O centro histórico de Belém, no Pará, que está localizado nos bairros da Cidade Velha (o primeiro da cidade, fundada em 1616) e Campina, ainda preserva diversas construções datadas dos séculos 17 ao 20. A região, chamada de Complexo Feliz Lusitânia, em alusão ao primeiro nome da capital paraense, abriga a maioria dos pontos turísticos.
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Porta de entrada para região amazônica, Belém viveu um período de expansão a partir do século 18, com a criação da Companhia de Comércio do Grão-Pará pela Coroa Portuguesa, com o objetivo de extrair e comercializar os recursos da Amazônia, como a borracha. Datam desta época boa parte das construções históricas.
A Praça Siqueira Campos abriga um relógio que foi construído em 1930 com 12 metros de altura
Cayambe/Wikimedia Commons
Belém ganhou outro impulso na segunda metade do século 18, com a chegada de engenheiros militares alemães, que desenvolveram os primeiros projetos urbanísticos, e do arquiteto italiano Antônio José Landi, que introduziu o estilo neoclássico na região e deixou notável legado arquitetônico na cidade. Confira a seguir as construções históricas que merecem a visita:
1. Catedral Metropolitana de Belém
A Catedral Metropolitana de Belém é uma das mais importantes construções religiosas da cidade
Lucas Barreto Rodrigues/Wikimedia Commons
Também chamada de Igreja de Nossa Senhora da Graça, é uma das mais importantes edificações religiosas da cidade. Sua construção começou na metade do século 18, seguindo plantas vindas de Lisboa desenhadas pelo arquiteto português Manuel João da Maia. Já a parte interna teve vários detalhes, como o retábulo e o órgão, projetados por Antônio José Landi, arquiteto italiano radicado no Brasil.
A fachada tem um nicho com a imagem da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Graça. O altar, em vários tipos de mármore, foi projetado pelo arquiteto italiano Luca Carimini e é um dos mais imponentes das igrejas do Norte do país. Inaugurada em 1782, recebeu acréscimos decorativos no fim do século 19, como a pintura do forro e dos altares laterais, e a substituição do púlpito original por dois de ferro fundido.
Logo em frente fica a Praça Dom Frei Caetano Brandão, que foi o ponto de partida da cidade, com canteiros de flores, calçadas de pedra de ardósia e palmeiras.
Onde: Praça Dom Frei Caetano Brandão, Cidade Velha.
2. Igreja de Santo Alexandre
A fachada simples da Igreja de Santo Alexandre, em Belém, constrasta com seus excepcionais interiores
Prburley/Wikimedia Commons
É o maior monumento jesuíta da região Norte do Brasil. Seu interior amplo, com nave única, servia para encantar os fiéis, seguindo os princípios da Contrarreforma católica, que buscava conquistar novos adeptos para a Igreja. A decoração é imponente, com retábulos, colunas, anjos, guirlandas de flores e dois púlpitos de madeira ricamente ornamentados. Outro ponto alto são as pinturas da sacristia em cores vibrantes, com desenhos em arabescos florais e serafins.
A Igreja faz parte de um conjunto de espaços históricos e se une ao antigo colégio jesuíta, hoje Museu de Arte Sacra, para mostrar as peças religiosas mais importantes da memória colonial. Nesse conjunto impressiona o contraste entre a decoração das fachadas simples com a exuberância decorativa dos ambientes internos.
Onde: Praça Dom Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha.
3. Igreja de São João Batista
A Igreja de São João é uma das primeiras de Belém, com construção iniciada em 1622
Prburley/Wikimedia Commons
Uma das primeiras igrejas de Belém, começou a ser construída em 1622. Era uma modesta capela em taipa, mas foi reconstruída, de 1772 a 1777, com projeto de Antônio José Landi em estilo barroco e é considerada uma joia da arquitetura do italiano.
Nos dois altares e na parede de fundo do altar-mor se destacam as pinturas em trompe l’oeil (ilusão) alusivas à vida de São João Batista, que foram executadas em Lisboa no século 18. Escondidas por décadas, elas foram recuperadas em 1996, devolvendo os tons de rosa e verde que imitam mármore. Fato histórico marcante: a igreja serviu de prisão para o padre jesuíta Antônio Vieira em 1661.
Onde: Largo de São João, Cidade Velha.
4. Igreja Nossa Senhora do Carmo
A Igreja do Carmo foi a primeira sede da Assembleia Legislativa Provincial, no século 19
Prburley/Wikimedia Commons
A igreja atual, de 1777, tem a única fachada de pedra de Belém vinda de Lisboa. Das primeiras construções foram preservados o altar-mor em prata lavrada e o retábulo em estilo nacional português, raro exemplar do século 17. Nessa igreja podem ser observados símbolos cristãos, como o do pelicano, reinterpretados por escultores de origem indígena na forma de araras ou papagaios, animais que pertenciam à fauna que eles conheciam.
Onde: Largo do Carmo, Cidade Velha.
5. Igreja de Sant’Ana da Campina
A Igreja de Sant’Ana da Campina, em Belém, conseguiu manter partes do projeto original do arquiteto Antônio Landi
Celso Abreu/Wikimedia Commons
Projetada por Antônio José Landi, foi a primeira grande obra do arquiteto italiano após sua chegada ao Brasil. Concluída em 1782, tornou-se a segunda igreja paroquial erguida em Belém durante o período colonial.
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o
Idealizada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento – criada em 1733 –, Landi, devoto de Sant’Ana, empregou recursos próprios para a construção. Ele também ofereceu à igreja um relicário em prata com uma partícula de osso de Sant’Ana, que pertenceu a um de seus antepassados.
Onde: Largo de Sant’Ana, Bairro do Comércio.
