No fascinante mundo das bromélias, a torre de safira (Puya alpestris) chama a atenção por sua impressionante inflorescência azul-esverdeado metálico. Seu crescimento lento é uma longa preparação para um espetáculo: uma floração que pode levar décadas para acontecer e leva à morte da planta-mãe morre.
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Originária das regiões montanhosas do centro e sul do Chile, a planta prospera em habitat árido e rochoso, e demonstra resistência a condições adversas. Essas áreas caracterizam-se por invernos úmidos e frios, com eventuais geadas ou neve nas maiores altitudes, e verões quentes e secos. Sua distribuição se estende por altitudes que podem chegar a 2.200 metros acima do nível do mar.
A bromélia torre de safira tem como habitat natural as encostas secas e afloramentos rochosos nas regiões montanhosas dos Andes chilenos, em altitudes elevadas
Pato Novoa/Wikimedia Commons
“O gênero Puya vem do idioma quéchua falado por povos andinos, e significa “ponta” ou “espinho”, fazendo referência direta ao aspecto espinhoso e pontiagudo das folhas dessas bromélias terrestres. Já o epíteto específico alpestris é de origem latina e significa literalmente “das montanhas”, em alusão direta ao seu hábitat natural nos Andes chilenos”, explica o engenheiro agrônomo Everton Hilo de Souza, especialista em Bromeliaceae e Presidente da Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos.
Atualmente, a espécie está florescendo no Jardim Botânico das Montanhas Azuis, localizado no Monte Tomah, na Austrália. A expectativa é que o período de floração se estenda até o início ou meados de dezembro, a depender do clima. O fato de florescer numa altitude inferior à dos seus picos nativos torna é um feito notável para o jardim botânico, que divulga o evento em suas redes sociais.
Características da torre de safira
As folhas da bromélia torre de safira são longas, estreitas, verde-escuras e dispostas em roseta. Elas possuem margens serreadas, com espinhos curvos e afiados
Stan Shebs/Wikimedia Commons
A Puya alpestris é uma planta herbácea perene de grande porte, embora seu crescimento seja lento. “É uma planta que pode atingir 1,2 a 5 m de altura, com folhas de até 1,2 m de comprimento e 5 cm de largura, aglomeradas em uma densa roseta. As margens das folhas com espinhos até 10 mm de comprimento”, descreve o botânico Marcos Eduardo Guerra Sobral, professor do Departamento de Ciências Naturais da Universidade Federal de São João Del-Rei.
“Ela forma uma roseta densa, com folhas rígidas e estreitas, de cor acinzentada a prateada. A superfície das folhas é coberta por finos pelos (tricomas), que lhes dão um aspecto opaco, e as bordas possuem espinhos recurvados, de cor castanha e ponta afiada. A roseta pode chegar a cerca de 1 metro de diâmetro”, complementa Everton.
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Por ser uma bromélia terrestre, suas raízes se fixam ao solo, ao contrário das espécies epífitas, que crescem sobre outras plantas, como árvores. Ela desenvolve uma haste floral (escapo) que surge do centro da roseta de folhas, sem apresentar um tronco lenhoso. “O escapo é grosso e coberto por brácteas semelhantes a folhas. As raízes são superficiais e bem adaptadas aos solos pedregosos e pobres em nutrientes”, acrescenta o especialista em bromélias.
Floração dramática
A floração da espécie é um evento espetacular e único, que acontece apenas uma vez em um período de décadas. “É uma espécie geralmente monocárpica, ou seja, floresce apenas uma vez antes de morrer, mas costuma produzir brotos na base, garantindo a continuidade da planta. A inflorescência é alta e vistosa, com forma de panícula ereta que pode alcançar até 2 metros de altura”, diz Everton.
As flores da ‘Puya alpestris’ são conhecidas por sua coloração única, apresentando um tom azul-esverdeado metálico vibrante, que contrasta com as anteras de um laranja intenso
Rod Waddington/Wikimedia Commons
No ambiente natural, o especialista explica que, é comum a planta florescer entre os meses de outubro e dezembro, colorindo as encostas andinas. Já em cultivo, especialmente em jardins botânicos e coleções particulares, a floração é mais rara. “Isso acontece porque as plantas crescem lentamente, demoram de 7 a 15 anos (ou mais) para florescer e geralmente há poucos indivíduos cultivados”, ele esclarece.
