A Casa Milà é uma das obras de Antoni Gaudí que merecem ser conhecidas. No auge do século XIX, o Passeig de Gràcia era a rua mais importante de Barcelona, e a Casa Milà um de seus monumentos mais famosos. Encomendada por Pere Milà e sua esposa, Roser Segimon, e projetada por Antoni Gaudí, a Casa Milà (também conhecida como “La Pedrera”) foi construída entre 1906 e 1912. Na verdade, essa estrutura foi o último grande projeto de Gaudí antes de se dedicar totalmente à sua obra-prima, a Sagrada Família.
Quando foi construída, a obra esteve envolta em polêmicas e gerou debates públicos, mas em muitos aspectos estava à frente de seu tempo. Hoje, é reconhecida como uma das melhores obras de Gaudí. A Casa Milà consolidou a reputação do arquiteto como visionário: trata-se de uma obra-prima do modernismo catalão, que transita entre o art nouveau do século XIX e o futuro da arquitetura moderna. “A Casa Milà é mais que um edifício: representa uma mudança filosófica em direção a uma arquitetura que integra natureza, simbolismo e espiritualidade”, afirma Hillary Morales Robles, associada do AIA e responsável pela conservação histórica da Latinos in Heritage Conservation. “É uma manifestação física da crença de Gaudí na arquitetura orgânica e na ideia de que os ambientes construídos devem estar em harmonia com seus contextos naturais e culturais”.
A seguir, mergulhamos na história e no significado do projeto ousado, imaginativo e inegavelmente marcante de Gaudí.
Onde fica a Casa Milà
Casa Milà, na Passeig de Gràcia
Getty Images
Situada no Passeig de Gràcia, em Barcelona, a Casa Milà está localizada no distrito do Eixample. A região, planejada por Ildefons Cerdà no século XIX, é conhecida por sua arquitetura modernista e por suas ruas largas e quadriculadas. O Passeig de Gràcia era um símbolo de prestígio da crescente burguesia da cidade: ali se concentravam as lojas, restaurantes e estabelecimentos mais exclusivos. Por isso, os membros mais ricos da sociedade construíram nessa avenida suas residências particulares, competindo de forma ostentosa entre si e contratando os arquitetos mais renomados da época para projetarem suas casas opulentas.
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História da Casa Milà
A fachada ondulada foi inspirada no formato natural de uma formação rochosa
Olya Solodenko/Getty Images
Pere Milà e Roser Segimon, marido e mulher, compraram o terreno no Passeig de Gràcia e encomendaram a Antoni Gaudí o projeto de sua nova propriedade. Adquiriram o lote com a intenção de morar no andar principal e alugar os andares superiores como apartamentos. O processo de construção foi particularmente complicado, marcado por dificuldades financeiras, disputas legais e muitas polêmicas na esfera pública.
O projeto foi alvo de zombarias públicas e apareceu caricaturado em diversas publicações satíricas, com representações dramatizadas de seu exterior incomum. Na Barcelona Futura, a Casa Milà era retratada como um estacionamento exagerado: “O verdadeiro destino da casa de Milà e Pi: ser um estacionamento para zepelins”.
Enquanto isso, a construção enfrentava um obstáculo atrás do outro. À medida que as obras avançavam, Gaudí modificava continuamente seus projetos, adaptando com frequência a estrutura do edifício em tempo real. Essas mudanças geraram altos custos adicionais e diversas infrações às normas da prefeitura: o edifício ultrapassava os limites de volume total, tanto o sótão quanto o terraço excediam as restrições de altura, e um dos pilares da fachada de pedra invadia a calçada do Passeig de Gràcia. As dificuldades não se limitaram à construção: a família Milà e Gaudí entraram em conflito sobre os honorários, o que acabou levando ambos à Justiça. Quando Gaudí venceu a causa, Segimon precisou hipotecar a Casa Milà para pagar o arquiteto; Gaudí, por sua vez, decidiu doar o valor recebido a um convento de freiras.
Apesar de sua concepção tumultuada, o edifício acabou sendo valorizado por sua inventividade. Em 1984, quase 80 anos após o início do projeto, a Casa Milà foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO. “A Casa Milà é uma expressão acabada do estilo de Gaudí, inspirada nas leis da natureza, onde pedra, ferro, tijolo e cerâmica parecem ganhar vida”, afirma Mario Andruet, presidente da Fundação Antoni Gaudí. “É um elo essencial na evolução da arquitetura”, acrescenta, “e para Barcelona representa um motivo de orgulho para seus cidadãos possuir uma obra de arte assim, que reúne todos os diferentes componentes da arquitetura e os funde de maneira única”.