6. Basílica de Nazaré
A Basílica de Nazaré, em Belém foi projetada em Gênova, em 1909, pelo arquiteto italiano Gino Coppedè
DeborahBP/Wikimedia Commons
A igreja foi projetada em Gênova, em 1909, pelo arquiteto italiano Gino Coppedè e pelo engenheiro Giuseppe Predasso. Originalmente prevista como uma cópia reduzida da Basílica de São Paulo, em Roma, a igreja tem um pórtico proeminente sobre quatro colunas em mármore.
Na parte interna, a decoração segue o estilo bizantino, com candelabros e luminárias pendentes, além de trazer estátuas vindas da Itália e vitrais franceses. O medalhão central do altar-mor, em mármore e mosaicos dourados, recebe a imagem da padroeira do templo. Medalhões e cenas decoradas exaltam a Virgem Maria e outras mulheres da Bíblia.
Onde: Av. Nossa Senhora de Nazaré, 1.300, Nazaré.
7. Palácio dos Governadores
O Palácio dos Governadores, também chamado de Palácio Lauro Sodré, data do século 17
Celso Abreu/Wikimedia Commons
Também chamado de Palácio Lauro Sodré, era incialmente de taipa e pilão. Símbolo do período colonial, o prédio atual foi construído em estilo neoclássico no fim do século 18. Foi projetado por Antônio José Landi para servir de sede e moradia dos governadores e capitães generais do Pará.
No início do século 20, a edificação foi reformada ganhando estilo eclético. Após mais de dois séculos de funcionamento como sede administrativa do governo, deu lugar ao Museu do Estado do Pará (MEP), em 1994. Atualmente, dispõe de um acervo composto de pinturas, mobiliário, acessórios e fotografias que contam a história do Pará.
Onde: Praça Dom Pedro II, Cidade Velha.
8. Paço Municipal (Palácio Antônio Lemos)
O Paço Municipal, também chamado Palácio Antônio Lemos, começou a ser construído em 1860
LucasRdS/Wikimedia Commons
Inicialmente chamado de Palacete Azul, devido à cor da fachada, começou a ser construído em 1860 e foi inaugurado em 1883. O edifício quadrado de fachada simétrica foi projetado por José da Gama Abreu em estilo estilo neoclássico tardio. Desde 1994, é a sede oficial do Poder Municipal e Museu da Arte de Belém (MABE).
Na parte interna destacam-se os pisos de mosaico no térreo, recuperados em 1994, e a decoração eclética do piso superior, com lustres europeus e salas com revestimento de ferro prensado e pintado, característicos da fase de exageros que marcou o apogeu do ciclo da borracha.
Onde: Praça Dom Pedro II, 2, Cidade Velha.
9. Casa das Onze Janelas
A Residência de Domingos Bacelar é mais conhecida como a Casa das Onze Janelas
Prburley/Wikimedia Commons
A casa, erguida na metade do século 18 , foi originalmente a residência do rico comerciante Domingos da Costa Bacelar. O imóvel em dois pisos tem na fachada principal 11 aberturas dispostas simetricamente e a porta principal, o que deu origem ao seu nome. Posteriormente, o edifício foi comprado pelo governador para servir de hospital real. O projeto de adaptação para a nova finalidade ficou a cargo de Antônio José Landi.
Após a desativação do hospital, o espaço manteve funções militares e passou por várias modificações, revertidas em restauro e reformas nos anos 2000. Hoje, abriga o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, aberto em 2002, dedicado à arte contemporânea brasileira das regiões Norte e Nordeste.
Onde: Praça Dom Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha.
10. Solar Barão de Guajará
O Solar Barão de Guajará, em Belém, é um dos primeiros prédios erguidos no entorno da que é hoje a praça D. Pedro II
JLPizzol/Wikimedia Commons
É um dos primeiros prédios erguidos no período colonial no entorno da atual praça D. Pedro II. Pertenceu a dois nobres do Império, o visconde de Arari e o barão de Guajará e, em 1944, passou a abrigar o Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Os azulejos estão entre os mais antigos a revestir uma fachada na cidade. A calhas metálicas ornamentadas destacam as diversas influências que o edifício recebeu durante os quase 200 anos desde sua construção. Seu interior, aberto ao público, abriga uma biblioteca com estantes talhadas em jacarandá, além de documentos, móveis e objetos.
Onde: Praça Dom Pedro II, Cidade Velha.
11. Theatro da Paz
O Theatro da Paz, em Belém, foi inaugurado em 1878 com projeto do engenheiro Tibúrcio Magalhães
Socorrosimonetti/Wikimedia Commons
Inaugurado em 1878, foi um dos primeiros teatros do Brasil moderno. Fica localizado na Praça da República, um dos espaços públicos mais históricos da cidade, inaugurada em 1897. Foi construído com projeto do engenheiro Tibúrcio Magalhães, na época criticado por não ter seguido as regras clássicas de composição, como colocar colunas em número ímpar na fachada em vez da simetria dos pares.
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A pintura da sala de espetáculos aconteceu somente em 1887. Considerado modesto, passou por reformas no começo do século 20 para se tornar mais luxuoso. A fachada teve uma das colunas removida e foram colocados conjuntos escultóricos sobre algumas das janelas, além da abertura de óculos ornamentados por bustos femininos. Internamente, a decoração recebeu lustres de cristal, detalhes dourados, espelhos, mármores e pinturas no teto dos camarotes.
Onde: Praça da República, Campina.
12. Igreja e Convento Nossa Senhora das Mercês
A fachada da Igreja Nossa Senhora das Mercês, em Belém, fica de frente para a atual praça Visconde do Rio Branco
Celso Roberto de Abreu Silva/Wikimedia Commons
A igreja se abre para a atual praça Visconde do Rio Branco e faz parte, junto com o convento, do Complexo dos Mercedários. A primeira construção do templo, de 1640, era de taipa coberta de palha. A segunda, que durou mais de um século, era de taipa-de-mão e de pilão. No século 18 foi iniciada a construção do templo atual, em alvenaria de pedra, concluído em 1777.
