Quem tem filhos perto de iniciar o ensino médio, com previsão de prestar vestibular daqui a quatro, cinco anos, pode começar a repensar aquela cena clássica de famílias visitando repúblicas, ou apartamentos, para abrigar o novo estudante universitário. É cada vez mais provável que os jovens optem por morar em um residencial estudantil.
De modo geral, esses residenciais são edifícios inteiramente voltados para o público universitário, oferecendo assistência 24 horas, áreas de estudo e lazer. O modelo, já consolidado nos Estados Unidos e na Europa, vem ganhando força no Brasil na última década. A previsão é de crescimento anual de 3,5%, movimentando cerca de US$ 244,4 milhões (aproximadamente R$ 1,3 bilhão) até 2030 no país.
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“Cada vez mais, os jovens priorizam conforto, segurança e infraestrutura adequada, o que as repúblicas tradicionais muitas vezes não conseguem oferecer”, diz Ewerton Camarano, CEO da Uliving, empresa especializada em residenciais estudantis.
Como funcionam os residenciais estudantis
Ao contrário das repúblicas, onde a administração costuma ser feita pelos próprios moradores e os custos são divididos informalmente, os residenciais estudantis oferecem serviços estruturados, como limpeza, manutenção e portaria presencial 24 horas, além de espaços comuns voltados ao estudo e ao convívio social.
Na Uliving, por exemplo, o estudante pode optar por quartos individuais ou compartilhados, com preços a partir de R$ 2.150,00 mensais. Nesse valor já estão inclusos os serviços essenciais — como água, luz, internet e limpeza das áreas comuns — além de diversas comodidades: salas de estudo e coworking 24h, cinema, salas de videogame, espaços gourmet e comunitários para refeições e encontros, além de uma programação contínua de eventos e atividades sociais. Com índices de ocupação superiores a 85%, a empresa está presente em cidades como Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Campinas e Santos.
Outra empresa atuante nesse mercado é a Share Student Living, com unidades em Lajeado (RS) e São Paulo. Assim como a Uliving, a Share também registra taxas de ocupação acima de 85%, alcançando 95% em algumas unidades.
Com mensalidades que variam de R$ 1.600,00 (para opções compartilhadas) a R$ 3.900,00 (quartos individuais), a Share oferece apartamentos mobiliados, com cozinha compacta, cama, espaço de estudo e banheiro privativo. As áreas comuns incluem lavanderia, coworking, salão de jogos, academia, rooftop e cozinha compartilhada. “Serviços como internet de alta velocidade, limpeza, segurança e manutenção já estão incluídos na maioria dos pacotes”, explica Juliana Onias, gerente regional de operações da empresa.
Quem procura os residenciais estudantis
Nos residenciais, os moradores contam com diversas comodidades
Divulgação Share Student Living
Silêncio em horários definidos, limite de visitantes e regras de convivência nas áreas comuns são normas presentes nos empreendimentos das duas empresas — diretrizes que agradam aos pais e são aceitas pelos estudantes, em troca da estrutura e segurança oferecidas.
“O público que busca os residenciais estudantis valoriza infraestrutura, segurança, praticidade e a experiência de moradia. São, em geral, jovens entre 17 e 28 anos, muitos vindos de outros estados ou países, com suporte familiar e foco acadêmico ou profissional”, afirma Juliana.
Desafios e impactos nas cidades
Apesar das perspectivas de crescimento acelerado, o setor ainda enfrenta obstáculos. “O principal desafio no Brasil é o baixo conhecimento do modelo. Enquanto nos Estados Unidos e na Europa ele já é amplamente difundido, por aqui muitas famílias ainda associam moradias estudantis às repúblicas tradicionais ou aos alojamentos. Além disso, é preciso acompanhar o crescimento do setor em meio a instabilidades econômicas e ao aumento da mobilidade estudantil, sobretudo de alunos vindos de outras cidades ou países. Isso exige que as empresas ofereçam estruturas modernas, atrativas e alinhadas a padrões internacionais”, analisa Ewerton.
No contexto urbano, o arquiteto e professor da USP Nabil Bonduki — também vereador em São Paulo — alerta que o avanço do mercado de residenciais estudantis deve ser incorporado ao planejamento urbano, a fim de minimizar impactos como a elevação dos preços dos aluguéis e a possível gentrificação de algumas áreas.
“Se você introduz uma nova demanda habitacional em regiões com imóveis de menor valor, historicamente habitadas por populações de baixa renda, a chegada de estudantes com maior capacidade de pagamento pode incentivar uma produção imobiliária voltada a um público mais abastado, provocando a exclusão dos antigos moradores. Outro efeito é a redução do número de habitações destinadas a famílias, substituídas por moradias para estudantes”, observa Bonduki.
Ainda assim, o arquiteto acredita que o avanço desse tipo de moradia é um movimento irreversível. “Essa é uma das novas demandas habitacionais das cidades do século XXI. Soma-se a outras tendências, como o crescimento dos nômades digitais e das moradias temporárias — pensadas para quem vem a São Paulo, por exemplo, por alguns dias, seja para visitar parentes ou acompanhar alguém em tratamento de saúde. Trata-se de uma demanda real, contemporânea, que deve, sim, impactar a configuração urbana”, conclui o professor.
