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Um dos primeiros arquitetos globais, com obras percebidas como espetáculos na paisagem de diferentes partes do planeta, Gehry estudou arquitetura na University of Southern California e planejamento urbano na Harvard Graduate School of Design. O êxito na carreira veio com o tempo: mais de cinco décadas depois, ele colecionava láureas. Extensa, a lista inclui o prêmio Pritzker (1989) e as prestigiadas medalhas de ouro do American Institute of Architects (1999) e do Royal Institute of British Architects (2000).
Vasto, seu talento encontrou terreno fértil não só na arquitetura (a esse respeito, ele manifestava a convicção de que deveria ser capaz de provocar experiências, mais do que oferecer abrigo) como também em áreas correlatas. Foram várias suas incursões no campo da escultura, do design de objetos e do mobiliário.
Exemplares dessa produção geraram interesse à medida que Gehry se tornou uma celebridade, movimento paralelo à crescente popularização da arquitetura, e já ganharam exposição em museus como o Guggenheim de Nova York e o Centre Pompidou, em Paris. Itens das coleções Easy Edges (1969-73) e Experimental Edges (1979-82), compostas de cadeiras e mesas feitas a partir de blocos de papelão corrugado, exemplificam essa atuação plural. O mesmo se pode dizer das Fish Lamps, luminárias desenvolvidas em 1983 com laminado plástico, a pedido da Formica.
A predileção pela forma do animal aquático – e de todo o universo marítimo, aliás – deixou marcas na jornada de Gehry: basta notar quão recorrentes são as figuras do barco ou do peixe em seu legado. Um de seus edifícios mais emblemáticos, o museu Guggenheim Bilbao (1997), na Espanha, pode ser compreendido à luz dessa referência formal.
Na época, a construção gerou grande controvérsia, sobretudo pela desconexão com o entorno. Por outro lado, a iniciativa alçou definitivamente o arquiteto ao estrelato. E, polêmicas à parte, as intenções de replicar a fórmula em outras cidades necessitadas de um ícone arquitetônico capaz de promover a revitalização econômica regional continuaram em pauta.
Entre seus projetos célebres, destacam-se ainda o Vitra Design Museum (1989), em Weil-am-Rhein, na Alemanha, o Walt Disney Concert Hall (2003), em Los Angeles, o Jay Pritzker Pavilion (2004), em Chicago, e a Fundação Louis Vuitton (2013), em Paris, além da nova sede do Facebook (2015), também na Califórnia.
Mais recentemente, Gehry assistiu à conclusão da Luma Arles (2021), torre concebida visando respeitar o legado da presença romana e a arquitetura românica na cidade francesa, conjugadas à atual agenda ambiental. Erguida no campus cultural de mesmo nome, a edificação foi projetada ao longo de 14 anos. Tanto esmero resultou na incorporação de uma série de elementos e recursos sustentáveis, reflexo da sensibilidade e da atenção precoce ao tema por parte do canadense-americano.
Principais trabalhos
Casa Gehry (1978)
IK’s World Trip
Pensada para ele e a família morarem, a residência em Santa Monica, na Califórnia, causou alvoroço na vizinhança graças ao intrigante envelopamento geométrico acrescido ao bangalô existente – renovação feita com materiais populares, como o compensado e as chapas metálicas.
Pavilhão Olímpico (1992)
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Monumental, a escultura feita com cortinas de aço dourado em forma de peixe – uma das referências favoritas do arquiteto – adorna a região reurbanizada em Barcelona especialmente para os jogos olímpicos. Um software para desenho em 3D foi utilizado na época, numa demonstração de pioneirismo por parte do escritório de Gehry em uma técnica depois amplamente difundida.
Guggenheim Bilbao (1997)
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Feito de rocha, vidro e titânio (material pouco conhecido na época) – o museu espanhol acompanha as margens do rio Nervión, que corta a cidade basca. Hipernoticiada, a construção colocou Gehry no panteão dos superarquitetos mundiais e contribuiu para dinamizar a economia local.
Walt Disney Concert Hall (1988-2003)
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Selecionado para conceber a nova sede para a Filarmônica de Los Angeles, Gehry saiu-se com o Walt Disney Concert Hall, inaugurado em 2003. O projeto, acredita-se, reflete sua longa paixão pelo universo náutico, sobretudo embarcações a vela.
Fundação Louis Vuitton (2014)
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Coube a Gehry desenhar o museu de arte contemporânea nos arredores de Paris, com o qual o grupo LVMH, dono da marca Louis Vuitton, prosseguiria no mecenato. Para ser atraente, o projeto evoca a tradição dos edifícios de vidro dos jardins do século 19. À beira d’água, compreende um conjunto de blocos brancos cercado por doze “velas” de vidro.
Luma Arles (2021)
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A estrutura com 56 metros de altura e geometria retorcida, coberta de painéis de aço inox, se destaca na paisagem da cidade francesa.