Projetado pelo arquiteto italiano Antônio José Landi, é uma das poucas igrejas brasileiras com fachada convexa e frontão de linhas onduladas. No século 20 ficou abandonada e fechada ao culto por muitos anos, sendo restaurada e reaberta somente em 1913. Recém-restaurado, o convento abriga unidades da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Onde: Rua Gaspar Viana, 22, Campina.
13. Palacete Pinho
O Palacete Pinho, em Belém, inovou ao se apresentar como uma construção em dois andares e porão
Socorrosimonetti/Wikimedia Commons
Construída pelo comendador Antônio José de Pinho, em 1897, a residência mudou os padrões vigentes por quase três séculos na Cidade Velha, bairro onde se iniciou a urbanização de Belém. A região possuía uma estrutura colonial de casas térreas e sobrados, alinhados pelas ruas estreitas.
O palacete inova ao se apresentar como uma construção de dois andares e porão, com um parte central mais alta. Recuado, o prédio forma um jardim com grades ornamentais e colunas, e fachadas revestidas de azulejos alemães. Recém-reformado, o local vai abrigar uma escola de artes para estudantes da rede municipal.
Onde: Rua Dr. Assis, 586, Cidade Velha.
14. Mercado de Ferro de Peixe (Ver-o-Peso)
O Mercado de Ferro de Peixe (Ver-o-Peso) é um dos pontos turísticos mais famosos de Belém
Cayambe/Wikimedia Commons
Aberta em 1625, a Casa de Haver-o-Peso — que deu origem ao nome Ver-o-Peso — era inicialmente era apenas um posto de aferição de mercadorias e arrecadação de impostos, mas, com o tempo, se tornou um grande centro de comércio de alimentos, artesanato e produtos extraídos da Amazônia.
Considerado um dos símbolos da capital paraense, o mercado atual substituiu a construção original e começou a ser erguido em 1899, com influência europeia, seguindo a proposta dos engenheiros Bento Miranda e Raymundo Vianna. Com estrutura de ferro trazida da Europa, as torres art noveau foram cobertas com escamas de zinco.
Inaugurado em 1901, o Mercado de Ferro de Peixe é considerado a maior feira livre da América Latina e é tombado pelo patrimônio histórico desde 1977.
Onde: Boulevard Castilhos França, Bairro do Comércio.
15. Mercado Francisco Bolonha
O Mercado Francisco Bolonha (ou de Carne) possui uma elaborada estrutura metálica erguida em 1908
Donatas Dabravolskas/Wikimedia Commons
O Mercado Francisco Bolonha (ou de Carne) integra o Complexo Ver-o-Peso e compõe-se de duas construções: uma externa de estilo neoclássico e outra interna de estrutura metálica, inaugurada em 1908. Esta última foi confiada ao engenheiro Francisco Bolonha, que, tendo visitado a exposição de 1900 em Paris, era admirador das obras de Gustave Eiffel.
O efeito conseguido por meio dos elementos decorativos em formas sinuosas ou florais, ao estilo art nouveau, surpreende pela beleza até os dias de hoje. No pátio interno, se destaca uma escada helicoidal. As portas externas, também metálicas, são ornamentadas com o brasão da cidade de Belém.
Onde: Boulevard Castilhos França, Bairro do Comércio.
16. Loja Paris N’América
A Paris N’América, em Belém, foi inspirada nas grandes lojas de departamento parisienses
Henrique Figueira/Wikimedia Commons
Inspirada nas grandes lojas de departamento parisienses, a Paris n’América foi inaugurada em 1909, no apogeu da Era da Borracha, para vender produtos importados para as ricas mulheres de Belém. Abrigava no térreo a parte comercial e, nos andares superiores, a casa dos proprietários.
Esbanjando luxo, foi erguida com materiais importados, como a estrutura de ferro, as pedras e o relógio da fachada, e os espelhos, luminárias, lavatórios de louça, azulejos, ornamentos e vidros decorados da parte interna. Hoje funciona como loja de tecidos e pode ser visitada em horário comercial. A exuberante escadaria original ainda pode ser vista no local.
Onde: Rua Santo Antônio, 132, Campina.
17. Palacete Bolonha
O Palacete Bolonha foi projetado por Francisco Bolonha, engenheiro pela Politécnica do Rio de Janeiro
JLPizzol/Wikimedia Commons
O palacete foi projetado por Francisco Bolonha, um dos engenheiros mais conhecidos de Belém no início do século 20, para ser sua moradia. O imóvel forma conjunto com outras residências, distribuídas ao longo de uma rua estreita. As casas são de simetria neoclássica e decoração simples, sendo construídas para a sua família.
A morada de Bolonha, com três pavimentos e um mirante, tem decoração carregada, com elementos dourados, estuques, azulejos, mosaicos, pisos de vidro e, no exterior, telhas em ardósia colorida e detalhes em ferro. O prédio ficou vários anos abandonado e perdeu muitos detalhes e elementos decorativos. Depois de restaurado, passou a abrigar um centro de atendimento a idosos.
Onde: Av. Governador José Malcher, 295, Nazaré.
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18. Forte do Presépio
O Forte do Presépio foi uma das primeiras construções de Belém do Pará
Túllio Franca/Wikimedia Commons
A fortificação militar portuguesa foi criada em 1616 pelo capitão-mor português Francisco Caldeira Castelo Branco na confluências do rio Guamá com a baía do Guajará. Também chamado de Forte do Castelo, marca a fundação do então povoado colonial português Feliz Lusitânia, hoje Belém do Pará. Desde 1962 é tombado como patrimônio histórico e um dos pontos turísticos da cidade. Em 2002, foi inaugurado o Museu Forte do Presépio com artefatos históricos e arqueológicos.
Logo ao lado, a Praça Siqueira Campos ou Praça do Relógio abriga uma torre de ferro de 12 metros de altura, com quatro luminárias em um relógio central importado da Inglaterra, construída em 1930.