Detalhes arquitetônicos da Casa Milà
Um pátio interno elíptico traz luz natural a todos os apartamentos
Getty Images
Com sua inovadora fachada ondulada, que imita a forma de uma parede rochosa natural, a Casa Milà causa de imediato uma impressão pouco convencional. “Embora cronologicamente coincida com a fase final do ‘modernismo’, a versão catalã do art nouveau”, observa Andruet, “este edifício supera tudo o que era contemporâneo e antecipa muitas das inovações arquitetônicas que surgiriam 20 anos depois”. Gaudí também foi pioneiro no uso de uma estrutura autoportante de aço, o que eliminava a necessidade de paredes de sustentação e permitia plantas internas flexíveis, com ambientes amplos e abertos.
O arquiteto colaborou com o artista Josep Maria Jujol para criar varandas de ferro forjado que se contorcem e crescem como se fossem plantas, todas feitas com metal reciclado. O sótão apresenta arcos catenários de tijolo fino, uma solução estrutural leve e eficiente, enquanto o icônico terraço na cobertura é povoado por chaminés com formato de capacete e torres de ventilação com formas fantásticas e antropomórficas.
A forte inclinação de Gaudí por curvas e formas orgânicas é evidente na Casa Milà e reflete a imaginação pura que alimenta sua obra. “Também é uma prova de que o design não precisa ser inferior à ciência – e vice-versa”, afirma Thalia Toha, designer de exposições e historiadora da arquitetura do Museu Lafayette. “A Casa Milà demonstra que a arquitetura pode fazer parte de um grande ecossistema ambiental”.
Detalhes interiores da Casa Milà
O apartamento La Pedrera recria a aparência da casa de um inquilino original no início do século XX
Sylvain Sonnet/Getty Images
A estrutura da Casa Milà organiza-se em torno de dois grandes pátios elípticos que fornecem luz natural e ventilação a todos os apartamentos. “Ela desafia completamente a simetria e as linhas retas, o que, para mim, evoca uma espécie de fantasia arquitetônica: é um edifício que parece que não deveria existir no mundo real e, ainda assim, de alguma forma existe”, diz Robles, responsável pela conservação histórica.
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O exterior expressivo se estende ao interior da Casa Milà, com móveis feitos sob medida, formas orgânicas e motivos inspirados na natureza. “Até mesmo o estacionamento subterrâneo e o sótão demonstram seu compromisso com a harmonia entre função e estética”, acrescenta Robles. “É lúdico, teatral e poético”.
Por que a Casa Milà é chamada de La Pedrera?
La Pedrera significa “a pedreira” em catalão. O apelido se deve ao design exterior do edifício, único e pouco convencional, que lembra bastante uma pedreira, com sua fachada de pedra ondulada.
Em que a Casa Milà é diferente da Casa Batlló?
A Casa Milà e a Casa Batlló, outro famoso projeto residencial de Gaudí, estão localizadas no Passeig de Gràcia. Cada uma revela uma faceta diferente da mente arquitetônica de Antoni Gaudí. A Casa Milà foi construída do zero, enquanto a Casa Batlló foi um projeto de renovação, o que significa que Gaudí teve que adaptar seu trabalho à estrutura existente. Estilisticamente, a Casa Milà é muito mais orgânica e escultural, com sua fachada ondulante e interior aberto, enquanto a Casa Batlló é mais lúdica, com uma fachada de mosaicos coloridos e motivos marinhos.
“Pode-se dizer que, na Casa Batlló, Gaudí estava limitado pelas condições do que já existia”, explica Andruet, presidente da Fundação Gaudí, “enquanto a Casa Milà é um reflexo mais completo de sua concepção mais profunda de uma arquitetura guiada pela inspiração na natureza e pelo uso inteligente dos recursos técnicos”. Como todos os edifícios de Gaudí, ambos refletem a genialidade do arquiteto, mas a Casa Milà destaca toda a amplitude de sua obra. Ou, como diz Andruet: “A Casa Milà… é uma obra de maturidade do arquiteto, onde ele pôde colocar em prática a plenitude de seu estilo”.
É possível visitar a Casa Milà?
As chaminés do telhado do edifício são famosas por seus formatos únicos
Getty Images
Embora os apartamentos privados dos andares superiores não estejam abertos à visitação, outras partes da Casa Milà estão acessíveis ao público. O Espai Gaudí, uma homenagem ao arquiteto, está localizado no sótão; essa exposição oferece uma visão da vida e da obra de Gaudí por meio de maquetes, fotografias e vídeos. Outras áreas abertas incluem o Apartamento Pedrera (uma recriação de um apartamento do início do século XX, que mostra o estilo de vida dos primeiros moradores do edifício) e o terraço, onde os visitantes podem passear entre as chaminés e aproveitar vistas panorâmicas de Barcelona. Todas são paradas obrigatórias – e há visitas guiadas e noturnas disponíveis.