“As flores são densamente reunidas em inflorescências de até 1m de comprimento, com pétalas de até 6 cm de comprimento, apresentando uma coloração azul-esverdeada metálica”, detalha Marcos. “As sépalas são lanceoladas e firmes, e o ovário é ínfero e dividido em três partes (trilocular)”, expõe Everton. Essa combinação de cores, acentuada pelos estames laranjas vibrantes, é uma forte atração para polinizadores, como beija-flores.
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Mesmo nas populações naturais do Chile central, a sua floração acontece de maneira irregular e geralmente após mais de uma década de crescimento, sendo influenciada por fatores como chuvas e variações de temperatura. Após a floração, a planta-mãe, normalmente produz de três a oito mudas laterais, que podem ser separadas e replantadas quando atingirem tamanho suficiente.
O ciclo de vida da Puya alpestris se encerra após a frutificação, momento em que a planta-mãe morre. O fruto é uma cápsula seca que se abre ao amadurecer, liberando sementes pequenas com asas, levadas pelo vento, em um tipo de dispersão conhecido como anemocoria, que garante o futuro da espécie.
Após a floração, a ‘Puya alpestris’ desenvolve frutos em cápsulas subglobosas que, ao se abrirem, liberam sementes aladas dispersas pelo vento; após esse ciclo reprodutivo, a planta-mãe morre
Yastay/Wikimedia Commons
É possível cultivar a bromélia torre de safira no Brasil?
O cultivo da espécie é considerado difícil no Brasil, em grande parte devido às condições climáticas muito distintas de seu ambiente de origem andino. “A Puya alpestris ocorre em ambientes mais secos e mais elevados do que aqueles encontrados na maioria do território brasileiro”, diz Marcos.
Para que ela se desenvolva de forma saudável, é fundamental reproduzir, na medida do possível, as características de seu habitat natural. Confira quais são as condições específicas de cultivo:
Solo: leve e extremamente bem drenado. Composto por uma alta proporção de areia grossa, cascalho e matéria orgânica pobre, evitando o acúmulo de umidade.
Iluminação: sol pleno, sendo a exposição direta à luz essencial para a coloração azulada característica das folhas e flores.
Temperatura: entre 10 e 25 °C, com baixa umidade do ar. A planta não tolera calor intenso nem excesso de umidade, condições comuns em grande parte do território brasileiro.
Rega: moderada, feita apenas quando o substrato estiver completamente seco, evitando qualquer encharcamento.
Ventilação: indispensável; ambientes abafados e úmidos favorecem o surgimento de fungos e o apodrecimento das raízes, comprometendo o cultivo.
Everton ressalta ainda que, em áreas com clima quente e úmido, ela deve ser posicionada em locais altos, ensolarados e arejados, utilizando um substrato seco e mineral para evitar o acúmulo de umidade e diminuir o risco de apodrecimento das raízes.
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Pode cultivar a torre de safira em ambientes internos?
Devido ao seu tamanho imponente e ao crescimento lento, a torre de safira é uma espécie mais indicada para paisagismo, onde pode ser valorizada como ponto focal ou elemento de destaque. “Pelos dados de sua altura, o seu cultivo tanto em ambientes internos quanto em vasos me parece desaconselhável. Ela me parece mais adequada para jardins espaçosos”, opina Marcos.
Jardins de rochas, como rochedos, composições de xeropaisagismo ou jardins de inspiração andina e desértica, são os mais indicados. Caso opte por vasos, estes devem ser grandes e bem drenados, preferencialmente de barro ou cimento, sempre a pleno sol e ao ar livre.
Como adquirir a espécie no Brasil
Por se tratar de uma espécie exótica e não pertencente à flora brasileira, a Puya alpestris deve ser adquirida exclusivamente por meio de viveiristas especializados. “No país, não é comum ser encontrada no mercado. A espécie pode ser propagada de duas formas: como muda jovem, obtida a partir de brotações laterais; ou por sementes, fornecidas por produtores que trabalham com espécies andinas e de clima árido”, esclarece Everton.
A aquisição da ‘Puya alpestris’ no Brasil pode ser feita através da compra de sementes ou mudas produzidas por especialistas ou viveiristas
Daderot/Wikimedia Commons
No Brasil, a propagação por brotações laterais é o método mais eficaz e prático, uma vez que permite a reprodução da espécie a partir de plantas já adaptadas às condições locais. Já a germinação de sementes é lenta e inconsistente sendo mais utilizada por colecionadores e bancos de germoplasma que buscam preservar a diversidade genética da espécie.
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O material utilizado deve ser de origem legal e controlada, respeitando as normas de importação e controle fitossanitário, contribuindo para a conservação das populações naturais e para o cultivo responsável da espécie em território brasileiro.