Onde: Praça Dom Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha.
19. Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna
O Pavilhão Domingos Soares Ferreira Pennna, em Belém, é a atual sede do Museu Paraense Emílio Goeldi
JLPizzol/Wikimedia Commons
Comprada pelo governo do estado em 1895, a antiga propriedade rural tornou-se a sede do atual Museu Paraense Emílio Goeldi e é uma das últimas construções do tipo que permanecem no centro da cidade. O prédio tem características de um tardio neoclássico – elevação do solo para salientar o volume simétrico e regular, frontão triangular com ângulos marcados por estátuas – e do ecletismo nas pinturas internas. O edifício restaurado serve como área de exposições.
Além da construção principal, merecem ser visitados o Parque Zoobotânico, o primeiro no município, com destaque para o prédio do aquário, em linhas art déco. Do paisagismo original do conjunto do museu permanece o reservatório de água, rebuscada construção com formas ecléticas.
Onde: Avenida Magalhães Barata, 376, São Braz.
20. Mercado de São Brás
O Mercado de São Brás, em Belém, foi aberto em 1911, com projeto do arquiteto italiano Filinto Santoro
Bruno Cruz/Agência Pará/Divulgação
Projetado em 1911 pelo arquiteto italiano Filinto Santoro, é um dos marcos da arquitetura da Belle Époque na capital paraense. O mercado foi construído em função da grande movimentação comercial gerada pela ferrovia Belém/Bragança durante a época áurea do ciclo da borracha amazônica.
Após anos de má conservação, foi totalmente revitalizado como parte do pacote de obras da COP30 e agora abriga mais de 80 empreendimentos. A requalificação do espaço preservou as características originais do prédio, incorporando infraestrutura moderna e acessível. O local ganhou um polo gastronômico com bares e restaurantes, além de lojas e serviços. Há, ainda, a tradicional Feira de São Brás, com 195 barracas de alimentação, hortifruti, carnes e peixes.
Onde: Praça Floriano Peixoto, São Brás.
21. Palacete Augusto Montenegro
O Palacete Augusto Montenegro foi construído em 1903 e hoje abriga o museu da Universidade Federal do Pará
Sintegrity/Wikimedia Commons
Foi construído em 1903, por encomenda do então governador do estado Augusto Montenegro para servir de residência privada. O edifício foi projetado pelo engenheiro italiana Filinto Santoro por encomenda do próprio governador. Formado pela Real Escola de Nápoles, ele buscou referências no renascimento italiano e importou da Itália os materiais para a execução da obra.
Nos anos 1960, a residência foi comprada pela Universidade Federal do Pará e foi reformada. Em 1985, passou a abrigar o museu da UFPA. Em 2003, foi tombado pelo patrimônio histórico e passou por uma nova restauração.
Onde: Av. Governador José Malcher, 1192, Nazaré.
22. Igreja e Convento de Santo Antônio
A Igreja e Convento de Santo Antônio, do século 18, ocupam um quadrilátero completo no centro histórico de Belém
Instagram/@barroco.rococo.br/Reprodução
Datado do século 18, o conjunto formado pela igreja, convento e Ordem Terceira ocupa um quadrilátero completo no centro histórico. A igreja, alterada por várias reformas, possui na fachada um nicho com uma imagem barroca do padroeiro Santo Antônio. Na parte interna se destacam os painéis azulejados em azul e branco do século 18, únicos remanescentes de azulejaria portuguesa de temática religiosa na cidade de Belém.
De frente para o rio, a capela da Ordem Terceira, que data de 1754, abriga uma imagem de São Francisco. Os azulejos da capela são cenas da vida de São Francisco e de Santo Antôni. O convento, transformado em escola, é ocupado por freiras desde 1877.
Onde: Rua Gaspar Vianna, Bairro do Comércio.
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23. Igreja do Rosário dos Homens Pretos
A Igreja do Rosário dos Homens Pretos, em Belém, foi erguida por escravos no século 18
Roberto de Vasconcelos/Wikimedia Commons
Pouco documentada, sabe-se que foi criada em 1682, sendo na época uma simples capela de taipa. Na década de 1720, foi reformada e sua construção foi efetuada por negros escravos, em um projeto do arquiteto Antônio José Landi. De arquitetura simples, o objetivo desta paróquia era aproximar os negros africanos da religião católica.
Onde: Rua Padre Prudêncio, 291, Campina.
24. Capela do Pombo
A Capela do Pombo, em Belém, traz o traço característico do arquiteto Antônio José Landi
Universidade Federal do Pará/Divulgação
Situada hoje em pleno centro comercial, a capela fez parte da casa do senhor de engenho Ambrósio Henriques, um sobrado senhoril que passou em herança a Ambrosio Henriques da Silva Pombo. É também chamada de Capela Nosso Senhor dos Passos, por conta da imagem do Senhor dos Passos, de 1756, que ela abriga.
De pequenas dimensões, o templo apresenta o traço característico do arquiteto Antônio José Landi, que a projetou. O imóvel foi adquirido pela UFPA em 2014 e, recém-restaurado, foi reaberto ao público.
Onde: Travessa Campos Salles, 290, Campina.
25. Palacete Faciola
O Palacete Faciola, em Belém, foi projetado pelo arquiteto José de Castro Figueiredo em 1895
Leandro Tocantins/Agência Pará/Divulgação
Foi projetado pelo arquiteto e desenhista paraense José de Castro Figueiredo em 1895, sendo finalizado em 1901. O prédio, construído para abrigar a família Silva Santos, foi adquirido pela família Faciola em meados de 1916. Restaurado em 2008, exibe em suas paredes, pisos e elementos decorativos a história do era da borracha.
Hoje abriga Centro Cultural Palacete Faciola e também o Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC) e o Museu da Imagem e do Som (MIS).
Endereço: Av. Nossa Senhora de Nazaré, 138, Nazaré.
