Marcado pelo uso expressivo do concreto aparente, formas geométricas ousadas e uma estética monumental, o estilo brutalista nasceu nos anos 1950. No continente africano chegou entre o final daquela década e o início dos anos 1960, especialmente após as independências de vários países, como símbolo de modernidade, progresso e ruptura com o colonialismo. Assim, nações como Zâmbia, Gana, Nigéria, Angola e Moçambique começaram a incorporar o brutalismo em universidades, teatros nacionais, prédios administrativos e centros culturais.
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Diferente de apenas importar modelos europeus, o brutalismo foi muitas vezes reinterpretado para dialogar com o clima, os materiais locais e as tradições construtivas africanas. Essa adaptação gerou obras únicas, que combinam monumentalidade com funcionalidade e identidade cultural. Abaixo apresentamos 10 exemplos notáveis, espalhados por diferentes países do continente.
1 – Universidade da Zâmbia (UNZA) – Lusaka, Zâmbia
O uso de concreto aparente e escala monumental evidenciam o estilo brutalista do campus da Universidade da Zâmbia (UNZA)
© Dra. Ruth Craggs/SOS Brutalism/Reprodução
Projetada pelos arquitetos Julian Arnold Elliott e Anthony Chitty e construída entre 1965 e 1968, a Universidade da Zâmbia é um exemplo emblemático do brutalismo africano. O campus se organiza ao longo de um eixo central que separa áreas acadêmicas e residenciais, com passarelas elevadas que distinguem o fluxo de pedestres e veículos. O uso de concreto aparente e a escala monumental refletem os princípios brutalistas, derivados e reinterpretados a partir do modernismo funcional.
2 – Hôtel du Lac – Túnis, Tunísia
Com escadas fortemente salientes ao lado e forma de pirâmide invertida, o Hôtel du Lac se tornou referência visual marcante
Houss 2020/Wikimedia Commons
O Hôtel du Lac é um ícone da arquitetura brutalista no norte da África. Projetado pelo arquiteto italiano Raffaele Contigiani, o edifício foi construído entre 1970 e 1973 como parte de uma iniciativa de modernização turística. Com sua forma de pirâmide invertida e concreto aparente, o hotel se tornou uma referência visual marcante, sendo inclusive comparado ao design das naves imperiais de Star Wars. Uma característica particularmente brutalista são as escadas fortemente salientes ao lado. Apesar de sua importância histórica, foi anunciado em 2024 que seria demolido por seu estado de deterioração, gerando forte reação da comunidade patrimonial.
3 – Kariakoo Market – Dar es Salaam, Tanzânia
Adaptado ao clima tropical, o Kariakoo Market oferece sombreamento e ventilação cruzada
Muddyb/Wikimedia Commons
Projetado por Beda Jonathan Amuli e inaugurado em 1974, o Kariakoo Market é um exemplo de brutalismo adaptado ao clima tropical. O edifício utiliza escudos de concreto para sombreamento e ventilação cruzada, com rampas de acesso e escadas centrais que facilitam a circulação. É considerado um marco da arquitetura pública tanzaniana.
4 – National Museum of Ethiopia – Adis Abeba, Etiópia
O National Museum of Ethiopia foi construído com técnica de casca de concreto
Sailko/Wikimedia Commons
Projetado por Gashaw Beza e construído entre 1978 e 1981, o Museu Nacional da Etiópia é uma estrutura brutalista construída com técnica de casca de concreto. Elevado sobre uma antiga vila, o edifício expressa uma declaração política e estilística da era socialista etíope. Após 20 anos de abandono, foi ocupado em 2001. Desde 2007, a parede externa do museu exibe um mosaico da pintora Merikokeb Berhanu.
5 – Kenyatta International Conference Centre (KICC) – Nairóbi, Quênia
O Kenyatta International Conference Centre (KICC) foi inspirado nas tradicionais cabanas de barro
Jorge Láscar/Wikimedia Commons
Construído entre 1967 e 1973 e projetado pelo norueguês Karl Henrik Nøstvik e o queniota David Mutiso, o KICC foi inspirado nas tradicionais cabanas de barro e incorpora ventilação natural e formas monumentais, tornando-se um símbolo da independência e da ambição arquitetônica do Quênia. O projeto tem três estruturas principais: uma torre cilíndrica de concreto aparente, um pedestal e um auditório com telhado em forma de cone.
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6 – La Pyramide – Abidjan, Costa do Marfim
Concebida como centro comercial e cultural, La Pyramide tem estrutura em forma de pirâmide truncada
Architectuul/Reprodução
Desenhada pelo arquiteto italiano Rinaldo Olivieri e construída entre 1968 e 1973, La Pyramide é uma estrutura em forma de pirâmide truncada. Com fachada aberta e estrutura de concreto moldado no local, o edifício foi concebido como centro comercial e cultural. Apesar de nunca ter cumprido plenamente sua função original, tornou-se um marco da arquitetura brutalista tropical africana.
