Boom Boom: a tendência que saiu da moda e promete dominar a decoração em 2026

Como uma festa que nunca tem fim, o estilo Boom Boom chega à decoração com força, trazendo cores vibrantes, texturas ousadas e uma atmosfera maximalista que transforma qualquer ambiente em palco de personalidade e energia. Mais do que tendência de moda, ele se traduz em casas cheias de vida, onde o excesso é bem-vindo e a mistura é celebrada.
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O que é o estilo Boom Boom?
O Boom Boom nasceu como uma estética ligada à moda, marcada por cores intensas, brilhos, estampas chamativas e sobreposição de elementos. No décor, essa linguagem se traduz em cômodos que abraçam o maximalismo contemporâneo, criando espaços que refletem identidade e ousadia.
O apartamento do designer carioca João Incerti expressa suas emoções, desejos e incertezas por meio de cores, pinturas e peças garimpadas
Andre Nazareth/Editora Globo
Para a arquiteta e pesquisadora em tendências Ila Rosete, o Boom Boom surge como contraponto ao minimalismo, reafirmando a identidade cultural brasileira. “É um basta à universalização do gosto e da estética de expressão única. A massificação que ‘pintou tudo de cinza’”, acredita.
Ela explica que é possível entender o minimalismo como estética oriental japonesa, que reflete o entorno de sua geolocalização e a ‘escassez’ de recursos naturais de sua ilha e de seu povo silencioso e contemplativo. “Porém, esta roupa não veste a nossa cultura híbrida por natureza, apesar de nos agradar por sua singela beleza”, afirma Ila.
Esta sala de estar exibe uma mistura de cores e estampas, que inclui sofá e pufe desenhados por Jean de Just, executados pela Estofados Eurides com tecidos da JRJ, e tapete assinado por Norberto Nicola, na Passado Composto
Renato Navarro/Divulgação | Projeto assinado pelo arquiteto Jean de Just
Para Natália Vargas, especialista em tendências da WGSN, “este tema pode ser visto como resultado da saturação do minimalismo que presenciamos nos últimos tempos. Reflete o desejo de autoexpressão, diversidade, pluralismo neste período de grandes movimentos sociais, fragmentação cultural e ascensão dos nichos em que vivemos”.
Natália acredita que o oitentismo da tendência Boom Boom ocupa um lugar de criatividade, de autoexpressão e de renascimento do sentimento do eu diferenciado. “Após um período de estéticas mais silenciosas, como o quiet luxury em si, o pêndulo agora vai para outro lugar, um espaço com mais informação”, pontua.
Neste quarto, o tapete estampado, a cabeceira e a roupa de cama em cores intensas trazem um toque do estilo Boom Boom
Wesley Diego/Editora Globo | Projeto da arquiteta Stephanie Ribeiro
Antes e o porquê do Boom Boom
A pesquisa de macrotendências da Casa PO Box — bureau de pesquisa e consultoria em tendências e lifestyle cofundado pela arquiteta Ila Rosete — aponta o multihibridismo como força-chave da tendência Boom Boom, impulsionado por migrações, hibridismo cultural, diversidade e novas conexões. “Em um mundo de fronteiras cada vez mais fluidas, diferentes vozes e experiências ampliam repertórios e renovam a força de trabalho, enquanto movimentos por igualdade ganham intensidade”, ela diz.
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Ela acrescenta que tensões globais e desigualdades exigem soluções baseadas em tecnologias emergentes e parcerias regionais, enquanto o design e a indústria avançam na adoção da bioeconomia e de materiais desenvolvidos sob perspectivas múltiplas. Para a arquiteta, rumo a 2026, o avanço da biotecnologia acelera uma transformação essencial, consolidando a ética como novo capital social.