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De modo geral, esses residenciais são edifícios inteiramente voltados para o público universitário, oferecendo assistência 24 horas, áreas de estudo e lazer. O modelo, já consolidado nos Estados Unidos e na Europa, vem ganhando força no Brasil na última década. A previsão é de crescimento anual de 3,5%, movimentando cerca de US$ 244,4 milhões (aproximadamente R$ 1,3 bilhão) até 2030 no país.
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“Cada vez mais, os jovens priorizam conforto, segurança e infraestrutura adequada, o que as repúblicas tradicionais muitas vezes não conseguem oferecer”, diz Ewerton Camarano, CEO da Uliving, empresa especializada em residenciais estudantis.
Como funcionam os residenciais estudantis
Ao contrário das repúblicas, onde a administração costuma ser feita pelos próprios moradores e os custos são divididos informalmente, os residenciais estudantis oferecem serviços estruturados, como limpeza, manutenção e portaria presencial 24 horas, além de espaços comuns voltados ao estudo e ao convívio social.
Na Uliving, por exemplo, o estudante pode optar por quartos individuais ou compartilhados, com preços a partir de R$ 2.150,00 mensais. Nesse valor já estão inclusos os serviços essenciais — como água, luz, internet e limpeza das áreas comuns — além de diversas comodidades: salas de estudo e coworking 24h, cinema, salas de videogame, espaços gourmet e comunitários para refeições e encontros, além de uma programação contínua de eventos e atividades sociais. Com índices de ocupação superiores a 85%, a empresa está presente em cidades como Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Campinas e Santos.
Outra empresa atuante nesse mercado é a Share Student Living, com unidades em Lajeado (RS) e São Paulo. Assim como a Uliving, a Share também registra taxas de ocupação acima de 85%, alcançando 95% em algumas unidades.
Com mensalidades que variam de R$ 1.600,00 (para opções compartilhadas) a R$ 3.900,00 (quartos individuais), a Share oferece apartamentos mobiliados, com cozinha compacta, cama, espaço de estudo e banheiro privativo. As áreas comuns incluem lavanderia, coworking, salão de jogos, academia, rooftop e cozinha compartilhada. “Serviços como internet de alta velocidade, limpeza, segurança e manutenção já estão incluídos na maioria dos pacotes”, explica Juliana Onias, gerente regional de operações da empresa.
Quem procura os residenciais estudantis
Nos residenciais, os moradores contam com diversas comodidades
Divulgação Share Student Living
Silêncio em horários definidos, limite de visitantes e regras de convivência nas áreas comuns são normas presentes nos empreendimentos das duas empresas — diretrizes que agradam aos pais e são aceitas pelos estudantes, em troca da estrutura e segurança oferecidas.
“O público que busca os residenciais estudantis valoriza infraestrutura, segurança, praticidade e a experiência de moradia. São, em geral, jovens entre 17 e 28 anos, muitos vindos de outros estados ou países, com suporte familiar e foco acadêmico ou profissional”, afirma Juliana.
Desafios e impactos nas cidades
Apesar das perspectivas de crescimento acelerado, o setor ainda enfrenta obstáculos. “O principal desafio no Brasil é o baixo conhecimento do modelo. Enquanto nos Estados Unidos e na Europa ele já é amplamente difundido, por aqui muitas famílias ainda associam moradias estudantis às repúblicas tradicionais ou aos alojamentos. Além disso, é preciso acompanhar o crescimento do setor em meio a instabilidades econômicas e ao aumento da mobilidade estudantil, sobretudo de alunos vindos de outras cidades ou países. Isso exige que as empresas ofereçam estruturas modernas, atrativas e alinhadas a padrões internacionais”, analisa Ewerton.
No contexto urbano, o arquiteto e professor da USP Nabil Bonduki — também vereador em São Paulo — alerta que o avanço do mercado de residenciais estudantis deve ser incorporado ao planejamento urbano, a fim de minimizar impactos como a elevação dos preços dos aluguéis e a possível gentrificação de algumas áreas.
“Se você introduz uma nova demanda habitacional em regiões com imóveis de menor valor, historicamente habitadas por populações de baixa renda, a chegada de estudantes com maior capacidade de pagamento pode incentivar uma produção imobiliária voltada a um público mais abastado, provocando a exclusão dos antigos moradores. Outro efeito é a redução do número de habitações destinadas a famílias, substituídas por moradias para estudantes”, observa Bonduki.
Ainda assim, o arquiteto acredita que o avanço desse tipo de moradia é um movimento irreversível. “Essa é uma das novas demandas habitacionais das cidades do século XXI. Soma-se a outras tendências, como o crescimento dos nômades digitais e das moradias temporárias — pensadas para quem vem a São Paulo, por exemplo, por alguns dias, seja para visitar parentes ou acompanhar alguém em tratamento de saúde. Trata-se de uma demanda real, contemporânea, que deve, sim, impactar a configuração urbana”, conclui o professor.
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