenaria em MDF bege claro com puxadores Radio, da marca Zen. O cooktop por indução Flexizone Branco, da Brastemp, foi uma solução para ficar mais discreto na bancada clara de quartzito Avohai
Bruna Mateus/Divulgação
Esse ambiente também respira leveza: o banco de madeira na mesa de jantar substitui cadeiras com encosto e, além de otimizar o fluxo visual, garante a informalidade de sempre “caber mais um”.
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O projeto também reservou espaço para memórias e afetos. Na cozinha, os pratos trazidos de viagens pelos moradores atraem olhares, enquanto no estar uma composição delicada reúne cerâmicas, fotografia e uma aquarela assinada pelo artista Nestor Jr., exposta em caixa de acrílico.
SUÍTE MÁSTER | O painel da cabeceira com filetes brancos traz textura suave, que lembra a areia das dunas. Na parede oposta, fotografias autorais dos moradores de lugares que eles visitaram trazem boas recordações. Materiais naturais completam o décor, com luminárias pendentes de rattan, madeira com tom intermediário e detalhes de palhinha clara
Bruna Mateus/Divulgação
A paleta cromática traduz o entorno: o bege remete à areia da praia, recebido por toques naturais em madeira e detalhes esverdeados — ora nas poltronas, ora no móvel bar, ora nos revestimentos dos banheiros. As escolhas de materiais priorizaram facilidade de manutenção, do piso ao mobiliário, respeitando o uso intenso da casa nos finais de semana e férias.
O design nacional também se faz presente: a mesa de jantar e o banco Engenho, assinados pela designer catarinense Larissa Diegoli, trazem brasilidade e reforçam a estética praiana contemporânea.
BANHEIRO | A base do ambiente recebeu cerâmica verde Gouache Nuage, da Portobello, em uma das paredes e, nas demais, porcelanato Downtown Natural, da Portinari. Bancada de Silestone cinza e cuba quadrada de sobrepor da Deca, na cor Soft Antracite, que formou um conjunto tom sobre tom. Marcenaria em madeira com uma parte fechada e uma estrutura ripada sob a pia, uma opção de armazenamento sem portas, a pedido dos moradores preocupados com a ventilação devido à maresia
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A ala íntima do térreo recebeu intervenções igualmente significativas. Dois quartos que antes compartilhavam banheiro deram origem a duas suítes completas, uma para a filha do casal e outra para hóspedes, ambas iluminadas, com toques discretos de cor e marcenaria enxuta. “Os moradores pediram poucos armários e ambientes leves, com a praticidade de chegar, curtir e viver”, afirma Carina.
No pavimento superior, a suíte máster se revela como refúgio privado. A varanda foi incorporada ao quarto, ampliando a vista panorâmica para o mar e intensificando a entrada de luz natural. O revestimento principal, de tonalidade suave, evoca dunas ao ser iluminado, uma percepção compartilhada também pelo morador. “A maneira como o revestimento reflete a luz realmente lembra a areia das dunas”, ele descreve.

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