A história da ilha de San Giorgio Maggiore, onde Jeff Bezos deve se casar em Veneza

Há rumores de que o local será o cenário do casamento do bilionário com a jornalista Lauren Sanchez, entre 24 e 26 de junho A ilha de San Giorgio Maggiore, na Itália, é um famoso destino internacional com suas obras-primas renascentistas e arquitetura mista. Atualmente, o local é um dos símbolos da excelência veneziana e há rumores de que será o cenário do casamento de Jeff Bezos, o bilionário por trás da Amazon, com a jornalista Lauren Sanchez, entre 24 e 26 de junho.
A chegada do casal estadunidense em Veneza, acompanhado por mais de duzentas celebridades convidadas, gerou polêmica e reacendeu o debate sobre o local como um destino de luxo, mas também sobre todas as questões críticas que a cidade enfrenta devido ao turismo de massa.
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O local da cerimônia ainda não foi anunciado oficialmente, mas vários rumores sugerem que a ilha de San Giorgio Maggiore será o cenário do evento. Situada em frente à Praça de São Marcos, este é um dos lugares mais imponentes de Veneza. A pequena ilha é rica em arte e arquitetura moderna e contemporânea, e sua localização estratégica oferece uma das vistas mais espetaculares da cidade e da lagoa.
A ilha é rica em arte e arquitetura da Idade Média à era contemporânea
Flickr/BangorArt/Creatuve Commons
A arquitetura de San Giorgio Maggiore está em constante transformação. Ela se apresenta como um compêndio de eras, linguagens e materiais, abrangendo desde a Idade Média até a atualidade.
A história da pequena ilha
Após a fundação de uma pequena igreja dedicada a São Jorge entre os séculos 8 e 9, por volta do ano 1000, foi construído um mosteiro beneditino, que se tornou cada vez mais importante ao longo dos séculos, a ponto de acolher Cosimo de’ Medici, o Velho, exilado de Florença em 1433.
Pouco mais de um século depois, um dos maiores representantes da arquitetura renascentista italiana, Andrea Palladio, foi chamado para construir o refeitório do mosteiro e, posteriormente, a imponente basílica que ainda se destaca na lagoa com sua fachada luminosa. No interior dela, cujo projeto foi inspirado nas grandes termas romanas antigas, ainda é possível admirar diversas pinturas de grande valor, como A Última Ceia (1592-1594) e A Recolha do Maná (1592-1594), de Tintoretto.
Após o saque de Napoleão – durante o qual a preciosa pintura de Paolo Veronese, As Bodas de Caná (1563), foi roubada e levada para o Louvre, onde permanece até hoje – o complexo religioso foi desativado e a ilha de San Giorgio se tornou uma guarnição militar.
A ilha foi fundada entre os séculos 8 e 9
Flickr/Rodney Topor/Creative Commons
Somente em 1951 ela voltou ao prestígio, quando Vittorio Cini, político e empresário italiano, criou a Fundação Giorgio Cini em nome de seu filho, que morreu prematuramente em um acidente de avião. A organização teve como objetivo inicial salvar a ilha da decadência de mais de 150 anos de ocupação militar, restaurando o complexo monumental para receber instituições educacionais, sociais, culturais e artísticas.
San Giorgio Maggiore no novo milênio
Hoje, a Fundação continua promovendo atividades culturais e científicas, como exposições, seminários e cursos de formação avançada, e abriga sete institutos e três centros de pesquisa especializados em áreas diversas.
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Ao longo das décadas, a Fundação Cini realizou projetos temporários, intervenções arquitetônicas e colaborações que tornaram a ilha um destino imperdível para todos os entusiastas de arte e arquitetura. Em 2009, a biblioteca da fundação foi inaugurada no antigo dormitório construído no século 15. O longo salão abriga mais de 100 mil volumes em dois níveis de estantes.
Desde o seu início, a Fundação estabeleceu uma série de edifícios dedicados à formação profissional: o Centro Marítimo (1952) e o Centro de Artes e Ofícios (1953), que permaneceram ativos até a década de 1970, oferecendo cursos de tipografia, carpintaria, alfaiataria e mecânica para jovens venezianos.
A ilha abriga espaços que recebem atividades culturais e científicas com frequência, além de eventos
Fundação Cini/Massimo Pistore/Divulgação
Quando essa experiência chegou ao fim, os espaços foram readaptados: desde 2012, o primeiro abriga o Le Stanze del Vetro, um projeto cultural dedicado ao vidro como meio artístico. O segundo espaço, em 2023, deu origem ao projeto Le Stanze della Fotografia, lançado como um centro internacional para a promoção e o estudo da fotografia e da cultura visual.
Em 2018, por ocasião da estreia da Santa Sé na 16ª Bienal Internacional de Arquitetura, a extensa floresta da ilha de San Giorgio recebeu o projeto do curador Francesco Dal Co, intitulado Capelas do Vaticano: dez capelas imersas em vegetação, projetadas por dez arquitetos: Norman Foster, Francesco Cellini, Eduardo Souto de Moura, Terunobu Fujimori, Andrew D. Berman, Javier Corvalán Espínola, Flores & Prats, Sean Godsell, Carla Juacaba, MAP Studio e Smiljan Radic Clarke.
A Biblioteca de Loghena na ilha San Giorgio Maggiore
Fundação Cini/Divulgação
As dez capelas ainda podem ser visitadas hoje em um tour guiado pela ilha, que conta com outras atrações únicas. Entre eles está o Labirinto de Borges, inaugurado em 2011 no 25º aniversário da morte de Jorge Luis Borges, que é uma homenagem ao escritor argentino: uma rede de caminhos com um quilômetro de extensão formada por 3.200 arbustos.
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Há também o Teatro Verde, encomendado por Vittorio Cini e inaugurado em 1954: um anfiteatro ao ar livre projetado pelos arquitetos Luigi Vietti e Angelo Scattolin, com capacidade para 1.500 lugares, que, após uma grande restauração em 2021, foi reaberto ao público em 10 de abril de 2022.
A última parada é o estaleiro de gôndolas do século 19, que foi transformado em 2016 em um auditório moderno e espetacular, projetado por Cattaruzza Millosevich Architetti Associati.
O centro histórico de Veneza visto da ilha de San Giorgio Maggiore
Flickr/Slices of Light/Creative Commons

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