Cardo-santo: como cultivar e diferentes usos

O cardo-santo (Cnicus benedictus L.) é uma planta herbácea anual e ramificada, pertencente à família Asteraceae, assim como o girassol e a margarida. Nativo do Mediterrâneo e do sul da Europa, em uma área que se estende desde a Península Ibérica ao Oriente Médio, possui uma densa penugem esbranquiçada e espinhos amarelos longos e afiados.
As flores são amarelas, envolvidas por brácteas verdes, também espinhosas, e nascem entre o final da primavera e o início do verão. “É uma planta perfeita para jardins de estilo naturalista, mediterrâneo ou de baixa manutenção”, fala a paisagista Rejane Heiden.
Além do uso paisagístico, o cardo-santo tem diversas propriedades medicinais. “Ele é utilizado para melhora do processo digestivo, estimulando o apetite e favorecendo a secreção gástrica e biliar, além de possuir efeito leve como antimicrobiano e anti-inflamatório”, explica a nutricionista Karoline Albini Schast, especialistas em fitoterapia e docente do curso de Nutrição do Centro Universitário Internacional Uninter.
O cardo-santo é uma planta herbácea da mesma mesma do girassol e da margarida
Flora-on/Paulo Ventura Araújo/Creative Commons
O cardo-santo apresenta em sua composição lactonas sesquiterpênicas, especialmente a cnicina, que lhe confere um sabor amargo quando as folhas são esmagadas. Elas também são responsáveis pela ação digestiva e estimulante de secreções.
A planta também contém flavonoides e taninos, que agregam propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e carminativas, quem combatem os gases e o estufamento. “De maneira geral, pode ser classificada como uma planta com efeito digestivo, colerético (estimulante do fígado e suas secreções), diurético leve e estimulante metabólico”, detalha a nutricionista.
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Como cultivar cardo-santo
O cardo-santo pode ser cultivado em vasos, desde que eles tenham boa drenagem e recebam sol durante todo o dia. “Não é recomendável tê-lo dentro de casa, pois é uma planta que dá muito mau cheiro, além da ausência de sol e da necessidade de circulação do ar”, fala.
O plantio deve ser feito na primavera, por meio de sementes, e a planta atinge entre 20 e 60 cm quando adulta. O clima ideal para o cardo-santo é quente e seco, especialmente durante a primavera e o verão.
“Ele suporta ventos devido a sua estrutura, mas ventanias muito fortes podem quebrar os seus ramos. Já os ventos constantes aceleram a perda de umidade, exigindo atenção quanto às regas”, detalha a paisagista.
O cardo-santo pode ser cultivado em vasos com boa drenagem e que recebam bastante sol
Flickr/HQ Flower Guide/Creative Commons
Se o solo for fértil não é necessário adubar, mas, caso contrário, Rejane sugere incorporar uma pequena quantidade de húmus de minhoca. Em relação ao plantio, o mais importante é a drenagem do solo, que deve ser bem feita para que as raízes não apodreçam.
O solo deve ser mantido constantemente úmido, mas não encharcado. Rejane indica o uso de um pulverizador para umedecer a superfície do solo e não exagerar na quantidade de água. “A poda tem o objetivo de controlar a disseminação, pois o cardo-santo se propaga vigorosamente por sementes”, explica a paisagista.
Essa é uma planta muito durável, com grande resistência a pragas. “Seus espinhos afiados e compostos químicos amargos funcionam como um excelente sistema de defesa natural”, explica Rejane.
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Caso apareçam pulgões, borrife um jato forte com água sobre a planta para desalojar os insetos. “Pode ser aplicada uma solução de sabão neutro diluído em água. Já para ácaros e cochonilhas, borrife a planta com óleo de neem”, ensina.
Como fazer chá de cardo-santo
O cardo-santo possui cnicina, responsável pela sua ação digestiva e estimulante de secreções
H. Zell/Wikimedia Commons
O chá de cardo-santo é tradicionalmente utilizado para aliviar desconfortos relacionados à má digestão, como a sensação de estufamento, os gases e a lentidão digestiva. “Ele também é empregado para estimular o apetite em casos de inapetência. Outra finalidade comum é o apoio em disfunções hepáticas leves, já que favorece a produção e o fluxo da bile, auxiliando a digestão de gorduras”, conta Karoline.
O chá de cardo-santo pode ser feito por infusão. Use uma colher de chá das partes aéreas secas da planta, entre folhas e flores, para cada 150 ml de água aquecida. A mistura deve permanecer abafada de cinco a dez minutos para que os princípios ativos sejam extraídos. Em seguida, basta coar e consumir o chá morno.
Apesar dos benefícios à saúde, a nutricionista recomenda moderação no consumo do chá, de uma a duas xícaras ao dia, ingeridas antes das principais refeições. Essa quantidade é o suficiente para aproveitar seu efeito digestivo ou estimular o apetite.
“É importante destacar que o uso contínuo não deve ultrapassar de quatro a seis semanas sem acompanhamento profissional, a fim de evitar efeitos indesejados e garantir a segurança do tratamento”, alerta a profissional.
O chá de cardo-santo é usado para aliviar má digestão, estufamento, gases e lentidão digestiva
Flora-on/Paulo Ventura Araújo/Creative Commons
Isso porque, embora seja considerado seguro em doses adequadas, o chá de cardo-santo pode provocar alguns efeitos colaterais. “O mais comum é a irritação gástrica, que pode se manifestar por náuseas e vômitos, especialmente quando consumido em excesso”, diz Karoline.
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Além disso, pessoas sensíveis a plantas da família Asteraceae, como camomila, arnica e alcachofra, podem apresentar reações alérgicas. Em caso de gastrite, úlcera péptica ou refluxo grave evite o uso, pois a planta aumenta a secreção gástrica.
O uso do cardo-santo também é contraindicado para gestantes e lactantes, já que pode ter efeito estimulante sobre o útero e não há comprovação de segurança nesse período. Crianças também não devem consumir o chá devido à falta de estudos que garantam a sua segurança.
“Por fim, é necessário cuidado em casos de uso concomitante com medicamentos hepatotóxicos, antibióticos ou antiácidos, sendo sempre recomendada a avaliação por um profissional da saúde antes da utilização”, frisa Karoline.

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