A casa de 215 m², em Atibaia, interior de São Paulo, nasceu do desejo de unir vida, trabalho e natureza em um mesmo território. Os proprietários — o casal de arquitetos, artistas e galeristas Mariana Weigand e André Weigand, do escritório am.studio de arquitetura (@amstudio_arq) — transformaram um antigo campo de milho em um cenário fértil, o qual é dividido com mais sete famílias de amigos, vizinhos dentro do mesmo sítio em uma espécie de comunidade.
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O imóvel, com ambientes integrados à paisagem, serve como refúgio para encontros de Mariana, André, os dois filhos, Matias, 11 anos, e Tomas, 8 anos, e o pet Spock. Também funciona como espaço de trabalho: abriga o ateliê e o escritório do casal, que divide a rotina entre Atibaia e a WG Galeria — fundada por eles e uma sócia — no coração efervescente da capital paulista.
RETRATO | A família reunida na sala de estar: André e Mariana Weigand, com os filhos Tomas, de 8 anos (sentado ao meio), e Matias, 11 anos (atrás)
André Weigand/Divulgação
A morada foi construída do zero como extensão direta da paisagem regenerada ao longo de 12 anos. Com inspiração nas residências de roça locais, o projeto adotou métodos tradicionais, materiais simples e mão de obra do bairro.
FACHADA | Com inspiração nas casas de roça locais, o projeto adotou métodos tradicionais, materiais simples e mão de obra do bairro. Na fachada, a pintura foi feita em caiação, com cor desenvolvida pelos proprietários, que imita a da terra local do terreno. No entorno da casa foram plantados pau-ferro, aroeira-salsa, ipê-branco, capim-do-texas, guaimbê e inúmeras árvores frutíferas
André Weigand/Divulgação
A construção se organiza em três módulos térreos conectados por passagens envidraçadas e jardins contínuos: um bloco dedicado ao escritório e hóspedes, outro para a sala de estar integrada à cozinha e, por fim, a ala íntima com dormitórios e lavanderia.
A paleta externa nasceu literalmente da terra local: durante a obra, a chuva respingou o solo nas paredes, e aquele tom guiou os pigmentos da caiação que reveste a fachada. O acabamento natural muda de cor conforme o clima — mais escuro no período de chuvas, mais claro na seca — reforçando a integração ao entorno.
LIVING | Os ambientes integrados são ideais para o convívio da família e encontros com amigos. Na materialidade, piso de tijolos produzidos em olaria próxima e estrutura de madeira do teto, com pé-direito alto. A decoração mistura peças colecionadas ao longo da vida e clássicos do design brasileiro, como a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, que recebeu, logo ao lado, mesinha de marchetaria trazida de viagem ao Egito. Mesa de centro de madeira e aço corten com lareira a álcool embutida, projetada pelos proprietários, assim como a estante de carvalho no canto esquerdo. Sofá de Paschoal Ambrosio forrado com veludo de algodão da Entreposto. Tapete de sisal da L’oeil
André Weigand/Divulgação
A implantação segue uma modulação de 8 metros, garantindo eficiência construtiva, ventilação permanente e vãos iluminados. “Nosso principal objetivo era a integração e respeito com a natureza. Com vãos e pé-direitos generosos, a ventilação e a iluminação da casa é privilegiada, e temos a Pedra Grande, o grande monumento natural de Atibaia, sempre em perspectiva”, fala André.
Os desafios do projeto foram tão estruturais quanto ambientais. Sem infraestrutura básica, o terreno exigiu soluções sustentáveis para abastecimento, conforto térmico e privacidade entre as residências vizinhas, todas sem muros.
SALA DE ESTAR | Com amplas aberturas que vislumbram a paisagem natural e o jardim, o ambiente tem sofá de Paschoal Ambrosio revestido de veludo de algodão Entreposto. Ao lado, mesa lateral Saarinen, na Arqlienea. À direita, poltrona reclinável de madeira e palhinha da década de 1940, de Walter Gerdau. Encostado na parede, à esquerda, banco de madeira e palhinha do acervo da família. Acima dele, escultura de parede em azulejo e latão, de André Weigand
André Weigand/Divulgação
O uso de janelas que se adaptam às estações, favorecendo a ventilação cruzada, aliado ao exaustor instalado próximo à cobertura na fachada sul — responsável por expulsar o ar quente acumulado junto ao forro — permite que a morada funcione sem a necessidade de ar-condicionado.
SALA DE ESTAR | Entre as peças de design brasileiro, está a poltrona FDC1, de Flávio de Carvalho, à esquerda. Ao fundo, destacam-se as obras de arte na parede, entre elas, fotografia de André Weigand, serigrafia de Amilcar de Castro, nanquim de Tarsila do Amaral e quadros de técnica mista de Mariana Weigand. Na parede ao lado, um cavalete de rua do vendedor de caldo de cana Gerson Rosado quebra a formalidade
André Weigand/Divulgação
O local, antes degradado, foi reflorestado pelos moradores, que hoje compartilham o sítio com outras famílias. A área produz hortaliças, raízes, frutas, feijão e milho, abriga um galinheiro orgânico e convive com fauna antes inexistente — aves, capivaras, macacos e até onças.