7 – Hotel of Indepedance – Dakar, Senegal
O Hotel of Independence foi projetado com grandes “lentes” de concreto sobre as janelas
Iwan Baan/SOS Brutalism/Reprodução
Projetado por Henri Chomette, Roland Depret e Thierry Melot e construído entre 1973 e 1978, o Hotel of Independence é uma obra brutalista que articula a fachada com grandes “lentes” de concreto sobre as janelas. Essas formas protegem o interior do calor e dos ventos atlânticos, enquanto expressam a monumentalidade e a estética brutalista daquele período.
8 – Sidi Harazem Thermal Bath Complex – Fez, Marrocos
No complexo termal de Sidi Harazem, destaque para a piscina externa redonda, sombreada por um disco de concreto
Hidden Architecture/Reprodução
Desenhado por Jean-François Zevaco e construído entre 1960 e 1975, o complexo termal de Sidi Harazem é uma obra brutalista que combina formas escultóricas em concreto com elementos da arquitetura tradicional marroquina. No local há uma praça com uma fonte de água de nascente cercada por colunatas ortogonais, pérgulas e pátios internos plantados. Há também um edifício hoteleiro em forma de laje modernista sustentado por oito pilotis em forma de V, um mercado coberto por uma cobertura composta por 25 pirâmides triangulares de concreto, além de vários tipos de bangalôs e piscinas. Destaque para a piscina externa redonda, sombreada por um disco de concreto de dezenove metros de diâmetro forma um dossel.
9 – Igreja de Santo António da Polana – Maputo, Moçambique
O telhado da Igreja de Santo António da Polana é formado por 16 membranas de concreto dispostas radialmente
Cornelius Kibelka/Wikimedia Commons
Projetada por Nuno Craveiro Lopes e concluída em 1962, a Igreja da Polana é uma estrutura brutalista religiosa com planta circular e volumetria cônica. Formada por 16 membranas de concreto dispostas radialmente, a igreja se destaca pela leveza estrutural e pelos vitrais coloridos que suavizam a rigidez do concreto.
10 – Ponte City – Joanesburgo, África do Sul
Com 55 andares, Ponte City já foi considerado o edifício residencial mais alto da África
Steward Masweneng/Pexels
Construída em 1975 pelos arquitetos Mannie Feldman, Manfred Hermer e Rodney Grosskopff, Ponte City já foi considerado o edifício residencial mais alto de toda a África. Com 55 andares e forma cilíndrica, o prédio brutalista possui um núcleo central aberto que permite ventilação e iluminação natural. Após décadas de decadência, passou por revitalizações e voltou a ser símbolo urbano.
Com um núcleo central aberto, a Ponte City permite ventilação e iluminação natural
NGunasena (WMF)/Wikimedia Commons
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Diferente de apenas importar modelos europeus, o brutalismo foi muitas vezes reinterpretado para dialogar com o clima, os materiais locais e as tradições construtivas africanas. Essa adaptação gerou obras únicas, que combinam monumentalidade com funcionalidade e identidade cultural. Abaixo apresentamos 10 exemplos notáveis, espalhados por diferentes países do continente.
1 – Universidade da Zâmbia (UNZA) – Lusaka, Zâmbia
O uso de concreto aparente e escala monumental evidenciam o estilo brutalista do campus da Universidade da Zâmbia (UNZA)
© Dra. Ruth Craggs/SOS Brutalism/Reprodução
Projetada pelos arquitetos Julian Arnold Elliott e Anthony Chitty e construída entre 1965 e 1968, a Universidade da Zâmbia é um exemplo emblemático do brutalismo africano. O campus se organiza ao longo de um eixo central que separa áreas acadêmicas e residenciais, com passarelas elevadas que distinguem o fluxo de pedestres e veículos. O uso de concreto aparente e a escala monumental refletem os princípios brutalistas, derivados e reinterpretados a partir do modernismo funcional.
2 – Hôtel du Lac – Túnis, Tunísia
Com escadas fortemente salientes ao lado e forma de pirâmide invertida, o Hôtel du Lac se tornou referência visual marcante
Houss 2020/Wikimedia Commons
O Hôtel du Lac é um ícone da arquitetura brutalista no norte da África. Projetado pelo arquiteto italiano Raffaele Contigiani, o edifício foi construído entre 1970 e 1973 como parte de uma iniciativa de modernização turística. Com sua forma de pirâmide invertida e concreto aparente, o hotel se tornou uma referência visual marcante, sendo inclusive comparado ao design das naves imperiais de Star Wars. Uma característica particularmente brutalista são as escadas fortemente salientes ao lado. Apesar de sua importância histórica, foi anunciado em 2024 que seria demolido por seu estado de deterioração, gerando forte reação da comunidade patrimonial.