A produção de néctar com alta concentração de açúcares faz da bromélia torre de safira um recurso alimentar de grande importância para a fauna local
Yastay/Wikimedia Commons
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Originária das regiões montanhosas do centro e sul do Chile, a planta prospera em habitat árido e rochoso, e demonstra resistência a condições adversas. Essas áreas caracterizam-se por invernos úmidos e frios, com eventuais geadas ou neve nas maiores altitudes, e verões quentes e secos. Sua distribuição se estende por altitudes que podem chegar a 2.200 metros acima do nível do mar.
A bromélia torre de safira tem como habitat natural as encostas secas e afloramentos rochosos nas regiões montanhosas dos Andes chilenos, em altitudes elevadas
Pato Novoa/Wikimedia Commons
“O gênero Puya vem do idioma quéchua falado por povos andinos, e significa “ponta” ou “espinho”, fazendo referência direta ao aspecto espinhoso e pontiagudo das folhas dessas bromélias terrestres. Já o epíteto específico alpestris é de origem latina e significa literalmente “das montanhas”, em alusão direta ao seu hábitat natural nos Andes chilenos”, explica o engenheiro agrônomo Everton Hilo de Souza, especialista em Bromeliaceae e Presidente da Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos.
Atualmente, a espécie está florescendo no Jardim Botânico das Montanhas Azuis, localizado no Monte Tomah, na Austrália. A expectativa é que o período de floração se estenda até o início ou meados de dezembro, a depender do clima. O fato de florescer numa altitude inferior à dos seus picos nativos torna é um feito notável para o jardim botânico, que divulga o evento em suas redes sociais.
Características da torre de safira
As folhas da bromélia torre de safira são longas, estreitas, verde-escuras e dispostas em roseta. Elas possuem margens serreadas, com espinhos curvos e afiados
Stan Shebs/Wikimedia Commons
A Puya alpestris é uma planta herbácea perene de grande porte, embora seu crescimento seja lento. “É uma planta que pode atingir 1,2 a 5 m de altura, com folhas de até 1,2 m de comprimento e 5 cm de largura, aglomeradas em uma densa roseta. As margens das folhas com espinhos até 10 mm de comprimento”, descreve o botânico Marcos Eduardo Guerra Sobral, professor do Departamento de Ciências Naturais da Universidade Federal de São João Del-Rei.
“Ela forma uma roseta densa, com folhas rígidas e estreitas, de cor acinzentada a prateada. A superfície das folhas é coberta por finos pelos (tricomas), que lhes dão um aspecto opaco, e as bordas possuem espinhos recurvados, de cor castanha e ponta afiada. A roseta pode chegar a cerca de 1 metro de diâmetro”, complementa Everton.
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Por ser uma bromélia terrestre, suas raízes se fixam ao solo, ao contrário das espécies epífitas, que crescem sobre outras plantas, como árvores. Ela desenvolve uma haste floral (escapo) que surge do centro da roseta de folhas, sem apresentar um tronco lenhoso. “O escapo é grosso e coberto por brácteas semelhantes a folhas. As raízes são superficiais e bem adaptadas aos solos pedregosos e pobres em nutrientes”, acrescenta o especialista em bromélias.
Floração dramática
A floração da espécie é um evento espetacular e único, que acontece apenas uma vez em um período de décadas. “É uma espécie geralmente monocárpica, ou seja, floresce apenas uma vez antes de morrer, mas costuma produzir brotos na base, garantindo a continuidade da planta. A inflorescência é alta e vistosa, com forma de panícula ereta que pode alcançar até 2 metros de altura”, diz Everton.
As flores da ‘Puya alpestris’ são conhecidas por sua coloração única, apresentando um tom azul-esverdeado metálico vibrante, que contrasta com as anteras de um laranja intenso
Rod Waddington/Wikimedia Commons
No ambiente natural, o especialista explica que, é comum a planta florescer entre os meses de outubro e dezembro, colorindo as encostas andinas. Já em cultivo, especialmente em jardins botânicos e coleções particulares, a floração é mais rara. “Isso acontece porque as plantas crescem lentamente, demoram de 7 a 15 anos (ou mais) para florescer e geralmente há poucos indivíduos cultivados”, ele esclarece.
“As flores são densamente reunidas em inflorescências de até 1m de comprimento, com pétalas de até 6 cm de comprimento, apresentando uma coloração azul-esverdeada metálica”, detalha Marcos. “As sépalas são lanceoladas e firmes, e o ovário é ínfero e dividido em três partes (trilocular)”, expõe Everton. Essa combinação de cores, acentuada pelos estames laranjas vibrantes, é uma forte atração para polinizadores, como beija-flores.