A autonomia também aparece no cotidiano: as fossas ecológicas alimentam bananeiras e toda a energia fotovoltaica vem de um parque solar comum.
SALA DE JANTAR | O piso de tijolos produzidos em olaria local se estende do estar à sala de jantar integrada com a cozinha. Mesa de jantar projetada pelos moradores e executada com mármore e aço corten. Cadeiras Eames Wood, em carvalho, da Artesian. Nas duas cabeceiras da mesa, cadeiras Wishbone, de Hans J. Wegner. Sobre a mesa, esculturas de madeira de Alex Barbosa. Serigrafias ao fundo de Amilcar de Castro. Raquete antiga da família
André Weigand/Divulgação
Nos materiais, destacam-se o piso de tijolos produzidos em olaria local, as telhas de barro e a estrutura de madeira do telhado. Na decoração, peças colecionadas ao longo da vida convivem com clássicos do design brasileiro. Entre eles, a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, as poltronas antigas de veludo e o banco de madeira e palhinha restaurado.
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As obras de arte ocupam todos os cômodos: trabalhos do próprio casal convivem com peças de Tarsila do Amaral, Amilcar de Castro e outros artistas. Entre elas, um cavalete de rua do vendedor de caldo de cana Gerson Rosado adiciona um toque popular e quebra a formalidade.
COZINHA | A ilha de madeira serve de apoio e também para armazenamento. O móvel Prima Colazione, em aço verde menta, da Securit, traz um ponto de cor
André Weigand/Divulgação
A sala, organizada a partir de um eixo norte–sul, valoriza a vista para a mata e para a Pedra Grande, perfeitamente enquadrada por uma janela. Já a varanda descoberta ganha sombra e movimento graças às aroeiras‑salsa plantadas pelos arquitetos — árvores que fornecem pimenta‑rosa, atraem pássaros e acompanham, como um calendário vivo, o ciclo das luas e do pôr do sol.
SUÍTE | Com pé-direito alto, o ambiente tem cama com cabeceira de madeira jatobá, produzida a partir de um antigo estrado. Sobre ela, tríptico de fotos, autoria de André Weigand. Tapete artesanal da fábrica Tapetes Sisal Minas
André Weigand/Divulgação
SUÍTE | Neste ângulo, repare na estante de aço, da Securit, com nichos para acomodar livros e objetos. A grande abertura permite a vista da exuberante vegetação externa
André Weigand/Divulgação
Mais que um projeto arquitetônico, esta é uma narrativa de reconstrução do solo, do entorno e do modo de viver. Como resume Mariana: “Nada aqui é desconectado. A casa, a terra, as pessoas e a arte fazem parte da mesma história em movimento”.
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O imóvel, com ambientes integrados à paisagem, serve como refúgio para encontros de Mariana, André, os dois filhos, Matias, 11 anos, e Tomas, 8 anos, e o pet Spock. Também funciona como espaço de trabalho: abriga o ateliê e o escritório do casal, que divide a rotina entre Atibaia e a WG Galeria — fundada por eles e uma sócia — no coração efervescente da capital paulista.
RETRATO | A família reunida na sala de estar: André e Mariana Weigand, com os filhos Tomas, de 8 anos (sentado ao meio), e Matias, 11 anos (atrás)
André Weigand/Divulgação
A morada foi construída do zero como extensão direta da paisagem regenerada ao longo de 12 anos. Com inspiração nas residências de roça locais, o projeto adotou métodos tradicionais, materiais simples e mão de obra do bairro.
FACHADA | Com inspiração nas casas de roça locais, o projeto adotou métodos tradicionais, materiais simples e mão de obra do bairro. Na fachada, a pintura foi feita em caiação, com cor desenvolvida pelos proprietários, que imita a da terra local do terreno. No entorno da casa foram plantados pau-ferro, aroeira-salsa, ipê-branco, capim-do-texas, guaimbê e inúmeras árvores frutíferas
André Weigand/Divulgação
A construção se organiza em três módulos térreos conectados por passagens envidraçadas e jardins contínuos: um bloco dedicado ao escritório e hóspedes, outro para a sala de estar integrada à cozinha e, por fim, a ala íntima com dormitórios e lavanderia.
A paleta externa nasceu literalmente da terra local: durante a obra, a chuva respingou o solo nas paredes, e aquele tom guiou os pigmentos da caiação que reveste a fachada. O acabamento natural muda de cor conforme o clima — mais escuro no período de chuvas, mais claro na seca — reforçando a integração ao entorno.