Fontes: Governo Brasileiro, Governo do Estado do Pará, Prefeitura Municipal de Belém, Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Universidade Federal do Pará (UFPA) e a obra Igrejas, Palácios e Palacetes de Belém, de Jussara da Silveira Derenji e Jorge Derenji, parte da série Roteiros do Patrimônio do Programa Monumenta/Iphan.
		
		
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Porta de entrada para região amazônica, Belém viveu um período de expansão a partir do século 18, com a criação da Companhia de Comércio do Grão-Pará pela Coroa Portuguesa, com o objetivo de extrair e comercializar os recursos da Amazônia, como a borracha. Datam desta época boa parte das construções históricas.
A Praça Siqueira Campos abriga um relógio que foi construído em 1930 com 12 metros de altura
Cayambe/Wikimedia Commons
Belém ganhou outro impulso na segunda metade do século 18, com a chegada de engenheiros militares alemães, que desenvolveram os primeiros projetos urbanísticos, e do arquiteto italiano Antônio José Landi, que introduziu o estilo neoclássico na região e deixou notável legado arquitetônico na cidade. Confira a seguir as construções históricas que merecem a visita:
1. Catedral Metropolitana de Belém
A Catedral Metropolitana de Belém é uma das mais importantes construções religiosas da cidade
Lucas Barreto Rodrigues/Wikimedia Commons
Também chamada de Igreja de Nossa Senhora da Graça, é uma das mais importantes edificações religiosas da cidade. Sua construção começou na metade do século 18, seguindo plantas vindas de Lisboa desenhadas pelo arquiteto português Manuel João da Maia. Já a parte interna teve vários detalhes, como o retábulo e o órgão, projetados por Antônio José Landi, arquiteto italiano radicado no Brasil.
A fachada tem um nicho com a imagem da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Graça. O altar, em vários tipos de mármore, foi projetado pelo arquiteto italiano Luca Carimini e é um dos mais imponentes das igrejas do Norte do país. Inaugurada em 1782, recebeu acréscimos decorativos no fim do século 19, como a pintura do forro e dos altares laterais, e a substituição do púlpito original por dois de ferro fundido.
Logo em frente fica a Praça Dom Frei Caetano Brandão, que foi o ponto de partida da cidade, com canteiros de flores, calçadas de pedra de ardósia e palmeiras.
Onde: Praça Dom Frei Caetano Brandão, Cidade Velha.
2. Igreja de Santo Alexandre
A fachada simples da Igreja de Santo Alexandre, em Belém, constrasta com seus excepcionais interiores
Prburley/Wikimedia Commons
É o maior monumento jesuíta da região Norte do Brasil. Seu interior amplo, com nave única, servia para encantar os fiéis, seguindo os princípios da Contrarreforma católica, que buscava conquistar novos adeptos para a Igreja. A decoração é imponente, com retábulos, colunas, anjos, guirlandas de flores e dois púlpitos de madeira ricamente ornamentados. Outro ponto alto são as pinturas da sacristia em cores vibrantes, com desenhos em arabescos florais e serafins.
A Igreja faz parte de um conjunto de espaços históricos e se une ao antigo colégio jesuíta, hoje Museu de Arte Sacra, para mostrar as peças religiosas mais importantes da memória colonial. Nesse conjunto impressiona o contraste entre a decoração das fachadas simples com a exuberância decorativa dos ambientes internos.
Onde: Praça Dom Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha.
3. Igreja de São João Batista
A Igreja de São João é uma das primeiras de Belém, com construção iniciada em 1622
Prburley/Wikimedia Commons
Uma das primeiras igrejas de Belém, começou a ser construída em 1622. Era uma modesta capela em taipa, mas foi reconstruída, de 1772 a 1777, com projeto de Antônio José Landi em estilo barroco e é considerada uma joia da arquitetura do italiano.
Nos dois altares e na parede de fundo do altar-mor se destacam as pinturas em trompe l’oeil (ilusão) alusivas à vida de São João Batista, que foram executadas em Lisboa no século 18. Escondidas por décadas, elas foram recuperadas em 1996, devolvendo os tons de rosa e verde que imitam mármore. Fato histórico marcante: a igreja serviu de prisão para o padre jesuíta Antônio Vieira em 1661.
Onde: Largo de São João, Cidade Velha.
4. Igreja Nossa Senhora do Carmo
A Igreja do Carmo foi a primeira sede da Assembleia Legislativa Provincial, no século 19
Prburley/Wikimedia Commons
A igreja atual, de 1777, tem a única fachada de pedra de Belém vinda de Lisboa. Das primeiras construções foram preservados o altar-mor em prata lavrada e o retábulo em estilo nacional português, raro exemplar do século 17. Nessa igreja podem ser observados símbolos cristãos, como o do pelicano, reinterpretados por escultores de origem indígena na forma de araras ou papagaios, animais que pertenciam à fauna que eles conheciam.
Onde: Largo do Carmo, Cidade Velha.
5. Igreja de Sant’Ana da Campina
A Igreja de Sant’Ana da Campina, em Belém, conseguiu manter partes do projeto original do arquiteto Antônio Landi
Celso Abreu/Wikimedia Commons
Projetada por Antônio José Landi, foi a primeira grande obra do arquiteto italiano após sua chegada ao Brasil. Concluída em 1782, tornou-se a segunda igreja paroquial erguida em Belém durante o período colonial.
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o
Idealizada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento – criada em 1733 –, Landi, devoto de Sant’Ana, empregou recursos próprios para a construção. Ele também ofereceu à igreja um relicário em prata com uma partícula de osso de Sant’Ana, que pertenceu a um de seus antepassados.
Onde: Largo de Sant’Ana, Bairro do Comércio.