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Mesmo nas populações naturais do Chile central, a sua floração acontece de maneira irregular e geralmente após mais de uma década de crescimento, sendo influenciada por fatores como chuvas e variações de temperatura. Após a floração, a planta-mãe, normalmente produz de três a oito mudas laterais, que podem ser separadas e replantadas quando atingirem tamanho suficiente.
O ciclo de vida da Puya alpestris se encerra após a frutificação, momento em que a planta-mãe morre. O fruto é uma cápsula seca que se abre ao amadurecer, liberando sementes pequenas com asas, levadas pelo vento, em um tipo de dispersão conhecido como anemocoria, que garante o futuro da espécie.
Após a floração, a ‘Puya alpestris’ desenvolve frutos em cápsulas subglobosas que, ao se abrirem, liberam sementes aladas dispersas pelo vento; após esse ciclo reprodutivo, a planta-mãe morre
Yastay/Wikimedia Commons
É possível cultivar a bromélia torre de safira no Brasil?
O cultivo da espécie é considerado difícil no Brasil, em grande parte devido às condições climáticas muito distintas de seu ambiente de origem andino. “A Puya alpestris ocorre em ambientes mais secos e mais elevados do que aqueles encontrados na maioria do território brasileiro”, diz Marcos.
Para que ela se desenvolva de forma saudável, é fundamental reproduzir, na medida do possível, as características de seu habitat natural. Confira quais são as condições específicas de cultivo:
Solo: leve e extremamente bem drenado. Composto por uma alta proporção de areia grossa, cascalho e matéria orgânica pobre, evitando o acúmulo de umidade.
Iluminação: sol pleno, sendo a exposição direta à luz essencial para a coloração azulada característica das folhas e flores.
Temperatura: entre 10 e 25 °C, com baixa umidade do ar. A planta não tolera calor intenso nem excesso de umidade, condições comuns em grande parte do território brasileiro.
Rega: moderada, feita apenas quando o substrato estiver completamente seco, evitando qualquer encharcamento.
Ventilação: indispensável; ambientes abafados e úmidos favorecem o surgimento de fungos e o apodrecimento das raízes, comprometendo o cultivo.
Everton ressalta ainda que, em áreas com clima quente e úmido, ela deve ser posicionada em locais altos, ensolarados e arejados, utilizando um substrato seco e mineral para evitar o acúmulo de umidade e diminuir o risco de apodrecimento das raízes.
Leia mais
Pode cultivar a torre de safira em ambientes internos?
Devido ao seu tamanho imponente e ao crescimento lento, a torre de safira é uma espécie mais indicada para paisagismo, onde pode ser valorizada como ponto focal ou elemento de destaque. “Pelos dados de sua altura, o seu cultivo tanto em ambientes internos quanto em vasos me parece desaconselhável. Ela me parece mais adequada para jardins espaçosos”, opina Marcos.
Jardins de rochas, como rochedos, composições de xeropaisagismo ou jardins de inspiração andina e desértica, são os mais indicados. Caso opte por vasos, estes devem ser grandes e bem drenados, preferencialmente de barro ou cimento, sempre a pleno sol e ao ar livre.
Como adquirir a espécie no Brasil
Por se tratar de uma espécie exótica e não pertencente à flora brasileira, a Puya alpestris deve ser adquirida exclusivamente por meio de viveiristas especializados. “No país, não é comum ser encontrada no mercado. A espécie pode ser propagada de duas formas: como muda jovem, obtida a partir de brotações laterais; ou por sementes, fornecidas por produtores que trabalham com espécies andinas e de clima árido”, esclarece Everton.
A aquisição da ‘Puya alpestris’ no Brasil pode ser feita através da compra de sementes ou mudas produzidas por especialistas ou viveiristas
Daderot/Wikimedia Commons
No Brasil, a propagação por brotações laterais é o método mais eficaz e prático, uma vez que permite a reprodução da espécie a partir de plantas já adaptadas às condições locais. Já a germinação de sementes é lenta e inconsistente sendo mais utilizada por colecionadores e bancos de germoplasma que buscam preservar a diversidade genética da espécie.
Leia mais
O material utilizado deve ser de origem legal e controlada, respeitando as normas de importação e controle fitossanitário, contribuindo para a conservação das populações naturais e para o cultivo responsável da espécie em território brasileiro.
A produção de néctar com alta concentração de açúcares faz da bromélia torre de safira um recurso alimentar de grande importância para a fauna local
Yastay/Wikimedia Commons