LIVING | Os ambientes integrados são ideais para o convívio da família e encontros com amigos. Na materialidade, piso de tijolos produzidos em olaria próxima e estrutura de madeira do teto, com pé-direito alto. A decoração mistura peças colecionadas ao longo da vida e clássicos do design brasileiro, como a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, que recebeu, logo ao lado, mesinha de marchetaria trazida de viagem ao Egito. Mesa de centro de madeira e aço corten com lareira a álcool embutida, projetada pelos proprietários, assim como a estante de carvalho no canto esquerdo. Sofá de Paschoal Ambrosio forrado com veludo de algodão da Entreposto. Tapete de sisal da L’oeil
André Weigand/Divulgação
A implantação segue uma modulação de 8 metros, garantindo eficiência construtiva, ventilação permanente e vãos iluminados. “Nosso principal objetivo era a integração e respeito com a natureza. Com vãos e pé-direitos generosos, a ventilação e a iluminação da casa é privilegiada, e temos a Pedra Grande, o grande monumento natural de Atibaia, sempre em perspectiva”, fala André.
Os desafios do projeto foram tão estruturais quanto ambientais. Sem infraestrutura básica, o terreno exigiu soluções sustentáveis para abastecimento, conforto térmico e privacidade entre as residências vizinhas, todas sem muros.
SALA DE ESTAR | Com amplas aberturas que vislumbram a paisagem natural e o jardim, o ambiente tem sofá de Paschoal Ambrosio revestido de veludo de algodão Entreposto. Ao lado, mesa lateral Saarinen, na Arqlienea. À direita, poltrona reclinável de madeira e palhinha da década de 1940, de Walter Gerdau. Encostado na parede, à esquerda, banco de madeira e palhinha do acervo da família. Acima dele, escultura de parede em azulejo e latão, de André Weigand
André Weigand/Divulgação
O uso de janelas que se adaptam às estações, favorecendo a ventilação cruzada, aliado ao exaustor instalado próximo à cobertura na fachada sul — responsável por expulsar o ar quente acumulado junto ao forro — permite que a morada funcione sem a necessidade de ar-condicionado.
SALA DE ESTAR | Entre as peças de design brasileiro, está a poltrona FDC1, de Flávio de Carvalho, à esquerda. Ao fundo, destacam-se as obras de arte na parede, entre elas, fotografia de André Weigand, serigrafia de Amilcar de Castro, nanquim de Tarsila do Amaral e quadros de técnica mista de Mariana Weigand. Na parede ao lado, um cavalete de rua do vendedor de caldo de cana Gerson Rosado quebra a formalidade
André Weigand/Divulgação
O local, antes degradado, foi reflorestado pelos moradores, que hoje compartilham o sítio com outras famílias. A área produz hortaliças, raízes, frutas, feijão e milho, abriga um galinheiro orgânico e convive com fauna antes inexistente — aves, capivaras, macacos e até onças.
A autonomia também aparece no cotidiano: as fossas ecológicas alimentam bananeiras e toda a energia fotovoltaica vem de um parque solar comum.
SALA DE JANTAR | O piso de tijolos produzidos em olaria local se estende do estar à sala de jantar integrada com a cozinha. Mesa de jantar projetada pelos moradores e executada com mármore e aço corten. Cadeiras Eames Wood, em carvalho, da Artesian. Nas duas cabeceiras da mesa, cadeiras Wishbone, de Hans J. Wegner. Sobre a mesa, esculturas de madeira de Alex Barbosa. Serigrafias ao fundo de Amilcar de Castro. Raquete antiga da família
André Weigand/Divulgação
Nos materiais, destacam-se o piso de tijolos produzidos em olaria local, as telhas de barro e a estrutura de madeira do telhado. Na decoração, peças colecionadas ao longo da vida convivem com clássicos do design brasileiro. Entre eles, a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, as poltronas antigas de veludo e o banco de madeira e palhinha restaurado.
Leia mais
As obras de arte ocupam todos os cômodos: trabalhos do próprio casal convivem com peças de Tarsila do Amaral, Amilcar de Castro e outros artistas. Entre elas, um cavalete de rua do vendedor de caldo de cana Gerson Rosado adiciona um toque popular e quebra a formalidade.
COZINHA | A ilha de madeira serve de apoio e também para armazenamento. O móvel Prima Colazione, em aço verde menta, da Securit, traz um ponto de cor
André Weigand/Divulgação
A sala, organizada a partir de um eixo norte–sul, valoriza a vista para a mata e para a Pedra Grande, perfeitamente enquadrada por uma janela. Já a varanda descoberta ganha sombra e movimento graças às aroeiras‑salsa plantadas pelos arquitetos — árvores que fornecem pimenta‑rosa, atraem pássaros e acompanham, como um calendário vivo, o ciclo das luas e do pôr do sol.
SUÍTE | Com pé-direito alto, o ambiente tem cama com cabeceira de madeira jatobá, produzida a partir de um antigo estrado. Sobre ela, tríptico de fotos, autoria de André Weigand. Tapete artesanal da fábrica Tapetes Sisal Minas
André Weigand/Divulgação
SUÍTE | Neste ângulo, repare na estante de aço, da Securit, com nichos para acomodar livros e objetos. A grande abertura permite a vista da exuberante vegetação externa
André Weigand/Divulgação
Mais que um projeto arquitetônico, esta é uma narrativa de reconstrução do solo, do entorno e do modo de viver. Como resume Mariana: “Nada aqui é desconectado. A casa, a terra, as pessoas e a arte fazem parte da mesma história em movimento”.



