Azul puro: a cor do ano da Coral para 2026 nos convida a abraçar nossa criança interior

Não é de hoje que o azul colore a arquitetura brasileira: dos azulejos portugueses do período colonial aos painéis de Cândido Portinari na Igreja da Pampulha e Athos Bulcão na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, ambas obras modernistas de Oscar Niemeyer, a cor se mostra arquetípica ao longo de diferentes períodos da história arquitetônica do país. E se depender do 22ª edição do ColourFutures™, estudo global de tendências de comportamento e cores da AkzoNobel, fabricante da Tintas Coral, o Azul Puro – cor do ano da marca – há de pintar ainda mais por aí.
“O azul é universalmente amado e, neste ano, convida cada pessoa a encontrar o tom que lhe seja pessoal, trazendo calma, energia e alegria ao cotidiano”, acredita Heleen van Gent, diretora criativa do Centro de Estética Global da AkzoNobel e líder da equipe de pesquisa. “Essa cor sempre foi especial. No passado, era um pigmento caríssimo, reservado a reis, rainhas e figuras religiosas. Hoje, continua muito valorizado, associado ao mar, ao céu, até à proteção. Dos jeans à arquitetura, é versátil e emocional. Existe um azul para cada pessoa.” A seguir, Heleen reflete sobre os matizes da Coral que vão colorir 2026.
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O que esse Azul Puro revela sobre o momento global e nossos desejos coletivos?
É um tom que fala sobre desacelerar em um mundo frenético. Em meio a essa agitação global, há um desejo coletivo por “botar o pé no freio”. A proposta é justamente oferecer frescor, aliado a uma cor que inspire, energize e traga foco. Esse é o papel do Azul Puro: transmitir calma, confiança e segurança.
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A pesquisa por trás do ColorFutures™ capta sinais culturais. Quais movimentos inspiraram a escolha deste ano?
Identificamos a ascensão da neuroestética – como a beleza e a cor afetam o bem-estar – além do impacto da IA, da economia 24/7 e das novas formas de família e comunidade. As pessoas estão mais sensíveis e buscam ambientes acolhedores. Nossas paletas respondem a isso.
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Parece uma reconexão com necessidades básicas – sono, família, vínculos reais. Como isso se relaciona com criatividade?
Tem tudo a ver com criatividade. Perguntamos: se o mundo é moldado pela inteligência artificial, pela digitalização e por mudanças constantes, do que as pessoas precisam? De cores que as apoiem emocionalmente, em casa, no trabalho ou em espaços de saúde. Nosso papel é curar paletas que atendam a essas necessidades, mas deixando espaço para cada um aplicar criatividade nos seus ambientes.
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Como você enxerga essa cor aplicada na arquitetura e nos interiores no Brasil, um país tão vibrante e diverso?
Justamente por ser vibrante e cheio de luz, o Brasil é um palco perfeito para essa cor. Ela vai brilhar aqui. E de diversas formas: dá para ousar pintando paredes e tetos inteiros, ou então usá-la como ponto de destaque em uma base neutra, numa parede, no teto ou no caixilho da janela. Depende do que melhor atende cada pessoa.
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Como o Azul Puro equilibra a ideia de atemporalidade com a de tendência?
O azul é atemporal. É a cor mais apreciada no mundo – 70% das pessoas dizem ser sua favorita. É também a primeira cor que os bebês veem ao abrir os olhos: o céu. É familiar. As pessoas reconhecem, entendem e amam o azul. Ao mesmo tempo, esse cobalto vibrante é muito atual no design, na moda e na arquitetura. E, no campo emocional, traz calma e conexão, algo de que todos precisamos hoje.
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A música parece ser central na composição das paletas. Como ela influenciou o estudo?
É uma metáfora forte. Cada paleta tem seu ritmo – algumas mais zen e tranquilas, outras emocionais e fluidas, outras lúdicas e vibrantes. Cada um dança ao seu próprio compasso, e as paletas refletem isso.
Paleta completa da Coral para 2026
Divulgação
O que conduz a composição de cada uma das três paletas?
Criamos três histórias de cores, três ritmos e três paletas. A primeira, chamada Acordes silenciosos, reflete a vida em um mundo acelerado. Entre e-mails e demandas constantes, as pessoas buscam dar um passo atrás, criar seu espaço pessoal e encontrar momentos de desconexão. A meditação, por exemplo, vem ganhando relevância não apenas pelo bem-estar que proporciona, mas também como estratégia de negócios, sendo reconhecida como fonte de foco e criatividade. Até redes de hotéis, como o Hilton, investem em retiros de sono, mostrando que desacelerar e olhar para dentro de si é uma necessidade crescente. A proposta desta paleta é justamente oferecer cores que ajudem a criar esse espaço de introspecção e equilíbrio.
A segunda, Bossa nova da alma, aposta na conexão com o mundo ao redor. Em tempos de avanços tecnológicos e inteligência artificial, há uma busca por experiências tangíveis: contato com a natureza, alimentação de qualidade e relações humanas olho no olho. Essa paleta se inspira em elementos da terra, combinando com tons de azul claro que remetem ao céu e reforçando a ideia de pertencimento a um ecossistema maior, tanto físico quanto emocional.
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Por fim, a terceira paleta, Folia tropical, surge em resposta às mudanças sociais e culturais, como a fluidez de gênero e novas configurações familiares. Ela convida a olhar o mundo de outra perspectiva, colorir fora das linhas e abraçar a própria criança interior. É nesse contexto que o Azul Puro, cor do ano, se destaca: vibrante, energético e inspirador, projetado para envolver quem busca se conectar a essa narrativa visual e emocional.
Painel de azulejos desenhado porr Cândido Portinari no Palácio Capanema
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Quais combinações tornam o Azul Puro ainda mais poderoso?
Os marrons são a base, contemporâneos e acolhedores. As terracotas criam contrastes marcantes, lembrando a relação entre terra e céu. E os verdes, por estarem na mesma família de cores, harmonizam lindamente.
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Que conselho você daria a arquitetos e designers sobre o uso do Azul Puro para atender melhor as necessidades de quem habita os espaços?
Primeiro, abrir os olhos para as cores que já estão ao redor – na natureza, nas cidades, no dia a dia. Depois, ouvir de verdade os clientes; eles costumam revelar o que desejam. A partir daí, usar o olhar profissional para propor soluções. E lembrar que a personalização é essencial: a cor é o caminho mais imediato para fazer um espaço ressoar com as emoções e histórias das pessoas.
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O estudo reúne especialistas de diferentes partes do mundo. As designers Adriana Pedrosa e Carlota Gasparian, do Atelier Adriana e Carlota, representaram o Brasil com contribuições importantes para a elaboração do tema e das paletas de cores.
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