O novo e antigo convivem no espaço, com a clássica escrivaninha Xerife, herdada da família, e o banco R540, do estúdio Fetiche Design, comprado na Micasa. Projeto do escritório Pro.a Arquitetos
Gisele Rampazzo/Divulgação
Boom Boom no Brasil
Para Ila Rosete, o Boom Boom encontra no Brasil um terreno fértil, visto que nossa cultura é marcada pela mistura e pela exuberância natural. “Chegou a hora do design brasileiro assumir o seu verdadeiro DNA. O Brasil é híbrido e maximalista por natureza. Um país de rica mistura de culturas e saberes ancestrais, com a exuberância e pluralidade da natureza. Façamos o nosso Boom Boom tropical”, comenta.
Boom Boom dentro de casa
No universo da decoração, o Boom Boom aparece como uma resposta ao desejo de personalização e autenticidade. Ila sugere que o uso de cores inspiradas na natureza e na culinária brasileira pode trazer intensidade ao estilo sem perder autenticidade.
A colcha colorida pendurada na parede atrás da cama foi adquirida em uma viagem à Índia pelos moradores e ganhou destaque no ambiente. Projeto da arquiteta Solange Calio
Denilson Machado/MCA Estúdio/Divulgação
A arquiteta convida para novas experimentações, deixando de pintar as casas somente de bege e cinza. “Temos goiabada, os limões taitis, cravo e o galego, a manga, as orquídeas, as bromélias e a maria-sem-vergonha. Estas referências compõem uma paleta cromática exuberante. Vamos experimentá-la?”, provoca Ila.
Neste ambiente assinado pelo arquiteto e designer de interiores Sig Bergamin, as cores, estampas e texturas se misturam em harmonia
Christian Maldonado/Editora Globo
Em vez de ambientes neutros e discretos, a proposta é apostar em:
Paleta vibrante: vermelhos, rosas, azuis elétricos e verdes intensos convivem em harmonia.
Mix de estampas: geométricos, florais e animal print podem estar juntos no mesmo espaço.
Texturas contrastantes: veludo, metalizado, acrílico e madeira se encontram para criar impacto visual.
Objetos statement: móveis ou peças decorativas que funcionam como protagonistas, como um sofá colorido ou uma luminária escultural.
Arte e cultura pop: quadros, pôsteres e objetos que remetem ao universo fashion e musical reforçam a atmosfera divertida.
O revestimento de parede estampado com folhagens, da Branco.casa, é o destaque do ambiente. Projeto do escritório Escala Arquitetura
Juliano Colodeti/MCA Estúdio/Divulgação
Como aplicar sem exagerar
Apesar de ser um estilo que celebra o excesso, é possível equilibrar o Boom Boom em casa:
Escolha um cômodo para ousar: salas de estar e áreas sociais são ideais para experimentar.
Use pontos de destaque: um tapete vibrante ou uma parede colorida já trazem o espírito Boom Boom.
Misture com elementos neutros: móveis básicos ou paredes brancas ajudam a dar respiro visual.
Invista em iluminação criativa: luzes coloridas ou luminárias de design arrojado reforçam o clima festivo.
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O futuro do Boom Boom
De acordo com as previsões da WGSN, o Boom Boom deve evoluir nos próximos anos, com forte influência do artesanal e do digital. “A mistura de estilos, cores, estéticas temporais, não só se dedicando aos anos 1980, sobreposições e volumes, cria um caminho adicionando as possibilidades que hoje são facilitadas no espaço digital. É um momento onde o contemporâneo se encontra com o ontem para nos mostrar o que é o maximalismo do amanhã”, diz Natália.
Neste ambiente, o projeto da produtora Cláudia Ribeiro reúne peças vintage, o uso de tons intensos e objetos de destaque
Cacá Bratke/Editora Globo
Ila acredita que esse movimento de valorização do passado e da memória material é um sinal de que o Boom Boom pode se consolidar como tendência duradoura no Brasil. “Estamos começando a utilizar utensílios e móveis da casa da avó, olhando para isso com respeito e afeto. O crescimento dos brechós e a valorização do que tem o tempo e histórias impressas em sua matéria. O resgate da estética e das materialidades do passado como elemento de reconstrução de uma identidade esquecida”, observa.
Além da presença na moda e na decoração, o Boom Boom se destaca no mercado da beleza. Maquiagens, cabelos e cosméticos se tornam ferramentas de autoexpressão dentro desse movimento.

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