6. Basílica de Nazaré
A Basílica de Nazaré, em Belém foi projetada em Gênova, em 1909, pelo arquiteto italiano Gino Coppedè
DeborahBP/Wikimedia Commons
A igreja foi projetada em Gênova, em 1909, pelo arquiteto italiano Gino Coppedè e pelo engenheiro Giuseppe Predasso. Originalmente prevista como uma cópia reduzida da Basílica de São Paulo, em Roma, a igreja tem um pórtico proeminente sobre quatro colunas em mármore.
Na parte interna, a decoração segue o estilo bizantino, com candelabros e luminárias pendentes, além de trazer estátuas vindas da Itália e vitrais franceses. O medalhão central do altar-mor, em mármore e mosaicos dourados, recebe a imagem da padroeira do templo. Medalhões e cenas decoradas exaltam a Virgem Maria e outras mulheres da Bíblia.
Onde: Av. Nossa Senhora de Nazaré, 1.300, Nazaré.
7. Palácio dos Governadores
O Palácio dos Governadores, também chamado de Palácio Lauro Sodré, data do século 17
Celso Abreu/Wikimedia Commons
Também chamado de Palácio Lauro Sodré, era incialmente de taipa e pilão. Símbolo do período colonial, o prédio atual foi construído em estilo neoclássico no fim do século 18. Foi projetado por Antônio José Landi para servir de sede e moradia dos governadores e capitães generais do Pará.
No início do século 20, a edificação foi reformada ganhando estilo eclético. Após mais de dois séculos de funcionamento como sede administrativa do governo, deu lugar ao Museu do Estado do Pará (MEP), em 1994. Atualmente, dispõe de um acervo composto de pinturas, mobiliário, acessórios e fotografias que contam a história do Pará.
Onde: Praça Dom Pedro II, Cidade Velha.
8. Paço Municipal (Palácio Antônio Lemos)
O Paço Municipal, também chamado Palácio Antônio Lemos, começou a ser construído em 1860
LucasRdS/Wikimedia Commons
Inicialmente chamado de Palacete Azul, devido à cor da fachada, começou a ser construído em 1860 e foi inaugurado em 1883. O edifício quadrado de fachada simétrica foi projetado por José da Gama Abreu em estilo estilo neoclássico tardio. Desde 1994, é a sede oficial do Poder Municipal e Museu da Arte de Belém (MABE).
Na parte interna destacam-se os pisos de mosaico no térreo, recuperados em 1994, e a decoração eclética do piso superior, com lustres europeus e salas com revestimento de ferro prensado e pintado, característicos da fase de exageros que marcou o apogeu do ciclo da borracha.
Onde: Praça Dom Pedro II, 2, Cidade Velha.
9. Casa das Onze Janelas
A Residência de Domingos Bacelar é mais conhecida como a Casa das Onze Janelas
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A casa, erguida na metade do século 18 , foi originalmente a residência do rico comerciante Domingos da Costa Bacelar. O imóvel em dois pisos tem na fachada principal 11 aberturas dispostas simetricamente e a porta principal, o que deu origem ao seu nome. Posteriormente, o edifício foi comprado pelo governador para servir de hospital real. O projeto de adaptação para a nova finalidade ficou a cargo de Antônio José Landi.
Após a desativação do hospital, o espaço manteve funções militares e passou por várias modificações, revertidas em restauro e reformas nos anos 2000. Hoje, abriga o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, aberto em 2002, dedicado à arte contemporânea brasileira das regiões Norte e Nordeste.
Onde: Praça Dom Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha.
10. Solar Barão de Guajará
O Solar Barão de Guajará, em Belém, é um dos primeiros prédios erguidos no entorno da que é hoje a praça D. Pedro II
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É um dos primeiros prédios erguidos no período colonial no entorno da atual praça D. Pedro II. Pertenceu a dois nobres do Império, o visconde de Arari e o barão de Guajará e, em 1944, passou a abrigar o Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Os azulejos estão entre os mais antigos a revestir uma fachada na cidade. A calhas metálicas ornamentadas destacam as diversas influências que o edifício recebeu durante os quase 200 anos desde sua construção. Seu interior, aberto ao público, abriga uma biblioteca com estantes talhadas em jacarandá, além de documentos, móveis e objetos.
Onde: Praça Dom Pedro II, Cidade Velha.
11. Theatro da Paz
O Theatro da Paz, em Belém, foi inaugurado em 1878 com projeto do engenheiro Tibúrcio Magalhães
Socorrosimonetti/Wikimedia Commons
Inaugurado em 1878, foi um dos primeiros teatros do Brasil moderno. Fica localizado na Praça da República, um dos espaços públicos mais históricos da cidade, inaugurada em 1897. Foi construído com projeto do engenheiro Tibúrcio Magalhães, na época criticado por não ter seguido as regras clássicas de composição, como colocar colunas em número ímpar na fachada em vez da simetria dos pares.
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A pintura da sala de espetáculos aconteceu somente em 1887. Considerado modesto, passou por reformas no começo do século 20 para se tornar mais luxuoso. A fachada teve uma das colunas removida e foram colocados conjuntos escultóricos sobre algumas das janelas, além da abertura de óculos ornamentados por bustos femininos. Internamente, a decoração recebeu lustres de cristal, detalhes dourados, espelhos, mármores e pinturas no teto dos camarotes.
Onde: Praça da República, Campina.
12. Igreja e Convento Nossa Senhora das Mercês
A fachada da Igreja Nossa Senhora das Mercês, em Belém, fica de frente para a atual praça Visconde do Rio Branco
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A igreja se abre para a atual praça Visconde do Rio Branco e faz parte, junto com o convento, do Complexo dos Mercedários. A primeira construção do templo, de 1640, era de taipa coberta de palha. A segunda, que durou mais de um século, era de taipa-de-mão e de pilão. No século 18 foi iniciada a construção do templo atual, em alvenaria de pedra, concluído em 1777.
Projetado pelo arquiteto italiano Antônio José Landi, é uma das poucas igrejas brasileiras com fachada convexa e frontão de linhas onduladas. No século 20 ficou abandonada e fechada ao culto por muitos anos, sendo restaurada e reaberta somente em 1913. Recém-restaurado, o convento abriga unidades da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Onde: Rua Gaspar Viana, 22, Campina.
