Casal de arquitetos transforma apê antigo em lar modernista cheio de afeto

A primeira colaboração profissional do casal foi para a própria morada. A obra teve retirada de paredes, exposição de concreto e uma atmosfera repleta de brasilidade Projetar a própria casa é um desafio para qualquer arquiteto. Quando o projeto é assinado a quatro mãos por dois profissionais que, além de colegas de profissão, são casados e comandam escritórios diferentes em cidades distintas, a experiência se torna ainda mais especial. Assim nasceu o projeto do apartamento de 127 m² em Perdizes, São Paulo, onde o casal – Pietro Terlizzi e Marcela Lamonato –vive desde abril de 2024.
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Foi a primeira vez que trabalharam juntos de forma oficial – e o resultado expressa não apenas a afinidade de ideias, mas também a história que compartilham.
“Foi um exercício muito rico, porque pudemos praticar em casa o que levamos há anos para os projetos dos nossos clientes, mas com total liberdade e sem briefing fechado”, conta Marcela, que comanda o escritório Calamo Arquitetura (@calamo.arq).
RETRATO | O casal de arquitetos Pietro Terlizzi e Marcela Lamonato no apartamento que projetaram juntos
Guilherme Pucci/Divulgação
A liberdade criativa permitiu ao casal transformar um imóvel antigo, fechado há anos e em péssimo estado de conservação, em um lar moderno, leve e carregado de brasilidade.
SALA DE ESTAR | A grande estante suspensa com nichos, de quase 7 m, desenhada pelos arquitetos, abriga livros, lembranças de viagem, objetos afetivos e peças de design. Feita com MDF no padrão freijó por Naldo Marceneiro. Iluminação em trilho de spots da Lumen Iluminação
Guilherme Pucci/Divulgação
A principal mudança estrutural foi a integração das áreas sociais, demolindo quase todas as paredes da sala para unir cozinha, estar, jantar, escritório e espaço da música em um ambiente contínuo, com ventilação cruzada e abundante luz natural.
LIVING | Com ambientes integrados, o living apresenta concreto aparente, já que os arquitetos retiraram o reboco de pilares e vigas para expor a construção original. Em contraste, as paredes foram pintadas de branco
Guilherme Pucci/Divulgação
O layout original, com poucas aberturas e planta em formato longitudinal, representou um desafio: “As janelas estavam restritas às extremidades, então a estratégia foi conectar as fachadas e garantir a circulação de ar e iluminação de ponta a ponta”, explica o arquiteto, à frente do escritório Pietro Terlizzi Arquitetura (@pietro_terlizzi_arquitetura).
A antiga cozinha virou escritório e espaço de música; a lavanderia foi reduzida pela metade; e a cozinha atual ocupa o antigo dormitório de serviço, agora totalmente aberta à sala.
ESCRITÓRIO | A estante, com desenho autoral dos arquitetos, valoriza vergalhão com pintura manual branca entremeada de marcenaria de MDF branco, com execução da serralheria Lix Design. Nela, estão vaso de vidro, da Five Senses, cachepô Tora, da Mil Plantas, e miniatura do sofá “Mole”, de Sergio Rodrigues, na Dpot Objeto
Guilherme Pucci/Divulgação
ESCRITÓRIO | Escrivaninha e cadeira da Alhambra Móveis se harmonizam com objetos afetivos, como o violão do arquiteto Pietro Terlizzi, que toca o instrumento, e a máquina de escrever antiga, que pertenceu ao pai da arquiteta Marcela Lamonato, que a usava na juventude para escrever músicas e fazer trabalhos escolares. A foto original do Centre Georges Pompidou, clicada pelo fotógrafo Guilherme Pucci, foi um presente para o casal. Tapete da Kyowa
Guilherme Pucci/Divulgação
A identidade do projeto surge na combinação de concreto aparente, paredes brancas e madeira freijó, que aquece os ambientes. Uma das protagonistas da sala é a estante de nichos suspensa, com quase 7 m, onde o casal acomodou livros, lembranças de viagem, objetos afetivos e peças de design. “Essa estante carrega nossa história. É onde guardamos tudo o que nos emociona e nos representa”, conta ela.
SALA DE JANTAR | Ao redor da mesa adquirida na Alhambra Móveis, estão as cadeiras “Nômade”, de FJ Pronto pra Levar!. Luminária pendente “Ufo”, da Lumini. Demarcando a cozinha, a ilha foi feita de lâmina branca pela Vila Mármores, com banquetas “Serafina”, da mesma loja das cadeiras. Piso de porcelanato Bloomy Off-White, da Portobello
Guilherme Pucci/Divulgação
A marcenaria, desenhada sob medida para atender às necessidades de armazenamento e organização, também se destaca pela funcionalidade e estética simples. A bancada de lâmina branca da cozinha, que se estende até a sala de jantar, cria unidade e praticidade.
Para separar sem isolar a sala do escritório, a solução foi uma estante vazada de vergalhão e madeira, que abriga instrumentos musicais, livros e itens de decoração.
COZINHA | Seguindo o mesmo padrão da área social, os armários foram executados com MDF freijó por Naldo Marceneiro, e bancada da pia de lâmina branca, por Vila Mármores, trazendo unidade visual
Guilherme Pucci/Divulgação
Nos ambientes íntimos, a suíte principal ganhou janelão e banheiros neutros, claros e extremamente práticos. O longo corredor, que conecta a área social aos quartos, impossível de eliminar, foi transformado em galeria de memórias, com quadros, fotografias e objetos de família.
“Aproveitamos esse espaço inevitável para contar nossa história, com lembranças que carregam afeto e significado”, revela ele.
SUÍTE | Na parede de tijolos de demolição, está a cabeceira estofada, com mesa de cabeceira suspensa acoplada (à esquerda.) engastada no painel, executada em tapeçaria com a Santo Linho. No lado oposto, mesa de tora de madeira da Amazon Woods. Par de luminárias de mesa, modelo Mini Bauhaus, da Lumini. Banco “Mocho”, de Sergio Rodrigues, na loja Antigos Restaurados. Roupa de cama e almofadas adquiridas na Barra Três. Par de fotografias de Sebastião Salgado. Armário executado de MDF Cacau Mate, com execução Naldo Marceneiro. Piso laminado Quick-Step, padrão Carvalho Natural Midnight, na Santo Linho
Guilherme Pucci/Divulgação
A decoração mescla móveis de design brasileiro, como a poltrona Mole e o banco Mocho, de Sergio Rodrigues, com luminárias, quadros de amigos artistas e peças garimpadas ao longo dos anos. Tapetes aquecem os ambientes e a iluminação é minimalista e pontual, com trilhos de spots e luz indireta por fitas de LED e abajures.
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A integração total das áreas sociais é, para o casal, a alma do projeto. “A gente queria estar sempre junto, independentemente da atividade. Cozinhar, trabalhar, ouvir música ou receber amigos, tudo se mistura aqui”, diz ela.
O resultado é um apartamento que traduz a essência dos dois: modernista, afetivo, leve e atemporal, onde cada detalhe carrega propósito.

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