Apartamento mescla estrutura dos anos 1940, cores fortes e peças vintage

Embora esteja localizado no Jardim Paulistano, na capital paulista, o apartamento de 100 m² do hairstylist Eron Araujo tem atmosfera de casa, isso porque foi muito pautado por suas escolhas e pela estrutura do prédio dos anos 1940. Além disso, Eron, que se autodefine como monocromático, queria incluir cores no novo projeto para sua morada.
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“O primeiro critério para a escolha deste apartamento é que eu queria que fosse perto do meu trabalho, além de ser um prédio antigo, que sempre me encantou desde que montei meu salão em 2018”, explica ele.
RETRATO | Eron Araujo e seu cachorro Bento estão na poltrona da Poliform, que já pertencia ao hairstylist, repaginada com couro caramelo. Sofá desenhado pelo escritório com tecido que lembra lona de caminhão. O painel de MDF nogueira caiena, da Duratex, executado pela Taipa Marcenaria, não chega ao teto e evidencia a cor da tinta Alocasia Preta, da Suvinil. Quadro da série Macacos, de José Elffer, está ao lado da obra Alma e Ego, na Galeria Boemi. Acima, a partir da esquerda, sousplat da Tok&Stok, obra de Israel Macedo e quadro comprado na feira do Bixiga. Luminária de piso Giro, de Alessandra Delgado
Re Freitas/Divulgação
Para realizar a reforma, Eron escolheu o escritório Quattrino Arquitetura (@quattrinoarquitetura), comandado pela arquiteta Vanessa Ribeiro, exatamente pelo seu peculiar uso de cores. Diferentemente dos últimos lares, mais definidos pelo cinza, preto e concreto, o morador desejava um apê que, sim, continuasse sóbrio, mas ao mesmo tempo tivesse cor.
CORREDOR | Tem acesso ao closet, sala de banho e quarto, com vigas e pilares de concreto aparente
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“A sintonia foi imediata, porque ele veio com uma demanda definida. O projeto deveria ter bastante personalidade para contar sua história, com um olhar diferente. Isso veio ao encontro de nossa filosofia de trabalho, que é baseada na escuta para entender e traduzir o indivíduo naquele lugar”, explica Vanessa.
Eron, que mora com seu cachorro Bento, um italian greyhound, queria um lar despretensioso e atemporal, com bastante espaço para trazer seu grande acervo de peças, entre quadros, livros e móveis.
HALL | Muitos garimpos, da cômoda de imbuia da década de 1960 aos miniquadros encontrados em antiquários
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A ideia inicial era criar um loft totalmente aberto, mas as limitações da construção original exigiram adaptações. Dessa forma, a presença de algumas paredes acabou ganhando novo sentido, funcionando como suporte para as obras de arte e a coleção afetiva de Eron. “Eu diria que 50% de tudo no apartamento eu já tinha ou foi garimpado durante a obra”, conta ele. E todos os quadros e peças adquiridas foram ambientadas pelo proprietário pessoalmente.
Houve, por exemplo, a integração entre cozinha e terraço, a demolição de alvenarias para ampliar a área social e a adaptação do banheiro com dois acessos, assim o ambiente faz as vezes de lavabo, quando fechada a porta para o quarto, e, quando aberta, de banheiro para o morador. E uma sala de banho com boxe foi feita no único dormitório do imóvel — antes com três dormitórios pequenos.
O mármore Verde Guatemala, da Ambiente Mármores e Granitos, reveste bancada e meia-parede em contraste com a tinta Bombom de Ameixa, da Suvinil. Espelho e arandelas comprados na feira do Bixiga
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A caixilharia também foi desenhada sob medida na fachada, o que potencializou a entrada de luz natural, tornando o apartamento — antes escuro — mais fluido e amplamente iluminado.
Em relação à paleta, os tons mais escuros pontuam os cômodos, como verde na sala, mostarda no closet e azul-marinho no quarto. “Eu pesquisei referências fora do Brasil e vi que em ambientes com antiguidades as cores fortes criam belos visuais”, diz o hairstylist.
CLOSET | Foi executado com MDF damasco matt, da Arauco, pela Taipa Marcenaria. Paredes e teto receberam a cor Vira-Lata Caramelo, da Suvinil. Cadeira adquirida no antiquário Brasil Antigo, e o tapete é da Sótão Antiguidades
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As cortinas e a cama feita sob medida num tom bordô amarram esse conceito e trazem um ar teatral pretendido pelo morador.
QUARTO | Ganhou dramaticidade com a cor Marinheiro, da Suvinil, além do veludo bordô, da Wiler-K, aplicado nas cortinas, executadas pela M&L Decorações, e na cama, pela CJS Estofados. Mesa de cabeceira de jacarandá dos anos 1950 da Sótão Antiguidades, assim como o tapete. Abajur da Tok&Stok
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Meu apartamento representa um lugar funcional e acolhedor. Me sinto numa casa.”
COPA | A mesa de granito cinza-andorinha com MDF nogueira caiena, da Duratex, executada pela Taipa Marcenaria, recebeu cadeiras SAL, de Vinicius Siega. Vasos com cróton, ficus lyrata e guaimbê
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Já a cozinha e a copa seguem uma paleta mais clean, com marcenaria amadeirada. “Como não gosto do visual de móveis planejados, pedi para colocar prateleiras em vez de armários suspensos”, fala Eron. Com isso, o visual remete à uma cozinha de fazenda, já que a grande janela com vista para o muro verde inunda o espaço de luz natural. “Na hora de tomar café, vejo o verde”, ele comemora.
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Essa atmosfera, inclusive, tem muito a ver com a estrutura do apartamento, que foi respeitada e aproveitada no projeto. Além de tijolos aparentes e vigas de concreto existentes, o fato de estar no piso térreo, ter um jardim na frente e poucos moradores, traz esse clima de casa.
SALA DE JANTAR | Expõe tijolos e vigas de concreto originais da construção. A mesa de jantar também foi garimpada. Cadeiras Darah, da Boobam. Pendente Calota 2, de Cristiana Bertolucci
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O partido do projeto foi dar espaço à memória para receber o que o Eron reuniu ao longo dos anos.”
SALA DE JANTAR | Tem aparador da Tok&Stok, com objetos como a luminária dos anos 1970 e o boneco The Guest
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