13. Palacete Pinho
O Palacete Pinho, em Belém, inovou ao se apresentar como uma construção em dois andares e porão
Socorrosimonetti/Wikimedia Commons
Construída pelo comendador Antônio José de Pinho, em 1897, a residência mudou os padrões vigentes por quase três séculos na Cidade Velha, bairro onde se iniciou a urbanização de Belém. A região possuía uma estrutura colonial de casas térreas e sobrados, alinhados pelas ruas estreitas.
O palacete inova ao se apresentar como uma construção de dois andares e porão, com um parte central mais alta. Recuado, o prédio forma um jardim com grades ornamentais e colunas, e fachadas revestidas de azulejos alemães. Recém-reformado, o local vai abrigar uma escola de artes para estudantes da rede municipal.
Onde: Rua Dr. Assis, 586, Cidade Velha.
14. Mercado de Ferro de Peixe (Ver-o-Peso)
O Mercado de Ferro de Peixe (Ver-o-Peso) é um dos pontos turísticos mais famosos de Belém
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Aberta em 1625, a Casa de Haver-o-Peso — que deu origem ao nome Ver-o-Peso — era inicialmente era apenas um posto de aferição de mercadorias e arrecadação de impostos, mas, com o tempo, se tornou um grande centro de comércio de alimentos, artesanato e produtos extraídos da Amazônia.
Considerado um dos símbolos da capital paraense, o mercado atual substituiu a construção original e começou a ser erguido em 1899, com influência europeia, seguindo a proposta dos engenheiros Bento Miranda e Raymundo Vianna. Com estrutura de ferro trazida da Europa, as torres art noveau foram cobertas com escamas de zinco.
Inaugurado em 1901, o Mercado de Ferro de Peixe é considerado a maior feira livre da América Latina e é tombado pelo patrimônio histórico desde 1977.
Onde: Boulevard Castilhos França, Bairro do Comércio.
15. Mercado Francisco Bolonha
O Mercado Francisco Bolonha (ou de Carne) possui uma elaborada estrutura metálica erguida em 1908
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O Mercado Francisco Bolonha (ou de Carne) integra o Complexo Ver-o-Peso e compõe-se de duas construções: uma externa de estilo neoclássico e outra interna de estrutura metálica, inaugurada em 1908. Esta última foi confiada ao engenheiro Francisco Bolonha, que, tendo visitado a exposição de 1900 em Paris, era admirador das obras de Gustave Eiffel.
O efeito conseguido por meio dos elementos decorativos em formas sinuosas ou florais, ao estilo art nouveau, surpreende pela beleza até os dias de hoje. No pátio interno, se destaca uma escada helicoidal. As portas externas, também metálicas, são ornamentadas com o brasão da cidade de Belém.
Onde: Boulevard Castilhos França, Bairro do Comércio.
16. Loja Paris N’América
A Paris N’América, em Belém, foi inspirada nas grandes lojas de departamento parisienses
Henrique Figueira/Wikimedia Commons
Inspirada nas grandes lojas de departamento parisienses, a Paris n’América foi inaugurada em 1909, no apogeu da Era da Borracha, para vender produtos importados para as ricas mulheres de Belém. Abrigava no térreo a parte comercial e, nos andares superiores, a casa dos proprietários.
Esbanjando luxo, foi erguida com materiais importados, como a estrutura de ferro, as pedras e o relógio da fachada, e os espelhos, luminárias, lavatórios de louça, azulejos, ornamentos e vidros decorados da parte interna. Hoje funciona como loja de tecidos e pode ser visitada em horário comercial. A exuberante escadaria original ainda pode ser vista no local.
Onde: Rua Santo Antônio, 132, Campina.
17. Palacete Bolonha
O Palacete Bolonha foi projetado por Francisco Bolonha, engenheiro pela Politécnica do Rio de Janeiro
JLPizzol/Wikimedia Commons
O palacete foi projetado por Francisco Bolonha, um dos engenheiros mais conhecidos de Belém no início do século 20, para ser sua moradia. O imóvel forma conjunto com outras residências, distribuídas ao longo de uma rua estreita. As casas são de simetria neoclássica e decoração simples, sendo construídas para a sua família.
A morada de Bolonha, com três pavimentos e um mirante, tem decoração carregada, com elementos dourados, estuques, azulejos, mosaicos, pisos de vidro e, no exterior, telhas em ardósia colorida e detalhes em ferro. O prédio ficou vários anos abandonado e perdeu muitos detalhes e elementos decorativos. Depois de restaurado, passou a abrigar um centro de atendimento a idosos.
Onde: Av. Governador José Malcher, 295, Nazaré.
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18. Forte do Presépio
O Forte do Presépio foi uma das primeiras construções de Belém do Pará
Túllio Franca/Wikimedia Commons
A fortificação militar portuguesa foi criada em 1616 pelo capitão-mor português Francisco Caldeira Castelo Branco na confluências do rio Guamá com a baía do Guajará. Também chamado de Forte do Castelo, marca a fundação do então povoado colonial português Feliz Lusitânia, hoje Belém do Pará. Desde 1962 é tombado como patrimônio histórico e um dos pontos turísticos da cidade. Em 2002, foi inaugurado o Museu Forte do Presépio com artefatos históricos e arqueológicos.
Logo ao lado, a Praça Siqueira Campos ou Praça do Relógio abriga uma torre de ferro de 12 metros de altura, com quatro luminárias em um relógio central importado da Inglaterra, construída em 1930.
Onde: Praça Dom Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha.
19. Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna
O Pavilhão Domingos Soares Ferreira Pennna, em Belém, é a atual sede do Museu Paraense Emílio Goeldi
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Comprada pelo governo do estado em 1895, a antiga propriedade rural tornou-se a sede do atual Museu Paraense Emílio Goeldi e é uma das últimas construções do tipo que permanecem no centro da cidade. O prédio tem características de um tardio neoclássico – elevação do solo para salientar o volume simétrico e regular, frontão triangular com ângulos marcados por estátuas – e do ecletismo nas pinturas internas. O edifício restaurado serve como área de exposições.
Além da construção principal, merecem ser visitados o Parque Zoobotânico, o primeiro no município, com destaque para o prédio do aquário, em linhas art déco. Do paisagismo original do conjunto do museu permanece o reservatório de água, rebuscada construção com formas ecléticas.
Onde: Avenida Magalhães Barata, 376, São Braz.
20. Mercado de São Brás
O Mercado de São Brás, em Belém, foi aberto em 1911, com projeto do arquiteto italiano Filinto Santoro
Bruno Cruz/Agência Pará/Divulgação
Projetado em 1911 pelo arquiteto italiano Filinto Santoro, é um dos marcos da arquitetura da Belle Époque na capital paraense. O mercado foi construído em função da grande movimentação comercial gerada pela ferrovia Belém/Bragança durante a época áurea do ciclo da borracha amazônica.
Após anos de má conservação, foi totalmente revitalizado como parte do pacote de obras da COP30 e agora abriga mais de 80 empreendimentos. A requalificação do espaço preservou as características originais do prédio, incorporando infraestrutura moderna e acessível. O local ganhou um polo gastronômico com bares e restaurantes, além de lojas e serviços. Há, ainda, a tradicional Feira de São Brás, com 195 barracas de alimentação, hortifruti, carnes e peixes.
Onde: Praça Floriano Peixoto, São Brás.
21. Palacete Augusto Montenegro
O Palacete Augusto Montenegro foi construído em 1903 e hoje abriga o museu da Universidade Federal do Pará
Sintegrity/Wikimedia Commons
Foi construído em 1903, por encomenda do então governador do estado Augusto Montenegro para servir de residência privada. O edifício foi projetado pelo engenheiro italiana Filinto Santoro por encomenda do próprio governador. Formado pela Real Escola de Nápoles, ele buscou referências no renascimento italiano e importou da Itália os materiais para a execução da obra.
Nos anos 1960, a residência foi comprada pela Universidade Federal do Pará e foi reformada. Em 1985, passou a abrigar o museu da UFPA. Em 2003, foi tombado pelo patrimônio histórico e passou por uma nova restauração.
Onde: Av. Governador José Malcher, 1192, Nazaré.
22. Igreja e Convento de Santo Antônio
A Igreja e Convento de Santo Antônio, do século 18, ocupam um quadrilátero completo no centro histórico de Belém
Instagram/@barroco.rococo.br/Reprodução
Datado do século 18, o conjunto formado pela igreja, convento e Ordem Terceira ocupa um quadrilátero completo no centro histórico. A igreja, alterada por várias reformas, possui na fachada um nicho com uma imagem barroca do padroeiro Santo Antônio. Na parte interna se destacam os painéis azulejados em azul e branco do século 18, únicos remanescentes de azulejaria portuguesa de temática religiosa na cidade de Belém.
De frente para o rio, a capela da Ordem Terceira, que data de 1754, abriga uma imagem de São Francisco. Os azulejos da capela são cenas da vida de São Francisco e de Santo Antôni. O convento, transformado em escola, é ocupado por freiras desde 1877.
Onde: Rua Gaspar Vianna, Bairro do Comércio.
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23. Igreja do Rosário dos Homens Pretos
A Igreja do Rosário dos Homens Pretos, em Belém, foi erguida por escravos no século 18
Roberto de Vasconcelos/Wikimedia Commons
Pouco documentada, sabe-se que foi criada em 1682, sendo na época uma simples capela de taipa. Na década de 1720, foi reformada e sua construção foi efetuada por negros escravos, em um projeto do arquiteto Antônio José Landi. De arquitetura simples, o objetivo desta paróquia era aproximar os negros africanos da religião católica.
Onde: Rua Padre Prudêncio, 291, Campina.
24. Capela do Pombo
A Capela do Pombo, em Belém, traz o traço característico do arquiteto Antônio José Landi
Universidade Federal do Pará/Divulgação
Situada hoje em pleno centro comercial, a capela fez parte da casa do senhor de engenho Ambrósio Henriques, um sobrado senhoril que passou em herança a Ambrosio Henriques da Silva Pombo. É também chamada de Capela Nosso Senhor dos Passos, por conta da imagem do Senhor dos Passos, de 1756, que ela abriga.
De pequenas dimensões, o templo apresenta o traço característico do arquiteto Antônio José Landi, que a projetou. O imóvel foi adquirido pela UFPA em 2014 e, recém-restaurado, foi reaberto ao público.
Onde: Travessa Campos Salles, 290, Campina.
25. Palacete Faciola
O Palacete Faciola, em Belém, foi projetado pelo arquiteto José de Castro Figueiredo em 1895
Leandro Tocantins/Agência Pará/Divulgação
Foi projetado pelo arquiteto e desenhista paraense José de Castro Figueiredo em 1895, sendo finalizado em 1901. O prédio, construído para abrigar a família Silva Santos, foi adquirido pela família Faciola em meados de 1916. Restaurado em 2008, exibe em suas paredes, pisos e elementos decorativos a história do era da borracha.
Hoje abriga Centro Cultural Palacete Faciola e também o Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC) e o Museu da Imagem e do Som (MIS).
Endereço: Av. Nossa Senhora de Nazaré, 138, Nazaré.
Fontes: Governo Brasileiro, Governo do Estado do Pará, Prefeitura Municipal de Belém, Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Universidade Federal do Pará (UFPA) e a obra Igrejas, Palácios e Palacetes de Belém, de Jussara da Silveira Derenji e Jorge Derenji, parte da série Roteiros do Patrimônio do Programa Monumenta/Iphan.