*Matéria originalmente publicada na Architectural Digest EUA
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Quando foi construída, a obra esteve envolta em polêmicas e gerou debates públicos, mas em muitos aspectos estava à frente de seu tempo. Hoje, é reconhecida como uma das melhores obras de Gaudí. A Casa Milà consolidou a reputação do arquiteto como visionário: trata-se de uma obra-prima do modernismo catalão, que transita entre o art nouveau do século XIX e o futuro da arquitetura moderna. “A Casa Milà é mais que um edifício: representa uma mudança filosófica em direção a uma arquitetura que integra natureza, simbolismo e espiritualidade”, afirma Hillary Morales Robles, associada do AIA e responsável pela conservação histórica da Latinos in Heritage Conservation. “É uma manifestação física da crença de Gaudí na arquitetura orgânica e na ideia de que os ambientes construídos devem estar em harmonia com seus contextos naturais e culturais”.
A seguir, mergulhamos na história e no significado do projeto ousado, imaginativo e inegavelmente marcante de Gaudí.
Onde fica a Casa Milà
Casa Milà, na Passeig de Gràcia
Getty Images
Situada no Passeig de Gràcia, em Barcelona, a Casa Milà está localizada no distrito do Eixample. A região, planejada por Ildefons Cerdà no século XIX, é conhecida por sua arquitetura modernista e por suas ruas largas e quadriculadas. O Passeig de Gràcia era um símbolo de prestígio da crescente burguesia da cidade: ali se concentravam as lojas, restaurantes e estabelecimentos mais exclusivos. Por isso, os membros mais ricos da sociedade construíram nessa avenida suas residências particulares, competindo de forma ostentosa entre si e contratando os arquitetos mais renomados da época para projetarem suas casas opulentas.
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Vai construir ou reformar? Seleção Archa + Casa Vogue ajuda você a encontrar o melhor arquiteto para seu projeto
História da Casa Milà
A fachada ondulada foi inspirada no formato natural de uma formação rochosa
Olya Solodenko/Getty Images
Pere Milà e Roser Segimon, marido e mulher, compraram o terreno no Passeig de Gràcia e encomendaram a Antoni Gaudí o projeto de sua nova propriedade. Adquiriram o lote com a intenção de morar no andar principal e alugar os andares superiores como apartamentos. O processo de construção foi particularmente complicado, marcado por dificuldades financeiras, disputas legais e muitas polêmicas na esfera pública.
O projeto foi alvo de zombarias públicas e apareceu caricaturado em diversas publicações satíricas, com representações dramatizadas de seu exterior incomum. Na Barcelona Futura, a Casa Milà era retratada como um estacionamento exagerado: “O verdadeiro destino da casa de Milà e Pi: ser um estacionamento para zepelins”.
Enquanto isso, a construção enfrentava um obstáculo atrás do outro. À medida que as obras avançavam, Gaudí modificava continuamente seus projetos, adaptando com frequência a estrutura do edifício em tempo real. Essas mudanças geraram altos custos adicionais e diversas infrações às normas da prefeitura: o edifício ultrapassava os limites de volume total, tanto o sótão quanto o terraço excediam as restrições de altura, e um dos pilares da fachada de pedra invadia a calçada do Passeig de Gràcia. As dificuldades não se limitaram à construção: a família Milà e Gaudí entraram em conflito sobre os honorários, o que acabou levando ambos à Justiça. Quando Gaudí venceu a causa, Segimon precisou hipotecar a Casa Milà para pagar o arquiteto; Gaudí, por sua vez, decidiu doar o valor recebido a um convento de freiras.
Apesar de sua concepção tumultuada, o edifício acabou sendo valorizado por sua inventividade. Em 1984, quase 80 anos após o início do projeto, a Casa Milà foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO. “A Casa Milà é uma expressão acabada do estilo de Gaudí, inspirada nas leis da natureza, onde pedra, ferro, tijolo e cerâmica parecem ganhar vida”, afirma Mario Andruet, presidente da Fundação Antoni Gaudí. “É um elo essencial na evolução da arquitetura”, acrescenta, “e para Barcelona representa um motivo de orgulho para seus cidadãos possuir uma obra de arte assim, que reúne todos os diferentes componentes da arquitetura e os funde de maneira única”.
