Casa Vogue de julho compartilha a vida de artistas e arquitetos que encontram inspiração no campo

O imaginário rural se renova quando arquiteturas vernaculares do campo afluem em direção à contemporaneidade. Nesta edição, casas no interior de Goiás, Rio de Janeiro, Nova York e Borgonha revelam um morar campestre tão singular quanto as paisagens que o rodeiam e inspiram Nós da cidade – eu, você e a imensa maioria dos leitores e seguidores da Casa Vogue – vivemos tão absortos em nossas rotinas urbanas e digitais, que quando pensamos no universo do campo quase sempre é em sua vocação escapista. Ansiamos pelas temporadas em que abandonaremos as atribulações em busca de refúgio nas montanhas, no meio do mato, longe de tudo o que nos importuna na vida citadina. A própria existência de uma edição anual consagrada a mostrar as moradas rurais mais encantadoras do Brasil e do mundo, como esta aqui, atesta tal visão.
Não que belíssimas casas de veraneio não estejam presentes neste número – haja vista os projetos de Lucas Jimeno Dualde na serra fluminense e Leo Romano no interior goiano. Mas chamam a atenção as trajetórias das pessoas que trocaram a cidade pelo campo como endereço principal – e revolucionaram a própria vida no caminho.
As duas capas da Casa Vogue de julho

As duas capas deste mês são bons exemplos. Em uma, temos a casa erguida por Janet Vollebregt e seu marido no Planalto Central, onde passam boa parte do ano, longe de sua Holanda natal. A vinda para a Chapada dos Veadeiros foi forte o bastante para influenciar uma mudança de carreira da moradora: graças ao trabalho desenvolvido ali com pedras e metais, ela adicionou artista à sua descrição profissional, onde antes só constava arquiteta. Na outra, está a moradia do ator Walton Goggins e da diretora Nadia Conners, bem-sucedido casal de Hollywood que substituiu a efervescência cultural da Califórnia pelo cotidiano bucólico, mas ainda repleto de arte, do interior do estado de Nova York.
Vestindo Aluf, Janet Vollebregt atravessa a varanda, que exibe chaise da Tidelli e o totem Sol/Lua (à esq.), de autoria da moradora
Filippo Bamberghi
Na mesma toada, vale conhecer a história de Fernanda Valadares (trazida por Marina Dias Teixeira), artista plástica que se transferiu de mala, cuia e marido para o mar de morros da região de Cunha, interior paulista. Seu mergulho nas montanhas foi em busca de tempo, roubado de nós a todo momento na metrópole, segundo ela. Em comum, esses personagens encontraram no isola- mento campestre um estilo de vida diferente, mais afeito às atividades criativas que escolheram realizar. “Não estávamos fugindo de Los Angeles.Estávamos correndo em direção a algo”, filosofa Walton.
Nadia Conners e Walton Goggins repousam no solário na companhia de duas poltronas vintage da De Sede
Kate S. Jordan | Estilo: Raina Kattelson
Certamente a algo muito diferente do que procuram os hóspedes das cabanas pré-fabricadas em forma de A que se alastram como rastilho de pólvora pelas zonas de mata do Sul e do Sudeste do Brasil. A reportagem Febre da cabana, de Giuliana Capello, deixa claro que, em muitos casos, a ideia de fugir da cidade não vem de um desejo por uma existência mais simples e conectada à natureza. De acordo com a investigação, muita gente quer as mesmas comodidades de uma vida urbana privilegiada, porém num cenário diverso – de preferência fotogênico para as mídias sociais.
Seja como for, há muito a descobrir quando se olha para o interior – do país, das nossas casas, de nós mesmos. Boa leitura!
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