Ode à memória: reforma de apartamento antigo ensina como preservar essência brutalista

Ode à memória: reforma de apartamento antigo ensina como preservar a essência brutalista
Mariana Orsi
Pesquisar imóveis à venda sempre foi um passatempo compartilhado entre o arquiteto carioca Bruno Reis e o veterinário paulistano Felipe Andrade – mais por curiosidade do que por real intenção de mudança. Já estavam bem instalados em Higienópolis, bairro de São Paulo, quando um anúncio, entre tantos outros, chamou a atenção. Ao cruzar a soleira da porta, paixão à primeira vista. “Foi coisa de energia”, conta Bruno, que assumiu a reforma a partir daquele encontro. Os objetivos: reorganizar o layout para integrar cozinha e área social, ampliar a circulação e criar cenários capazes de acolher a rotina do casal, as visitas de familiares e amigos, e os passos de Nanquim, uma Schnauzer de quatro anos que é a alegria da casa.
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Bruno Reis, Felipe Andrade e a mascote Nanquim
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O principal desafio foi entender onde a estrutura original do apartamento estava, pois não havia registros no condomínio nem plantas antigas. “Quebramos aos poucos para que os pilares e vigas aparecessem e confirmassem que as demolições que queríamos eram possíveis. A principal demanda era ter a cozinha integrada e uma suíte confortável”, lembra Bruno.
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Outro canto do living exibe a coleção de móveis garimpados sobre os tapetes sobrepostos, diante da serralheria que setoriza os espaços
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Ode à memória: reforma de apartamento antigo ensina como preservar a essência brutalista
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Na sala de jantar, piso de taco de peroba restaurado com acabamento Bonna fosco, paredes com tinta Relva Verde, da Coral, mesa Oblonga, do Estúdio Bola, cadeiras Copa, do Atelier Fernando Jaeger, cadeiras de cabeceira Catita, de Sergio Rodrigues, na Dpot, cristaleira antiga de madeira reaproveitada de móvel para discos de vinil, e pendentes da Ipel Iluminação
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A integração é um dos destaques do apartamento. Ao fundo, na parede, tapeçaria de Alex Roca
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Mais do que mudanças pontuais, o projeto se apoia na readequação dos espaços como estratégia central. “A transformação do layout é o ponto forte do apartamento”, resume o arquiteto. Ambientes inteiramente novos surgem a partir dessa lógica, mas sem apagar a memória construtiva do imóvel. “O grande destaque é a cozinha e sua integração com a área social”, afirma Bruno, que optou por manter pilares e vigas aparentes, preservados em seu estado original como forma de honrar a história do lugar.
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Na cozinha, bancadas de quartzito Tiffany Green, da Neogran Marmoraria, banquetas Torno, do Atelier Gustavo Bittencourt, e marcenaria de pau-ferro desenhada pelo arquiteto e executada pela Scholl Móveis
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As banquetas são Torno, do Atelier Gustavo Bittencourt
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Um dos dormitórios foi convertido em suíte, articulando o banheiro existente ao antigo quarto de serviço – este, transformado em uma segunda sala de banho. A lavanderia ganhou área ao avançar sobre parte desse setor de serviço, ajustando a casa às dinâmicas contemporâneas. Enquanto isso, o corredor foi redesenhado para abrigar um escritório no recuo da antiga sala de TV.
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No corredor, um espaço de trabalho toma forma com a cadeira Cesca, design Marcel Breuer
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A materialidade acompanha essa intenção de equilíbrio entre permanência e atualização. “Privilegiei materiais e cores naturais”, diz Bruno, citando o piso de taco de peroba – presente em todo o apartamento – como base cromática do projeto, combinado a tons terrosos e de verde nas paredes. Já o quartzito Tiffany Green da cozinha é, para o arquiteto, “um material importante, que amarra as outras escolhas de acabamento”, assim como o piso de granilite branco salpicado de pedriscos em matizes marrons, beges e cinzas.
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No quarto de hóspedes, mesa lateral de Fernando Jaeger
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Na suíte máster, cabeceira estofada e painel com mesinhas laterais com desenho do arquiteto
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No lavabo, bancada de alvenaria revestida com cerâmica Iris Camel, da Decortiles, e piso de granilite, e louças e metais da Deca
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No banheiro social, revestimentos da Portobello Shop
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No living, poltronas Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha, na Dpot Brasil, mesinhas de Fernando Jaeger, sofá e mesa de centro Bernardo, do Atelier Gustavo Bittencourt, almofadas da Dpot Objetos, poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, na Dpot Brasil, tapete redondo de taboa e capim-d’água da Leva Oficina, tapete maior da Botteh Tapetes, banco de madeira próximo à serralheria de Fernando Jaeger, serralheria retrátil desenhada pelo arquiteto, persianas da Bela Ideia Decor, e banco sob a janela revestido de cerâmica Iris Camel, da Decortiles
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A linguagem é contemporânea, com referências brutalistas, enquanto o mobiliário – majoritariamente de designers brasileiros, misturado a peças de antiquário e garimpo – revela uma casa construída por camadas de tempo. “Peças da vida da nossa família compõem a decoração aconchegante. Tudo aqui tem história e sentido.”
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