Detalhes arquitetônicos da Casa Milà
Um pátio interno elíptico traz luz natural a todos os apartamentos
Getty Images
Com sua inovadora fachada ondulada, que imita a forma de uma parede rochosa natural, a Casa Milà causa de imediato uma impressão pouco convencional. “Embora cronologicamente coincida com a fase final do ‘modernismo’, a versão catalã do art nouveau”, observa Andruet, “este edifício supera tudo o que era contemporâneo e antecipa muitas das inovações arquitetônicas que surgiriam 20 anos depois”. Gaudí também foi pioneiro no uso de uma estrutura autoportante de aço, o que eliminava a necessidade de paredes de sustentação e permitia plantas internas flexíveis, com ambientes amplos e abertos.
O arquiteto colaborou com o artista Josep Maria Jujol para criar varandas de ferro forjado que se contorcem e crescem como se fossem plantas, todas feitas com metal reciclado. O sótão apresenta arcos catenários de tijolo fino, uma solução estrutural leve e eficiente, enquanto o icônico terraço na cobertura é povoado por chaminés com formato de capacete e torres de ventilação com formas fantásticas e antropomórficas.
A forte inclinação de Gaudí por curvas e formas orgânicas é evidente na Casa Milà e reflete a imaginação pura que alimenta sua obra. “Também é uma prova de que o design não precisa ser inferior à ciência – e vice-versa”, afirma Thalia Toha, designer de exposições e historiadora da arquitetura do Museu Lafayette. “A Casa Milà demonstra que a arquitetura pode fazer parte de um grande ecossistema ambiental”.
Detalhes interiores da Casa Milà
O apartamento La Pedrera recria a aparência da casa de um inquilino original no início do século XX
Sylvain Sonnet/Getty Images
A estrutura da Casa Milà organiza-se em torno de dois grandes pátios elípticos que fornecem luz natural e ventilação a todos os apartamentos. “Ela desafia completamente a simetria e as linhas retas, o que, para mim, evoca uma espécie de fantasia arquitetônica: é um edifício que parece que não deveria existir no mundo real e, ainda assim, de alguma forma existe”, diz Robles, responsável pela conservação histórica.
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O exterior expressivo se estende ao interior da Casa Milà, com móveis feitos sob medida, formas orgânicas e motivos inspirados na natureza. “Até mesmo o estacionamento subterrâneo e o sótão demonstram seu compromisso com a harmonia entre função e estética”, acrescenta Robles. “É lúdico, teatral e poético”.
Por que a Casa Milà é chamada de La Pedrera?
La Pedrera significa “a pedreira” em catalão. O apelido se deve ao design exterior do edifício, único e pouco convencional, que lembra bastante uma pedreira, com sua fachada de pedra ondulada.
Em que a Casa Milà é diferente da Casa Batlló?
A Casa Milà e a Casa Batlló, outro famoso projeto residencial de Gaudí, estão localizadas no Passeig de Gràcia. Cada uma revela uma faceta diferente da mente arquitetônica de Antoni Gaudí. A Casa Milà foi construída do zero, enquanto a Casa Batlló foi um projeto de renovação, o que significa que Gaudí teve que adaptar seu trabalho à estrutura existente. Estilisticamente, a Casa Milà é muito mais orgânica e escultural, com sua fachada ondulante e interior aberto, enquanto a Casa Batlló é mais lúdica, com uma fachada de mosaicos coloridos e motivos marinhos.
“Pode-se dizer que, na Casa Batlló, Gaudí estava limitado pelas condições do que já existia”, explica Andruet, presidente da Fundação Gaudí, “enquanto a Casa Milà é um reflexo mais completo de sua concepção mais profunda de uma arquitetura guiada pela inspiração na natureza e pelo uso inteligente dos recursos técnicos”. Como todos os edifícios de Gaudí, ambos refletem a genialidade do arquiteto, mas a Casa Milà destaca toda a amplitude de sua obra. Ou, como diz Andruet: “A Casa Milà… é uma obra de maturidade do arquiteto, onde ele pôde colocar em prática a plenitude de seu estilo”.
É possível visitar a Casa Milà?
As chaminés do telhado do edifício são famosas por seus formatos únicos
Getty Images
Embora os apartamentos privados dos andares superiores não estejam abertos à visitação, outras partes da Casa Milà estão acessíveis ao público. O Espai Gaudí, uma homenagem ao arquiteto, está localizado no sótão; essa exposição oferece uma visão da vida e da obra de Gaudí por meio de maquetes, fotografias e vídeos. Outras áreas abertas incluem o Apartamento Pedrera (uma recriação de um apartamento do início do século XX, que mostra o estilo de vida dos primeiros moradores do edifício) e o terraço, onde os visitantes podem passear entre as chaminés e aproveitar vistas panorâmicas de Barcelona. Todas são paradas obrigatórias – e há visitas guiadas e noturnas disponíveis.
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