3 – Kariakoo Market – Dar es Salaam, Tanzânia
Adaptado ao clima tropical, o Kariakoo Market oferece sombreamento e ventilação cruzada
Muddyb/Wikimedia Commons
Projetado por Beda Jonathan Amuli e inaugurado em 1974, o Kariakoo Market é um exemplo de brutalismo adaptado ao clima tropical. O edifício utiliza escudos de concreto para sombreamento e ventilação cruzada, com rampas de acesso e escadas centrais que facilitam a circulação. É considerado um marco da arquitetura pública tanzaniana.
4 – National Museum of Ethiopia – Adis Abeba, Etiópia
O National Museum of Ethiopia foi construído com técnica de casca de concreto
Sailko/Wikimedia Commons
Projetado por Gashaw Beza e construído entre 1978 e 1981, o Museu Nacional da Etiópia é uma estrutura brutalista construída com técnica de casca de concreto. Elevado sobre uma antiga vila, o edifício expressa uma declaração política e estilística da era socialista etíope. Após 20 anos de abandono, foi ocupado em 2001. Desde 2007, a parede externa do museu exibe um mosaico da pintora Merikokeb Berhanu.
5 – Kenyatta International Conference Centre (KICC) – Nairóbi, Quênia
O Kenyatta International Conference Centre (KICC) foi inspirado nas tradicionais cabanas de barro
Jorge Láscar/Wikimedia Commons
Construído entre 1967 e 1973 e projetado pelo norueguês Karl Henrik Nøstvik e o queniota David Mutiso, o KICC foi inspirado nas tradicionais cabanas de barro e incorpora ventilação natural e formas monumentais, tornando-se um símbolo da independência e da ambição arquitetônica do Quênia. O projeto tem três estruturas principais: uma torre cilíndrica de concreto aparente, um pedestal e um auditório com telhado em forma de cone.
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6 – La Pyramide – Abidjan, Costa do Marfim
Concebida como centro comercial e cultural, La Pyramide tem estrutura em forma de pirâmide truncada
Architectuul/Reprodução
Desenhada pelo arquiteto italiano Rinaldo Olivieri e construída entre 1968 e 1973, La Pyramide é uma estrutura em forma de pirâmide truncada. Com fachada aberta e estrutura de concreto moldado no local, o edifício foi concebido como centro comercial e cultural. Apesar de nunca ter cumprido plenamente sua função original, tornou-se um marco da arquitetura brutalista tropical africana.
7 – Hotel of Indepedance – Dakar, Senegal
O Hotel of Independence foi projetado com grandes “lentes” de concreto sobre as janelas
Iwan Baan/SOS Brutalism/Reprodução
Projetado por Henri Chomette, Roland Depret e Thierry Melot e construído entre 1973 e 1978, o Hotel of Independence é uma obra brutalista que articula a fachada com grandes “lentes” de concreto sobre as janelas. Essas formas protegem o interior do calor e dos ventos atlânticos, enquanto expressam a monumentalidade e a estética brutalista daquele período.
8 – Sidi Harazem Thermal Bath Complex – Fez, Marrocos
No complexo termal de Sidi Harazem, destaque para a piscina externa redonda, sombreada por um disco de concreto
Hidden Architecture/Reprodução
Desenhado por Jean-François Zevaco e construído entre 1960 e 1975, o complexo termal de Sidi Harazem é uma obra brutalista que combina formas escultóricas em concreto com elementos da arquitetura tradicional marroquina. No local há uma praça com uma fonte de água de nascente cercada por colunatas ortogonais, pérgulas e pátios internos plantados. Há também um edifício hoteleiro em forma de laje modernista sustentado por oito pilotis em forma de V, um mercado coberto por uma cobertura composta por 25 pirâmides triangulares de concreto, além de vários tipos de bangalôs e piscinas. Destaque para a piscina externa redonda, sombreada por um disco de concreto de dezenove metros de diâmetro forma um dossel.
9 – Igreja de Santo António da Polana – Maputo, Moçambique
O telhado da Igreja de Santo António da Polana é formado por 16 membranas de concreto dispostas radialmente
Cornelius Kibelka/Wikimedia Commons
Projetada por Nuno Craveiro Lopes e concluída em 1962, a Igreja da Polana é uma estrutura brutalista religiosa com planta circular e volumetria cônica. Formada por 16 membranas de concreto dispostas radialmente, a igreja se destaca pela leveza estrutural e pelos vitrais coloridos que suavizam a rigidez do concreto.
10 – Ponte City – Joanesburgo, África do Sul
Com 55 andares, Ponte City já foi considerado o edifício residencial mais alto da África
Steward Masweneng/Pexels
Construída em 1975 pelos arquitetos Mannie Feldman, Manfred Hermer e Rodney Grosskopff, Ponte City já foi considerado o edifício residencial mais alto de toda a África. Com 55 andares e forma cilíndrica, o prédio brutalista possui um núcleo central aberto que permite ventilação e iluminação natural. Após décadas de decadência, passou por revitalizações e voltou a ser símbolo urbano.
Com um núcleo central aberto, a Ponte City permite ventilação e iluminação natural
NGunasena (WMF)/Wikimedia Commons



